O Cão Louco da Propriedade do Duque

Capítulo 149

O Cão Louco da Propriedade do Duque

Capítulo 149. A Torre Imperial de Magia

Toc, toc, toc.

— Chefe da família, sou eu — disse Fayle.

— ...Entre — Halo respondeu.

Este era o escritório de Halo dentro do Castelo Azureocean; Fayle entrou, com uma expressão sombria. O ar no escritório parecia mais pesado do que nunca.

Fayle estudou rapidamente o rosto de seu pai. Halo tinha uma expressão ligeiramente rígida. No entanto, como era difícil ler suas emoções, Fayle não pôde deixar de manter uma postura cautelosa.

— Sente-se — disse Halo.

— Sim, meu Lorde — disse Fayle ao se sentar.

— ...Seria melhor se você me chamasse de Pai por enquanto. Este é um assunto não oficial, não oficial — disse Halo.

— É mesmo? — Fayle perguntou.

— Tem que ser. Isso não pode se tornar uma questão oficial — Halo respondeu com um suspiro.

Assim que se sentou, serviu-se um copo de água e tomou um gole. Soltando um suspiro profundo, ele fixou o olhar em Fayle e disse: — Suponho que Heinrich lhe contou alguns dos detalhes.

Com isso, Fayle recordou as palavras anteriores de Heinrich.

“Acredito que o Jovem Mestre falou com o chefe da casa. Isso é tudo que eu sei.”

Mais uma vez, isso envolvia Caron.

Fayle pensou na programação, imaginando que Caron deveria estar dando uma palestra especial na academia da capital agora.

Não me diga que ele se meteu em problemas de novo, pensou Fayle, imaginando se seu pai o havia convocado para repreendê-lo em nome de Caron. Fayle engoliu em seco, com os olhos fixos em seu pai.

— Trinta minutos atrás, Caron entrou em contato comigo através do orbe de comunicação — disse Halo.

— Acho que a palestra especial deve ter terminado, então. Eu lhe dei um relatório completo sobre a palestra da última vez, Pai — Fayle respondeu.

— A palestra foi adiada, Fayle — Halo acrescentou.

— ...Aconteceu alguma coisa? — Fayle perguntou.

— Houve uma tentativa de ataque terrorista à academia. Felizmente, Caron identificou a ameaça com antecedência e a impediu com perdas mínimas — Halo respondeu.

Apenas pelo resultado, foi um ato louvável. Mas Fayle instintivamente sabia que não era o fim. Se Caron tivesse apenas se saído bem, a expressão de seu pai não teria permanecido tão complicada.

— Depois de extrair informações do terrorista, Caron imediatamente perseguiu a organização por trás deles. Ele conseguiu capturar o líder deles vivo. O verdadeiro problema reside em... quem eles são — explicou Halo.

— Uma facção leal ao falecido Imperador Malevolente — conhecida como os Revanchistas — finalmente surgiu. De acordo com Caron, sua influência já se espalhou por todo o reino político — Halo continuou enquanto olhava para Fayle com uma expressão séria.

— O que os outros conselheiros pensam? — Fayle perguntou.

— Eles concordam com a avaliação de Caron. Caso contrário, ninguém ousaria modificar vermes da mandíbula no coração da capital — Halo respondeu.

A testa de Fayle se franziu enquanto memórias da criatura surgiam em sua mente. Ele havia aprendido sobre isso quando era mais jovem — um parasita usado para restringir escravos. Sua crueldade era tão famosa que foi erradicada do império há muito tempo.

— Sob a lei atual, apenas manusear vermes da mandíbula é punível com a morte, não é? — Fayle perguntou.

Halo assentiu e respondeu: — Sim. De acordo com os relatórios, esta versão mutada aumenta a agressão em seus hospedeiros, transformando-os em algo semelhante aos zumbis de um necromante. Em outras palavras, foi transformado em uma ameaça biológica.

— Então, qual a diferença para um zumbi? — Fayle questionou.

— É quase impossível de detectar com magia — só isso já faz uma diferença significativa — Halo respondeu.

Fayle considerou a agitação social que tal verme da mandíbula mutado poderia desencadear. Ele não precisou pensar por muito tempo. Ele murmurou: — Isso é horripilante.

— Eu concordo — Halo admitiu.

As implicações eram, sem dúvida, desastrosas. O fato de que os responsáveis eram leais ao Imperador Malevolente, os Revanchistas, apenas amplificava o perigo.

— O homem que Caron capturou se chama Nur, um dos servos do Imperador Malevolente. No momento em que eu conduzi meus cavaleiros ao Palácio Imperial naquela época, ele fugiu sem nem olhar para trás. Caron pretende transferi-lo para o Castelo Azureocean usando um círculo de teletransporte — explicou Halo.

— Essa é uma decisão sábia. Considerando o quão longe seu alcance pode se estender, não há lugar mais seguro do que aqui — Fayle concordou.

Pelo som, Caron não havia feito nada de errado desta vez. Mas as próximas palavras de Halo deixaram a tez de Fayle ainda mais pálida.

— Caron me disse algo — Halo continuou, seu tom seco. — Ele perguntou por que eu lidei com a situação dessa forma. Se eu tinha perdido a cabeça.

Fayle engasgou e exclamou: — Perdão?

— Ele entrou em contato comigo do nada e imediatamente começou a me repreender — Halo respondeu.

Insultar o chefe da família era uma ofensa grave. Como membro da família, criticar publicamente o chefe da família não era algo resolvido com uma mera reprimenda. No pior caso, era possível ser expulso da família.

No entanto, a expressão de Halo não parecia severa o suficiente para sugerir raiva genuína. Se ele estivesse furioso, Caron já estaria de volta aqui enfrentando as consequências.

— Peço desculpas, Pai. É minha culpa por ter criado Caron tão mal — disse Fayle.

Devido aos eventos recentes, a reputação de Caron dentro da família havia sido reduzida à de um cachorro louco incontrolável. Se este incidente aumentasse ainda mais, até mesmo Caron poderia se ver incapaz de resistir às consequências.

Por enquanto, preciso me manter discreto, pensou Fayle.

Ele não podia ficar parado enquanto seu filho enfrentava tal ruína. Como pai, ele tinha o dever de assumir a culpa. Foi por isso que ele voltou ao Castelo Azureocean.

— Isso não é sua culpa, Fayle — disse Halo; suas palavras carregavam um toque de amargura enquanto ele continuava: — Caron não disse nada de errado. Ele estava certo. Isso também é culpa minha.

— O que você quer dizer, Pai? — Fayle perguntou.

— Caron me repreendeu por um motivo. Cinquenta anos atrás, eu falhei em erradicar os remanescentes das forças do Imperador Malevolente. A crítica de Caron foi justificada — explicou Halo.

Ele lentamente se levantou e caminhou até a janela. Nuvens escuras pairavam sobre o horizonte, como se fosse chover em breve.

— Vermes da mandíbula. O Imperador Malevolente... — Halo riu amargamente. — Engraçado, não é? Caron sabe coisas que nem meus filhos sabem.

Sua mente vagou para seu neto mais novo, Caron, cujas ações eram imprevisíveis desde que ele pisou no Castelo Azureocean. Desta vez não foi diferente. Sem o julgamento rápido de Caron, a capital já estaria banhada em sangue.

— Ele sempre vê o cerne das coisas — murmurou Halo. — Aquele garoto me repreendeu completamente, então fez uma pergunta.

— Que pergunta? — Fayle perguntou cautelosamente.

— Ele perguntou se eu realmente matei o Imperador Malevolente cinquenta anos atrás. Até eu fiquei surpreso com sua perspicácia — Halo respondeu.

Com essas palavras, Fayle lentamente se levantou. Ele começou lentamente: — Pai... Você não quer dizer... O que estou pensando é realmente verdade?

Halo não podia negar a perspicácia de Fayle.

— Sim — disse Halo em um tom baixo e solene, virando-se para encarar seu filho.

— Eu o chamei aqui porque acho que pelo menos você merece saber. Caron estava certo. E seus pensamentos também estão certos. Eu não consegui matar o Imperador Malevolente cinquenta anos atrás — Halo continuou com um aceno grave, então fechou os olhos.

— Por que não? — Fayle perguntou silenciosamente.

— Porque era impossível — Halo respondeu.

O que se seguiu foi um conto de segredos que foram mantidos desde aquele dia, e Fayle só pôde ouvir em silêncio enquanto seu pai contava a verdade oculta.

***

Rumores de que Caron havia salvado a academia se espalharam por toda a capital em um piscar de olhos. Os feitos de um herói em ascensão foram mais do que suficientes para agitar a cidade mais uma vez.

Mas o próprio Caron estava exasperado. Ele resmungou: — Eu espanco um professor até a polpa na frente dos alunos. Por que minha infâmia não está se espalhando?

— Dizem que você até montou uma cortina depois, para proteger a saúde mental dos alunos — alguém respondeu.

— Bem, eu não podia exatamente deixar todos os alunos me verem esfaqueando e empalando alguém com uma espada — disse Caron.

— Você é surpreendentemente atencioso, não é? — respondeu a pessoa à sua frente.

— Ugh.

Caron suspirou profundamente enquanto estava sentado em um café tranquilo à beira da estrada na capital, com uma expressão de irritação no rosto enquanto tomava seu café. Do outro lado estava Amy, agora uma Guarda Imperial totalmente comissionada.

Amy mexeu seu café com uma colher de chá e olhou para ele antes de falar cuidadosamente. — Neste ponto, talvez você devesse desistir de tentar ser um encrenqueiro... Apenas abrace essa coisa toda de herói?

— Amy, você sabe o quão irritante é ser um herói? — Caron perguntou.

— Por que é irritante? — Amy respondeu.

— Você tem que se importar com o que as pessoas pensam. Eu? Eu nem me importo com o que meus pais pensam. Nem mesmo meu avô. Eu não quero me preocupar com a opinião de outras pessoas só porque tenho um título de herói pairando sobre minha cabeça — explicou Caron. Ele mastigou um cubo de gelo de sua bebida e soltou um suspiro pesado.

— Se você tiver alguma boa ideia, diga. Eu até deixei você faltar às suas horas de serviço para sair comigo — disse Caron.

— Tenho quase certeza de que você não ouviu minhas sugestões antes... — Amy respondeu.

— Você acha que guardar VIPs é fácil? Tsc, tsc. As crianças de hoje em dia só querem tudo entregue a elas — disse Caron.

— Você sabe que eu sou mais velha que você, certo? — Amy perguntou.

— O quê? Eu não consigo te ouvir bem porque está vindo de um cavaleiro 5 estrelas — Caron disse brincando.

— Suspiro.

Seja no passado ou agora, Amy pensava que Caron ainda era um jovem mestre com quem não se podia argumentar.

Caron riu suavemente enquanto olhava para Amy, que estava franzindo a testa delicadamente. Ele disse: — Mas você cresceu muito.

Aos vinte e um anos, Amy estava se aproximando do auge de 5 estrelas — uma conquista notável para qualquer padrão, especialmente sem qualquer ajuda externa.

— Depois daquele incidente, Drogol e a família do Conde Kian não te deram mais problemas, não é? — Caron perguntou.

— Drogol vinha à nossa casa todos os dias durante dois anos, implorando aos meus pais por perdão. A família Kian até perdoou uma grande parte de nossa dívida. Quem diria que aquele pirralho mimado se tornaria um filantropo? — disse Amy.

— As pessoas tendem a mudar depois de uma experiência de quase morte — Caron respondeu.

— Enfim, qual é o seu plano para hoje? — Amy perguntou.

Caron havia entregado Nur com sucesso ao Castelo Azureocean. Ele até pagou um preço alto para usar um círculo de teletransporte. Não que dinheiro importasse — ele sempre poderia cobrar de seu pai mais tarde.

— Eu vou descansar um pouco — Caron respondeu.

Ele pretendia ficar na capital por um tempo. A tentativa de ataque terrorista havia levado a um fechamento de uma semana da academia. No entanto, a palestra especial não havia sido cancelada. Ele se sentia culpado por ter derramado sangue na frente dos alunos, então planejava terminar a palestra antes de partir.

Mas o mais importante...

As coisas ainda não estão totalmente resolvidas, pensou Caron.

Ele tinha ouvido uma verdade chocante de Halo.

'O Imperador Malevolente está vivo.'

Caron já suspeitava disso desde seu encontro com Nur, mas ouvir Halo confirmar isso havia solidificado sua resolução. Agora, ele precisava coletar informações sobre esta nova revelação. Ele não tinha ideia de quão longe a influência do Imperador Malevolente havia se espalhado. Além disso, se o Imperador Malevolente estivesse realmente vivo, rastrear seus movimentos se tornaria uma prioridade máxima.

— Eu também estou planejando dar uma passada na Torre de Magia mais tarde — disse Caron.

— Por que a Torre de Magia de repente? — Amy perguntou.

— Preciso fazer algumas compras. Ah, e eu irei para a academia à tarde. Você deveria vir comigo — eu prometi te apresentar ao Professor Ulysses, lembra? — Caron sugeriu.

No império, até mesmo falar o nome do Imperador Malevolente era tabu. O único lugar onde a pesquisa sobre seus rastros persistia era dentro do departamento de história da academia. Caron pretendia obter as informações de que precisava de Ulysses.

'Mestre, por que você está tão animado?' A voz de Guillotine gotejava de desdém.

Caron riu enquanto tomava outro gole de café. Ele respondeu: — Eu tenho um objetivo claro agora. Por que eu não estaria animado? Significa que eu vou decepar a cabeça daquele bastardo.

Amy, sentada em frente a ele, arregalou os olhos em alarme com as palavras de Caron. Ela perguntou: — Com licença?

— Eu não estava falando com você. Você pode beber seu café — disse Caron.

A ideia de se vingar — não havia emoção maior.

O sorriso de Caron se aprofundou enquanto ele acenava para si mesmo. Havia muitas coisas que ele precisaria preparar, mas ele não planejava complicar demais as coisas.

Eu só preciso ficar mais forte, ele pensou.

Se ele pudesse se tornar poderoso o suficiente para destruir tudo o que estivesse em seu caminho, a vingança cuidaria de si mesma.

— Ah, certo — disse Caron enquanto tirava um pequeno frasco do bolso. A garrafa continha um líquido claro, e ele deslizou-a pela mesa em direção a Amy. Ele disse: — Este é um presente de um de seus parentes.

— ...Um parente? — Amy perguntou.

— Sim, um burro — disse Caron.

Ele tinha ouvido recentemente uma história divertida de Kerra.

'Comandante, minha família mudou nosso nome de Acht para Altura. Eles devem ter querido apagar todos os meus vestígios dos registros da família, já que eu já fui um cavaleiro do Imperador Malevolente. Eu entendo.'

Aparentemente, Amy era parente de Kerra. Embora fossem apenas parentes distantes, Caron ainda achou esta situação divertida.

Kerra queria ficar com Cain Latorre até o fim, e Amy seguiu firmemente os passos de Cain. Talvez fosse porque eles eram da mesma família, mas havia uma sensação de que seus caminhos eram de alguma forma semelhantes.

Pensando em como Halo havia apoiado Amy prontamente, era possível que Halo já soubesse sobre a família de Amy há muito tempo.

— Enfim, este é um presente de um ancião em sua família. Não precisa se sentir sobrecarregada — apenas beba — disse Caron.

— O que é isso? — Amy perguntou.

— O Orvalho da Árvore do Mundo — Caron respondeu.

A mão de Amy escorregou, e sua xícara tombou. Ela exclamou em choque: — O O-Orvalho da Árvore do Mundo?!

— Por que você está tão chocada? — Caron perguntou.

— Isso é... Por que você me daria algo tão valioso? Espere... Isso é um suborno? Você está tentando me recrutar para a Ordem dos Cavaleiros Oceanwolf? Eu não posso aceitar algo assim — Amy respondeu, nervosa.

Caron riu, achando a resposta de Amy fofa. Ele então pensou nas palavras de Kerra.

'Eu ouvi dizer que eles não estão exatamente vivendo no luxo. Se você tiver a chance, Comandante, por favor, cuide deles. Eu me sinto culpada, considerando que eles tiveram que mudar o nome da família por minha causa.'

Eu vou atender ao seu pedido, Kerra. Mas todo mundo tem que merecer o que recebe, Caron pensou.

Uma vez que Amy bebesse aquele elixir, ela estaria ligada a ele — praticamente para a vida toda. O Orvalho da Árvore do Mundo era tão raro e precioso.

Satisfeito, Caron deu a ela um aceno encorajador e disse: — Por que você não bebe primeiro e pensa nisso depois?

— Mesmo assim... — Amy disse.

— Não me diga que você não sabe o quão incrível essa coisa é — disse Caron.

— Eu sei! Mas isso é demais — Amy protestou.

— Ah-ah. Como você vai ficar forte o suficiente para se tornar Comandante da Guarda Imperial se você não tomar? Você quer seguir o exemplo de Cain Latorre, não quer? — Caron interrompeu.

— ...Eu acho que isso é verdade — Amy admitiu.

— Exatamente — disse Caron.

E quando você for Comandante da Guarda Imperial, eles estarão bem na palma da minha mão também, ele pensou.

Ele sorriu com satisfação. Uma tarefa em sua lista de afazeres da capital estava completa. O próximo era a Torre de Magia.

Aqueles magos eram os mais ricos dos ricos. Era hora de sangrá-los até a morte.