Volume 1 - Capítulo 1

— Realmente, a vida de uma criada do palácio não é nada além de tristeza. Por que somos as encarregadas de descartar o corpo? 

— As ordens da santa consorte não podem ser violadas, então vamos acabar logo com isso. 

Duas criadas do palácio lamentaram enquanto arrastavam o cadáver de um jovem esguio em direção aos esgotos na escuridão da noite. Ele não parecia ter mais de dezoito anos, com cabelos negros curtos parando na nuca e um rosto lindo e finamente esculpido que se destacaria dentro de qualquer multidão. 

Infelizmente, a pálida e a frieza de seu corpo indicavam que ele não era mais um dos vivos. As duas criadas do palácio rapidamente chegaram aos esgotos do pátio interno e estavam prestes a jogar o corpo nele quando sentiram o tremor em suas mãos. 

— Ué? Você sentiu alguma coisa? 

— Sim, senti tremer um pouco. Então, não fui só eu? 

Então, seu olhar se abaixou em direção ao belo rosto do jovem, e elas ficaram horrorizadas ao ver suas pálpebras tremendo. 

Seus olhos se abriram! 

— Uau, acordar com duas belezas me segurando é sempre um prazer, mas talvez vocês devessem se apresentar primeiro? 

O jovem brincou. 

— AAAAAAAARGH! 

— Fantasma, morto-vivo, fantasma morto-vivo! 

— Fuja! 

Um cadáver começou a falar. Claro, elas estavam saindo de lá. Imediatamente, elas largaram o corpo e correram à velocidade das chitas! 

Em um baque, Konrad caiu no chão, e uma leve dor percorreu seu corpo fraco. 

— Vadias! Precisavam ser tão brutais? Veja como lidarei com você no futuro. 

Ele então se sentou de pernas cruzadas e começou a reorganizar seus pensamentos. Suas memórias eram confusas, e a última coisa que ele se lembrava era de um deus o enviando para a reencarnação depois que ele foi encurralado por vários agentes do serviço secreto e tentou destruir sua vara dourada. 

As memórias do dono do corpo anterior então inundaram seu corpo e, em três segundos, seus olhos se arregalaram em descrença. 

Aparentemente, ele agora estava em um mundo completamente diferente, governado por força, status e magia. O pátio interno do Império da Chama Sagrada era onde ele estava, e ele era um eunuco

de dezessete anos que havia sido vendido ao palácio por seus pais biológicos. 

Seu pai era um bêbado, sua mãe era uma prostituta (em todos os sentidos do termo), e eles escolheram vendê-lo ao palácio para pagar suas muitas dívidas. Ele sempre foi uma criança quieta que sonhava em explorar o vasto Continente Sagrado, mas não recebeu nenhuma oportunidade de realizar esse sonho. 

Pior, o destino escolheu amaldiçoá-lo com algo que ele não sabia como lidar: Beleza! 

Desde a infância até a maturidade, ele sempre foi muito bonito. Como ser humano, ele podia competir com os Espíritos Paragonais em termos de aparência e estava cercado por ciúmes excessivos. Os homens queriam estripá-lo. Mulheres queriam dormir com ele, mas ele era muito tímido para tirar proveito disso. 

Ser vendido no palácio e transformado em eunuco era uma forma de alívio, mas quem teria esperado que a crueldade do destino o atacasse novamente. Enquanto cuidava de seus deveres na cozinha imperial, ele foi visto por uma das criadas da Consorte Sagrada e, não muito tempo depois, convocado para seus aposentos. 

A Consorte Sagrada era conhecida como a mulher mais bonita do império e a favorita do imperador. Então, quando ela ordenou que ele a “servisse”, ele ficou horrorizado, recusou e tentou respeitosamente se despedir. E ofendida, a Consorte Sagrada o matou com uma chibata! 

— Ei, em que tipo de vadia eu reencarnei? A maior beleza do país quer que você dê a cabeça e você recusa? Bem feito pra você! 

— Mas cara, essa é uma vadia desagradável. Se o garoto não quer você, apenas deixe-o em paz. Qual é a necessidade de matá-lo? Ah, bem, suponho que terei que agradecer adequadamente suas entranhas no futuro. 

— Tchau, tchau século XXI. Hehehehe! 

Konrad riu e se levantou. Mas só então a percepção o atingiu. 

— Espera, espera, espera! Eunuco? Não, não me diga… 

Ele segurou sua virilha, procurando suas armas mais queridas, mas… 

— NÃOOOOOOOO!!! 

Felizmente, não havia ninguém em um raio de cem metros, porque seu uivo poderia acordar até mesmo os mortos. 

— Bastão sem bolas? O que diabos é essa merda? Eu não me inscrevi nessa merda! Deus me devolva minhas bolas! 

Mas Deus não respondeu. Em vez disso, era uma voz rouca e robótica que ecoava dentro de sua cabeça. 

— Inicialização do Sistema de Construção do Harem… 

— Inicialização concluída… 

— Combinando com a voz do anfitrião… 

— Combinação concluída… 

— Eae, cara, o que foi?