Pet King

Volume 1 - Capítulo 33

Pet King

Depois de entrar, o homem se virou e examinou a loja.

“O senhor tem…”

Antes que ele pudesse terminar a pergunta, o Samoieda, com toda a sua energia, se atirou entre as pernas dos novos clientes, mostrando a língua e tentando desesperadamente parecer fofo. Essa energia autodestrutiva deixou até mesmo Zhang Zian sem palavras.

O garotinho gordinho parou de chorar, olhando fixamente para o Samoieda.

O homem apontou para o cachorro e perguntou ao filho: “O que você acha desse cachorro?”

O garoto gordinho não falou nada, mas se abaixou e estendeu a mão para o cachorro. O Samoieda imediatamente levantou as duas patas dianteiras para receber a mãozinha.

O choro do menino se transformou em um grande sorriso, e ele usou a outra mão para acariciar o pescoço do cachorro.

“Cachorro bom! Cachorro bom!”

“Ah!” O homem suspirou fundo e tirou um maço de cigarros do bolso. Colocou um na boca e ofereceu um a Zhang Zian.

“Irmão, você fuma?”

“Não, obrigado”, recusou Zhang Zian, ainda sem entender a situação. Ele tinha ouvido falar de um novo opioide que podia atordoar uma pessoa com uma só tragada. O que ele faria se um homem bonito como ele fosse drogado e assaltado?

Antes que Zhang Zian pudesse sequer perguntar sobre a situação, o homem começou a tagarelar.

“Essa criança passa todas as férias de verão na roça, e hoje a cachorra amarela da casa velha morreu.”

“Ah.” Zhang Zian entendeu. Não admirava o menino estar tão triste.

“A mãe dele e eu estamos muito ocupados com o trabalho, então mandamos ele para o interior todo verão para o avô dele cuidar. Todos os coleguinhas dele estão na cidade. Não tinha computador na casa do interior, então ele só podia brincar com a cachorra. Eles corriam feito loucos, o que fazia ele até esquecer de fazer a lição de casa de verão. Toda vez que as aulas começavam e ele tinha que voltar para a cidade, ele chorava, não queria ir embora. A cachorra já estava bem velhinha, com poucos dentes. No ano passado, às vezes ela nem conseguia acompanhar o menino. Deveria ter pensado nisso antes, mas esse ano…” O homem não continuou.

Depois de um tempo, ele disse: “A cachorra sobreviveu ao verão. Agora as aulas começaram, e vários parentes vieram visitar. Eu não estava em casa na hora, e meu filho perguntou como estava a cachorra amarela. Os parentes disseram que dois dias depois do menino ir embora…”

Zhang Zian também suspirou fundo ao se lembrar de seus pais, cujo amor só foi separado pela morte. Era uma sensação tão desconfortável. Num piscar de olhos, separados pelo yin e pelo yang.

A criança devia estar se arrependendo de não ter ficado mais um dia com a cachorra na hora da sua morte, mas a cachorra também deve ter se esforçado muito, lutando até o último suspiro para que seu pequeno dono visse seu último momento fraco.

O homem acariciou a cabeça do filho com compaixão.

“Esse moleque chorou o dia inteiro, e os parentes não sabiam o que fazer com ele. Foram embora antes mesmo de eu chegar em casa. Aí eu disse pro meu filho que ia comprar outro para ele.”

Uma imagem surgiu diante dos olhos de Zhang Zian. No interior quente e escaldante, o barulho ensurdecedor dos cigarras ecoava. Um menino de camiseta e short brincava animadamente com uma cachorra amarela e fiel, correndo contra o vento em direção às colinas, pulando pedras no rio, pegando libélulas, gafanhotos, borboletas, peixes e camarões, correndo até ficarem cansados e suados. A cachorra deitava na grama com a língua para fora, e o garoto gordinho se deitava em cima dela, enxugando o suor com o cotovelo. Devia ter sido um dia muito, muito feliz.

As árvores cresciam a cada dia, enquanto o rio congelava e depois derretia. O menino crescia ano após ano, enquanto a cachorra envelhecia a cada ano. Aos poucos, a cachorra amarela tinha mais dificuldade de acompanhar o menino, seus olhos ficavam turvos, seu pelo rareava, seu corpo emagrecia e seu apetite diminuía, mas eles ainda brincavam juntos todos os dias.

Muitas coisas aconteceram naquele último verão, e aquilo se tornou uma estagnação permanente. O menino teve uma espécie de premonição, o que o levou a perguntar tanto pela cachorra amarela quando os parentes vieram visitar.

No entanto, a cachorra certamente não partiu com arrependimentos, pois ansiava pelo céu.

Quando o homem terminou o cigarro e apagou a ponta, disse: “Bom, patrão, não vou ocupar mais o seu tempo. Quero esse cachorro, quanto custa?”

“Três mil”, disse Zhang Zian.

O homem assentiu.

“Um pouco caro, mas como a criança gosta dele, eu gastaria qualquer quantia para comprar esse cachorro para ele, como compensação por não ter estado lá no verão todos esses anos. Vamos cuidar do cachorro dele juntos.”

Zhang Zian deu um tapinha nas costas do Samoieda, mas ele se afastou, nem sequer o olhando. Não pareceu triste por deixar a loja e imediatamente virou a cabeça para agradar seus novos donos.

Zhang Zian não pôde deixar de repreendê-lo mentalmente, brincando. “Esse cachorro mimado! Me descartando depois de ser vendido para novos donos! E eu ainda senti pena dele, sozinho na loja.”

Dos três animais vendidos hoje, o Samoieda foi o último, mas talvez tenha sido o mais sortudo. O pai e o filho, que sofreram uma perda tão triste, certamente iriam mimá-lo e cuidar bem dele, desde que ele continuasse tão fofo.

O garoto gordinho e o Samoieda já haviam começado a brincar quando o homem e Zhang Zian chegaram ao balcão para pagar.

O homem se virou, olhou para o Samoieda e perguntou: “Patrão, esse cachorro tem algum problema de saúde? Não quero comprar um cachorro que vai ficar doente depois de alguns dias em casa!”

Zhang Zian disse: “Pode ficar tranquilo, esse cachorro acabou de tomar a vacina. Aqui está o certificado.”

Zhang Zian entregou o recibo, o certificado e o contrato de venda ao homem.

“O contrato é válido enquanto a vacina for válida. Se o cachorro tiver alguma doença infectocontagiosa, pode voltar aqui a qualquer momento. Eu me responsabilizo pela saúde dele.”

O homem assentiu, aliviado, e Zhang Zian disse: “Eu tenho um guia de adestramento de cães que escrevi. Pode pegar um se precisar…”

O homem fez um gesto com a mão, dispensando a oferta.

“Não precisa, não precisa, não é o primeiro cachorro que temos.”

“E outras coisas, como ração?” Zhang Zian não queria perder a chance de ganhar um dinheiro extra.

“Não hoje, a mãe do guri deve estar preocupada. Nos vemos em alguns dias.” O homem fez sinal para o menino. “Vamos, filho, vamos para casa.”

O garotinho gordinho pegou o Samoieda e seguiu o homem para fora. A cabeça do cachorro espiou por cima dos ombros do menino e olhou para Zhang Zian com a língua de fora, até que não pôde mais vê-lo.

Zhang Zian sentiu uma repentina tristeza e ficou parado na porta por um bom tempo, observando os pedestres que passavam e não perceberam a sensação agridoce em seu coração.

“Finalmente ficou quieto aqui!”

Ele voltou para a loja, olhando para as gaiolas e expositores vazios, restando apenas o hamster acordando da sua soneca diurna, ignorantemente pronto para começar sua vida noturna. Quando os três animais estavam lá, Zhang Zian estava constantemente preocupado em vendê-los, mas agora que tinham ido embora, Zhang Zian sentiu um certo desânimo.

“Quartel Fixo, Soldados Flutuantes!”

Sendo uma pet shop, o dono tinha que vender os animais. Precisava ganhar dinheiro, ou a loja fecharia.

O mercado de animais de estimação tinha práticas comerciais boas e ruins. Todos os dias abriam novas lojas e fechavam lojas antigas. Os grandes engoliam os pequenos, enquanto os maus negócios expulsavam os bons, tornando a indústria mais imunda.

A loja pode estar quieta agora, mas logo ficará barulhenta novamente.

Com certeza.