
Capítulo 18
Extra And MC
"Essa aí é casca-grossa!"
"Ela até o esfaqueou."
Dois homens, aparentemente na casa dos trinta, ficaram de guarda do lado de fora de uma pequena sala com porta de ferro, enquanto conversavam.
Ambos estavam armados. Um carregava uma arma de fogo com carregador de balas infundidas com mana[1] na diagonal, enquanto o outro tinha duas espadas curtas presas nos coldres laterais do cinto.
As roupas dos dois tinham um logo roxo de uma cobra ameaçadora.
"Mas serviu bem aquele pedófilo", continuou o homem com a arma de fogo.
"Você tá maluco? Se alguém te ouvir falando isso, perder os membros vai ser o menor dos seus problemas", respondeu o homem das espadas curtas, repreendendo o parceiro.
"Relaxa, cara. Só nós estamos aqui. Ninguém vai nos ouvir."
"Mesmo assim, agradeceria se você fechasse essa boca. Eu adoraria manter meus membros intactos por um bom tempo. Além disso, você não é tão diferente do Corneo, você faria a mesma coisa."
"Hahaha! Você me conhece muito bem, meu amigo."
Ivelia ouvia os dois homens do outro lado da sala escura, tremendo de frio.
Corneo mandara seus capangas jogá-la numa sala fria para torturá-la e quebrá-la depois de falhar na tentativa de estuprá-la.
Apesar de a terem vestido com um conjunto branco, rendado e ousado que deixava em mostra todas as suas curvas, ela conseguiu esconder um pequeno canivete de bolso – que sempre carregava para cortar ervas – dentro do sutiã.
A decisão se mostrara acertada, pois ela conseguira esfaqueá-lo algumas vezes na enorme barriga.
Embora ele tivesse tentado subjugá-la depois disso – e, na verdade, conseguido –, Ivelia não ia deixá-lo impune e revidou, mordendo-o no braço, cravando os dentes e fazendo-o sangrar enquanto ele gritava de dor, chamando pela segurança.
Ivelia levantou as mãos trêmulas para tocar as bochechas e o olho inchados, fazendo uma careta de dor.
Tentou esfregar as mãos para gerar um pouco de calor, mas foi em vão, pois eles já haviam jogado água fria nela antes de a jogar na sala gelada.
Sabia que tudo o que fazia era inútil, mas preferia lutar com todas as forças e morrer a deixar aquele pervertido bastardo se aproveitar dela.
Enquanto tremia sozinha no quarto escuro e frio, lágrimas começaram a escorrer pelo rosto, enquanto se lembrava de Ivar caído em seu charco de sangue enquanto a levavam.
Ela também começou a se preocupar com o estado de Briar e a pensar em quem cuidaria dela.
Soluços silenciosos ecoaram pela sala, enquanto as gotas de lágrimas se transformaram em um fluxo contínuo, como uma torneira aberta.
Enquanto mergulhava na tristeza e na miséria, uma explosão repentina sacudiu a sala!
-BOOM!
As explosões não pararam por aí, ecoando por todo o esconderijo.
-BOOM!
-BOOM!
-BOOOOM!
"Estamos sob ataque! Todo mundo, corram e defendam o território! Não podemos deixar a Torre destruir nosso esconderijo!", uma voz apavorada ecoou pelos alto-falantes instalados em todo o esconderijo.
"A Torre?!"
"Como eles nos encontraram?!"
"Ficamos tanto tempo fora do radar, por que agora?!"
"E se não for a Torre e sim um ranqueado solitário?"
"Aí a gente tá ferrado mesmo!"
"Além disso, só a Torre faria algo assim, logo de cara."
Quase todos os membros da guilda das trevas começaram a correr, trocando essas frases em vozes baixas e apavoradas.
Mesmo que não fosse a Torre, eles sabiam que estavam em maus lençóis, pois apenas alguém muito forte ousaria atacá-los dessa forma.
Ivelia ouvia continuamente o barulho de passos e corridas pelo esconderijo, de dentro da sala.
Alguns membros mantiveram suas posições, pois receberam ordens estritas de Kai, o vice-chefe, para não abandonar seus postos, independentemente da situação. O mesmo aconteceu com os dois homens que guardavam a sala fria onde Ivelia estava.
Ao saírem pelas portas da frente, os membros da guilda das trevas da Python viram que seus carros e a caixa d'água haviam sido completamente destruídos.
Tudo parecia coberto por um mar de fogo e ondas de água arrastando alguns de seus membros.
A cena era completamente caótica.
De repente, ouviram um grito!
"Flynn! Ivar! Agora!"
No momento em que ouviram aquela voz, tentaram localizar a origem do som, mas só conseguiram ver uma luz ofuscante e brilhante que parecia querer destruir seus olhos, fazendo-os fechar os olhos imediatamente e usar os braços para bloquear os raios de luz.
"[Série Telecinética: Atração de Força] !!!"
De repente, todos os capangas sentiram como se estivessem sendo puxados por uma força invisível, sendo arrastados para um único ponto, fazendo-os colidir uns com os outros.
"[Série Terrestre: Formação de Parede] !!!"
Um estrondo foi ouvido enquanto a luz diminuía e os membros perceberam que estavam todos juntos, cercados por paredes rochosas quadradas de dez metros de altura.
Alguns membros perceberam imediatamente que estavam presos e tentaram pular, mas era tarde demais, pois as paredes começaram a se fechar sobre eles como um dossel. Tudo isso aconteceu em segundos.
Os capangas começaram a entrar em pânico imediatamente, disparando suas armas infundidas com mana e tentando quebrar as paredes usando seus feitiços.
Enquanto tentavam fazer isso, alguns deles notaram um frasco redondo de vidro vindo pelo pequeno espaço deixado no topo do dossel rochoso.
As balas infundidas com mana disparadas por alguns capangas o quebraram imediatamente, incendiando o líquido com uma faísca e resultando em uma explosão imensa e ensurdecedora.
"[Série Gravitacional: Compressão] !!"
-BOOOOOOOOOM!!!!!
Uma única palavra estava na mente de Flynn enquanto o plano que ele elaborou se concretizava.
'Xeque-mate!'
(Ponto de vista de Aiden)
(Cerca de 20 minutos antes do ataque ao esconderijo da Python).
"Considerando o que vamos fazer, vocês dois vão precisar usar as poções de mana imediatamente depois que usarmos nossos feitiços. Eu fico bem, mas vocês não, então usem imediatamente", disse a Flynn e Ivar.
Eles assentiram enquanto repassávamos o plano mais uma vez.
Estávamos na frente do esconderijo da Python, como Ivar nos indicara.
O esconderijo era muito bem camuflado, parecia um prédio antigo abandonado, especificamente um pequeno armazém térreo numa área isolada nos arredores da cidade, muito mais longe das lojas de Ivelia e Ivar.
Escondidos na proteção dos arbustos, exploramos cuidadosamente a área e percebemos que, apesar de parecer um armazém abandonado, câmeras de vigilância estavam instaladas em alguns lugares, com alguns guardas fazendo a ronda.
Felizmente, havia apenas uma porta grande na frente do prédio, facilitando o processo de reunir os inimigos em um só local.
O plano de Flynn dependia de um pouco de sorte, e essa era uma adição bem-vinda. Além disso, quando começássemos, eles nem teriam tempo de verificar as câmeras. Mesmo assim, nos aproximamos de um ângulo onde as câmeras teriam dificuldade em nos detectar imediatamente.
O plano de Flynn era ridiculamente simples, se for sincero, mas era essa simplicidade que o tornava tão perigoso.
Perigoso e brutalmente eficaz.
Em poucas palavras, o plano tinha três fases: Atração, distração e destruição.
Inicialmente, causaríamos algumas explosões pequenas, mas perigosas, que atrairiam a maioria deles para fora.
Depois disso, os reuniríamos em um ponto, distraindo-os com granadas de flashbang reforçadas com mana, e os atingiriamos com uma das poções explosivas maiores que Ivar fez.
A razão pela qual Flynn pediu que atacássemos diretamente de frente era para fazer os membros da guilda das trevas pensarem que os atacantes eram da Torre.
Ele também supôs que, para a guilda ter existido tanto tempo sem o conhecimento da Torre, a maioria de seus membros provavelmente não seriam ranqueados e, mesmo que fossem, seriam de nível D.
Isso, por sua vez, faria com que eles não pensassem racionalmente, o que lhes daria um motivo imediato para saírem em massa, facilitando para nós reuni-los em um só ponto, já que só a Torre atacaria uma guilda das trevas frontalmente, sem truques ou infiltrações, especialmente se for uma pequena como a deles.
"Todos estão certos sobre o que precisam fazer mais uma vez?", perguntei novamente.
"Afirmativo", Flynn e Ivar responderam.
"Então, vamos começar!"
No momento em que disse isso, corremos em direção ao armazém, usando a cobertura dos arbustos como camuflagem.
Assim que chegamos perto do armazém, começamos a lançar as poções explosivas e algumas granadas pequenas que compramos em uma loja de armas, mirando os poucos carros e outras coisas que causariam uma grande explosão.
Mesmo fazendo isso, continuamos escondidos nos arbustos.
Os líquidos que vazaram da poção explosiva, agora no chão, explodiriam novamente em reação em cadeia se algo tão pequeno como uma faísca os tocasse, criando mares de fogo.
Isso fez com que os membros do armazém tivessem a sensação simulada de serem atacados por muitas pessoas, e começaram a sair em massa. Eram cerca de 20 membros.
Flynn jogou uma das granadas na única caixa d'água da área, resultando em uma explosão ainda maior enquanto a grande caixa explodia, lançando uma enorme quantidade de água que arrastou alguns dos membros que já estavam do lado de fora do armazém.
Enquanto saíam em massa, dei sinal para Ivar e Flynn gritando enquanto jogava várias granadas de flashbang reforçadas com mana, colocando imediatamente a segunda fase do plano em ação.
A parte final do plano envolvia a compressão da grande poção explosiva depois que ela explodisse para criar uma explosão controlada, mas devastadora, que tornaria os membros da guilda das trevas incapazes de mover um dedo.
Como Flynn disse, nós realmente fizemos um churrasco com a maioria deles, pois a explosão deixou quase todos eles queimados até o osso.
O cheiro de carne queimada enchia o ar, e seus corpos completamente carbonizados tornavam a cena muito horrível de se observar.
[1] - Mana: Energia mágica presente no universo da história.