Volume 1 - Capítulo 3.2

Capítulo 3.2: Fuga (3)

Ah, espera. Talvez isso tenha sido um exagero.

Me arrependi imediatamente do que disse. O que eu quis dizer com “interessante”? Provavelmente fui longe demais tentando criar uma atmosfera. Teria sido melhor apenas assentir e aceitar a oferta dele.

Ainda assim, estava a salvo, já que o rosto de Dayphon pareceu se iluminar um pouco por um instante.

Felizmente, minha sinceridade pareceu ter sido transmitida, e ele caminhou até a prisão.

Kang!

Uma força intangível desconhecida esmagou facilmente as restrições, que se espalharam pelo chão.

Só então pude recuperar minha liberdade.

Quando olhei para ele, ele não parecia ter achado nada estranho.

É, imagina só: o cara que matou o guerreiro era um fracote que nem conseguia quebrar um pedaço de metal?

“Cumprimento-o novamente formalmente. Sou Dayphon Cladinel, Chefe de Gabinete do Soberano, pertencente ao Castelo do Soberano da Monarquia Calderic.”

Chefe de Gabinete direto do Soberano?

*De alguma forma, a identidade é incrivelmente alta.*

Só então soube sua verdadeira identidade.

Não memorizei todos os nomes dos muitos NPCs em RaSa, então não conseguia me lembrar imediatamente dos nomes quando os ouvia.

Chefe de Gabinete do Soberano de Calderic. Ele era o auxiliar mais próximo do Soberano, e sua influência real era tão grande quanto a dos Nove Lordes.

Depois que ele terminou de falar, ele me encarou.

Era um olhar esperando por uma resposta.

Fiquei desconfortável. Eu nem sabia a quem este corpo pertencia, então como poderia me apresentar?

Após um momento de silêncio, finalmente pronunciei uma palavra curta.

“Ron.”

Não havia significado por trás disso. Apenas um nome que me veio à mente aleatoriamente em um instante.

Porque eu nem conseguia dizer meu nome verdadeiro — Seok Ja — neste mundo de fantasia de estilo ocidental.

Felizmente, Dayphon assentiu sem fazer mais perguntas.

“Ah, e desculpe-me, mas posso ficar com o cadáver do guerreiro?”

“…?”

“Provavelmente há alguém mais que possa querer isso. A posse do corpo, claro, pertence ao senhor Ron.”

*Não, eu não preciso disso.*

O que ele quis dizer com ter posse de um cadáver? Quem iria querer isso?

*Ah, será que ele está falando do Rei dos Mortos?*

De qualquer forma, era bom para mim, então respondi que ele podia cuidar disso do jeito que quisesse.

Depois de um breve agradecimento, Dayphon acenou a mão para o cadáver do guerreiro.

Então, uma aura escura surgiu e em um instante engoliu o cadáver sem deixar vestígios.

“Então, senhor Ron, levarei-o ao Castelo do Soberano agora mesmo. Vou teletransportá-lo, então por favor não resista à minha magia.”

Dayphon disse e estendeu a mão.

*Pensando bem, uma das habilidades do Chefe de Gabinete deve ter sido um teletransporte de ultra longa distância. Mas espera um minuto —*

…Para o castelo do Soberano agora mesmo?

Olhei para sua mão estendida com o coração tremendo, então agarrei-a e me levantei.

*Argh.*

Logo, o espaço ao redor se distorceu lentamente com uma suave luz azul, e por um instante, senti uma sensação como se meu corpo estivesse flutuando.

…Quase vomitei. Quanto tempo se passou? Dez segundos?

Quando minha visão ficou clara novamente, eu não estava mais na prisão de um comboio.

Pisquei os olhos, escondendo minha surpresa com a paisagem que mudou em um instante.

Um espaço comunal escuro e amplo.

Nas paredes em todas as direções, havia inúmeras pedras enormes que brilhavam em azul, e a luz emitida por elas se reunia bem abaixo dos pés para formar uma figura geométrica.

…Círculo mágico?

Olhei para ele desaparecendo lentamente, então levantei a cabeça e olhei ao redor.

Além do círculo mágico, os monstros com túnicas estavam imóveis como estátuas de pedra ao redor deles.

É como uma atmosfera de que algo aconteceria se alguém tentasse até mesmo se mover.

“Senhor Dayphon.”

Uma mulher vestida como uma mordoma se aproximou e inclinou a cabeça.

“Obrigado pelo seu trabalho árduo. Estou feliz que tenha voltado são e salvo.”

Naturalmente, meus olhos foram para suas orelhas pontudas. Uma elfa?

“E o Soberano?”

“Ela está em seu lugar. A reunião dos lordes começará em breve.”

“Voltamos em um momento muito oportuno.”

Depois de murmurar isso, Dayphon continuou conversando com a mulher que me olhou com um olhar interrogativo.

“Este é um nobre que apresentarei diretamente ao Soberano. Vamos fazer o nosso melhor para servi-lo.”

“…!”

Essas palavras obviamente a pegaram de surpresa, mas logo ela voltou à sua expressão impassível.

Então, com um braço dobrado, ela se curvou com o máximo respeito.

“Cometi uma falta de respeito. Meu nome é Caren.”

…Devo dizer que as coisas estavam se encaminhando na direção certa?

Mesmo depois de escapar do comboio, a situação ainda era frenética.

*Então… este é o castelo do Soberano de Calderic, certo?*

Nós realmente viajamos aquela longa distância do reino de Santea para Calderic de uma só vez?

E a partir de agora, teria que enfrentar o Soberano de Calderic?

Claro, de alguma forma eu já esperava isso, mas… imediatamente?

Eu me perguntei qual seria a reação de Dayphon se eu mudasse de ideia e dissesse que rejeitaria sua oferta?

Ao contrário do comboio anterior, esta era a base principal de Dayphon e o próprio centro das forças de Calderic.

Era muito otimista esperar que alguém me deixasse ir com um sorriso no rosto?

“Bem-vindo ao Castelo do Soberano de Calderic, senhor Ron.”

Dayphon, que não tinha como saber como eu me sentia, disse isso e eu só pude suspirar.

O preço de escapar de um navio afundando era entrar na cova do leão.

A Soberana de Calderic, Rashtain.

Além disso, mesmo na visão de mundo de RaSa, uma das líderes mais poderosas.

Ah, agora eu realmente não sabia o que fazer.

*Seja o que Deus quiser, eu acho?*