Kill the Sun

Volume 5 - Capítulo 107

Kill the Sun

Após alguns minutos, Nick se levantou.

Já haviam se passado mais de dez minutos.

O coração de Horua não havia voltado a bater.

Ele estava morto.

Não havia mais como negar.

— Ele tinha algum parente próximo? — perguntou Wyntor, do canto da sala.

Nick balançou a cabeça lentamente. — Não. Seus pais morreram, e ele não tinha amigos ou família…

— Exceto eu — completou Nick, em um tom quase inaudível, enquanto olhava para baixo.

Silêncio.

— O que você quer fazer com o corpo? — perguntou Wyntor.

Ao ouvir isso, Nick sentiu o vazio em seu peito retornar, mais escuro do que nunca.

Naquele momento, Nick sentia que nunca mais seria feliz.

Por um lado, parecia que ele havia sido esvaziado, mas, ao mesmo tempo, sentia como se o peso do mundo estivesse esmagando-o.

Nick sentia que a realidade queria destruí-lo.

O corpo?

Essa pergunta parecia tão surreal.

Nick tinha que decidir o que fazer com o corpo de Horua?

Era tão estranho.

Como isso tudo podia ser real?

Como algo assim realmente havia acontecido?

Por um tempo, Nick não respondeu.

Não havia cemitérios nos Dregs.

Quando alguém morria, o corpo precisava ser entregue às autoridades.

Ninguém sabia onde os corpos acabavam.

Provavelmente, os corpos eram dados como alimento a um Espectro.

Parecia cruel, mas qual era a alternativa?

Não havia terra na cidade, o que tornava impossível enterrar o corpo.

Cremar o corpo também não era uma opção, já que os materiais disponíveis não permitiam gerar calor suficiente para reduzi-lo a cinzas. Restaria apenas um corpo carbonizado, o que seria ainda pior.

Manter o corpo era igualmente inviável, já que ele apodreceria.

Além disso, o Parasita provavelmente consumiria o corpo quando ninguém estivesse olhando.

Era melhor alimentar um Espectro útil.

Nick queria manter o corpo de Horua, mas sabia que isso não era realista.

— Entregue ao Caixão — disse Nick, com a respiração trêmula.

Parecia cruel, mas era a única coisa que Nick conseguia pensar.

Wyntor assentiu.

— Quer se despedir? — perguntou.

Nick olhou para o corpo de Horua.

Um garoto de quase doze anos.

Horua estava tão magro e pálido.

Nick ainda se lembrava de como havia defendido Horua das gangues quando seus pais morreram e de como eles viveram juntos por quase um ano.

Embora tudo tivesse começado como uma relação de negócios, eles rapidamente se tornaram amigos.

Nick também se lembrou de como Horua estava esperançoso quando Nick lhe contou que poderia transformá-lo em um Extrator Zephyx.

E então, a tragédia aconteceu.

“É tudo culpa minha”, pensou Nick, enquanto olhava para o corpo com dor.

— Sinto muito — disse Nick em voz baixa, ajoelhando-se ao lado do corpo.

Nick segurou suavemente a mão de Horua.

Ela estava gelada, macia e fina.

Uma mão de criança.

— Sinto muito, Horua — disse Nick, com a voz trêmula.

— Onde quer que esteja agora, espero que não encontre alguém como eu.

— Tudo isso é culpa minha.

— Se eu não tivesse sido tão estúpido, você ainda estaria vivo.

— Me desculpe.

Vários segundos de silêncio se passaram.

— Obrigado por ser meu amigo.

— Sentirei sua falta, mesmo que você provavelmente não quisesse me ver.

— Vou deixá-lo em paz agora.

— Adeus.

Nick respirou fundo, de forma trêmula, e se levantou.

Wyntor deu um passo à frente e colocou a mão no ombro de Nick.

Nick permaneceu imóvel por um tempo.

Eventualmente, respirou fundo.

— Obrigado — disse, enquanto gentilmente afastava a mão de Wyntor de seu ombro. — Vou precisar de um tempo para lidar com isso.

Wyntor assentiu. — Pode tirar os próximos três dias de folga. Sei que isso é difícil para você.

Nick não respondeu.

Então, virou-se e deixou a Unidade de Contenção em silêncio.

Depois que Nick saiu, Wyntor olhou para o corpo por um momento antes de colocá-lo sobre o ombro.

Em seguida, Wyntor se virou para olhar para o Sonhador.

O Sonhador olhou de volta para Wyntor.

Três segundos depois, Wyntor desviou o olhar e deixou a Unidade de Contenção.

Quando Wyntor saiu, viu Trevor olhando para ele com tristeza.

— Nick foi embora? — perguntou Wyntor, em um tom neutro.

Trevor assentiu. — Sim. Estou preocupado com ele.

— Nick é forte — disse Wyntor. — Ele já passou por coisas piores nos Dregs.

— Alguém que viveu nos Dregs a vida inteira consegue lidar com a morte.

Trevor ergueu uma sobrancelha.

Ele não parecia acreditar totalmente em Wyntor.

Afinal, Trevor também havia vivido nos Dregs.

Para Trevor, parecia que Wyntor estava fazendo suposições.

No entanto, Trevor não corrigiu Wyntor.

Afinal, eles não eram amigos.

Trevor era um funcionário, e Wyntor, seu empregador.

— Espero que esteja certo — disse Trevor.

Wyntor assentiu.

— E o Sonhador? — perguntou Trevor.

— Nick não estará aqui pelos próximos três dias — respondeu Wyntor. — Vou acordá-lo pela manhã. Por enquanto, apenas você e Jenny trabalharão com ele. Seus turnos não mudarão.

— Certo — respondeu Trevor. — Precisa de algo?

— Não, pode ir. Bom trabalho hoje — disse Wyntor, enquanto passava por Trevor.

— Tudo bem. Pelo que vale, desejo um bom dia de trabalho — disse Trevor.

Wyntor deu um leve sorriso, assumindo que Trevor estava brincando.

Enquanto Trevor saía, Wyntor caminhou até outra Unidade de Contenção.

Ao abrir a porta, Wyntor olhou para o Caixão Gritante.

Agora, ele estava apenas deitado silenciosamente no centro da sala.

Aparentemente, estava digerindo um corpo.

A Unidade de Contenção já começava a ter um leve cheiro de cadáveres.

Afinal, os corpos nem sempre eram consumidos imediatamente pelo Caixão Gritante.

Além disso, a ventilação da Unidade de Contenção não era das melhores.

Wyntor olhou para o Caixão Gritante por um momento.

Bang!

Então, ele jogou o corpo de Horua diante dele, sem cerimônias.

Sua expressão era neutra.

Por um instante, Wyntor olhou para o corpo com uma expressão fria.

Aquele garoto havia sido um fardo para Nick por tempo demais.

Finalmente, Nick poderia seguir em frente.

Então, Wyntor se virou e deixou a Unidade de Contenção.

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