Capítulo 16.5

“Então, Kai, Corneo fez alguma coisa relacionada às tarefas que lhe dei?”, disse uma voz grossa e sinistra, serpenteando pela sala escura onde ele, um homem corpulento e outras pessoas usando máscaras demoníacas ameaçadoras se encontravam.

Kai sentiu uma dificuldade enorme para falar. Ele e os outros sentiam um arrepio na espinha a cada palavra do homem.

O homem tinha cabelos pretos presos em um coque, corpo magro e musculoso. Seus olhos negros como obsidiana pareciam carregar um medo indescritível, se alguém os encarasse por muito tempo. Ele estava sentado em um pequeno sofá vermelho, com as pernas cruzadas e os dedos batendo no braço do móvel.

Embora a sala estivesse escura e pouca luz entrasse pelas persianas fechadas, era óbvio que o ambiente era bem mobiliado.

“Não me faça repetir”, disse o homem, desta vez com uma pressão extra emanando de seu corpo.

“D-d-desculpe, senhor! Em resposta à sua pergunta, ele não fez nada digno de nota”, gaguejou Kai, com a cabeça baixa e o olhar fixo no chão.

“Então aquele gordo só ficou comendo e vivendo da minha boa vontade…”, disse o homem, desta vez com um olhar pensativo.

Kai então falou novamente, ainda com o olhar fixo no chão, sem ousar levantar a cabeça para o homem à sua frente.

“Ele, no entanto, tem reclamado que as crianças que ele esperava que criassem algo não tiveram nenhum progresso ainda, mas apesar disso, parecem estar trazendo ainda mais dinheiro do que antes”, completou Kai, prendendo a respiração sob a pressão sufocante.

“Crianças? Algo? Esse ‘algo’ tem alguma relação com o que eu ordenei a ele?”, perguntou o homem.

“N-não sei, senhor. Estou apenas relatando os movimentos de Corneo, como o senhor pediu!”, respondeu Kai.

“Hmmm…”, o homem murmurou antes de continuar.

“Bem, você tem feito um bom trabalho até agora. Continue o guardando como eu pedi. Lembre-se de fazer o que ele disser sem questionar. Embora possa parecer inútil manter aquele gorducho por perto, há uma razão para isso.”

“Deixando isso de lado, a localização do depósito ainda está fora do radar, presumo?”, perguntou o homem.

“Sim. Além de uma criança em particular que vem de vez em quando para entregar poções, a localização ainda está muito segura, senhor”, respondeu Kai.

“E os membros da pequena guilda das sombras?”

“Todos são de nível D baixo, senhor.”

“Bom. Não quero que chame a atenção da Torre, porque eles sempre ficam de olho em lugares isolados com grandes quantidades de mana na área. Só você é suficiente para proteger Corneo”, disse o homem, antes de prosseguir.

“Além disso, se por qualquer motivo essa criança que você mencionou comprometer o esconderijo, silencia-o. Está claro?”

“Sim, senhor!”

“Então, pode ir”, ordenou o homem. Kai se virou rapidamente, deu uma breve aceno de cabeça e saiu da sala, o corpo completamente encharcado de suor.

Quando Kai saiu, a atenção do homem se voltou para os outros membros mascarados presentes na sala.

Eram cinco ao todo.

Um deles era um ranqueado de nível B baixo e parecia ser o líder deles, enquanto os outros estavam na faixa de nível C baixo a alto.

“Como tem sido o perfil do seu lado?”, perguntou o homem, e o líder dos mascarados respondeu imediatamente, sem querer irritar o homem à sua frente.

“Tem sido tranquilo. Também encontramos dois ranqueados capazes de usar [Série de Ilusões].”

Ele continuou depois de uma breve pausa, como se estivesse respirando sob a pressão sufocante que havia na sala desde o início de suas conversas.

“Também pesquisamos extensivamente os sensores e, embora haja um pouco de progresso agora, deve ser concluído em tempo hábil”, concluiu o líder mascarado.

“É melhor estar certo. Se essa operação falhar, vocês todos sabem o que está por vir, não sabem?”, disse o homem, desta vez, com um pouco de sede de sangue.

Embora essa sede de sangue pudesse parecer pequena para o próprio homem que a liberou, foi suficiente para aterrorizar completamente os indivíduos mascarados à sua frente.

“S-sim… s-senhor!!!”, disse o líder mascarado, lutando para emitir sua própria voz devido à onda de sede de sangue que sentira.

Ele sabia o que essa operação implicava. Se falhassem, estariam mortos de qualquer maneira. Essa era a vida de qualquer um dos ranqueados mais baixos que se juntaram ao Obelisco.

Se você não fosse um gigante como o homem sentado à frente deles, então você era apenas lixo descartável, esperando para ser usado e depois descartado.

No entanto, se eles tivessem sucesso, seria um caso completamente diferente, pois seriam tratados com o máximo respeito e admiração. Sem mencionar as riquezas que obteriam.

“Bom. Usem o próximo ano e alguns meses para fazer um plano perfeito. Lembrem-se, se falharem, nem se deem ao trabalho de voltar aqui.”

“E-entendido, senhor!”

“Agora, saiam”, ordenou o homem.

Os cinco membros mascarados saíram rapidamente da sala, felizes por se livrarem da presença do homem.

Enquanto eles saíam e o silêncio descia sobre a sala, o homem que havia dado as ordens parou de bater no braço do sofá, descruzou as pernas e relaxou na cadeira, fechando os olhos com um único pensamento em sua mente.

‘É apenas uma questão de tempo antes que eu vire toda Arcadia de cabeça para baixo…’

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