Capítulo 168
Pai, Eu Não Quero Me Casar
Quanto eu chorei, abraçando meu pai daquele jeito?
“Isso já é o suficiente, né?”
Eu achava que não tinha mais problemas de comunicação com meu pai, mas, por um instante, me perguntei se ele ainda não era muito confiável.
— Pai, se o Imperador te chamar de novo, ou se algo for acontecer, você vai conversar comigo primeiro? Combinado?
Diante das minhas palavras, ele suspirou e assentiu. Mas mesmo assim, eu ainda não conseguia confiar totalmente.
— Com certeza ainda há um ou dois segredos, né!
— Nunca vai fazer nada sem me contar. Combinado? Promete?
Meu pai olhou para o meu dedo mindinho, com a cara um pouco atônita, e sorriu.
— Você parece a mesma de antes.
Me senti envergonhada, mas dei um grande sorriso para ele.
— Porque agora eu tenho minhas lembranças de volta. Essa sou eu de verdade.
Ele assentiu e respondeu calmamente:
— Você tem razão.
De repente, uma pergunta me veio à mente.
— Como você sabe que eu recuperei minhas memórias e está agindo com tanta naturalidade?
Normalmente, isso seria algo para se perguntar, mas ele falou de forma tranquila.
“É como se soubesse que isso aconteceria.”
— Pai, você já sabia.
Quando eu ia perguntar o motivo, ele suspirou e disse:
— Primeiro, tem alguém que está esperando ansiosamente por você. Vamos recebê-lo antes.
Assim que ele abriu a porta, alguém grande entrou de repente.
— Juvel!
Ele me olhou com os olhos vermelhos, quase chorando. Seus olhos estavam tão tristes e ao mesmo tempo tão bonitos, que eu tentei sorrir e não deixar que meus lábios caíssem.
— O que aconteceu com o seu rosto, Max?
Seu rosto era um tesouro nacional, mas estava pálido e muito abatido.
— Foi… porque eu estava cuidando de você.
Diante dessas palavras bobas, suspirei e franzi as sobrancelhas.
“Não sei o que dizer sobre ele ter feito isso para cuidar de mim.”
De repente, uma leve névoa vermelha apareceu atrás de Max.
“O quê? O que é isso?”
Sem perceber, quando toquei, ela desapareceu.
“O que foi isso?”
Por um momento me perguntei, e de repente pensei no passado e ri.
“Dizem que os sonhos se realizam, mas o meu de casar com o Príncipe realmente se tornou realidade.”
Claro, o Príncipe montava um cavalo preto em vez de branco e não era exatamente gentil com as outras pessoas, mas isso não importava.
“Porque o Max é o único que cuida de mim, mesmo quando está faminto, sem dormir ou doente.”
Antes, era o Duque de Floyen quem estava claro na sua cabeça, mas a imagem foi ficando vaga aos poucos. Usando a magia de conexão que tinha colocado em Max, Paphnil, que estava observando o Duque de Floyen, endureceu sua expressão.
“Sou um dragão, e ela está desfazendo a magia que eu lancei.”
Era natural que ele estivesse surpreso, sendo de uma grande raça conhecida por criar magia. Desfazer um feitiço, uma magia que anula outras, só era possível se o poder mágico do lançador fosse muito maior.
“Nunca passei por tamanha humilhação em um combate com a minha própria espécie.”
Logo, Paphnil murmurou em voz baixa:
— Parece que você ainda não percebeu, mas essa é realmente a sua ‘habilidade’ favorita?
Ele franziu a testa por um instante, mas logo ergueu o canto da boca.
— Além disso, você ainda tem um longo caminho pela frente, descendente.
De repente, seu olhar se voltou para outro descendente.
Um antigo livro de pergaminho dizia que a magia era a manifestação de uma vontade forte, e Beatrice olhou com desprezo para o que tinha à sua frente.
“Sim, vamos pensar no que queremos manifestar.”
O fogo poderia queimar todo o ambiente, e a água poderia molhar tudo, então isso seria difícil. E o vento traria uma bagunça, então também não era uma boa ideia. Beatrice gritou, com os olhos arregalados.
— Pare!
Mas quando nada mudou no balde de água, ela suspirou.
“Como eu suspeitava, não consigo fazer magia, será que foi só uma coincidência?”
Beatrice era a única no quarto de Juvelian que conseguia ver os fragmentos de memória. Ela estava certa.
A queda de Juvelian tinha algo a ver com magia. Por isso, Beatrice queria aprender magia para ajudá-la a se recuperar logo, mas seus poderes ainda não tinham se manifestado.
“Eu gostaria de ter alguém para pedir conselhos…”
Então, alguém, sem muita vontade, perguntou:
— Que comportamento estranho foi esse que você teve antes?
Beatrice respondeu, de cara fechada:
— Você não precisa saber.
As sobrancelhas de Victor se contorceram ao ouvir isso. Ele tinha carregado o balde de água, as lenhas, feito tudo. E, em vez de explicar o porquê, ela continuava fazendo coisas estranhas. Ele queria entender o motivo.
— Não preciso saber? Quer dizer que você me fez de bobo até agora, só para fazer tarefas?
Beatrice suspirou com o comentário.
“É porque você é a única pessoa em quem posso confiar por aqui…”
Mas ela não podia contar a verdade. Era fácil ser chamada de maluca por falar de magia quando nem conseguia praticá-la. Então, alguém bateu à porta. Era a dama de companhia, que estava de vigia para garantir que nem a Imperatriz nem ninguém viesse incomodar.
— Sua Alteza Imperial! Há uma notícia urgente.
Logo os olhos de Beatrice se arregalaram ao ouvir a notícia.
— É verdade mesmo que Juvelian acordou?
Ela perguntou novamente, incrédula, e a dama de companhia respondeu com alegria, como se fosse uma conquista pessoal:
— Sim, é verdade!
— Ah, graças a Deus. Traga um presente para Juvelian agora mesmo.
— Sim!
Beatrice deu uma volta rápida, talvez aliviada, quando a dama de companhia saiu do quarto. Víctor, apressado, a segurou antes que ela se desequilibrasse.
— A princesa vai se preocupar se Sua Alteza Imperial cair.
Beatrice corou e empurrou Víctor, suspirando.
— Acho que preciso descansar.
Víctor pareceu surpreso com as palavras de Beatrice e a abraçou.
— O que você está fazendo…?
Logo depois, ele a levou até a cama e falou com firmeza.
— Descanse hoje.
— O quê? Mas…
Beatrice tentou resistir, mas a atitude de Víctor foi inflexível.
— Você está há dois dias sem dormir por causa desse “ritual” misterioso que tem feito.
— Mas, Juvelian…
Víctor suspirou e disse:
— Se a jovem duquesa te vir com essas olheiras escuras, ela não vai te receber bem.
Beatrice corou diante do comentário e respondeu calmamente:
— Ah, entendi. Acho que vou dormir então.
Víctor sorriu ao vê-la deitada na cama, mas assim que ela virou o rosto, seu sorriso desapareceu rapidamente.
— Vou te deixar em paz agora.
Fora do quarto, Víctor disse à dama de companhia que estava de guarda.
— Sua Alteza Imperial vai dormir, então certifique-se de que ninguém a incomode.
— Sim.
Logo após Víctor sair, as damas de companhia começaram a sussurrar.
— Como ele pode ser tão atencioso?
— Eu sei, mas se a origem dele é o único defeito… é um grande defeito.
Beatrice, que estava escutando a conversa entre Víctor e as criadas do outro lado da porta, soltou um suspiro.
— Ele é de…
A união entre plebeus e nobres é sempre ridicularizada e desprezada. E se alguém soubesse que ela tinha sentimentos por um cavaleiro de origem simples, o resultado seria desastroso.
— Sim, ele não tem nenhum interesse em mim.
Beatrice sentou-se com um sorriso amargo.
“Nem a magia, nem o Víctor se importam comigo.”
Sentindo-se envergonhada e arrasada, Beatrice enterrou a cabeça nos joelhos.
—
A notícia da recuperação de Juvelian também chegou ao Imperador.
— Ela acordou mais rápido do que eu esperava.
Após murmurar por um instante, o Imperador logo olhou para o jovem ajoelhado à sua frente, visivelmente apavorado.
“Mas graças a você, eu ganhei tempo.”
O poder mágico do anel ainda era insuficiente, mas isso não importava.
— Você sabe usar magia?
Diante da pergunta do Imperador, o jovem mordeu os lábios e balançou a cabeça sem hesitar.
— Não, eu realmente não sei como usá-la. Por favor, me poupe.
— Vamos ver se isso é verdade.
Quando o Imperador ergueu a mão, os cavaleiros levantaram suas espadas e perfuraram o peito do jovem.
— Argh!
O jovem morreu instantaneamente, em meio a uma dor insuportável. O Imperador segurou o anel com um sorriso satisfeito. Logo, o anel, que absorvia a magia do rapaz, emitiu um brilho roxo escuro, como se estivesse satisfeito.
— Claro, o mago estava certo.
Com o poder do anel restaurado, o Imperador riu alegremente, mas de repente franziu o cenho e murmurou:
— O que será que Mikhail está fazendo ultimamente?
—
A marquesa de Hessen olhou para o filho com olhos ansiosos.
— Mikhail, você está realmente bem agora?
Não fazia muito tempo que Mikhail vinha treinando sozinho com sua espada em uma sala escura e subterrânea, e a marquesa evitava saber onde ele estava.
— Finalmente, eu consegui. Ugh.
Mas mesmo isso não bastava. Assim que ouviu a notícia de que Juvelian havia caído, Mikhail, fora de si, correu como um louco para o Duque de Floyen.
— Não posso ficar parado enquanto os meus planos desmoronam!
Ele até afastou o marquês, o que deixou a marquesa com sentimentos terríveis, mas agora seu filho parecia assustadoramente frágil.
“Juvelian… será por causa da notícia de que aquela garota acordou? Mas isso não parece o meu filho…”
Mikhail fechou os olhos e sorriu para sua mãe preocupada, antes de sair da mansão. Logo, ele acariciou a bainha da espada presa à cintura e sorriu novamente.
“Se eu fizer o que você me pediu, posso ser mais forte que o Duque de Floyen?”
Então, a espada falou com ele.
[Claro. Alimente-me com bastante sangue do coração de um mago.]
Mikhail sorriu de maneira cruel, levantando as comissuras dos lábios.
“Mago… onde eu posso encontrá-lo?”
E uma risada peculiar ecoou em sua mente.
[Eu te aviso quando encontrar um mago por perto.]