Pai, Eu Não Quero Me Casar

Capítulo 170

Pai, Eu Não Quero Me Casar

— Vamos, filho!

Max exibia um sorriso irônico enquanto olhava para o Imperador, que o recebia com os braços abertos.

“Eu sabia que você era desprezível, mas não imaginava que fosse pior do que isso.”

Por um momento, Max abaixou a cabeça, encarando seu pai com um olhar feroz, lembrando-se de todo o mal que ele havia feito ao seu mestre.

— Saudações, pai.

O Imperador, descendo do trono, abraçou seu filho.

— Deve ter enfrentado muitos problemas recentemente.

Sabendo que até esse gesto era pura encenação, Max sentiu o estômago revirar, mas manteve a calma e respondeu com firmeza.

— Não. Mas qual seria o motivo do chamado?

Tentando disfarçar sua frieza, o Imperador fingiu preocupação, mas, por dentro, estava irritado com a audácia de Max. Em seguida, ele sorriu de forma afável para o filho.

— Te chamei para discutir seu casamento.

Quando o Imperador pronunciou essa palavra, Max arregalou os olhos, surpreso, e perguntou novamente.

— Casamento?

— Sim, a união entre você e a jovem Duquesa de Floyen.

Ao mencionar o casamento com Juvelian, em vez de se alegrar, Max se colocou em alerta.

“O que será que ele está tramando?”

Como se tentasse acalmar seu filho desconfiado, o Imperador sorriu amplamente.

— Bem, agora mesmo parece muita coisa, não? Podemos decidir isso depois.

— Trice, quanto tempo!

Assim que viu Juvelian, Beatrice arregalou os olhos. Ainda estava preocupada por seu rosto estar inchado, mas suas bochechas coradas combinavam bem com o tom vibrante de sua roupa.

“Hoje ela está parecendo um pintinho!”

Pensando no quanto o vestido amarelo era fofo, Beatrice comentou:

— E aí, já está se sentindo melhor?

Juvelian assentiu.

— Sim! Acho que dormi demais!

— Que bom!

Beatrice suspirou aliviada por um momento, mas logo estremeceu ao perceber o olhar atento de Juvelian.

“Por que ela está me olhando assim?”

Pensando nisso por um instante, Beatrice sentiu um leve cansaço. Então, Juvelian comentou:

— Trice, você parece cansada.

Beatrice se sobressaltou.

“Dá pra perceber que passei a noite em claro, preocupada…”

Mas ela encontrou uma boa resposta para essa situação.

— Deve ser impressão sua…

Foi então que Juvelian perguntou, com uma expressão preocupada:

— Você não dormiu bem ontem?

Beatrice tentou negar rapidamente a pergunta, mas logo percebeu Juvelian olhando para ela com ainda mais preocupação.

— Trice, o que houve? Está tudo bem?

— Ah, sim… é que…

Quando Beatrice ia inventar outra desculpa, Victor interrompeu:

— Ultimamente, você anda fazendo umas coisas bem estranhas.

Ao ouvir “coisas estranhas”, Beatrice lembrou-se de alguns comportamentos recentes seus.

— Parada! Fica parada!

— Vai, congele!

— Por que ela não está congelando? Essa energia…

Qualquer um acharia isso estranho. Victor parecia nem ligar, mas para Beatrice, era embaraçoso.

— Senhor Victor!

Victor suspirou quando Beatrice o chamou rapidamente. Com o silêncio dele, Beatrice notou Juvelian inclinando a cabeça, surpresa. Ela logo pegou a mão de Juvelian.

— Vamos tomar chá.

— Sim!

Enquanto sorria para a amiga, Beatrice sentiu um leve choque.

“Será que essa sensação é real…?”

Não era apenas impressão. No momento em que segurou a mão de Juvelian, sentiu um formigamento, como se fosse uma descarga elétrica, similar à sensação que teve durante a competição de caça, quando parou o tempo.

“Como é possível isso acontecer só por pegar a mão de Juvelian?”

Enquanto estava perplexa, Juvelian comentou, olhos arregalados:

— Trice, vejo uma névoa vermelha atrás de você.

— Névoa vermelha? Do que você está falando…?

Beatrice viu Juvelian estendendo a mão. E, naquele instante…

— [O que você pensa que está fazendo? Tire essa mão daí!]

A voz ecoou em sua mente com urgência, e Beatrice congelou.

— Isso… é um espírito?

Paphnil falou, sarcástico:

— [Acho que agora entendo por que você não consegue usar magia. Tão lenta…]

Então, Beatrice percebeu algo crucial.

— Espere, você disse… magia?

Ele fingia calma por fora, mas ainda sentia o estômago revirado.

“Quer que eu o felicite? Eu, que fui amante de Juvelian?”

Mikhail seguia em direção à espada, remoendo sua raiva contra o Príncipe Herdeiro.

“Vou acabar com você, Príncipe Herdeiro!”

Nesse momento, ele ouviu um rugido, e a espada se aproximou dele. Um pensamento repentino lhe ocorreu.

[Há um mago por perto.]

Mikhail encarou a palavra “mago”.

“Finalmente…”

Ele então seguiu para onde sentia a presença do mago, percebendo a vibração da espada cada vez mais intensa. Logo depois, Mikhail franziu a testa ao perceber onde estava.

“Perto do jardim da Princesa… será que ele está perto dela?”

Ele sabia que, se fosse pego matando alguém ali, especialmente uma mulher, se meteria em sérios problemas. Então, ele escondeu seu espírito e se dirigiu ao ponto onde as vibrações estavam mais fortes.

A voz sussurrada, que ouvia ocasionalmente, estava mais próxima. Mesmo hesitante, Mikhail sacou a espada com cuidado.

“Sim, posso eliminá-lo discretamente. Só preciso garantir que ninguém descubra que fui eu.”

De repente, ele avistou algumas mulheres vestidas no campo de visão.

“Espere, aquilo é…”

Como se fosse uma brincadeira do destino, Juvelian estava tomando chá com a Princesa bem no local onde ele apontava a espada. Embora Víctor estivesse um pouco afastado, as vibrações da espada se concentraram novamente em direção a ele.

“Preferia eliminar esse plebeu insolente sem hesitar…”

Uma era necessária para sua cooperação com o Imperador, e a outra era alguém que ele desejava conquistar. Ele olhava, incrédulo, para Juvelian e a Princesa, enquanto a espada sussurrava.

[Dois magos, que sorte a sua.]

Surpreso com a observação, Mikhail deixou a espada cair.

Clang!

O ruído atraiu a atenção de Juvelian e da Princesa, que começaram a olhar ao redor, enquanto Víctor, alerta, focou-se na direção de Mikhail.

— Quem está aí?!

Mikhail rapidamente pegou a espada e saiu dali.

“Não esperava que alguém ouvisse minha conversa com Trice!”

A ideia de serem flagrados fez minha pele arrepiar, mas as palavras de Sir Víctor me acalmaram.

— Eu falhei.

Trice tremia, e eu hesitei antes de estender a mão para confortá-la.

— Alteza, não se preocupe. Expulsei ele, não foi?

Os olhos de Sir Víctor, enquanto confortava Trice, estavam sérios e gentis como sempre.

“Bom vê-lo assim.”

Enquanto eu observava a cena novamente, Trice respondeu com a voz um pouco trêmula:

— Claro. Você prometeu que cuidaria de mim, não prometeu?

Mesmo com pouca experiência, percebi que Trice não estava tremendo de medo.

“Parece que Trice gosta de Sir Víctor.”

Olhei para ele e, de repente, notei suas orelhas completamente vermelhas.

Após o encontro com Víctor, Mikhail murmurou com raiva.

“Maldito seja, se ao menos ele não fosse um qualquer…”

Se Víctor não estivesse lá, ele teria mantido a calma e falado com Juvelian e a Princesa tranquilamente. Determinado a eliminar Víctor e o Príncipe Herdeiro, Mikhail segurou a bainha da espada.

“O único mago que encontrou foi a Princesa e Juvelian?”

Para ele, matar um mago do sexo feminino parecia desnecessário, mas agora estava decidido.

A espada então sussurrou novamente.

[Para obter o coração de um mago, é preciso conquistá-lo, mas há outros métodos.]

Mikhail franziu o cenho.

“Você não está falando sério…”

Com um tom de quem não se importava muito, a espada respondeu.

[Eu preferia não sugerir, pois é complicado.]

— E como seria?

Impaciente, Mikhail insistiu.

[Maná é uma força guiada pela mente, então é profundamente influenciado pelas emoções.]

— Então, qual é o caminho?

Com uma risada sinistra, a espada respondeu:

[Basta fazer com que o alvo te ame o suficiente para querer lhe dar o maná por vontade própria.]

— O quê?!

Aquilo parecia absurdo, e Mikhail deixou escapar um som incrédulo, enquanto a espada emitia uma risada desagradável. Inicialmente, ele pensou em capturar Juvelian como um sacrifício, mas perguntou, franzindo a testa.

“E se o sacrifício me oferecer magia?”

A espada ficou em silêncio. Rangendo os dentes, Mikhail ponderou.

“Esse incidente me mostrou o quão terrível seria um mundo sem Juvelian. Não posso colocá-la em tamanho perigo.”

Ele sabia que, se não encontrasse outro mago, teria que seguir essa opção.

Os olhos de Mikhail brilharam com determinação.

— Trice, eu volto logo!

Beatrice suspirou enquanto via Juvelian partir com Max. Uma pergunta então surgiu em sua mente.

“Então Juvelian tem o poder de anular magia?”

[Não, a magia só é anulada se o mago quiser. Eu só disse que Juvelian é forte o suficiente.]

Beatrice suspirou com a resposta de Paphnil.

“Então, a razão de minha magia falhar não é uma anulação dela.”

Observando-a, Paphnil sorriu, lembrando-se do que havia visto anteriormente.

“Parece que algo estava fora do normal desde a competição de caça… a filha de Regis definitivamente é especial.”

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