Debaixo do Carvalho

Capítulo 4

Debaixo do Carvalho

Maxi pulou de pé ao som do rugido feroz de Riftan. Por um momento, o homem loiro na porta pareceu surpreso com a intensidade da ira de Riftan, mas logo rosnou de volta da mesma forma.

“Como eu poderia saber que você estaria ocupado assim na sala de estar, Comandante? Eu assumi que você me ouviria se aproximando imediatamente como de costume. Simplesmente não vi necessidade de bater.”

“Saia!”

O grito de Riftan deixou o rosto de Maxi pálido como um lençol. Ela temia o que aconteceria depois que o homem deixasse o cômodo. Ela lançou um olhar suplicante para o homem na porta, mas ele apenas murmurou maldições entre dentes cerrados e se virou.

“Uma carruagem está esperando por você lá fora, Comandante. Você disse que não queria ficar nem mais um momento no Castelo de Croyso.”

“Mantenha-a esperando, então.”

Ficando sem palavras, o homem franziu a testa antes de soltar um suspiro de exasperação. “Por favor, seja rápido, Comandante.”

O homem lançou um olhar descontente para Maxi antes de sair do cômodo, a porta batendo atrás dele.

Maxi estudou o rosto de Riftan em busca de sinais de raiva. Ele coçou a parte de trás da cabeça e então lhe lançou um olhar feroz. Ela murcharia sob seu olhar intenso, e ele zombou da triste figura.

“Eu não vou saltar em cima de você de novo, então não precisa tremer desse jeito. Droga, nem mesmo planejava te pegar aqui.”

Ela não ousou levantar a cabeça. Em vez disso, ela olhava para suas mãos entrelaçadas como se estivesse tentando atravessá-las com o olhar.

Riftan se levantou do sofá e arrumou suas roupas desalinhadas.

“Você ouviu ele, não ouviu? Uma carruagem está esperando. Está partindo em breve.”

Maxi sentiu o sangue esvair de seu corpo. Ele havia tentado possuí-la apenas momentos atrás, e agora estava falando em partir. Ela ainda não havia conseguido transmitir um único pensamento coerente a ele, muito menos persuadi-lo.

“M-Mas…”

Em seu pânico, ela agarrou desesperadamente a túnica dele sem notar o estado de suas próprias roupas amarrotadas.

“P-podemos c-conversar p-por um m-momento…”

“Não há tempo a perder. Peça à serva para fazer suas malas. Conversaremos na carruagem.”

Maxi tinha tremido de medo, mas agora uma expressão confusa se desenhou em seu rosto. Ela repetiu suas palavras hesitantemente.

“M-Minhas c-coisas?”

“Sim. Suas coisas. Você não tem coisas para trazer consigo?”

Ela piscou, ainda sem entender. Um grande suspiro escapou de Riftan, que habilmente ajustou suas roupas em alguma semelhança de decência. Ele a ergueu e chamou a criada que esperava do lado de fora da porta para fazer suas malas. Mesmo depois de ouvir sua ordem, Maxi não conseguia acreditar que ele realmente pretendia levá-la consigo.

“Empacote apenas o necessário. Não podemos demorar muito.”

“N-não há m-muito o q-que levar. A-penas a-a-algumas…”

“Ótimo. Partiremos agora, então. Se precisar de algo, poderá encontrá-lo em minha propriedade.”

Riftan dispensou a criada e conduziu Maxi para fora da sala de estar. Ela quase teve que correr para acompanhar seus passos gigantes. Tudo estava acontecendo tão rápido que ela não tinha a menor ideia do que estava acontecendo.

“S-S-Sua p-propriedade…?”

“Por quê? Te surpreende que um simples cavaleiro possua suas terras?”

Ele a encarou por cima do ombro, com voz carregada de sarcasmo.

“O Rei Reuben me concedeu uma propriedade quando me tornei cavaleiro, juntamente com um castelo que deveria ter se tornado sua casa após nosso casamento.”

Maxi apenas ficou mais confusa. Um castelo que deveria ter sido sua casa? Mas Riftan parecia desinteressado em explicar mais. Ele já estava descendo a escadaria que levava a um jardim espaçoso. Ao lado da colossal fonte estava uma carruagem extravagante puxada por quatro cavalos. Uma comitiva de cerca de quinze cavaleiros estava guardando a carruagem.

Suas vozes animadas se aquietaram quando Riftan e Maxi se aproximaram. Alguns homens lançaram olhares furtivos para Maxi, que ficou em pé atrás de Riftan de forma desajeitada. Ela sentiu suas bochechas queimarem sob seus olhares curiosos.

“O que está esperando? Entre na carruagem.”

“M-Mas… O p-p-pai está m-me esperando. P-P-Preciso d-da p-permissão d-dele…”

O rosto de Riftan se endureceu ao mencionarem o duque. Apertando firme em seu braço, ele a arrastou em direção à carruagem.

“Você é minha esposa. Por que eu deveria pedir permissão para levá-la comigo? Seu pai não tem direito de interferir.”

Com isso, ele a levantou e a colocou na carruagem, onde ela permaneceu em um espanto mudo. Minha esposa… isso significava que ele não pretendia se divorciar dela? Ela não conseguia desembaraçar os pensamentos embaralhados em sua cabeça.

“Vá!” Riftan gritou pela janela, sentando-se em frente a Maxi.

A carruagem começou a sacudir. Ainda em descrença, Maxi observou o Castelo de Croyso se distanciar. Ela havia imaginado dezenas de cenários em sua cabeça ao imaginar sua reunião, mas nenhum deles a preparara para isso.

Por que está me levando com ele?

Ela olhava perplexa para o marido, que observava a paisagem passar com um braço apoiado na janela. Ele parecia calmo e composto. Seria esse o mesmo homem que havia proferido comentários ácidos e beijos antes de sair do castelo, arrastando-a consigo?

Ela recordou as palavras de seu pai.

O Rei Reuben ofereceu a mão da princesa em casamento para ele. Ele não deixará essa oportunidade escapar!

O Duque Croyso tinha martelado aquelas palavras em sua cabeça. Mas ele não era o único que havia assumido que Riftan se casaria com a princesa.

Uma renomada feiticeira, a Princesa Agnes havia lutado ao lado de Riftan na campanha contra o Dragão Vermelho. Dois guerreiros se apaixonando após compartilhar a emoção do campo de batalha era uma inspiração irresistível para os bardos, que não perderam tempo em compor e performar o conto romântico pela cidade. Todos que ouviram falar do retorno vitorioso da princesa e do cavaleiro estavam antecipando um casamento real.

Maxi mesma pensava que o divórcio era inevitável. Até mesmo o clérigo que havia oficializado o casamento deles não teria discordado. Todos sabiam que o Duque Croyso tinha pressionado Riftan a se casar, e Riftan tinha todo o direito de exigir o divórcio.

Então por quê…?

Maxi lançou um olhar furtivo para os traços finamente esculpidos de Riftan. Seu cabelo desalinhado estava esplendidamente assentado sobre a testa cinzelada, ondulando na brisa suave que entrava pela janela. Sua pele dourada-marrom brilhante conferia-lhe uma aparência exótica. A árdua campanha havia acentuado os contornos em seu rosto naturalmente pétreo, dando-lhe um ar imponente.

Maxi nunca havia visto a Princesa Agnes pessoalmente. Diziam que a princesa era uma beleza notável, com cabelos dourados brilhantes e olhos azul profundo. Maxi imaginava que, ao lado dela, Riftan e a princesa pareceriam uma obra de arte.

Sua atenção voltou-se para seu próprio reflexo na janela da carruagem. Uma testa larga e arredondada e um nariz pequeno, de ponte baixa, pontilhado de sardas marrons. Olhos grandes e redondos que pareciam desequilibrar seus traços. Cabelos ondulados torcidos em uma única trança, fios soltos se destacando como palhas.

Ela só conseguia pensar no pior. Era impossível que Riftan realmente a quisesse como esposa. Deve haver uma pegadinha. Um plano secreto, talvez. O que ele planejava fazer com ela?

Como se sentisse suas apreensões, Riftan virou bruscamente a cabeça para olhá-la. Encolhendo-se diante de seu olhar penetrante, Maxi desviou o olhar. Ela devia ter feito algo para desagradá-lo, pois ele começou a praguejar.

“Você me acha tão repulsivo assim? Pelo menos tente disfarçar! Não tenho a menor intenção de pular da carruagem para poupar você do incômodo da minha companhia!”

“V-V-Você n-não é r-repulsivo. Eu n-nunca d-disse…”

“Então faça algo com essa expressão terrível no seu rosto!”

As mãos de Maxi voaram para cobrir o rosto. Era verdade que ela se sentia desconfortável e com medo na presença dele, mas não tinha percebido que sua expressão traía tão claramente seus sentimentos. Sabendo que seu rosto o havia irritado, ela não sabia que tipo de expressão deveria usar.

Riftan suspirou. “Você deve perceber que não somos como outros casais casados.”

Maxi sentiu o suor frio brotar em sua testa.

“Eu não sei muito sobre você,” ele continuou. “E você não sabe muito sobre mim. Mas você é minha esposa, e isso significa que devo passar o resto dos meus dias com você. Como posso tratá-la como minha esposa se minha mera presença é suficiente para fazê-la tremer como uma folha?”

“O r-resto d-d-dos s-seus d-dias… c-comi-i-i-go?”

Vendo sua surpresa, seus traços se contorceram em um franzido.

“Nós nos casamos há três anos. Somos marido e mulher. Não se supõe que casais vivam juntos pelo resto de suas vidas?”

Ela olhou para ele como se de repente ele tivesse crescido outra cabeça. Ela não podia acreditar no que estava ouvindo. Será que ele genuinamente queria que ela fosse sua esposa? Ou estava mentindo por algum motivo oculto? Talvez estivesse zombando dela, pensando que ela ainda não tinha descoberto seu noivado com a princesa. Pensamentos cada vez mais angustiantes tomavam conta de sua mente.

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