Volume 1 - Capítulo 91

Capítulo 91: Norte vs. Sr. Fofinho [parte 1]

A cultura do Reino da Mina Vermelha se baseava em uma lei: o forte manda. Como eram vasos de guerra, constantemente buscando derramamento de sangue e carnificina, tendiam a respeitar e obedecer ao poder. Assim como Norte se provou campeão batalha após batalha, qualquer outro monstro poderia assumir o lugar, e seriam aceitos sem questionamentos.

Norte, é claro, já esperava que isso acontecesse. Só não esperava que fosse… o Sr. Fofinho.

Quanto tempo tinham se passado para o monstrinho fofo ter mudado tanto? Agora era enorme, quase tão alto quanto Raith. Seus olhos estavam vazios, brilhando com uma loucura; nele, não existia outra intenção além de causar estragos e dilacerar carne.

Norte percebeu que, não importava o que fizesse, o Sr. Fofinho não o reconheceria. Então, deu um passo à frente, lançando um olhar para Terror Noturno antes de dizer:

"Nem pense em lutar com ele. O Sr. Fofinho é meu. Vou botar juízo na cabeça dele sozinho."

Deixar Terror Noturno cuidar da besta seria um grande erro; esse monstro cruel não conhecia trégua.

Terror Noturno, com o rosto e a pele escura manchados de sangue, deu de ombros e se virou. Indo atrás de outras presas. Em pouco tempo, desapareceu do jardim da frente e mal chegou ao jardim de trás.

Norte e sua fera de estimação ficaram frente a frente, a atmosfera carregada de tensão silenciosa enquanto ambos se preparavam para o inevitável.

O Sr. Fofinho rastejou para frente, suas mandíbulas rosnadas pingando saliva enquanto fixava seus olhos azuis em Norte. Pausou após se aproximar alguns passos e, com um rosnado baixo, abaixou-se, pronto para pular.

Norte se tensionou, apertando o aperto na empunhadura de sua espada de obsidiana. Ele podia sentir a energia primordial irradiando da besta, uma determinação feroz queimando em seu olhar.

Um sorriso se curvou em seu rosto.

"Você cresceu, Fofinho. Nem sei se posso te chamar de Fofinho de novo. Fofinho, você foi um menino muito mau, e o papai vai te ensinar algumas maneiras."

Os olhos de Norte brilharam ameaçadoramente.

Sentindo a sede de sangue que emanava de seu oponente, o lobo monstruoso investiu, sua forma maciça se lançando em direção a Norte com velocidade incrível.

Com um desvio rápido, Norte esquivou-se do ataque, evitando por pouco as garras afiadas que cortaram o ar. Quando o lobo parou, girou, suas mandíbulas se abrindo famintas enquanto tentava afundar os dentes na carne de Norte.

"Isso aí, mantenha essa cara. Vou tirar isso da sua cabeça", comentou Norte, seus olhos irradiando alegria.

Com um movimento hábil, ele desviou o ataque do lobo, o choque de metal contra presas ecoando pela noite.

Ambos trocaram vários choques retumbantes que fizeram a mão de Norte recuar pelo impacto.

'Puta que pariu, ele definitivamente ficou mais forte!'

Em tão pouco tempo, o Sr. Fofinho também havia crescido exponencialmente. Talvez isso fosse por ter comido vários núcleos de monstros e se acostumado com a atmosfera de guerra.

'Deve ter sido tão solitário depois que eu fui embora.'

Norte sentiu pena da besta. Talvez ela também estivesse sofrendo, presa em alguma escuridão, e isso era culpa dele. Não que ele tivesse esquecido do Sr. Fofinho quando estavam prestes a partir. Ele simplesmente não podia perder tempo se preocupando.

"Desculpa, vou te aliviar do seu sofrimento."

Disse ele… com um sorriso no rosto, e então investiu, chocando-se poderosamente com a besta.

O plano de Norte era simples: infligir tanta dor ao Sr. Fofinho que ele sairia daquela escuridão que entupia sua mente. A ideia o fez sorrir tão malignamente. Talvez porque ele não duvidava da sua capacidade de lidar com o Sr. Fofinho com facilidade, apesar do monstro ter ficado tão poderoso.

Não era blefe. Era um cálculo preciso e exato, resultado de sua observação.

Norte, mesmo agora, não estava dando tudo na luta. Ele estava brincando com a besta para ver do que ela era capaz. No entanto, isso não significava que ele não sentia a dor dilacerante infligida a ele quando errava e deixava alguns ataques do Sr. Fofinho ultrapassarem suas defesas, deixando cortes superficiais nele.

Ele continuou a correr ao redor do monstro, fazendo-o executar seus ataques mais rápidos, rosnar e atirar nele no seu ritmo mais veloz. Mas, surpreendentemente, tudo estava dentro da previsão de Norte.

'É porque é um monstro… é tão simples.'

Enquanto os dois continuavam a se chocar, Norte se tornou mais assustador. Seu crescimento em apenas cinco minutos desde que começaram era impressionante. Nenhum ataque passou; ele agora estava desviando os ataques do Sr. Fofinho com uma mão atrás das costas. Suas pernas não demonstravam pressa e em seu rosto estava esculpido um sorriso frio e vil.

Com um bloqueio ensurdecedor, Norte e o Sr. Fofinho voaram um para longe do outro, enquanto Norte rolava pelo ar e caía magnificamente de pé. A besta cambaleou e conseguiu usar o impulso para ficar de pé, embora… magnificamente também.

Norte olhou para o aço obsidiano e voltou seu olhar para o Sr. Fofinho. Com um sorriso frio, disse:

"Hora de acabar com isso."

De repente, uma máscara de escuridão sombria contorceu seu rosto, de modo que a besta instintivamente pulou para trás.

O Sr. Fofinho soltou um rugido feroz, como se estivesse tentando se livrar do medo emanado desse humano. Então investiu novamente, seus movimentos fluidos e imprevisíveis. Norte ficou parado enquanto o monstro se aproximava.

Com um contra-ataque rápido, ele mirou no flanco da besta, sua lâmina cortando pelos pelos e pela carne com precisão mortal. O lobo uivou de dor, seu sangue manchando o chão enquanto cambaleiava para trás, ferido, mas não derrotado.

Com um rosnado feroz, o monstro lançou outro ataque, sua fúria não diminuída pela dor de sua ferida.

Norte se preparou, sua lâmina pronta enquanto a besta fechava a distância em um borrão de movimento. As mandíbulas do lobo se abriram, presas afiadas brilhando com saliva enquanto visava a garganta de Norte.

Em uma fração de segundo, Norte girou, sua lâmina de obsidiana desviando o ataque com um estrondo retumbante. A força do impacto enviou tremores por seus braços, mas ele permaneceu firme, seus pés firmemente plantados no chão.

Sem perder o ritmo, Norte contra-atacou, sua lâmina cortando o ar em um arco gracioso. O lobo torceu o corpo, escapando por pouco do golpe, mas não antes da lâmina de Norte esculpir um corte profundo em seu flanco, provocando um novo jato de sangue carmesim.

A besta uivou de dor e raiva, seus olhos queimando com uma fúria impia. Ela se reagrupou, circulando Norte cautelosamente, seus músculos enroscados como molas tensas, prontas para atacar na menor oportunidade.

Norte suspirou impotente.

'Sério, isso não é o suficiente para te fazer voltar aos seus sentidos…?'

Ele não sabia quanto tempo mais conseguiria se controlar para não matar o monstro. Não era como se ele tivesse dominado a arte da batalha em algum lugar — se há algo que essa batalha o ensinou…

É o fato de que, para alguém como ele, que aprendeu a lutar em situações de matar ou morrer, matar era quase tão fácil quanto respirar. Ele sabia onde mirar para acabar permanentemente com a luta, e isso foi cultivado tanto por seus clones quanto por todas aquelas vezes que ele sucumbiu à loucura da guerra.

Se ele quisesse não matar, só precisava não atingir aqueles pontos que costumava mirar. Mas era como tentar parar um reflexo. Era possível, mas só depois de várias tentativas frustradas.

E ele não queria que o Sr. Fofinho fosse uma dessas tentativas frustradas. Se não tomar cuidado… ele realmente pode matar essa besta.