Volume 1 - Capítulo 38

Chegamos ao nosso próximo destino, um dos mais famosos hotéis de luxo da cidade. Hayden estacionou o carro bem em frente à entrada do saguão, onde um manobrista de terno preto se aproximou para ajudar. Sem dizer uma palavra, Hayden colocou a mão na curva da minha cintura e começou a me guiar para dentro do hotel.

"Não fique tão nervosa...", Hayden sussurrou perto do meu ouvido.

"Não consigo evitar...", sussurrei de volta.

Como não ficar nervosa? Me sentia prestes a ter um colapso nervoso ou um ataque de pânico a qualquer momento. Tudo naquele lugar, toda aquela situação, me fazia sentir deslocada, como um peixe fora d'água.

"Hayden... eu não consigo... me desculpa muito", sussurrei, parando bruscamente.

"Você consegue sim. Você está tão linda hoje à noite que eu poderia te confundir com um anjo que desceu dos céus", Hayden sussurrou perto do meu ouvido.

"Você é péssimo...", resmunguei. Sabia que ele não estava sendo totalmente sincero, mas não consegui evitar me sentir um pouco feliz com o elogio.

"Já me disseram isso...", Hayden respondeu, sorrindo encantadoramente para mim, sem se importar.

E agora?

...

Há algum tempo, enquanto estávamos no carro de Hayden a caminho do nosso destino, comecei a exigir respostas para a enxurrada de perguntas que me bombardeavam. Tinha a sensação de que minha cabeça ia explodir se não obtivesse respostas.

"Por que você me fez fazer uma transformação?", perguntei, exigindo explicações.

"Porque eu não podia deixar você aparecer vestida de trapos e com a sua aparência de sempre", Hayden respondeu com naturalidade.

"Aparecer onde? Para onde estamos indo?", perguntei, elevando um pouco a voz para chamar sua atenção.

"Você vai descobrir em breve. Pelo menos agora você está mais ou menos com a aparência adequada...", Hayden disse, os olhos fixos na estrada.

"Aparência adequada? Para que?", perguntei, ficando cada vez mais confusa.

"Escuta com atenção porque só vou te dizer uma vez. Vou te levar a uma festa particular que um dos meus melhores amigos está dando. Lá, tudo o que você precisa fazer é agir como se fosse a namorada dele, ok?", Hayden explicou com tanta casualidade que inicialmente não entendi sua mensagem.

"Ok... espera! O quê? Eu... agir como a namorada do seu amigo?", respondi chocada.

De todos os cenários malucos que eu havia imaginado, fingir ser a namorada do melhor amigo dele não estava na lista. Embora, Hayden me convidando para um encontro provavelmente era ainda mais improvável do que isso.

"Não foi isso que eu acabei de dizer?", Hayden disse com um toque de irritação.

"Não... isso é loucura. Não tem como eu fazer isso...", disse firmemente, minha voz ficando mais alta.

"Acho que você conseguiu de repente os 500 milhões de dólares para pagar meu velho, hein?", Hayden perguntou, com um tom tão sarcástico que eu queria socá-lo.

Queria gritar com ele. Como ele ousava esfregar minha dívida na minha cara daquele jeito? Eu odiava tanto o que ele estava fazendo, mas, por mais que eu detestasse admitir, ele estava parcialmente certo. Isso fazia parte do acordo que eu fiz com o pai dele. No entanto, como eu ia fingir ser a namorada de um cara que eu nunca tinha encontrado antes?

"Então... o que eu tenho que fazer... exatamente?", perguntei depois de soltar um suspiro resignado.

"Finalmente entendeu. O amigo que preciso ajudar é o filho de um grande conglomerado de transporte marítimo e carga. Basicamente, o pai dele está tentando forçá-lo a namorar a herdeira de um império milionário.

Mas, como você esperaria que acontecesse na história clássica, meu amigo não tem interesse na garota, e é aí que você entra", Hayden explicou antes de piscar para mim.

"Acho que tenho que interpretar o papel de namorada dele para manter aquela garota longe e mostrar a ela que ele já tem uma namorada?", afirmei, fazendo meu melhor palpite. Isso está ficando muito complicado.

"Exatamente. Então, durante a festa, ele vai te apresentar como namorada dele e você só precisa entrar na brincadeira. Simples", Hayden disse.

Ele certamente fez parecer que era nada. Claro, ele podia dizer o que quisesse, porque ele não era quem estava toda arrumada para enganar o mundo.

"Por que eu tenho que fazer isso? Você não pode... contratar alguma garota para fazer isso? Ela provavelmente faria um trabalho muito melhor do que eu", disse, tentando convencer Hayden a mudar de ideia e, talvez, voltar o carro.

Hayden me olhou e deu uma risadinha.

"Você é perfeita porque consegue ter uma aparência decente sem parecer uma prostituta. Se vamos convencer aquela herdeira, a namorada não pode ser uma supermodelo ou uma garota de programa, senão ela vai achar que não é um relacionamento sério", Hayden explicou.

"Ah...", murmurei, não acreditando muito no argumento dele, mas não era como se eu tivesse escolha.

Os cílios postiços estavam pesados. Minha maquiagem era carregada, os saltos eram muito altos, a fenda do meu vestido era muito reveladora e a cintura apertava demais. No geral, me sentia um desastre ambulante e não via a hora de tudo acabar.

"Vamos chegar em breve. O nome do meu amigo é Josh. Ele é um cara bonito... ou pelo menos é o que as garotas dizem...", Hayden me contou enquanto continuava dirigindo.

Me recostei no banco e rezei para conseguir superar isso. Rolei os olhos para Hayden. Naquele momento, queria gritar com ele que eu não me importava com o nome do amigo dele ou o quão bonito ele era...

--Continua...