Volume 2 - Capítulo 307

Quando mordeu a laranja fria e apodrecida, Li Huowang não sentiu apenas gosto de mofo, também sentiu o sabor estranho de fruta apodrecida. Porém, Li Huowang estava com fome demais para se importar. Agora, esta laranja mofada estava ainda mais deliciosa que uma refeição extravagante.

Após comer a laranja, Li Huowang se levantou, sentindo-se bastante amargo. Então, gritou na chuva: — Chefe Bai! Não tenha medo! É minha doença! Eu tenho uma doença!

Naquele momento, um homem segurando um guarda-chuva viu Li Huowang e puxou rapidamente sua esposa antes de fugir. Ao mesmo tempo, os outros na rua fizeram o mesmo. Logo, a rua, que já tinha pouquíssimas pessoas devido à chuva, ficou completamente deserta.

Porém, Li Huowang ignorou o que estava acontecendo ao redor. Para ele, a situação do outro lado estava mais complexa. Afinal, do outro lado, ele estava praticamente esperando para ser executado. Ele tinha que fazer algo para se salvar!

Li Huowang continuou parado na chuva, mas sentiu que nada havia mudado. Isto o deixou muito irritado. Baseado na sua experiência, o outro lado também deveria ter mudado conforme o que acontecia aqui.

— Chefe Bai! Onde você está? Me dê um sinal! Como estou agora, não consigo ver você!

Enquanto gritava, viu vários homens segurando uma sombrinha indo na sua direção, fazendo seus olhos iluminarem.

Usando seus sapatos e meias rasgadas, Li Huowang correu na direção deles, enquanto pisava nas poças e gritava: — Chefe Bai!

O homem estava visivelmente com medo de Li Huowang, que se aproximou de repente na chuva.

— Chefe Bai! Você tem que lembrar que fui eu quem salvei vocês! Vocês realmente querem machucar a pessoa que salvou vocês? — Li Huowang sentiu que isto não era o bastante e falou algo mais convincente: — Além disso, Bai Lingmiao está grávida do meu filho! Não importa como, já sou parte da Família Bai!

— De onde este lunático veio? Merda… ele é assustador. — O homem segurando a sombrinha preta recuou dois passos e tentou dar a volta.

Entretanto, Li Huowang nunca o deixaria passar. Ele deu outro passo e bloqueou o homem com seus braços: — Chefe Bai, se não acredita em mim, então pode perguntar a Bai Lingmiao!

Quando o homem viu Li Huowang o bloqueando de novo, suspirou: — Senhor, por favor, me poupe. Você está lamentável, mas eu também estou. Ainda tenho que ir trabalhar para pagar a hipoteca.

— Do que está falando? Desculpe, Chefe Bai, mas agora estou em uma alucinação, suas palavras estão diferentes por algum motivo. Espere aqui um momento. Voltarei ao normal logo — disse Li Huowang.

O homem claramente não sabia o que Li Huowang estava dizendo. Entretanto, ficou horrorizado quando percebeu que Li Huowang queria ficar perto dele.

— Merda! Tem um maluco aqui! — gritou o homem enquanto corria.

Li Huowang queria correr atrás, mas caiu após dar alguns passos; seu corpo estava muito fraco. Ele esteve aguentando puramente por causa da adrenalina.

— Frio. — Os lábios de Li Huowang estavam arroxeados e seus dentes não paravam de bater. Estava tão frio que nem conseguia sentir os dedos.

Li Huowang apenas se deitou ali na chuva, seu corpo completamente mole. Ele não tinha forças.

Ele não sabia quanto tempo passou até sua vontade de sobreviver voltar. Então, usou a força restante que tinha para rastejar na calçada onde a chuva não chegaria.

— Vá embora, seu maluco! Vou bater em você!

— Eh! Aiya! Você pisou no tapete da minha loja!

— Mãe! Olha! Tem um doido na frente da nossa casa!

Li Huowang estremeceu enquanto cambaleava e os sons giravam ao seu redor. Olhando para os arredores, sentiu-se um pouco à vontade.

Como não estou morto, minhas palavras devem ter funcionado.

Contudo, logo começou a se sentir terrível. Sua cabeça começou a girar, como se tivesse ficado com febre por causa da chuva.

— Se… se eu morrer aqui, ainda ficaria bem na realidade… certo? — A voz de Li Huowang foi fraca e incerta.

Naquele momento, viu de repente um local onde poderia se esconder da chuva. Era uma pequena abertura sob a ponte. Rangendo os dentes, correu na direção da abertura. Ele quase foi atropelado por um ônibus escolar. Os vários rostos dentro olharam para suas costas.

Finalmente, quando estava sob a ponte, todos os barulhos pararam. Li Huowang ofegou enquanto deslizava contra a parede.

No entanto, mesmo que estivesse fora da chuva, o corpo de Li Huowang ainda estava em frangalhos.

Por que está demorando tanto? Por que não voltei ainda?

Enquanto Li Huowang estava esperando o tempo passar, viu algo no chão. Ele se aproximou lentamente. Uma vez lá, encontrou alguns canudos de plástico, garrafa, papel-alumínio e um isqueiro com pouco combustível.

Li Huowang estendeu as mãos e pegou o isqueiro. Ao mesmo tempo, percebeu que tinha perdido seu tato.

Ele tentou acender o isqueiro, mas não havia fogo. Quando sua cabeça começou a ficar pesada novamente, um pequeno fogo vermelho iluminou.

— Está aceso. — Li Huowang sorriu igual a uma criança inocente.

Ele olhou ao redor e viu as garrafas de plástico. Ele pegou cuidadosamente e colocou sob o fogo. Os canudos acenderam e queimaram lentamente na direção da garrafa de plástico.

Logo, as garrafas começaram a queimar e uma chama foi feita. Então, Li Huowang colocou cuidadosamente as mãos geladas perto. A fumaça era tóxica e fedorenta, mas era quente.

Quando o calor do fogo começou a espalhar-se por suas mãos, ele finalmente sentiu seu corpo aquecer. Logo, seu corpo parou de tremer e seus lábios mudaram de preto para arroxeado.

— Quem está aí?! — Naquele momento, Li Huowang olhou na direção da entrada da abertura e sentiu seu couro cabeludo ficar dormente.

Havia uma criança de botas parada com uma sombrinha. Ela era uma garotinha fofa, tendo por volta de oito anos, com dois rabos de cavalo e um lindo prendedor de cabelo vermelho em forma de cereja.

Seus grandes olhos estavam repletos de curiosidade. No entanto, assim que viu Li Huowang, aquela curiosidade virou medo.

— Décimo Oitavo Lunar? — Li Huowang encarou a criança em descrença. Era a mesma criança que ele fez de refém quando invadiu o jardim de infância.

Da sua mochila, estava claro que ela se formou no jardim de infância e agora estava na primeira série.

Não, ela não é o Décimo Oitavo Lunar. Ela não corresponde a nada no mundo real. Não tem ninguém no campo de junco além da Família Bai, então ela provavelmente é um deles.

Li Huowang pensou sobre isto e caminhou lentamente na direção dela. Porém, assim que começou a se mover, a criança fugiu de medo.

Li Huowang chegou na entrada e encontrou um pequeno pedaço de chocolate que ela deixou. Após um momento, ele pegou e comeu. Era doce e gostoso. Isto o lembrou do chocolate que Yang Na deu no Dia dos Namorados.

Por que estou vivendo nas ruas? Fui abandonado pela minha família?

O amargor que Li Huowang sentiu não foi desfeito pela doçura do chocolate.

Após um tempo, Li Huowang fungou e voltou para o fogo que fez. Ele agachou e encarou o fogo.

— É apenas uma alucinação. Isto é melhor… assim é melhor… — Ele continuou murmurando consigo.