Capítulo 280

Tradução: Nimsay

Trum! 

Quando abri meus olhos, uma dor de cabeça lancinante atingiu meu crânio. 

‘Eu estou deitado no chão?’

Limpando minha mente confusa, lentamente me levantei, apoiando-me em ambos os braços e um frio cortante, como um vento de inverno, envolveu todo o meu corpo.

Então lembrei-me do que tinha acontecido.

Eu estava no meio da missão no octogésimo andar.

Mobius interveio para controlar o chefão do Andar Principal, o Príncipe de Taoni, e naquele momento, Pryos aproveitou a situação para empunhar sua espada dimensional e causar o caos.

‘Ele planejou isso desde o começo?’

Se ele realmente tivesse a intenção de lutar contra nós, as coisas não teriam chegado a esse ponto.

Manipular o estado do cenário, trair uma entidade transcendente e atrair as forças do quartel-general, tudo parecia calculado.

Primeiro, verifiquei a condição do meu corpo. Felizmente, não tenho ferimentos graves e Bifrost ainda está pendurada em minha cintura.

Eu posso lutar se um inimigo aparecesse a qualquer momento.

‘…Onde estou?’

Olhei em volta e uma cena totalmente desconhecida se desenrolou diante dos meus olhos.

Um espaço tão escuro quanto carvão. Parece até que alguém pintou uma tela enorme de preto. Eu estava em uma superfície infinita.

Este lugar não tem nenhuma noção de realidade, era como se eu estivesse dentro de um sonho.

Uma mensagem holográfica apareceu.

‘Dimensão zero zero zero zero?’

Ao ver as palavras na tela, eu sabia onde estava, o Servidor Um. Ou algum lugar próximo.

‘Eu não esperava chegar aqui desse jeito¹.’

Respirei fundo. Preciso manter a calma, não importa o que aconteça. Mas logo após isso, pude ouvir o som de passos. 

Sreung. Saquei minha espada e fui em direção à fonte do som.

Lá estava Pria, olhando para mim com olhos vazios.

— …Han.

— Você está ferida?

— Não.

— Venha até mim. Este não é um lugar seguro. 

Pria assentiu e caminhou apressadamente em minha direção. Seus olhos dourados mostravam uma emoção perturbadora.

— Onde estamos?

— Não sei.

Estalei a língua. Se eu tivesse que descrever esse lugar em uma palavra, seria ‘Universo²’.

Mas não estava em seu estado normal. Na escuridão, as estrelas que às vezes podiam ser vistas estavam envoltas em sombras. Como se estivessem mortas.

— Parece que conseguimos escapar.

Apontei minha espada na direção da voz e um homem emergiu da escuridão.

Vestido com um manto prateado e com um sorriso relaxado, era o jovem príncipe do império, Pryos Al Ragna. Ele costumava estar envolto em bandagens vermelhas, mas agora tinha a aparência normal que havia mostrado na cerimônia de ascensão de quatro estrelas.

Ainda segurando minha espada, reavaliei a situação.

Não houve contato com Halkion. Jenna, Velkist e os outros heróis não estavam em lugar nenhum.

Éramos só nós três, Pria, o príncipe e eu.

— Eu disse que estava cansado de lutar. Eu não vim para lutar com você. Abaixe sua espada. — O príncipe sorriu gentilmente.

Soltei uma risada sarcástica.

— Você diz que está cansado de lutar e faz isso?

— Se tivéssemos ficado lá, um de nós teria morrido. Seríamos meros peões nas mãos de Tell.

Eu não podia negar isso. A missão não terminaria até que todos os heróis fossem aniquilados ou o chefão fosse derrotado.

Ainda assim, esse cara é muito suspeito.

— Não temos muito tempo. De alguma forma, quebrei a barreira, mas logo seremos expulsos. Precisamos terminar antes que aconteça.

— O que você quer terminar?

— Este lugar é chamado de Fronteira — Pryos falou.

— …

— É o fim do universo multidimensional de Mobius, a parede que toca outro universo. — Pryos olhou para cima. Havia uma escuridão infinita se espalhando. — É onde o servidor principal deste jogo está localizado e também o ponto de partida de tudo.

— O servidor principal?

— Eu sei que você chama esse mundo de ‘jogo’. Você é um ‘herói’, propriedade de um Mestre, e eu sou um ‘monstro’, seu oponente. Priasis é uma NPC neutra. Somos todos apenas brinquedos, não somos?

Pryos riu baixinho.

Repassei mentalmente a explicação dele.

— Então, este é o Servidor Um.

— E também a área central. — O príncipe se virou e começou a andar lentamente. — Sigam-me. Tem algo que quero lhes mostrar.

Sua figura se afastou.

‘Eu não esperava por isso.’

Mordi meu lábio. Eu sei que ele não é um monstro comum, mas quebrar as regras desse jeito…

— Não deveríamos segui-lo? — Pria sussurrou enquanto olhava para mim. — Eu também quero saber por que meu irmão ficou assim.

A empresa deve estar um caos. Não apenas um simples monstro escapou do cenário, mas também acessou os dados centrais do jogo.

E tudo isso com dezenas de milhares de espectadores assistindo.

Se o objetivo era estragar o jogo, ele já havia conseguido em parte.

— Han. — Pria me chamou.

Suspirei profundamente e comecei a me mover.

— Tudo bem, tudo bem.

Ficar aqui não mudaria nada. Segui o príncipe junto com Priasis.

— Pria — o príncipe falou sem parar de andar.

— …Sim.

— Você sabia que o universo de Mobius é composto de inúmeras dimensões sobrepostas?

— Quando eu era pequena, você me mencionou isso.

— Você tem uma boa memória. Nossa Taoni é apenas uma pequena parte do universo. Então, o que você acha que aconteceria se um milhão de dimensões entrassem em colapso ao mesmo tempo? Qual seria a causa disso?

— Isso aconteceria… por causa da invasão de um inimigo desconhecido…

— Por que você acha que eles invadiriam Mobius?

A expressão de Pria endureceu.

O príncipe continuou explicando em voz baixa.

— Para atingir meu objetivo, não era necessário vir a um lugar como este, mas você não acha que deveria saber? Só então você pode escolher seu próprio destino.