48 horas por dia

Capítulo 1413

48 horas por dia

Zhang Heng abriu os olhos e se viu em um beco pouco iluminado.

Ao final da rua, um pequeno prédio de tijolos, alto de ambos os lados, parecia bastante antigo. Pela construção e estilo, Zhang Heng deduziu que era um edifício posterior ao século XIX.

Sem pressa, ele observou os pedestres apressados, vendedores de cigarros e a mercearia do outro lado da rua. Justo quando ia continuar a observação..., um trovão cortou o céu, anunciando uma tempestade iminente.

Zhang Heng não ficou parado. Finalmente, dirigiu-se ao pequeno prédio de tijolos.

O prédio era muito mais silencioso do que ele imaginara. Apenas uma luz alaranjada vinha da porta, e não havia muito barulho.

Zhang Heng bateu.

Um instante depois, um homem de meia-idade, com ar de mordomo, espiou pela porta. "Posso ajudar em algo?"

“Recebi um convite para o Salão.” Zhang Heng fez uma pausa. Olhou por cima do homem de meia-idade para a sala atrás dele e percebeu que estava vazia, sem convidados.

“Desculpe, estou adiantado?”

“Não.” O homem de meia-idade sorriu. “O salão já começou, mas não é aqui. Posso ver seu comprovante?”

“Comprovante?” Zhang Heng franziu a testa levemente. A caminho, já havia revistado os bolsos. Além dos objetos que trouxera, não encontrou mais nada. Contudo, uma ideia lhe ocorreu; ele tirou a caneta de Conan Doyle.

O mordomo pegou a caneta, colocou os óculos e examinou-a cuidadosamente. “Então,” ele a devolveu respeitosamente a Zhang Heng com ambas as mãos. “Bem-vindo à Casa dos Gênios. Por favor, me siga.”

Zhang Heng seguiu o homem de meia-idade, atravessaram a sala e chegaram ao pátio. O mordomo abriu uma escura adega, do tipo que aparece em filmes de terror quando o protagonista é aprisionado. Em seguida, fez um gesto de convite.

“Você está falando sério?” Zhang Heng arqueou as sobrancelhas.

“Não me olhe assim. Enrolação e dramatismo sempre foram os favoritos dos autores.” O mordomo deu de ombros. “Para ser sincero, nunca entendi esse gosto duvidoso.”

Ouvindo isso, Zhang Heng olhou novamente para o pesado cadeado de ferro a seus pés. Havia manchas avermelhadas, parecidas com sangue.

“Não se preocupe, é tinta de ocre.”

“Impressionante,” comentou Zhang Heng.

Sem hesitar, entrou.

Apesar da atmosfera assustadora na frente da porta da adega, o interior não era ruim. Estava um pouco úmido, mas o ar era puro. Além do cheiro de terra, não havia nenhum odor estranho.

Para um túnel, não se podia pedir mais.

Andaram cerca de cinco minutos até que o terreno começou a subir novamente. Então, o homem que parecia mordomo parou diante de uma escada de ferro e entregou a lamparina a Zhang Heng, abrindo a tampa do poço acima de sua cabeça.

As primeiras gotas de chuva já caíam. Os dois retornaram à rua pelas subterrâneos. Ao emergirem, Zhang Heng viu uma carruagem na beira da estrada.

O homem que parecia mordomo pegou de volta a lamparina. “Só posso acompanhá-lo até aqui. Em seguida, Martin o levará ao Salão.”

“Martin? Essa é uma piada das ‘Aventuras de um Ganso’? E você? Não perguntei seu nome antes.”

“Kansel.” O homem de meia-idade, com ar de mordomo, sorriu e fez uma nova reverência. “Desejo sinceramente que seus pensamentos fluam como uma fonte a cada dia.”

“20.000 Léguas Submarinas, como esperado. Obrigado.”

Após se despedir de Kansel, Zhang Heng entrou na carruagem. Quando fechou a porta, o cocheiro, Martin, agarrou as rédeas.

Ao sentir o aroma de jasmim, Zhang Heng começou a sentir sono. Mas era uma sonolência diferente de um anestésico. Ele sabia que poderia despertar a qualquer momento; era mais um recurso para evitar o tédio da viagem.

Assim, relaxou o corpo, encostou a cabeça na carruagem e cochilou.

Após um tempo indeterminado, a carruagem parou.

Desta vez, em um gramado. Martin abriu a porta para Zhang Heng. À sua frente, uma mansão enorme, construída na encosta de uma montanha, ocupava uma área impressionante.

Num rápido olhar, Zhang Heng viu jardim, piscina, floresta e até um campo de golfe.

Desta vez, quem o recebeu na porta foi uma governanta excepcionalmente baixa. Menos de um metro e vinte, pequena, com orelhas pontudas, mas pés grandes; movia-se sem fazer ruído.

Um nome surgiu na mente de Zhang Heng.

— Hobbit.

Uma raça fantástica criada pelo escritor e poeta inglês Tolkien em seu romance, O Senhor dos Anéis.

“Parece que reconheceu minha origem, nosso hóspede mais ilustre,” disse a hobbit governanta. “Só não sei como me dirigir a você.”

Sem esperar que Zhang Heng falasse, acrescentou: “Não precisa dizer seu nome verdadeiro. Todos aqui usam seus pseudônimos ou os nomes dos personagens de seus livros.”

“Zhang Heng.”

A hobbit governanta exibiu uma expressão surpresa.

“Na verdade, estou preparando um romance. Este é o nome do protagonista,” disse Zhang Heng levemente.

“Então, certamente encontrará muita inspiração aqui,” disse a hobbit governanta ao abrir a porta atrás dela.

Antes de entrar, Zhang Heng ouviu um barulho caótico lá dentro.

“Se me perguntarem, todo romance popular é uma porcaria! O autor de um romance popular é o cachorro que produz essa porcaria; só sabe abanar o rabo e bajular o gosto duvidoso e a apreciação anormal do público! É por causa deles que o nível desta indústria caiu infinitamente!”, disse uma voz masculina retumbante.

“Discordo, Sr. Bastardo. O propósito da nossa escrita não é ser inimigo do público. Não nego que algumas obras excelentes da super-era foram seriamente subestimadas na época. Mas não se pode odiar os autores que ganham dinheiro só porque você não ganhou muito em vida,” disse uma voz feminina forte.

“Sem dúvida, estou falando de você, Professora McGonagall, e sua escrita prova isso!”