Uma Jornada de Preto e Vermelho

Capítulo 238

Uma Jornada de Preto e Vermelho

Acordo e respiro fundo, um erro imediato. O ar está abafado no meu sarcófago. Sangue ainda escorre pela minha garganta, então arranco o tubo e franzo a testa. Um toque no botão acima de mim e um painel se abre com um 'bip' 'bop' horrível. Arg! Eu já disse ao Loth Júnior para parar, mas o pirralho se diverte tanto fazendo todas essas geringonças tecnológicas tão desnecessariamente barulhentas! Uma tela se ilumina, muito melhor do que me lembro.

Vejo a Terra de cima. Parece azul e verde o suficiente. Um texto sem sentido alinha-se no lado direito, falando sobre 'versões do SO' e sei lá o quê. O que me importa a versão? Me deem os fatos logo.

Uma grande esfera logo aparece em seu lugar. Parece um disco enorme com, apropriadamente, um chapéu de pirata colocado delicadamente sobre ele. Parece estar bem empoeirado. A Fúria Espacial deve ter ficado em órbita um pouco demais.

'Você! Coisa artificial! Reporte-se. Que indicador me acordou?'

//PROCESSANDO REQUISIÇÃO.

'Por que, em nome do Vigia, não dá para fazer você falar normalmente? Aaaaargh.'

Aperto mais botões — provocando mais bips irritantes — mas não parece haver opções no menu para tornar a máquina menos irritante.

//Status ambiental, normal.

//Risco geopolítico, baixo.

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//Risco de invasão, baixo.

//Nenhuma anomalia detectada.

'AH, CHEGA!'

Simplesmente me teleporto para fora do sarcófago e me visto com um pensamento, com armadura porque eu posso. O imenso salão em que estou descansando ainda está no processo de despertar, mas não importa. Sinto duas formas distintas fora das proteções, turvas por sua intensidade opaca. Esses dois palhaços me acordaram? Vou comê-los.

Teleporto-me para fora e começo a vociferar imediatamente enquanto caminho em direção ao painel de controle na parede distante. Muitas proteções e armadilhas por aqui, mas todas estão sintonizadas comigo.

'O que eu disse da última vez? O que eu disse, droga? O PRÓXIMO VADIO QUE PERTURBAR MEU SONO SEM MOTIVO TERÁ MINHA LÂMINA ENFIADA EM SEU CU MOLE DESRESPEITOSO — Oh, é... é você?'

Olhos de âmbar espiam divertidamente através de uma fenda na porta blindada. Posso dizer quem é porque ele está no meu domínio, mas a descrença ainda me força a parar.

'Sinead?'

'Querido! Faz muito tempo. Belo truque usando a árvore. Adorei o que você fez com a esfera! E com a magia aumentando em um ritmo tão grande, meus amigos e eu encontramos uma maneira de visitar! Conhecemos um local gentil o suficiente para te acordar para que pudéssemos ajudar com seu... pequeno problema.'

Torran sai da sombra com um sorriso terno.

'Torran!' Eu exclamo animadamente.

Então percebo que, embora não seja incomum para um imortal manter um amante em cada esfera, fazê-los se encontrar constitui um terrível faux-pas [1].

'Bem, isso é um pouco estranho.'

'Não se preocupe, minha estrela, nós já concordamos em lutar pela sua mão em uma luta até a morte.'

'Vocês poderiam reconsiderar, por favor?'

'Hahaha, ele está brincando, ele está brincando,' Sinead responde com um sorriso ligeiramente maníaco. 'Nós só queríamos te salvar de séculos de isolamento eremita. E eu tenho a coisa certa! Uma pequena visita às esferas para obter alguns conselhos da tia Carnaciel, depois para a Corte de Sangue para alguma ação! Do tipo não sexual!'

'Bem, isso parece bom. O que estamos esperando?'

'Esperávamos que você pudesse nos levar através das armadilhas,' Torran acrescentou gentilmente.

'Tão preguiçosos.'

'Loth Júnior criou um porco de fogo. Ele pediu para um Bingle instalá-lo.'

'Deixa pra lá, eu vou apenas nos tirar daqui voando. COMO VOCÊS OUSAM ARRISCAR MINHA VIDA ASSIM!'


[1] - Faux-pas: Termo francês que significa uma gafe ou deslize social.