Volume 5 - Capítulo 106
Kill the Sun
Nick e Wyntor olhavam para Horua, prendendo a respiração.
O Líquido de Recuperação podia curar todos os tipos de lesões físicas e, se houvesse algo fisicamente errado com Horua, seria resolvido rapidamente.
Esses líquidos foram desenvolvidos para Extratores, o que significava que eram projetados para funcionar em pessoas várias vezes mais fortes que um humano comum.
Usar várias gotas em uma criança era um enorme desperdício, pois ela não poderia absorver tudo, mas Wyntor usou assim mesmo.
Os segundos passaram.
Nick aguardava, rangendo os dentes.
Seus sentimentos estavam fora de controle.
Horua não podia estar morto!
Tinha que funcionar!
Após cerca de 30 segundos, Wyntor colocou a mão no peito de Horua novamente.
— Nada — disse Wyntor, suspirando.
Nick sentiu o pânico e o medo aumentarem enquanto continuava olhando para Horua.
— Ainda pode funcionar! — disse Nick.
— Teoricamente, sim, mas algo assim é muito raro — respondeu Wyntor, levantando-se. — Sinto muito.
Ao ouvir o pedido de desculpas de Wyntor, Nick sentiu como se tivesse entrado em um pesadelo.
Era como se nada disso fosse real.
Isso não podia ser real, certo?
Nick continuava olhando para Horua.
Logo, Horua abriria os olhos, certo?
Seu coração voltaria a bater e sua respiração retornaria, certo?
Nick simplesmente olhava para Horua.
Os olhos de Horua ainda estavam abertos, mas haviam rolado para trás.
Seu corpo estava completamente relaxado.
“Ele vai acordar, certo? O Líquido de Recuperação ainda pode funcionar!”, pensou Nick.
Wyntor moveu-se para o canto da sala e se encostou na parede, com uma expressão triste.
Um minuto de silêncio passou.
Nick continuava olhando para Horua.
— Deixe ir — disse Wyntor. — Acabou.
— Ainda não — disse Nick, com urgência, enquanto continuava olhando para o corpo de Horua.
— Nick, já se passaram mais de dois minutos sem batimentos cardíacos. Acabou — disse Wyntor, suspirando.
Nick continuava observando o corpo de Horua sem responder.
Alguns segundos a mais se passaram.
— Você fez o seu melhor — disse Wyntor. — Mesmo que tenha terminado assim, você ainda fez a coisa certa.
Nick não respondeu.
— Talvez ele tivesse preferido a morte ao estado em que esteve nos últimos três meses — acrescentou Wyntor.
— Talvez seja melhor assim. Se ele tivesse sobrevivido, o que quer que ele tenha passado poderia ter sido demais para suportar.
— Se ele realmente tivesse sobrevivido, talvez até tivesse falado a Sentença.
— Talvez realmente não houvesse nada que pudéssemos ter feito.
Silêncio.
— Talvez o garoto tenha morrido há três meses — disse Wyntor lentamente.
— Ele tem um nome — disse Nick.
— Hã? — repetiu Wyntor, confuso.
— Ele tem um nome, sabia? — repetiu Nick, franzindo as sobrancelhas enquanto olhava para Wyntor. — Você sempre o chama de ‘o garoto’. Por que se recusa a chamá-lo pelo nome?
Wyntor ergueu uma sobrancelha com pena. — Você quer saber isso agora?
Nick rangeu os dentes enquanto sua raiva explodia.
No entanto, rapidamente percebeu que estava apenas desabafando.
Wyntor não havia feito nada de errado.
— Me desculpe — disse Nick, com a voz contida, enquanto olhava novamente para o corpo de Horua.
Vários segundos de silêncio se passaram.
Nick continuava olhando para Horua com esperança.
Logo, ele acordaria.
Mais dois minutos se passaram.
— Você não precisa ficar aqui — disse Nick. — Provavelmente tem algo para fazer.
— Não vou sair sem você — respondeu Wyntor.
Nick suspirou. — Não precisa se preocupar comigo.
— Não estou — respondeu Wyntor.
Nick franziu as sobrancelhas em confusão e olhou para Wyntor.
Wyntor fez um gesto na direção do Sonhador, que ainda estava parado no canto.
— Estou preocupado com ele. Não quero que você o ataque por raiva — disse Wyntor. — Confio na sua capacidade de superar isso, por isso não estou preocupado com você.
Ao ouvir isso, Nick rangeu os dentes enquanto olhava para o Sonhador.
Nick ainda se lembrava de como o Sonhador havia olhado para ele enquanto Horua gritava.
Era quase como se o Sonhador estivesse zombando de Nick!
Nick cerrou os punhos com tanta força que quase começou a sangrar.
— Nick — disse Wyntor, com uma voz séria. — O Sonhador não fez nada de errado.
— Como você sabe?! — disse Nick em voz alta.
— Porque não há razão para ele matar o garoto — respondeu Wyntor. — Além disso, ele não mostrou nenhum sinal de ataque a Horua.
— Mas você não viu como ele…
— Porque você gritou com ele! — interrompeu Wyntor, antes que Nick pudesse terminar.
Wyntor sabia muito bem o que Nick estava prestes a dizer.
— Ele zombou de mim! — gritou Nick, furioso.
— Ele olhou para você com confusão! — respondeu Wyntor, com uma voz séria. — Você gritou com toda sua força. É claro que ele olharia para você!
— Ainda mais, quando você avançou agressivamente, ele apenas recuou, sem nem se preparar para atacar! Caso contrário, o alarme teria disparado!
— O Sonhador tem sido cooperativo esse tempo todo!
— Embora ainda precisemos ter cuidado, já que é um Espectro, ele não fez nada de errado desta vez! — gritou Wyntor, com uma voz de reprimenda.
Nick rangeu os dentes.
Ele sentia que o Sonhador estava zombando dele.
Sentia que o Sonhador havia matado Horua deliberadamente.
Ainda assim, não conseguia argumentar contra a avaliação de Wyntor.
Wyntor estava certo.
Não parecia que o Sonhador havia matado Horua de propósito.
Nick só podia ranger os dentes e olhar para o corpo de Horua com choque, raiva, frustração e esperança.
Talvez, Horua ainda acordasse.
Cinco minutos de silêncio se passaram.
Horua não se mexeu.
Seu corpo estava ainda mais pálido do que antes.
Ninguém disse uma palavra.
— Deixe isso, Nick — disse Wyntor. — Não há razão para continuar aqui.
Nick cerrou ainda mais os punhos.
Não estava disposto a sair.
Não podia acreditar que Horua estava morto.
Depois de tudo o que havia feito nos últimos três meses, Horua ainda morreu?
Nick cuidou de Horua tão bem.
E agora, ele estava morto.
Os pensamentos de Nick, que se moviam rapidamente, pareciam se dispersar, deixando para trás fragmentos indistintos, mas calmos.
Isso não era real, certo?
Mais um minuto passou enquanto Nick continuava olhando para o corpo.
Como as coisas chegaram a esse ponto?