Capítulo 129
Pai, Eu Não Quero Me Casar
“Todos estão aqui, menos Trice.”
Como os assentos foram entregues em uma ordem próxima, Trice acabou sendo a última.
“É certo deixá-la por último, já que ela tem o status mais alto.”
Quando o último chefe apareceu, os modos aristocráticos permaneceram. É uma virtude em uma sociedade onde é considerado bom chegar atrasado, permitindo que as pessoas conversem à vontade. Rose, com uma expressão animada, sussurrou para mim.
— Graças a Juvelian, posso vê-la de um lugar especial.
Com certeza, era um privilégio, e o Ducado está no auge da nobreza, por isso os assentos em que estávamos sentados eram separados dos outros.
“Bom, é um lugar de diversão para a nobreza, mas qualquer assento aqui é confortável…”
Sem querer, fiquei olhando para o assento do palco central, onde o Imperador estava.
Diferente dos outros assentos, a magnífica cadeira parecia ser confortável para qualquer um. As misteriosas flores prateadas que decoravam os assentos da família real pareciam ser raras, difíceis de encontrar nas ilhas.
“Vamos olhar, mas é tudo tão extravagante…”
Enquanto pensava isso, vi Trice de pé, vestida de branco, não muito longe.
“Por que você está assim?”
Perguntou meu pai enquanto se levantava.
— Aonde você vai?
Apontando para onde Trice estava, respondi:
— Vou encontrar minha amiga.
Não era uma distância longa, e como estava bem perto, meu pai virou a cabeça e me ajudou.
— Sim, vou te vigiar, então não se preocupe.
Sentindo-me mais tranquila com esse comentário, fui até Trice.
— Sua Alteza Imperial, está tudo bem?
Mesmo com minhas palavras, ela só tinha uma expressão rígida, sem responder. Quando perguntei várias vezes se estava bem, Trice respondeu.
— Oh, eu estava estranhamente nervosa.
Então, pegando a mão dela, disse:
— Não se preocupe. Você tem a mim.
Ela respondeu com um sorriso.
— Sim.
Assim, chegamos aos nossos assentos com Trice, onde todos estavam.
— Bem-vinda, Sua Alteza Imperial.
Só meu pai, que era da família real, fez uma leve reverência enquanto todos inclinavam a cabeça. Trice foi a primeira a receber a saudação do meu pai.
— Duque Floyen, obrigada por me oferecer um assento.
Então, o olhar do meu pai se voltou para mim. Sua expressão estava relaxada, bem diferente do normal.
— Apenas agradeço por você se dar bem com minha filha.
Trice respondeu com um sorriso brilhante.
— Como não estive no mundo social, aprendo muito com a Princesa. Acho que continuarei tendo uma boa relação com ela no futuro.
Meu pai me olhou fixamente ao ouvir a voz elegante, mas educada, de Trice. Por alguma razão, seus olhos pareciam orgulhosos, e meu rosto esquentou. Enquanto desviava o olhar involuntariamente, o assento do palco central voltou a chamar minha atenção.
“Oh, o Imperador está aqui.”
Franzi a testa ao notar a presença do Imperador.
— Venha e sente-se.
Trice se sentou ao convite do pai. Eu também estava prestes a me sentar.
“Espere, aquela flor, é prata?”
Levantei-me do assento e disse, segurando a mão de Trice.
— Sua Alteza Imperial, você poderia me acompanhar a um lugar?
Surpresa com meu pedido repentino, ela assentiu com a cabeça, corando.
Quando Mikhail chegou à tribuna exclusiva do Imperador, este, vestindo uma capa de pele de hera, o recebeu com um grande sorriso.
— Bem-vindo. Como você está se sentindo hoje?
— Graças aos seus pensamentos, estou muito bem.
O Imperador acenou com a cabeça, satisfeito com a resposta educada de Mikhail.
— Sim, mais cedo ou mais tarde seremos uma família, mas claro que preciso pensar em você.
Mesmo com o Imperador agitado, Mikhail não revelou seus pensamentos mais íntimos. Ele apenas inclinou a cabeça como se estivesse envergonhado.
— Estou apenas preocupado com Sua Majestade Imperial, pois minhas habilidades são insuficientes.
— Não, mas o Príncipe Herdeiro Maximiliano gosta de correr tanto que precisa de um pouco de ajuda.
O Príncipe Herdeiro Maximiliano.
Ele sabia que era excelente, mas isso não era possível em qualquer estágio.
“Bom, mesmo assim, se o Imperador estivesse ao meu lado, seria mais vantajoso?”
Quando trouxeram as primeiras bestas, o Imperador marcou no mapa onde as bestas de maior valor estavam escondidas para que Mikhail pudesse vencer.
“Enquanto o Príncipe Herdeiro estiver buscando pelo bosque para se perder, será muito mais fácil porque posso caçar as bestas que estão amarradas.”
Foi quando Mikhail pensou isso e riu.
— Ah, e as bestas não estarão no mapa que te dei antes.
Diante das palavras do Imperador, Mikhail estreitou os olhos e olhou fixamente para ele, depois relaxou e riu.
— Você quer dizer algo?
— Claro.
Ele queria agarrar seu coração e pressioná-lo a dizer rapidamente, mas Mikhail falou pacientemente.
— Estou curioso para saber o que você quer dizer.
Então, o Imperador desviou o olhar para outro lugar e apontou com o dedo.
— Você consegue ver o assento especial do Duque de Floyen ali?
Não podia deixar de ver. Naquele momento, Juvelian e Beatrice saíram.
— Aonde vocês vão?
Talvez para entregar um lenço a alguém?
Enquanto Mikhail pensava nisso, uma expressão suave passou por sua mente.
“Como é uma competição que inclui mercenários, é muito possível que o humilde amante de Juvelian também participe como mercenário do Duque Floyen.”
Foi então que os dentes de Mikhail se fecharam firmemente.
— Não é perfeito hoje porque a Princesa está com a filha de Regis?
Ao mencionar Juvelian, as chamas se acenderam dentro dele, mas Mikhail respondeu com calma, controlando o fogo.
— Sou tão bobo que não entendo o profundo significado de Sua Majestade.
O Imperador riu da resposta de Mikhail.
— Sua vitória só vai aumentar os sentimentos de Maximiliano pela filha de Regis.
Então Mikhail endureceu o rosto.
Desci ao campo e fiquei observando o Imperador conversando com Mikhail.
“É muito suspeito para ser apenas uma coincidência.”
De acordo com a história original, a besta era normal apenas quando Max a trouxe. Talvez Max não conseguisse trazer a besta, então pensei que tudo iria passar tranquilamente. No entanto, infelizmente, havia uma flor prateada onde o Imperador pudesse ver.
“Não sei se a cor da flor que controla a besta na história original é prateada…”
Abri a boca olhando para Trice.
— Trice, aquela flor ali. Você pode trazê-la?
Quando apontei para a flor no assento do palco central, ela me olhou com surpresa.
— Por que você me pede para trazer aquela flor prateada?
“Como vou explicar? E se eu disser que talvez o Imperador esteja por trás deste concurso, e que aquela flor prateada é uma planta venenosa que pode paralisar o lobo por um momento?”
Claro que não acreditariam.
Talvez me tratassem como uma louca.
Engoli em seco e exclamei.
— É porque… É bonita.
Diante das minhas palavras, Trice abriu os olhos bem grandes e depois os semicerrrou ligeiramente.
— Você está brava? Bem, é compreensível. Para mim também é ridículo.
Foi quando umedeci os lábios secos com a língua.
— Sim, você queria muito aquela flor.
Concordei ao ver que ela me olhava com um sorriso radiante.
— Oh, sim.
Ela disse acariciando minha bochecha lentamente.
— Se você quer tê-la, claro que eu vou trazê-la. Minha linda Juvelian.
Meu coração disparou ao perceber que Trice me dava mais permissão do que eu esperava.
“Como eu imaginei, Trice é muito gentil com seu povo.”
Enquanto pensava nisso, Trice disse:
— Espere aqui com o Sir Víctor. Volto logo.
— Oh, Trice, espera um minuto…
Chamei por ela com urgência, mas parecia que ela não me ouvia, minha voz estava tão baixa. Fiquei olhando para Sir Víctor enquanto Trice se dirigia com confiança ao assento do palco do Imperador.
— Estou bem, por favor, cuide de Trice.
— Sim, mas…
Olhei ao redor e vi tanta gente.
— Tem tanta gente aqui, será que pode acontecer algo?
Apesar da minha preocupação, Sir Víctor parecia confuso. Então, apontei para a multidão.
— E ali, meu pai ainda está de olho neste lugar.
Sir Víctor assentiu, agora com o rosto pálido.
— Certo.
Falei rápido, olhando para ele de costas.
— Oh! E por favor, diga a Sua Alteza Imperial, a Princesa, que traga as flores em segredo.
Sir Víctor respondeu com um sorriso brilhante.
— Claro! Fique aqui!
Enquanto observava Sir Víctor correndo atrás de Trice, percebi os cavaleiros que esperavam.
“Todos parecem tão animados.”
Então avistei Max, com sua armadura preta e a espada na mão.
“Ele pendurou o lenço que lhe dei na bainha da espada.”
Uma risada escapou dele.
“Quero escondê-lo, mas não consigo.”
Nesse momento, alguém tocou meu ombro e me surpreendi.
“O que foi isso?”
Ao virar a cabeça, reconheci um rosto familiar.
— O que você está fazendo aqui?
— Ah, Príncipe Elios. Olá.
Ele soltou um suspiro ao ouvir minha resposta.
— O que você está fazendo no campo?
“Porque este não é o lugar onde os olhos do Imperador estão.”
Quando olho para o palco central, não posso simplesmente dizer que desci para ver o Imperador de um lugar um pouco mais afastado.
— Eu fiz porque queria.
Enquanto olhava ao redor, sem pensar, ele endureceu o rosto.
— Você está cheia de empolgação e precisa perceber que isso pode ser perigoso. Especialmente com os cavaleiros praticando tiro com arco.
Não pensei muito sobre isso, mas era um comentário impulsivo.
— Desculpe. Não achei que estava atrapalhando.
Ele suspirou ao ouvir minha resposta e sorriu.
— Não era minha intenção, mas eu temia que você se machucasse.
Fiquei ofendida com um comentário que soou amigável de repente.
“Bem, não acho que seja tão ruim quanto pensava.”
Nesse momento, ouvi alguém chamar meu nome com um tom irritado.
— Juvelian!
Alguém se colocou entre mim e o Príncipe Elios.
À medida que a audiência do Imperador se aproximava, Beatrice respirou fundo.
“Você precisa trazê-la. É a flor que Juvelian deseja.”
Sentiu um aperto no coração ao lembrar da timidez de Juvelian, que hesitou o tempo todo.
“Se ela quisesse flores, teria olhado com um olhar suplicante?”
Logo Beatrice falou com Víctor, que a seguia.
— Fique aqui.
Víctor assentiu e observou as costas da Princesa.
“Por mais angelical que a Princesa Floyen seja, é um pedido de uma Princesa…”
Beatrice respirou fundo e informou os guardas que guardavam a entrada do palco exclusivo do Imperador.
— Estou aqui para ver meu pai, então, recuem.
No entanto, ao invés de recuar, o cavaleiro respondeu calmamente.
— Neste momento, Sua Majestade Imperial está em uma conversa importante com um alto aristocrata.
O canto da boca de Beatrice se elevou ao ouvir a expressão “alto aristocrata”.
— Você se atreve a me comparar com o filho de um Marquês agora?
Nesse instante, Beatrice encarou o cavaleiro, com os dentes cerrados.
O dia estava pesado por algum motivo.
“Aquele tipo é…”
— A Princesa chegou? Deixem-na entrar.
Com a permissão do Imperador, Beatrice olhou para o cavaleiro da guarda e estreitou os olhos.
“Aquele tipo, que tentou me sequestrar da última vez.”
Pensando nisso, um dia ela se vingaria. Beatrice entrou no quartel do Imperador.
— Vamos. O que aconteceu?
Diante da pergunta do Imperador, Beatrice abriu a boca, reprimindo sua grande ira.
— Fico feliz em ver meu pai do outro lado.
Com essas palavras, o Imperador manteve um sorriso de felicidade.
— Sim, você esteve hoje com a Princesa Floyen?
Beatrice respondeu suavemente, com um tom queixoso.
— Ah, isso me será útil, pois ela vem da família ducal.
Quando a resposta da filha saiu um pouco fria, o Imperador sorriu com uma expressão de satisfação.
— Sim, essa estratégia também não é má.
Era um elogio que ela teria gostado antes, mas o clima de Beatrice estava muito desconfortável agora.
“Não estou fazendo isso para obter benefícios com ela.”
Mas não podia revelar seus pensamentos mais íntimos, então Beatrice sorriu e se dirigiu à grade. Depois, escondeu as flores prateadas na manga e disse…
— Claro que minhas estratégias são para meu pai.
Então, o Imperador levantou um canto da boca.
— Você é brilhante, Beatrice.
Ele a pegou?
Foi quando ela engoliu a secura da garganta com preocupação.
— Se você se preocupa tanto comigo, reze por Lord Mikhail e sua vitória. Ele é o jovem a quem apoio.
Beatrice mordeu levemente os lábios e logo levantou as comissuras da boca.
— Espero que ele vença hoje.
Então Mikhail disse, levantando o canto da boca.
— Claro, farei o meu melhor pela honra do Imperador e de Sua Alteza Real.
Logo Beatrice se inclinou rapidamente diante da imagem de Mikhail, tentando segurar sua mão.
— Acho que o jogo vai começar em breve, então vou me adiantar, pai.
O Imperador assentiu.
— Sim, cuide-se.
O Imperador olhou para o assento especial. Era estranho ver Regis olhando para algum lugar com uma expressão fria e rígida.
“Filho da mãe que não se incomoda…”
O Imperador sorriu ironicamente e ficou observando o anel que usava no dedo.