Volume 1 - Capítulo 47

Continuei correndo o mais rápido que pude, ignorando as folhas que se cravavam nos meus pés e os galhos secos que arranhavam meus tornozelos enquanto eu passava por eles. Meus pés doíam, mas eu simplesmente ignorei a dor. Empurrava os galhos de árvores para longe do meu rosto, abrindo caminho à minha frente. Sinceramente, não sabia há quanto tempo estava correndo ou o quanto havia me afastado.

De repente, ouvi alguém me chamando e soube, sem olhar para trás, que era Hayden. Então ele tinha decidido vir atrás de mim, afinal. Não é que eu me importasse. Isso só significava que eu tinha que correr ainda mais rápido. Eu sabia muito bem que Hayden era muito mais forte e rápido do que eu, e não podia me dar ao luxo de deixá-lo me alcançar.

“Malissa!” Hayden continuou chamando meu nome em voz alta, sua voz ecoava forte e clara pela mata.

Não conseguia dizer o quão perto ele estava, mas cada chamado parecia mais alto e mais próximo do que o anterior. Ele estava me alcançando tão rápido e eu estava com medo de que ele me alcançasse em breve. Corri ainda mais rápido, correndo o mais rápido que minhas pernas conseguiam me levar. No fundo, acho que sabia que o que estava fazendo era loucura, mas, de novo, não era como se eu tivesse outras opções. Infelizmente.

“Malissa! Pare!” Hayden continuou me chamando repetidamente.

Não respondi, me esforçando para ignorá-lo e seus chamados completamente. Não queria mais ouvir sua voz e não queria vê-lo. Eu havia decidido que não queria mais ver Hayden nunca mais e estava disposta a fazer o que fosse necessário para escapar.

“Malissa! Pare de correr… é perigoso!” A voz de Hayden ecoou atrás de mim mais uma vez.

Perigoso? O que é realmente perigoso é você! Eu prefiro arriscar me perder na floresta a voltar para Hayden. Eu sentia que, se voltasse, não conseguiria escapar dele nunca mais. Não conseguiria me libertar dele… nunca…

“Malissa! Pare de correr agora!” Hayden me chamava repetidamente para que eu parasse.

Nunca tinha ouvido Hayden tão apavorado antes, e era uma mudança estranha e confusa. Claro, eu não tinha a intenção de simplesmente parar porque ele me disse para fazer isso. Continuei correndo em alta velocidade.

De repente, algo pareceu muito errado. Havia uma escuridão repentina pairando à minha frente, e senti como se o chão tivesse sumido debaixo dos meus pés. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo enquanto sentia meu corpo caindo para frente. Como eu poderia estar caindo?

“Malissa!” Ouvi Hayden gritando meu nome e então tudo pareceu se mover em câmera lenta, como nos filmes.

Meus olhos se arregalaram ao ver Hayden logo atrás de mim, e então tudo aconteceu tão rápido que não tinha certeza do que havia acontecido. Senti sua mão em meu pulso enquanto ele me puxava para seus braços fortes e então seus braços estavam ao meu redor, me abraçando forte, seu corpo estava quente e tinha um cheiro muito familiar.

Ele me abraçou perto dele enquanto embalava meu corpo e pressionava minha cabeça contra seu peito, como se estivesse tentando ao máximo me proteger de qualquer mal.

Que mal?

Naquele mesmo instante, senti apenas ar debaixo dos meus pés e depois a sensação de que estava caindo. Como isso poderia estar acontecendo? Eu estava apenas correndo pela floresta…

Então tudo ficou muito real quando senti meu corpo batendo em algo sólido antes que nossos corpos emaranhados começassem a rolar descontroladamente. Foi aí que finalmente entendi que, de alguma forma, Hayden e eu tínhamos caído de um barranco e estávamos rolando morro abaixo. Fechei os olhos de choque e medo enquanto gritava contra o peito de Hayden. Ele me segurou mais forte, me protegendo com seu corpo.

Eu não sabia o quão íngreme ou alto era o barranco que acabamos de descer, mas quando chegamos ao fundo, minha cabeça estava tonta e meu corpo sentia-se machucado e dolorido. Eu ainda estava nos braços de Hayden antes de me sentar lentamente. Meu corpo todo vai ficar roxo até o sol nascer amanhã, eu tinha certeza disso.

Quando olhei para Hayden, todo o sangue esvaiu do meu rosto e eu imediatamente parei de me preocupar comigo mesma. Embora meu corpo estivesse dolorido e eu sentisse alguns arranhões leves, o mesmo não podia ser dito sobre Hayden. Rapidamente me ajoelhei ao lado dele. Hayden parecia estar inconsciente enquanto jazia ali no chão plano.

“Hayden…” sussurrei seu nome em choque.

Estiquei a mão e toquei sua bochecha e seu braço. A sensação pegajosa e úmida que senti na ponta dos meus dedos me fez gritar de absoluto medo. Hayden está sangrando. Oh Deus… como isso aconteceu?

“Hayden!” Gritei seu nome em voz alta enquanto começava a chorar.

O que eu faço? Deixei meu celular no carro. Como posso conseguir ajuda?

Hayden está machucado. Sua cabeça está sangrando e quem sabe onde mais ele está machucado. Senti minhas mãos tremerem enquanto eu pegava sua mão na minha e a pressionei contra minha bochecha. Eu estava chorando tanto agora, incapaz de controlar minhas lágrimas. O que eu fiz?

“Hayden! Acorda… Hayden…” eu o chamava entre soluços descontrolados.

Preciso acordá-lo. Se ele não… eu posso perdê-lo. Eu me aproximei de sua cabeça e a levantei para o meu colo. Estava escuro e eu não conseguia ver bem. Eu só orava para que ele não estivesse muito machucado. Ele estava sangrando, mas não havia tanto sangue; no entanto, preciso levá-lo ao hospital o mais rápido possível.

Olhei para cima e pude perceber que tínhamos caído bastante longe do chão acima de nós. Não havia como eu carregá-lo até lá sozinha. O que devo fazer? Devo deixá-lo aqui e voltar para o carro para pedir ajuda? Mas então, e se algo acontecer com ele antes que eu volte?

– Continua…