Kill the Sun

Volume 5 - Capítulo 109

Kill the Sun

As horas passaram, enquanto Nick permanecia imerso em pensamentos.

Em algum momento, seu estômago começou a doer, lembrando-o de que não comia há um bom tempo.

Mas isso parecia tão irrelevante.

Ele simplesmente não se importava.

Além disso, de certa forma, a dor da fome parecia merecida para Nick.

Ele estava consumido demais pelo arrependimento e pela culpa.

Sentir-se feliz, de qualquer forma, parecia uma injustiça com Horua.

Depois de tirar a felicidade e o futuro de Horua, Nick acreditava que não merecia ter os seus.

Era justo.

— Cara, você está péssimo.

Normalmente, Nick teria se sobressaltado ao ouvir uma voz surgindo repentinamente atrás dele, na cama.

Mas ele simplesmente não se importava, e rapidamente percebeu quem era pela voz.

Nick não respondeu.

Um momento depois, um rato entrou em seu campo de visão, olhando para ele com curiosidade.

— O que aconteceu com você? — perguntou o rato.

— Você já não sabe? — respondeu Nick, com uma voz apática e sem vida.

— Não, eu não sei — disse o Parasita. — Posso ter muitos olhos e ouvidos, mas é difícil verificar a Cidade Externa. Guardas e Extratores demais, sabe?

— Por que você está aqui? — perguntou Nick, sem emoção.

— Verificando como está meu Extrator favorito — respondeu o rato com um grande sorriso. — Normalmente, vejo você andando por aí de vez em quando, mas faz tempo que você não aparece.

— Por que você se importaria? — perguntou Nick.

— Você é meu importante parceiro de negócios — disse o rato, sorrindo enquanto esfregava as pequenas patas. — Sua saúde é importante para meus negócios.

Nick soltou um riso seco. — Você já tentou me convencer a me matar mais de uma vez.

— É, mas isso é passado — disse o rato, de forma despreocupada. — As coisas mudam, sabe?

Nick continuou olhando para o teto, sem responder.

— Cara, parece que a vida pegou você pelo pescoço, hein, Nick? — disse o rato, enquanto se apoiava no cotovelo de Nick.

Nick não se moveu.

— Uau — disse o rato, um pouco surpreso. — Você nem está bravo porque estou tocando em você. Isso é novo.

Em seguida, o rato pulou no peito de Nick e olhou para seus olhos vazios e desinteressados.

— Huh — murmurou o rato, após um tempo. — Pensar que você chegaria a esse ponto. Depois daquele incidente, dois anos atrás, achei que você nunca consideraria suicídio.

— As coisas mudam — disse Nick. — Você mesmo disse isso.

— E mudam mesmo — respondeu o rato, movendo-se ao redor de Nick, observando-o com curiosidade.

— Não consegue se decidir, hein? — perguntou o rato.

Nick assentiu fracamente, sem olhar para ele.

— Sabe, esses são meus clientes favoritos — disse o rato. — Tipo, nem preciso convencê-los. Eles só me deixam fazer o meu trabalho.

Em seguida, o rato começou a coçar o queixo com uma de suas garras.

— Mas, neste caso, as coisas são complicadas.

— Primeiro, você vale muito mais do que apenas seu cadáver. Você é um parceiro de negócios que pode me trazer dezenas, se não centenas, de cadáveres, sabe? Ter você morto agora seria um desperdício enorme.

— Além disso, você já não é mais um humano comum. Olha só.

De repente, o rato mordeu o braço de Nick e começou a puxar enquanto arranhava com as garras.

Nick sentiu como se alguém estivesse apenas beliscando-o.

— Não consigo atravessar — disse o rato, afastando-se. — Este corpo é só um rato. Posso matar um cara, mas não um Extrator.

— Claro, se eu arrancasse seus olhos e rastejasse até o crânio, eu conseguiria, mas você nunca deixaria. Até a pessoa mais deprimida e suicida enlouquece quando um rato tenta comer seus olhos. Confie em mim, já tentei.

— Quero dizer, você poderia tentar viajar até o meu corpo principal… — disse o rato, deixando a frase no ar.

— Nah, esquece. Você nunca sobreviveria à jornada — concluiu ele, com um gesto de descaso.

— Além disso, não quero que você morra. Ainda preciso de uns cadáveres, sabe? — disse o rato com um sorriso largo.

Mesmo não se importando muito com nada no momento, Nick ainda notou a ironia da situação.

— Você está tentando me convencer a continuar vivo — afirmou Nick.

— É, meio que sim — disse o rato, dando de ombros. — Por que não? Talvez você doe uns cadáveres depois, quando se sentir melhor?

— Um rato precisa sobreviver, sabe?

Nick quase sentiu como se aquilo não fosse real.

O Parasita.

Um Espectro poderoso.

Alguém que tentava convencer o máximo de humanos possível a deixá-lo consumi-los…

Estava tentando convencer Nick a não se matar.

Como as coisas haviam chegado a esse ponto?

— Então, o que está te incomodando? — perguntou o rato. — Aliás, onde está seu garotinho de pedra? Ele geralmente fica bem aqui.

Nick respirou fundo.

— Ah, entendi — disse o rato, vendo a reação de Nick. — Garotinho de pedra quebrou.

— Então, você quebrou uma estátua. Grande coisa. Faça outra — disse o rato.

Os olhos de Nick se estreitaram de raiva.

O rato imediatamente saltou para longe. — Eita, alguém está ficando nervoso.

— O nome dele era Horua! — gritou Nick, sentando-se de forma explosiva. — Ele era um humano de verdade, com um nome de verdade! Ele não é uma estátua, e não é só um garoto!

O rato piscou algumas vezes, surpreso. — Acho que isso foi só parcialmente direcionado a mim.

Nick bufou e olhou para o lado. — Não importa. Ele está morto agora, e eu o matei.

— E daí? — perguntou o rato.

Nick cerrou os punhos novamente. — Ele era um garoto inocente, e eu o matei! — disse entre dentes cerrados.

— O quê? Então, se você o tivesse matado sete anos depois, seria diferente? — perguntou o rato. — Morto é morto. Quem se importa?

Nick apenas olhou para frente, com as sobrancelhas franzidas, sem encarar o rato. — Você não entenderia. Você é um Espectro.

O rato coçou o lado da cabeça, pensativo.

— Acho que sim? — respondeu, incerto.

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