Volume 2 - Capítulo 11
Kill the Sun
Nick não fazia ideia de por onde começar.
Tudo já estava preparado, e agora, só precisavam de um Espectro.
Mas de onde eles conseguiriam um Espectro?
Os grandes Fabricantes de Zephyx sempre tinham várias pessoas procurando Espectros, enquanto Nick estava basicamente sozinho.
Claro, havia Wyntor, mas não era trabalho dele encontrar e capturar Espectros.
“Devo procurar um Espectro com lacaios? Quer dizer, eu sei sobre o Mosquito de Sangue e o Parasita, mas ambos são poderosos demais.”
“Espera, Espectros fracos têm lacaios, ou isso requer muito mais poder?”
Nick coçou a nuca enquanto olhava para o armazém.
“Existem três tipos de Espectros, e eu nem posso tentar pegar nenhum Espectro de Força. Isso só me deixa com os Espectros de Possessão e os Espectros Físicos.”
“Duvido muito que eu encontraria facilmente um Espectro de Possessão, já que os Fabricantes de Zephyx adoram esses. Pelo menos, foi o que Wyntor disse.”
“Isso significa que tenho que encontrar um Espectro Físico.”
“Mas onde?”
Nick coçou o lado da cabeça.
“Quer dizer, ouvi dizer que lá fora está basicamente cheio de Espectros, mas todo mundo sabe que o exterior é extremamente perigoso. Espectros de nível dois já conseguem danificar as paredes da Unidade de Contenção, enquanto eu nem consigo fazer um arranhão nelas. Obviamente, Espectros de nível três seriam ainda mais poderosos.”
“Não acho que sair da cidade seria uma ideia inteligente.”
Nick suspirou.
“Então, isso significa que estou preso procurando um Espectro Físico dentro da cidade.”
Nick ainda coçava o lado da cabeça.
No momento seguinte, ele se virou em direção aos Dregs.
“Talvez eu devesse começar a perguntar por aí?”
Depois de alguns segundos, Nick deu de ombros e caminhou em direção aos Dregs.
“Claro, por que não?”
Wyntor olhou pela janela para Nick, que se afastava.
“Espero que ele encontre um”, Wyntor pensou, com a testa franzida.
“E também espero que o que ele encontrar não seja muito forte.”
Depois de um tempo, os arredores de Nick ficaram cada vez mais sujos, fazendo-o sentir como se estivesse voltando para casa.
A Cidade Externa era um pouco limpa demais para Nick.
Quase parecia antinatural.
Eventualmente, Nick chegou ao mercado onde tinha passado meses sentado com sua placa.
Hoje não era dia de imposto, o que significava que o mercado estava relativamente normal.
As pessoas conversavam umas com as outras, mas ainda mantendo uma distância segura.
Afinal, todos poderiam ser potencialmente perigosos nos Dregs.
Nick coçou o lado da cabeça de novo.
Eventualmente, alguém por acaso cruzou olhares com Nick, e ele foi até essa pessoa.
A pessoa era um homem adulto magro, que parecia estar arrependido de ter acidentalmente olhado nos olhos de Nick naquele momento.
— Ei! — disse Nick com um tom amigável. — Estou procurando um Espectro.
No começo, o homem parecia irritado e desinteressado, mas quando ouviu a palavra Espectro, ficou nervoso.
— Um Espectro? Qual deles?! — perguntou com preocupação.
— Ahm, eu não sei exatamente? — Nick disse, incerto.
Isso confundiu o homem. — O quê? Mas você acabou de dizer que estava procurando por um!
— Quer dizer, sim — Nick respondeu com uma risada constrangida. — Veja bem, sou um novo Extrator Zephyx, e estou procurando meu primeiro Espectro, sabe?
Quando o homem ouviu isso, ele se acalmou um pouco, mas logo ficou com raiva.
— Então para de falar como se tivesse perdido um Espectro! Achei que estava em perigo ou algo assim! — ele gritou.
— Sim, sim, desculpa e tal — disse Nick, tentando soar simpático. — Então, tem alguma dica?
— Não — respondeu o homem, irritado — e mesmo se eu tivesse, por que eu daria isso para você? Eu contaria aos Investigadores. Pelo menos eles me dariam dinheiro suficiente para os próximos pagamentos.
Nick só pôde suspirar.
Os Investigadores eram pessoas que trabalhavam para os Fabricantes de Zephyx, e o trabalho deles era encontrar pistas sobre Espectros.
Naturalmente, alguns dos Fabricantes de Zephyx já haviam aberto um tipo de ponto de serviço onde os moradores da cidade poderiam fornecer pistas sobre Espectros.
E Nick?
O que Nick tinha a oferecer?
Literalmente nada.
— De qualquer forma, obrigado — disse Nick com um suspiro.
O homem bufou ao ouvir Nick. Aparentemente, ele ainda estava um pouco irritado com o susto que Nick lhe dera.
Nick deixou o homem para trás e foi até um vendedor de uma das barracas.
Esse vendedor basicamente disse a mesma coisa.
Ele estava irritado que Nick estivesse gastando seu tempo com conversa inútil e disse que simplesmente iria aos Investigadores se tivesse alguma pista.
Após perguntar a mais algumas pessoas, Nick percebeu que realmente não tinha muito a ganhar falando com elas.
Todos apenas contatariam os Investigadores devido ao dinheiro.
Claro, Nick poderia pedir algum dinheiro a Wyntor para pagar as pessoas, mas quantas realmente confiariam nas palavras de Nick e, mais importante, quantas pistas realmente levariam a Espectros?
Depois de mais de duas horas perguntando, Nick ainda não tinha encontrado nenhuma pista sobre um Espectro.
Eventualmente, Nick decidiu patrulhar.
As pessoas não eram de nenhuma ajuda mesmo.
Nick caminhou por vários becos pequenos e remotos, e o chão foi ficando cada vez mais instável.
Os Dregs eram grandes demais para o número de pessoas que viviam ali.
O problema era a quantidade de dinheiro em circulação e a comida disponível.
Teoricamente, se duas pessoas vivessem em uma casa, só essa parte dos Dregs poderia abrigar mais de 10.000 pessoas.
No entanto, mal havia 2.000.
Por causa disso, havia muitos lugares abandonados nos Dregs.
Normalmente, não havia motivo para ir lá.
Tudo o que valia a pena já tinha sido saqueado e roubado, enquanto Espectros caçavam humanos, o que significava que também eram mais propensos a estar entre os humanos.
E os Dregs abandonados basicamente não tinham humanos.
Ainda assim, Nick já estava sem opções, e essa era a melhor coisa que ele podia fazer no momento.
Talvez um Espectro tivesse seu ninho e esconderijo nas partes abandonadas e só aparecesse entre os humanos quando estivesse com fome?
— Ei!
Quando Nick ouviu essa voz, franziu o cenho.
— O que você quer? — Nick perguntou, irritado, olhando para uma das placas quebradas de metal enferrujado.
Um momento depois, a pequena cabeça de um rato apareceu em um buraco na placa.
— Ouvi dizer que você está procurando um Espectro fraco — disse o rato com um sorriso.
— Estou — Nick disse.
Naturalmente, Nick sabia exatamente com quem estava falando naquele momento.
O Parasita.
O Espectro que tentou convencê-lo a se matar.
— Eu conheço alguns — o rato disse com uma risada. — Interessado?
Nick levantou uma das sobrancelhas.
— Estou — disse ele, após alguma hesitação.
— Certo — disse o rato com um sorriso.
— Quero cinco corpos.
— Me traga cinco corpos que não foram mortos pela Enfermeira Alice, e eu direi onde você pode encontrar um apropriado.