Capítulo 2
Quando o enredo leva os jogadores para o mundo do jogo
— Não sou uma dama...
Hayna sussurrou: — Na verdade, eu ainda não me formei.
E isso era só um interrogatório...
Mas antes que pudesse terminar a frase, foi gentilmente interrompida por Aiwass:
— Conseguir entrar no Departamento de Supervisão sem ter se formado formalmente... Entendo, Srta. Hayna, você estuda na Universidade Real de Direito?
Aiwass falava com um sotaque padrão, limpo, livre daquele ar de nobreza do qual os habitantes da Capital Real tanto se orgulhavam — o "sotaque élfico". Mas isso só fez com que Hayna, que viera de um lugar pequeno para estudar fora, se sentisse mais favorável a ele.
Portanto, ela assentiu em resposta: — Ah, sim.
Enquanto falava, estufou o peito orgulhosamente: — Eu fui a presidente do corpo discente no ano passado, e também a melhor aluna do último ano. Como uma graduada distinta da Universidade Real de Direito, obtive permissão de emprego do Departamento de Supervisão um ano antes. Embora minha Espada ainda não tenha sido emitida, meu nome já está lá no departamento.
— Nesse caso, você também pode ser considerada minha veterana,
Aiwass disse enquanto entrelaçava os dedos e os apoiava nos joelhos.
Ele relaxou a parte superior do corpo para trás, falando deliberadamente: — Na verdade, também sou aluno da Universidade Real de Direito. Calouro este ano.
— ...Sério?
Hayna expressou sua surpresa, sentindo mais afinidade por esse ponto em comum: — Mas eu não te vi...
— Isso é porque eu estive doente. Fiquei gravemente enfermo antes mesmo de me matricular e acabei acamado em casa por três meses.
A palidez da tez de Aiwass dava credibilidade às suas palavras.
Que garoto durão...
— Entendo. Você é realmente inocente... Quando eu voltar, vou reportar ao chefe do departamento.
Hayna assentiu repetidamente, sentindo pena. A leve inveja que sentira por Aiwass se dissipou.
Sentindo-se envergonhada por isso, ela, como Inspetora do Departamento de Supervisão, quase uma Cavaleira, havia se esquecido dos ensinamentos de humildade e compaixão incutidos por seu mentor... A inveja é realmente feia.
— Então, veterana, — Aiwass falou de repente — você viu o que tem na lareira?
— A coisa queimando...
Hayna se virou, incerta em sua resposta: — É difícil dizer agora. Não parece lenha.
— Aquilo é um diário.
Aiwass disse gentilmente: — Talvez seja uma prova da minha conivência com o Erudito Demônio.
— Assim como o livro que tenho aqui.
Enquanto falava, fechou o livro em sua mão e o jogou no fogo.
Com suas palavras, Hayna ficou chocada.
Instintivamente dando um passo à frente, ela estendeu a mão e, sem tempo para se preparar, interceptou o livro no ar antes que ele pudesse alcançar as chamas.
Ela franziu a testa profundamente e olhou para baixo, apenas para reconhecer o livro como "Coletânea de Poesias de Chedler, Oitenta Seleções".
Claro, Hayna conhecia este livro, pois era o livro didático para o curso de "Língua Élfica" em seu primeiro ano.
Ela folheou-o inquieta para confirmar que certamente não era nenhuma prova de conluio com um Erudito Demônio. Dentro, muitos pontos importantes e difíceis estavam até marcados com canetas de cores diferentes.
— Apenas uma piada.
Os lábios de Aiwass se curvaram ligeiramente para cima: — Afinal, eu sou a vítima aqui, veterana. Você não acabou de dizer isso... Por que você voltou a suspeitar com uma mera menção? Você não tem nenhuma confiança em mim?
Hayna de repente percebeu que este jovem aparentemente gentil e refinado pode ter alguma malícia oculta.
— Estes são assuntos sérios, não para serem feitos de piada.
Ela fez uma cara severa, repreendendo com a seriedade de um ambiente escolar: — Os Eruditos Demônios costumam usar pessoas vivas como material para sacrifícios e, para eliminar quaisquer testemunhas, eles matam as oferendas após o ritual. É o mal absoluto! Eles matariam pessoas como mero material sem qualquer rancor ou queixa; é revoltante! Como você pode fazer uma piada sobre tais coisas?
Enquanto falava, algo lhe veio à mente e seu olhar se intensificou: — Pensando bem... se você era uma oferenda, como você sobreviveu?
— Eles tentaram me sacrificar para invocar um demônio poderoso, mas não esperavam que o demônio gostasse mais de mim. Então, eu inverti a situação e ordenei que o demônio os matasse a todos.
O jovem falava com um sorriso cada vez mais ridículo: — Na verdade, a família Moriarty está cheia de atos malignos; meu pai, Professor James Moriarty, é um Erudito Demônio com sonhos de destruir o mundo. E eu não sou seu filho adotivo, mas um demônio que ele invocou de outro mundo, capaz de destruir o Reino de Avalon em um ano.
Hayna ficou estupefata no meio do caminho antes de perceber que Aiwass estava apenas falando bobagens.
— ...Do que você está divagando?!
Ela gritou furiosamente, parte de sua raiva decorrente do constrangimento de ter, mesmo por um momento, levado a sério as palavras selvagens de Aiwass.
Este jovem, que parecia gentil como um poeta, era astuto como uma raposa, soltando mentiras sobre tudo e qualquer coisa!
Sua raiva aumentou, mas sem ousar levantar a voz na frente do velho mordomo, ela acabou com o rosto corado: — Confesse — por que você estava no Ritual Demoníaco? Alguém fez uma denúncia anônima de que você foi ao Stone Arch Gate Park por vontade própria e não foi coagido.
— Estou falando a verdade, se você não acredita em mim, apenas me leve ao Departamento de Supervisão,
Aiwass encolheu os ombros, parecendo genuinamente arrependido.
Mas Hayna sabia que isso era impossível — com a óbvia parcialidade a favor de Aiwass no Departamento de Supervisão, ela não poderia prendê-lo sem provas. De fato, se ela levasse Aiwass, que ainda estava em uma cadeira de rodas, quem sofreria provavelmente seria ela mesma.
Depois, Aiwass lentamente guardou aquele sorriso de raposa.