Volume 5 - Capítulo 410

Miguel abaixou o capuz enquanto encarava o infinito mar azul-escuro. O vento lhe desgrudou o chapéu, e seus cabelos dourados se espalharam, parecendo ainda mais deslumbrantes sob o pôr do sol vermelho.

Seus pés pisavam levemente a praia dourada enquanto os raios amarelo-avermelhados refletiam em seu rosto.

Este era um domínio do vazio criado pelo soberano que havia reivindicado o vazio como seu território, além de ser o mago negro mais poderoso do momento — Zafkiel.

Mesmo Miguel não pôde deixar de se impressionar com aquele que governava o vazio. Tudo no mundo veio primeiro do vazio. Não seria exagero dizer que Zafkiel era o mestre de todas as coisas.

Afinal, não havia nada mais permanente do que o nada do Vazio. A eternidade era apenas o nada…

Miguel já teve um total de nove companheiros como Zafkiel. Ele pensou que poderia realizar seu sonho reunindo os dez que possuíam o poder de moldar o mundo.

Afinal, conceitos de "eternidade" para esses nove eram tão simples quanto comer para os humanos.

Contudo…

Miguel sentou-se em uma rocha erodida pelas ondas enquanto observava o mar sem limites, perdido em pensamentos.

Contudo, quatro de seus nove companheiros já haviam caído em sucessão, e aquele que os havia derrotado era apenas um mero sujeito que se autoproclamava dono de uma livraria.

Os membros fundadores do Caminho da Espada Flamejante eram todos seres supremos ancestrais que existiam há eras. Seu nível de misticismo havia há muito superado 99% dos seres transcendentes do mundo. No entanto, agora, eles eram como gotas de água em um funil, gravitando em direção ao buraco no centro — o dono da livraria.

*Chefe… Lin, hein?*

*Dono de livraria, que tipo de existência assustadora você é? Qual é a razão de você me opor a cada passo? Qual é exatamente seu objetivo?*

Silhuetas tênues foram gradualmente tomando forma no vazio enquanto Miguel se perdia em pensamentos.

Miguel levantou-se da rocha e ajustou sua túnica branca. Ignorando a brisa marítima que a farfalhava, ele segurou a cruz vermelha em sua mão como uma bengala à sua frente. Ele caminhou descalço na restinga enquanto as ondas constantemente beijavam seus pés.

O Caminho da Espada Flamejante finalmente se reunira.

A primeira silhueta sombria, Zafkiel, foi o primeiro a falar: "Miguel, eu trouxe todos os membros que estavam disponíveis".

Embora o Caminho da Espada Flamejante já tivesse se reunido antes, era raro que todos estivessem juntos de forma tão completa. Na maioria das vezes, eles dependiam de Sandalphon para passar mensagens entre si, mas, infelizmente, Sandalphon já havia morrido.

Desde sua conversa com o Rei Gigante, Augusto, Miguel havia decidido mudar o hábito do Caminho da Espada Flamejante de trabalhar de forma dispersa e individual para concentrar seus esforços na eliminação do Chefe Lin.

A seus olhos, o Chefe Lin havia se tornado um obstáculo intransponível e uma presença que ele tinha que superar. Embora não tivesse experimentado totalmente a força do dono da livraria, a intuição de Miguel lhe dizia que seu sonho estaria ao alcance se ele pudesse derrotar esse dono de livraria.

Miguel examinou as várias formas de silhuetas, que eram os seres transcendentes mais notáveis do mundo. Para eles, os humanos eram como meros insetos, e era simplesmente ridículo que eles assumissem forma humana.

Além disso, muitos deles estavam muito distantes dos humanos e não conseguiam entender a estética e as posturas humanas. Transformar-se à força em forma humana só os tornaria ainda mais imprevisíveis.

Em comparação, Miguel tinha um bom entendimento da estética humana.

Miguel recitou silenciosamente os nomes dessas várias silhuetas em seu coração. De repente, ele notou uma forma humanoide desconhecida no final, semelhante a um jovem, mas com uma aura familiar.

"Haniel?" Miguel pronunciou esse nome em espanto, porque a aura dessa silhueta era muito semelhante à do ser que controlava o tempo. "Essa é sua nova forma? Eu pensei que você estava morto. Que ótimo!"

Antes que a silhueta fantasmagórica do jovem pudesse falar, outra grande silhueta se manifestou: "Haniel teve uma grande batalha com o dono da livraria e foi acidentalmente envolvida na batalha na 67ª Avenida. Tudo isso eu observei claramente."

"Mas eu ainda encontrei Haniel", disse Zafkiel, que parecia um velho em uma túnica esfarrapada. "Com a ajuda de uma espiã controlada por Raziel, ela foi ressuscitada."

"É mesmo?" Miguel franziu a testa, sentindo-se um tanto cético.

"Sim", disse 'Haniel'. "O fantoche usado por Raziel como experimento, chamado Fitch, foi usado por mim como um receptáculo." Dito isso, 'Haniel' levantou a mão, e seu braço, que antes era apenas uma silhueta, começou a tomar forma.

Seu braço era como inúmeros raios se materializando, refratando inúmeras cores inimagináveis, como se fosse feito de vidro indestrutível que estava quebrado e ainda assim indestrutível.

Gradualmente, um pequeno verme emergiu da palma de sua mão, e Miguel imediatamente sentiu sua aura. Havia um verme com a essência do tempo, e todas as dúvidas de Miguel desapareceram.

"Ah, você nunca deixa de me surpreender", Miguel não pôde deixar de sorrir, seu estado de espírito sombrio enquanto ele havia enfrentado o mar ao pôr do sol agora havia desaparecido. "Eu nunca esperaria que você escapasse do dono da livraria."

"Hmm?" De repente, uma silhueta esguia e desengonçada levantou uma voz de dúvida. "Eu ouvi direito, Miguel? Você acabou de dizer 'escapar daquele dono de livraria'."

Miguel permaneceu em silêncio diante dessa indagação.

"Haniel controla a Lei do tempo, que é, sem dúvida, uma lei imbatível que até mesmo eu, Zadkiel, tenho que admitir. No entanto, você diz 'escapou'?!"

O ser esguio, Zadkiel, tinha a forma de um cavalheiro esguio com um chapéu alto e bengala, só que seu corpo tinha vários metros de altura.

Ele tinha um olhar bastante profundo agora enquanto pressionava ainda mais: "Aquele dono da livraria é realmente tão forte?"

Seus olhos não demonstravam medo, mas brilhavam com um brilho estranho.

Miguel não pôde deixar de suspirar, vendo a atitude despreocupada de seu compatriota em relação ao dono da livraria. Então ele disse: "Não se trata de se ele é forte ou não. Eu tive um breve encontro com ele…"

"Aquele dono da livraria não é tão forte!" Haniel, que havia ficado em silêncio o tempo todo, interrompeu Miguel de repente, fazendo com que a atenção de todos se voltasse para ele.

"Eu já enfrentei aquele chefe antes, e embora ele seja certamente forte, ele não é tão forte assim", disse Haniel com alguma insatisfação. "Dizer que eu consegui escapar está me subestimando severamente, Miguel!"

Miguel franziu a testa e respondeu: "Mas Raziel e Sandalphon caíram em suas mãos."

A traição de Raziel não era tão simples quanto parecia a eles. O verdadeiro Raziel estava morto há muito tempo, e o Raziel atual era apenas um fantoche cuja vontade havia sido devorada.

"Isso foi por causa da bruxa que estava ao lado dele, Walpurgis, que controla a noite. Ela matou Sandalphon e devorou a vontade de Raziel.

"Quando eu lutei contra ele, eu consegui recuar ileso, assim como você fez quando lutou contra ele, Miguel. Se ele é realmente tão poderoso, por que ele não o matou então?", disse Haniel confiantemente.

As palavras de Haniel fizeram os outros membros do Caminho da Espada Flamejante acenarem em concordância. Vendo Miguel ainda com dúvidas, Haniel levantou uma sobrancelha e disse: "Não adianta se preocupar com o quão forte ele é agora, não é? Mesmo que ele seja mais forte, ainda temos que derrotá-lo.

"A queda de Raziel e Sandalphon deve nos dar uma grande dica de que, embora ele seja definitivamente forte, ele não é forte o suficiente para nos derrotar quando estamos unidos. É por isso que ele está tentando nos derrubar separadamente, não é?

"Em outras palavras, contanto que estejamos dispostos a combinar nossas forças, aquele dono de livraria não é tão assustador! Não é por isso que você veio até nós, Miguel?"

Miguel ponderou por um tempo e assentiu. "Você está certo."