Volume 2 - Capítulo 132

“Absurdo. Não preciso de uma criança simplesmente saudável! Apesar de sua leve fraqueza, Aishes nunca se comportou como você. É natural, dada a diferença de linhagem!”

“Pai.”

Lenore chamou o Duque, com o rosto pálido. A mãe do herdeiro atual e do filho primogênito, Aishes Shand Apeto, era de nobre linhagem, originária do Ducado de Tain, uma das quatro famílias ducais que estavam lado a lado com os Apeto.

No entanto, Lenore e Revlin eram filhos da mulher com quem o Duque Apeto se casou novamente após a morte dela, filha de um conde. Essa família não era fraca, mas não se comparava a uma ducal. O Duque Apeto frequentemente lembrava Lenore disso, alimentando seus sentimentos de inferioridade.

“Vá convencer seu irmão. Se não conseguir, prepare-se para abrir mão de tudo o que você tem feito!”

Depois de ser expulso pelo Duque, Lenore imediatamente foi ver Revlin. Ele desejava mais do que tudo matar o irmão ali mesmo, na hora, mas o pensamento de que certamente perderia qualquer chance de ser o sucessor o deteve.

Ele se esforçou para manter um ar de calma e afeição enquanto tentava convencer Revlin.

"Você certamente não quer que esses caras pisem nas terras dos Apeto com suas botas sujas, não é? Hein? Por que você gosta tanto de um bando de palhaços da Cavalaria do Duque Peletta? Você realmente acha que o Duque Peletta gosta de você?"

"..."

"Não. Ele simplesmente está usando você para zombar dos Apeto. Por favor, volte aos seus sentidos. Eu te darei tudo o que você quiser. Ok?"

Lenore recitou os nomes das coisas que ele achava que seu irmão poderia desejar. No entanto, nem a espada, nem as joias, nem o famoso cavalo conseguiram fazer seu irmão abrir a boca.

Lenore, que já tinha um pavio curto, finalmente chegou ao seu limite.

"Droga. Você sabe o que eu tive que ouvir do pai por sua causa? Se eu não puder me tornar o herdeiro por causa da besteira que você fez, você acha que estará a salvo, Revlin!"

O vaso que ele jogou se espatifou contra a parede. Ele continuou a quebrar os objetos ao redor de Revlin antes de cair em uma cadeira, ofegante.

Surpreendentemente, Revlin ainda o olhava calmamente, sem mostrar sinais de medo. O garoto finalmente abriu os lábios lentamente, com um olhar frio nos olhos.

"Finalmente você parece o irmão que eu conheço."

"O quê?"

"Era estranho quando você começou a ser gentil de repente. Você não é do tipo que se controla, então estou aliviado agora."

Lenore ficou momentaneamente sem palavras.

"Você..."

"Sabe o que? Entre todas as coisas que você mencionou, não havia uma única coisa que eu queria. Nem do pai, nem do tio, todos são iguais. Eles ou ficam com raiva ou me tratam como um idiota, me mantendo trancado, e ninguém me escuta."

"Então, você quer dizer que aquele homem é diferente? O Duque Peletta é diferente?"

"Sim. Ele é."

Revlin respondeu com despreocupação.

"Ele ouviu o que eu queria desde o início."

"Ah, sério? O que exatamente você quer? Deixe-me ouvir também!"

"Eu já te disse. Muitas vezes."

"Me disse? Quando você disse?"

Lenore achou que seu irmão mais novo estava mentindo. No entanto, quando ele viu o olhar glacial de seu irmão, cheio de ódio, ele ficou subitamente sem palavras.

"Eu te disse inúmeras vezes. Eu implorei desesperadamente, repetidamente! Se alguém não consegue se lembrar, é você, não eu! Pare de me incomodar e vá lutar para garantir a herança que você tanto deseja!"

Lenore ficou sem palavras diante daquela fúria e daquele olhar zombeteiro.

'Quando Revlin começou a usar essa expressão?'

Nas lembranças de Lenore, Revlin sempre foi um garoto frágil que parecia estar perpetuamente à beira da morte. Embora Lenore fosse em grande parte indiferente a seu irmão mais novo e lamentável, ele ocasionalmente mostrava alguma simpatia, devido à sua fraternidade compartilhada. No entanto, o garoto diante dele era diferente. O Revlin do presente não parecia fraco. Ele havia crescido o suficiente para se manter firme contra Lenore.

Ao perceber isso, um Lenore profundamente chocado saiu do quarto de Revlin, apenas para ser abordado urgentemente por um servo que relatou que seu tio Beltrail, um Sacerdote Ancião, estava procurando por ele.

"O Sacerdote Ancião está me procurando? Por que você só está me dizendo isso agora? Que idiota!"

Descarregando sua raiva, acumulada por causa de Revlin, no servo inocente com um tapa no rosto, Lenore se dirigiu ao anexo. O porão do anexo não era diferente da última vez que ele esteve lá, mas a expressão de Beltrail que o esperava era nitidamente diferente.

"Vossa Graça, enquanto seu pai ainda se curvar, parece que a chegada do Duque Peletta é um fato consumado. Portanto, não deveríamos nos preparar, Segundo Príncipe?"

"De que preparativos você está falando?"

"Você certamente não pretende deixar as pessoas aqui como estão."

Só quando Beltrail examinou os arredores Lenore percebeu o que ele estava insinuando.

'Eu me perguntava do que ele estava falando.'

Lenore havia assumido que Beltrail sugeriria uma solução para sua situação atual. No entanto, tudo o que seu tio queria era garantir que sua pesquisa não fosse danificada.

'Como ele só pode se preocupar com seus próprios interesses nessa situação?'

Refletindo, a causa direta de toda essa confusão era o próprio Beltrail. Se Beltrail não tivesse deixado seu cargo e mantido Revlin sob observação durante a Cerimônia do Compartilhamento da Chama Sagrada, nada disso teria acontecido. No entanto, Beltrail fugiu da responsabilidade sob o pretexto de ser sacerdote, deixando Lenore para suportar a fúria do Duque Apeto.

E agora ele teve a audácia de convocar o ocupado Lenore sem uma palavra de desculpas, pedindo-lhe para esconder seus sujeitos de pesquisa dos olhos do Duque Peletta.

'Inicialmente, a única razão pela qual ajudei meu tio foi porque achei que isso poderia me ajudar a garantir a posição de herdeiro. Estou em tantos problemas, mas em vez de retribuir a ajuda que ele recebeu, ele só está pensando em sua pesquisa.'

Era injusto. Era extremamente injusto.

'Se eu cair, não será apenas o fim para mim. Essa pesquisa inútil que ele tem financiado graças a mim também irá por água abaixo!'

"Segundo Príncipe?"

"Sim, Tio."

Lenore respondeu ao chamado de Beltrail, mantendo uma expressão não diferente do usual.

"Então... você deseja mover essas pessoas antes da chegada do Duque Peletta?"

"Isso mesmo. Dizem que há indivíduos na Cavalaria que podem detectar sensivelmente a presença de Despertos. Se o Duque Peletta trouxer uma pessoa dessas e eles descobrirem este lugar, o que acontecerá conosco?"

Esse boato foi um vazamento deliberado de Kishiar, mas eles não haviam considerado isso.

"Tanto faz. Se as coisas ficarem difíceis, eles simplesmente me colocarão a culpa novamente."

Assim que a suspeita surgiu, Lenore não suportava ver nem o sorriso benevolente no rosto de Beltrail. Ele desviou o olhar do rosto de seu tio e abriu a boca em tom pesado.

"Entendido. O Duque de Peletta chega amanhã, então vamos fazer os servos removê-los antes disso."

"Eles não devem ser permitidos escapar. Eles podem fugir."

"Então, o que você está sugerindo?"

Beltrail ficou surpreso com a resposta incomumente afiada. Utilizando seu senso, aprimorado por lutas internas de poder no templo, ele rapidamente percebeu que seu jovem sobrinho estava ficando irritado com ele.

"…Segundo Príncipe. Peço-lhe isso para o seu próprio bem. Você não entende?"

"Eu me pergunto. Não tenho certeza se você realmente pretende me ajudar. Se você quisesse ajudar, teria produzido um resultado decente durante o ano que passou."

"Entendo sua frustração. Mas nós desmoronarmos devido à desconfiança interna é exatamente o que o Duque de Peletta quer. Você deve proteger o Terceiro Príncipe de cair em suas mãos e manter este lugar seguro."

Beltrail não gostava particularmente do cruel e egoísta Segundo Príncipe Lenore, mas sabia muito bem que sua pesquisa só poderia continuar se Lenore estivesse lá. Relutantemente, ele teve que acalmá-lo e convencê-lo.

"E além disso, nossa pesquisa está em um ponto crucial. Três dos sujeitos de teste aqui entraram em seu período de acasalamento ontem. Descobri que um Desperto em cio exerce uma influência involuntária sobre Despertos que não manifestaram seu segundo gênero…Tosse, tosse!"

Beltrail, que havia falado mais rápido do que o normal, de repente começou a tossir. Quando ele removeu a mão da boca, sua veste sacerdotal branca estava manchada de sangue em vários lugares.

"…Ufa."

Vendo isso, Lenore franziu a testa e suspirou. Não era surpreendente vê-lo tossindo sangue; era uma visão muito comum na casa dos Apeto.

O 'Sangue da Bênção' da família Apeto afetava Beltrail, que havia se tornado sacerdote muito antes de deixar sua família, sem exceção. Ele também havia sido terrivelmente frágil desde a infância, assim como Aishes ou Revlin.

"…De qualquer forma, confie em mim, desta vez faremos progresso."

Na verdade, Lenore sabia que Beltrail era tão dedicado à sua pesquisa por causa de sua fragilidade. Sua confiança em seu tio não era infundada.

"Vou enviar os servos amanhã de manhã. Quando eles chegarem, por favor, leve os sujeitos de teste e siga o túnel de suprimentos de alimentos até a floresta oeste. Mesmo que o Duque de Peletta venha com toda a sua Cavalaria, eles não conseguirão encontrá-lo lá."

Com as palavras de Lenore, Beltrail assentiu sem hesitação.

"Entendi."

"Por favor, cumpra sua promessa de fazer progresso. Esta pode ser a última vez."

Com essas palavras, Lenore deixou o anexo sem olhar para trás.

A bela casa principal do Ducado Apeto estava envolvida em um silêncio misterioso e permaneceu inquieta após o ocorrido. Mesmo os servos que se moviam entre os prédios não conseguiam manter suas expressões alegres de costume.

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E finalmente, um dia passou.

O Duque de Peletta, montado em um cavalo com uma crista que combinava símbolos de sol, árvore e fogo, finalmente apareceu diante da família Apeto.