Volume 1 - Capítulo 53

Fiquei observando as largas costas de Hayden enquanto ele continuava me arrastando. Tentar acompanhar seu ritmo havia se tornado a minha história de vida ultimamente. Queria pedir para ele diminuir a velocidade, dizer que minhas pernas não eram tão longas quanto as dele, mas sabia que ele não me daria ouvidos agora.

Quando chegamos à frente da mansão do chefe, havia uma grande limousine preta estacionada, esperando por nós. Isso me fez perceber que Hayden provavelmente não tinha trazido o seu carro de volta com aquele homem chamado Luka, o que significava que o carro dele não estava ali. Senti um certo alívio, pois não queria que Hayden dirigisse agora.

"Mestre Hayden", um homem ao lado do carro cumprimentou Hayden antes de se curvar respeitosamente.

Acho que esse é o nosso motorista de hoje. Com um leve aceno de cabeça para o motorista, Hayden apertou minha mão e começou a me guiar em direção ao carro. O motorista abriu a porta para nós e entramos no banco de trás. O sofá de couro da limousine era supostamente confortável; no entanto, achei desconcertante estar sentada ali, em um espaço tão fechado, com Hayden agora.

Senti o movimento do veículo enquanto voltávamos para o apartamento. Como esperado, a atmosfera dentro do carro era tensa e em silêncio absoluto. Lancei um olhar para Hayden e fui recebida por uma máscara quase imperceptível, seu rosto e olhos totalmente desprovidos de emoções. Me deu a sensação de que era apenas a calma antes de uma tempestade devastadora.

Não posso evitar falar com ele para sempre... e, para ser honesta, não queria. Agora, eu queria mais do que tudo conversar com ele.

"Hayden... sua cabeça está doendo?", perguntei com uma vozinha baixa, tentando sorrir para ele.

Três. Dois. Um... contei mentalmente enquanto esperava por sua resposta ou qualquer tipo de reação.

Silêncio mortal.

Me mata agora...

Fechei os olhos, sentindo o quanto estava realmente cansada pela primeira vez. Foi uma noite muito longa. Respirei fundo e forcei meus olhos a se abrirem. Agora não é hora de desistir!

"Hayden... você está cansado?", perguntei na voz mais doce que consegui.

Eu sabia que ele estava com raiva de mim, e era óbvio o porquê. Ainda assim...

O silêncio se estendeu e o sorriso que eu havia colocado tão perfeitamente nos lábios começou a morrer uma morte triste. Justamente quando eu comecei a realmente desistir dessa tarefa aparentemente impossível, Hayden falou... finalmente...

"Malissa. Não diga nada e fique longe de mim...", Hayden me avisou.

"...o quê?", respondi, confusa com suas palavras.

"...estou muito tentado a te foder aqui e agora no carro. Então, a menos que você queira isso...", Hayden continuou, seu tom era sério.

Suas palavras, ditas em um tom tão solene e baixo, me chocaram profundamente. O que ele acabou de dizer?

O pior de tudo era que eu sabia que ele estava falando sério. Ele realmente ia... me foder aqui no carro.

Hayden não olhou para mim, ele fixou o olhar em um ponto no chão entre seus pés. Mais uma vez, fui inevitavelmente lembrada de que estava lidando com um homem muito perigoso e que esse homem acabara de admitir que tinha pouquíssima auto-regulação agora.

Meu corpo ficou rígido de medo e choque, mas, assim como ele havia me dito, eu precisava me afastar dele. Lenta e silenciosamente, comecei a me afastar dele para o canto mais distante do banco de trás.

...

Passei o tempo restante da viagem tentando me fazer parecer o menor possível, encolhida no canto do banco de trás. Ocasionalmente, eu olhava para Hayden. Era um mistério para mim como ele conseguia ficar tão imóvel e silencioso por tanto tempo. Sua aparência me lembrou a famosa estátua "O Pensador". Que minha mente seja capaz de fazer referências artísticas em um momento como este.

Quando chegamos de volta ao apartamento, estava mais perto do amanhecer do que da noite. O motorista bateu na porta para sinalizar que ia abri-la antes de realmente abri-la. Eu não sabia como reagir agora que tínhamos chegado.

Sem palavras, Hayden levantou-se e saiu do carro. Eu o observei ir embora antes de começar a fazer o mesmo. Fiz um aceno de cabeça para o motorista para mostrar minha gratidão, sem ousar dizer nada, caso eu acionasse algum dos interruptores instáveis de Hayden.

Fiquei atrás de Hayden enquanto ouvia o som da limousine se afastando. E agora? Nós apenas seguimos caminhos separados e voltamos para como era a vida antes?

Hayden se virou e deu três passos em minha direção até estar diretamente na minha frente. Nunca me senti tão pequena na minha vida, e não era apenas porque ele era muito maior e mais alto que eu fisicamente. Acho que... estou prestes a ser devorada... por ele...

Levei toda a coragem e o nervosismo que me restavam para olhar para seu rosto. Quando meus olhos encontraram seus olhos azuis-claros, entendi verdadeiramente pela primeira vez desde que entrei nesse contrato com seu pai.

Compreendi que... não havia como escapar de Hayden...

O olhar sombrio que vi em seu rosto me disse melhor do que qualquer palavra jamais poderia, que as coisas nunca voltariam a ser como eram entre nós.

Tudo parecia se mover em câmera lenta enquanto Hayden estendia uma mão em direção ao meu rosto. A ponta de seus dedos tocou minha bochecha direita e começou a acariciá-la suavemente. Observei tudo em câmera lenta, enquanto seu rosto se aproximava do meu. Respirei fundo e prendi a respiração enquanto fechava os olhos.

Senti os dedos de Hayden sob meu queixo, inclinando meu rosto para cima e, em seguida, o calor de seus lábios enquanto ele se esmagava contra os meus.

--Continua...