Volume 1 - Capítulo 8

A mãe de Nan Zhi foi uma apresentadora de televisão muito famosa em seu auge. Desde criança, o sonho de Nan Zhi era seguir os passos da mãe e se sentar no palco de um programa.

Enquanto estava no exterior, ela estudou comunicação e apresentação, intercalando os estudos com os cuidados com a mãe e com Xiaojie.

Yanran ligou para Nan Zhi para contar que a emissora NCTV estava com vagas abertas para apresentadores.

“Lindinha Zhizhi, eu ouvi da Vovó que você vai fazer uma entrevista na emissora, né?”, perguntou Xiaojie, sentado na cama do hospital com um roupão médico xadrez branco e preto, mexendo animadamente as pernas compridas.

Xiaojie era bem mais alto que a maioria das crianças da idade dele. Nan Zhi se lembrava vagamente de que o homem com quem tinha dormido naquela noite era muito alto.

Embora Xiaojie se parecesse muito com ela, a altura provavelmente era herdada daquele homem.

“Lindinha Zhizhi, o Jie Gege sabe que é bonito, mas você não está cansada de me olhar depois de três anos?”

Nan Zhi riu das palavras de Xiaojie. Seus dedos finos beliscaram sua bochecha macia. “Mamãe não vai se cansar de te olhar pelo resto da minha vida.”

“Uau, nossa Lindinha Zhizhi realmente sabe falar coisas doces.” O sorriso doce do menino fez seus olhos brilharem, como se tivessem estrelas tecidas neles. “Quero beijos e abraços.”

Nan Zhi deu um beijinho na bochecha macia de Xiaojie. “Claro! Eu só falo coisas doces para o Jie Gege.”

“Lindinha Zhizhi, quando eu estava conversando com a Enfermeira Jiejie ontem, ela disse que meus olhos não são parecidos com os seus. Meus olhos são parecidos com os do meu pai-lixo, que dormiu com você, mas não assumiu a responsabilidade?!”

Nan Zhi franziu os lábios e sorriu. “Talvez. Eu também não me lembro como ele era.”

“Então você pode começar a procurá-lo pelos olhos do Jie Gege? Ele pode ser se for parecido comigo.”

Nan Zhi riu da conversa infantil de Xiaojie.

Ela se levantou para trocar de roupa no banheiro. Quando voltou para o quarto, os olhos de Xiaojie brilharam ao ver Nan Zhi: “Lindinha Zhizhi, você está muito, muito bonita hoje!”

Apesar de ser mãe de um garoto de três anos, Nan Zhi tinha apenas vinte e dois anos naquele ano. Ela ainda era jovem, e parecia radiante e bonita, não importava o que vestisse.

Xiaojie ergueu o pequeno punho para o ar, e sua vozinha infantil ecoou: “Boa sorte, Lindinha Zhizhi. O Jie Gege mal pode esperar pelo dia em que a Zhizhi estiver sentada no palco da televisão.”

“Mamãe vai fazer o seu melhor. Obrigada, meu amor.”

O céu estava escuro e nublado, indicando uma tempestade iminente.

Os deuses pareciam querer impedir Nan Zhi de ir para a emissora, pois o táxi em que ela estava quebrou depois que entraram na rodovia.

Um Rolls Royce preto seguia pela rodovia com o farol alto ligado. A velocidade do carro diminuiu ao ultrapassar os outros veículos, enquanto os limpadores de para-brisa se moviam rapidamente para driblar a chuva forte.

Wei Lin, que vinha dirigindo firmemente pela estrada embaçada, pisou com força no freio, pois o carro quase atingiu uma silhueta esguia que tinha se atirado na chuva. Foi uma sorte que suas habilidades de direção fossem boas o suficiente, pois ele conseguiu parar o carro a poucos centímetros da figura.

Ele olhou pelo espelho retrovisor, inclinando ligeiramente a cabeça em pedido de desculpas pela freada brusca. O homem acabara de voltar de uma viagem de negócios e não havia descansado direito por dias. Com a parada repentina, já havia aberto seus olhos negros de obsidiana e os estreitou levemente. Seus lábios carnudos e vermelhos se abriram um pouco: “O que aconteceu?”

Wei Lin estava prestes a responder quando alguém bateu na janela do carro.

Wei Lin abaixou o vidro. Uma corrente de umidade o envolveu, com a chuva caindo e umedecendo o interior. Seus olhos mostraram um toque de surpresa ao ver que era uma jovem que tinha batido na janela.

“Moça… moça, precisa de alguma coisa?”

Nan Zhi sorriu levemente para Wei Lin, que estava tão nervoso que parecia um pouco fofo. Suas covinhas apareceram levemente, realçando ainda mais sua beleza. Sua beleza era incomparável. “Olá. É que o táxi em que eu estava quebrou e não vai ser consertado em pouco tempo. Estou com pressa para uma entrevista, seria possível me levar a um lugar onde seja fácil conseguir outro táxi?”

Wei Lin olhou para trás, com a intenção de perguntar à pessoa no banco de trás. Nan Zhi, no entanto, entendeu mal sua ação e pensou que ele estava dizendo para ela sentar atrás.

Nan Zhi abriu a porta e fechou o guarda-chuva, pronta para entrar no carro. No entanto, ela então percebeu que o banco de trás não estava vazio; um homem já estava sentado lá também.