Capítulo 1399

As batidas na porta interromperam as lembranças de Shen Xixi. Ela se levantou e observou cautelosamente a porta pela fechadura antes de destravá-la.

Li Bai entrou. Pegou a garrafa de água mineral sobre a mesa e tomou quase metade de uma vez. Depois disse: — Já investigamos. Aquele grupo está no bairro em frente.

— Quantas pessoas são? — perguntou Shen Xixi.

— É um grupinho que acabou de surgir. Menos de vinte pessoas no total, a maioria foi arrastada para lá meio sem querer. Não devem estar muito envolvidos. Os que estão mais metidos devem ser só três ou cinco.

Shen Xixi suspirou aliviada. — Obrigada pelo trabalho de vocês. Vamos acabar com isso. Não vamos sair hoje. Vamos descansar aqui uma noite e partimos amanhã.

Li Bai parecia hesitar em falar.

Mas Shen Xixi estava pensando no que fazer a seguir. Não percebeu a expressão no rosto de Li Bai. Então, tirou um fone de ouvido do bolso e colocou-o.

A voz do Coelho veio do outro lado. — Onde vocês estão?

— Estamos prestes a partir. Chegamos em dez minutos — disse Shen Xixi, olhando o relógio no pulso.

— Certo, sem problemas. Eles ainda estão preparando o local. Parece que ainda não chegaram. Não vão conseguir organizar nada em dez minutos. — O Coelho passou a língua nos lábios e apertou a descarga do banheiro.

Apesar disso, ao ouvir suas palavras, Shen Xixi apressou o passo e saiu do hotel com Li Bai, carregando uma mala.

Os dois encontraram um banheiro público na beira da estrada e entraram com a mala. Quando saíram dois minutos depois, já eram dois policiais.

Boinas, uniformes, gravadores e até carteirinhas de identificação. Em outras palavras, a não ser que fossem checar no sistema policial, era quase impossível desmascará-los.

Após a troca de figurino, Shen Xixi e Li Bai correram para o prédio alvo sem parar. Com os uniformes, os seguranças não os impediram. Até se ofereceram para ajudar.

Shen Xixi pediu para ele abrir a porta do prédio um. Depois, pegaram o elevador até o 11º andar. Nem precisaram bater, a porta 1104 estava escancarada.

Havia um enfeite estranho pendurado na porta. Por alguma razão, o segurança sentiu um frio na espinha ao vê-lo. Ficou incomodado, mas tinha dificuldade em desviar o olhar, estava prestes a examiná-lo melhor quando a policial se aproximou e o bloqueou. Ao mesmo tempo, puxou o enfeite e o guardou em uma pasta.

Então, sem parar, entrou direto.

Já havia sete pessoas na sala. Cinco no sofá, duas em pé perto da janela, fumando e conversando.

Ao ver Shen Xixi e Li Bai entrando, todos na sala, exceto o Coelho, que fingia ter sido atraído para se juntar ao grupo, ficaram atônitos.

Shen Xixi ligou o gravador e mostrou o distintivo. — Policial. Quem é o dono deste lugar?

As pessoas na sala se entreolharam, e um homem que fumava perto da janela tossiu e disse: — Esta casa pertence ao Tio He. Ele está no quarto dos fundos. Quer que eu chame ele?

— Não precisa. Vou eu mesma — respondeu Shen Xixi. Lançou um olhar para Li Bai, pedindo que ele ficasse para vigiar as pessoas na sala, enquanto ela continuava para dentro.

Era uma casa de três quartos e sala. Além da sala, havia três quartos. Um banheiro e uma cozinha, visível da sala. Não havia ninguém lá dentro. O banheiro estava à esquerda de Shen Xixi, a porta fechada, como se alguém estivesse usando.

No escritório, a porta estava aberta, mas também estava vazio. Sobravam dois quartos: o quarto principal e o de hóspedes. Shen Xixi abriu a porta do quarto de hóspedes primeiro e encontrou um menino de uns onze ou doze anos. Devia ter acabado de chegar da escola e estava fazendo a lição de casa na mesa.

Shen Xixi viu o menino virar a cabeça e tentou forçar um sorriso. — Tudo bem, pode continuar estudando. — E saiu do quarto, fechou a porta e estendeu a mão para abrir a porta do quarto principal ao lado, mas desta vez, não conseguiu.

Shen Xixi bateu na porta. Após cerca de três segundos, uma voz veio de dentro: — Espere um minuto, a atividade ainda precisa ser preparada antes de começar.

Mas Shen Xixi continuou batendo como se não tivesse ouvido nada.

Depois de alguns segundos, a porta do quarto principal finalmente abriu. Mas só um pouquinho. O homem dentro espiou e viu Shen Xixi.

Era um homem forte, com olheiras profundas. Parecia que não dormia bem. Ao ver Shen Xixi, um traço de pânico passou por seus olhos. Mas rapidamente se recompôs, porém a mudança em seus olhos não escapou aos de Shen Xixi.

— Policial, qual o problema? — perguntou o homem.

— Recebemos uma denúncia de que uma associação ilegal foi formada aqui. Venha conosco.

— Associação ilegal? Não, não, não. Não estamos fazendo esse tipo de coisa. É só um pequeno encontro entre amigos, sem dinheiro ou objetos de valor. Comprei as bebidas e a comida com meu próprio dinheiro — explicou o homem apressadamente.

Mas a policial permaneceu impassível. Disse apenas duas palavras friamente: — Abra a porta.

— Nós... agora não é uma boa hora — gaguejou o homem.

No instante seguinte, Shen Xixi já tinha arrombado a porta com um chute. Não só a porta foi arrombada, como o homem atrás dela também foi jogado para o lado pela força e caiu no chão.

Ele parecia confuso. Provavelmente não esperava encontrar uma policial tão truculenta. Nessas situações, não deveriam primeiro dar um aviso? Só arrombariam a porta depois de várias tentativas.

Mas a policial foi direto ao ponto. No quarto, além do homem caído na porta, havia outras duas pessoas. Uma parecia ser sua esposa, a outra, mais velha, talvez seu tio.

Eles estavam ocupados criando um mural extremamente estranho e abstrato na parede. O mural representava um sujeito com cabeça de polvo causando estrago no mundo humano. Assim como antes, Shen Xixi quis desviar o olhar imediatamente, mas no instante seguinte, sentiu-se atraída por algo. A coisa no mural parecia ganhar vida, e tentáculos se estendiam da parede!

Shen Xixi sentiu uma forte tontura. Seu corpo cambaleou, e antes que pudesse reagir, caiu no chão. A última imagem em sua mente foi a mulher entre os três à sua frente. Ela desesperadamente pegou uma faca de cozinha debaixo da cama.