
Volume 4 - Capítulo 370
A Esposa Ousada do Sr. Tycoon
O Ancião já estava nervoso por causa da conversa com Zhao Moyao. As palavras de Yang Feng o levaram à beira da loucura. "Então, ela está viva?!"
O rosto de Yang Feng escureceu e sua presença ficou mais violenta que a tempestade anterior. Sua hostilidade pedia sangue, enquanto seu cérebro arquitetava pensamentos sinistros. Sua aura sombria sozinha poderia destruir a cidade sem deixar vestígios.
"Você pretende matar minha esposa?" Os olhos de Yang Feng não mostravam nenhum traço de humanidade; pareciam os olhos do Diabo, irremediavelmente negros.
Yang Mujian se recompôs ao perceber que seu neto não estava falando da falecida Matriarca, mas daquela “vagabunda”. "Matá-la? Você acha que envelheci a ponto de não distinguir que pescoço posso tocar e qual não posso?" Ele se afundou na cadeira e passou a mão pelo rosto — uma ação que Yang Feng nunca havia testemunhado.
"Hahaha!" Aleatoriamente, Yang Mujian caiu numa crise de riso maníaco; a sabedoria deixou seus olhos e se dissipou para longe, para além do ponto sem volta. "Têm pena de mim? Aquela mulher inútil tem pena de mim? Não me faça rir."
Yang Feng não se deixou provocar pelas palavras de Yang Mujian. Era uma tática para irritá-lo na esperança de uma morte rápida, mas Yang Feng não cedeu à sua fúria. "Ninguém terá mais pena de você do que a própria avó." Então, virou as costas para Yang Mujian, que se levantou na esperança de trazer o neto de volta.
Primeiro, foi Zhao Moyao, e agora, Yang Feng. O que aqueles dois sabiam sobre o desaparecimento da Matriarca? "Moleque sem vergonha, volte aqui! Onde ela está?! Onde está sua avó?!" O estrondo de sua voz podia ser ouvido atrás das portas de tela fechadas.
Em todos os lugares, o local estava lotado de pessoas de Yang Feng. Ninguém podia entrar ou sair da mansão sem sua permissão. Não havia meios de comunicação na casa, especialmente porque a linha telefônica estava cortada, o sinal de Wi-Fi, bloqueado e as torres de rádio nas proximidades, sequestradas.
Amanhã é a reunião de acionistas de meio século e, posteriormente, o dia em que Yang Mujian enfrentará sua perdição final.
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"Absolutamente não." Jiang Zihui declarou pela centésima vez. Ele estava sentado no chaise longue, apertando a testa, os lábios comprimidos em uma linha reta.
"Você não me possui. Mesmo que possua, você não tem direitos sobre mim. Eu me comporto como quero. Eu faço o que quero." Zhao Lifei voltou a ser ela mesma, seus olhos penetrando Jiang Zihui. Ela havia trocado de roupa para a única calça feminina que encontrou naquela casa.
"Você mentiu para mim. Quanto tempo você achou que aquela fachada falsa ia durar? Eu deveria ter te matado com sua própria arma. Como você pôde?" Zhao Lifei o observou lentamente tirar a mão do rosto para olhar para ela com um olhar indefeso. Ela odiava aquela expressão; parecia chamá-la de fraca e impotente — uma donzela em perigo. Quem diabos era a donzela indecisa aqui? Jiang Zihui? Sim, essa seria uma descrição decente para este homem perturbado que estava tendo uma batalha interna consigo mesmo.
"Olha, estou fazendo isso pelo seu bem. Inferno, tem um idoso maluco determinado a te matar em Shenbei! Você enlouqueceu se acha que vou deixar você voltar." Jiang Zihui sentou-se ereto no sofá e soltou um suspiro pesado. "Ele pode ter apenas apagado suas memórias desta vez, mas quem garante que ele não vai apagar sua existência da face da Terra? Me escuta. Este é o lugar mais seguro para você agora."
"Eu fui pega de surpresa da última vez. Desta vez, eu—"
"Não. Isso é um risco muito grande. Você vai ficar em Leinan e ponto final." Jiang Zihui estava feliz por ter mandado seu irmão mais novo para casa. O tagarela seria demais para ele aguentar. "E eu não quis mentir para você. Foi no calor do momento e meu irmão idiota—"
"Você quer dizer que seu irmão MAIS NOVO conseguiu convencê-lo a fazer algo fora do seu caráter? Você acha que eu nasci ontem? Como você pode ceder à pressão dele? Como General, você deveria pensar direito e—"
"Você me reconhece como seu General?" A voz esperançosa de Jiang Zihui fez sua testa franzir ainda mais.
"Claro, eu fui desrespeitosa com você, mas não sou do tipo que nega postos." Ela franziu a testa. "Olha, eu adoraria conversar com você, mas tenho uma casa para voltar. Tenho problemas para resolver e preciso fazer isso agora — argh!" Algo subiu em sua garganta e seus joelhos cederam, fazendo-a tropeçar.
Os olhos de Jiang Zihui se arregalaram, em pânico com a mudança repentina em seu comportamento. "O que foi? O que é isso?!" Ele exigiu, levantando-se e correndo para o lado dela quando ela caiu de joelhos, agarrando a barriga e arquejando.
"Doutor! Alguém chame um doutor!" Ele berrou para os empregados do lado de fora da porta. Um deles abriu a porta enquanto o outro corria para buscar o médico local.
"Chame o chef. Eu vou matá-lo." Jiang Zihui rosnou, pegando-a no estilo noiva e levando-a para o quarto mais próximo, que por acaso era o dele. Ele acomodou a mulher gemendo nos lençóis pretos e preocupado colocou uma mão em sua testa, verificando sua temperatura.
"Eu... eu estou doente." Zhao Lifei tossiu, arfando novamente, mas nada saía.
"Você vai ficar bem. Provavelmente é uma intoxicação alimentar e—"
"Meu Deus." O rosto de Zhao Lifei ficou pálido, seus olhos se arregalando brevemente. "Nós não usamos proteção."
"Proteção? Para quê?" Jiang Zihui coçou desajeitadamente a nuca, "Ah, você quer dizer proteção como em... as coisas que balançam ou o palito que você usa durante o período? Vou mandar uma das empregadas buscar para você." Ele se levantou, entendendo completamente errado suas palavras.
Zhao Lifei rangeu os dentes. Ela não podia lhe dizer nada. Mesmo que ele não a tivesse machucado uma vez em sua casa, não significava que ele não o faria no futuro próximo. Se ela revelasse a verdade, ela não sabia como ele reagiria a isso. "S-sim, diga à empregada para trazer um absorvente grosso e comprido. Eu não gosto... do palito. Também, cancele o médico. Estou bem. São só cólicas. Eu tenho cólicas muito fortes, ok?" Ela mentiu, esperando que ele acreditasse em sua farsa. As costas dele estavam viradas para ela e ela não conseguia ler suas emoções.
"Ok." Ele respondeu, saindo sem olhar para trás.
Zhao Lifei soltou um suspiro de alívio e desabou na cama, suas mãos apoiadas na barriga. Não era a hora certa para ter um filho. Havia tantos obstáculos que precisavam ser superados primeiro...
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Os dedos de Jiang Zihui estavam apertando fortemente o copo de suco de laranja fresco. O copo rachou sob sua imensa pressão. Ele deu o golpe final ao bater o copo na mesa, quebrando o material em cacos que cortaram suas mãos. Sangue pingou no suco de laranja derramado, transformando-o em um vermelho turvo que lhe lembrava vinho.
Ela está grávida.
Ela está grávida e não é do meu filho.
Ela está grávida do filho de outro homem.
Ela está grávida.
Os pensamentos percorreram seu cérebro, zombando e provocando-o por ter chegado tarde demais. Que ela não era mais pura. Que ela não era virgem. Que ela oficialmente pertencia a outro homem.
Ele poderia matar o bebê.
Ele poderia matar o bebê dentro dela alimentando-a com pílulas abortivas sem o seu conhecimento.
Ele poderia difundir lavanda no quarto e fazê-la comer alimentos que poderiam provocar um aborto espontâneo.
Ele poderia matar o bebê.
Jiang Zihui fechou os olhos com força. Pela primeira vez nos últimos anos, ele finalmente cambaleou para fora da porta e desceu até a adega. Ela estava intocada há meses, mas mesmo assim, os empregados mantinham o local limpo. Ele pegou a primeira garrafa que viu.
Ele não poderia matar o bebê.
Ele se mataria antes de matar o bebê.
Quer ele gostasse ou não, o bebê poderia ser de outro homem, mas continha vestígios dela.
"DROGA!" Ele gritou, jogando o vinho no chão de paralelepípedos e espalhando todo o licor fino pelo chão.
Por quê...? Por quê? POR QUÊ?!
Ele queria destruir algo e bater brutalmente em algo até virar polpa. Palavras não poderiam descrever sua raiva imprevisível. Nada poderia rivalizar com seu turbilhão de emoções. O fogo furioso em seus olhos mascarava a dor lancinante em seu coração.
'Por que ele? Por que eu tive que chegar tão tarde? Por que eu tive que estragar tudo? Por que eu tive que ser tão fodidamente paciente?!'
Ele rangeu os dentes, apertando dolorosamente os olhos. Suas unhas bem cuidadas arranharam seu peito, exatamente no ponto onde seu coração deveria estar. Angústia encheu seu corpo inteiro, o pesando até que ele desabou sobre os cacos das garrafas quebradas no chão. Mas mesmo assim, a dor dos joelhos não conseguia rivalizar com a dor em seu coração.
'Por que... não sou eu?'