Volume 8 - Capítulo 754
De Bandido a Ídolo: Transmigrando para um Reality de Sobrevivência
O dia estava estranhamente brilhante, como se o universo estivesse debochando daqueles que lamentavam a morte da Vovó. O sol banhava a casa funerária com um brilho suave e quente, iluminando os inúmeros lírios brancos e crisântemos que enfeitavam o ambiente. Amigos e familiares enchiam o espaço, cada pessoa agarrada ao último pedido da Vovó: ninguém deveria chorar hoje. June estava bem atrás, cumprimentando os presentes com um sorriso forçado, mas respeitoso. Enquanto isso, os outros membros do EVE, junto com Jay, estavam na mesa do ritual, se servindo da comida que os amigos da Vovó haviam preparado. Ele não conseguia deixar de sorrir enquanto as velhinhas os elogiavam por apreciarem a comida. Elas haviam sido confidentes de June desde o dia da morte dela, o que ele agradecia. Haviam se passado apenas dois dias desde que a Vovó falecera, mas ela já estava sendo enterrada. Era mais um de seus desejos — não prolongar sua estadia na Terra por mais tempo. Parecia que ela estava completamente preparada para sua morte, já que tinha muitos desejos a serem cumpridos. Minjun estava na entrada com sua mãe e seu pai, que tiraram um tempo de seus empregos para comparecer ao funeral, para grande surpresa do rapaz. Minjun agarrava as mãos dos pais, os olhos vermelhos, mas secos, enquanto eles cumprimentavam os convidados na porta de entrada. Os murmúrios de conversas eram baixos, cheios de lembranças compartilhadas e expressões de condolências. June se moveu pela multidão, reconhecendo cada sorriso pesaroso. Seu coração doía, mas ele manteve a compostura, honrando os desejos da Vovó. Finalmente, chegou a hora do serviço começar. O ambiente ficou silencioso quando June tomou seu lugar na frente. Ele olhou para o mar de rostos, familiares e não familiares, e respirou fundo.
Lena olhou para ele, mas desviou o olhar rapidamente, quase como se não pudesse honrar um dos desejos da Vovó. "Obrigado a todos por estarem aqui hoje", começou ele. "A Vovó teria ficado tão feliz em ver tantos de seus entes queridos reunidos aqui." A plateia concordou com a cabeça. June fez uma pausa, reunindo seus pensamentos, e então continuou.
"Olá a todos. Para aqueles que talvez não me conheçam, eu sou June. O 'Nem-Tão' neto da Vovó", começou ele, um sorriso gentil puxando seus lábios. "Nós não éramos parentes de sangue, mas ela me aceitou de todo o coração em sua vida, e por isso, sou eternamente grato."
Ele olhou em volta da sala, observando os acenos de compreensão dos presentes. "A Vovó sabia que hoje seria difícil para todos nós, e ela deixou claro que não queria que chorássemos. Embora ela provavelmente soubesse que seria impossível seguir essa regra, já que seu próximo desejo era que eu fizesse o discurso durante o serviço."
Os presentes riram baixinho, e os membros do EVE, com as bochechas ainda cheias de comida, sorriram divertidos, já que estavam familiarizados com os discursos comoventes de June. "No entanto, antes de dizer o que está em minha mente, permitam-me ler algo." June fez uma pausa, colocando a mão no bolso e tirando um pedaço de papel. "A Vovó deixou algo para eu ler hoje, uma mensagem que ela confiou ao Dr. Oh para me entregar", disse ele, ainda se lembrando de como o médico lhe dera depois que ele chorara litros no hospital. "Eu ainda não li, então isso é uma surpresa para todos nós", continuou. As sobrancelhas de Lena se franziram. Ela não sabia disso, e o fato de a Vovó ter confiado uma carta importante a June devia significar que ele era muito importante em sua vida.
Desdobrando o papel, June começou a ler em voz alta. "Para meus vizinhos", leu ele, uma risada escapando de seus lábios, "vocês não provarão mais minha comida e continuarão com a comida de vocês, sem graça."
O ambiente se encheu de risos suaves, um alívio gentil da tensão que os havia dominado a todos.
"Para minhas amigas", June continuou, "vocês estão felizes que poderão ganhar no Mahjong agora."
Mais risadinhas, acompanhadas de acenos de cabeça e sorrisos cúmplices.
"Para meu genro", leu ele, "você não precisa mais me dar mesada. Embora eu nunca realmente tenha precisado."
O humor em suas palavras trouxe calor ao ambiente, lembrando-os de sua natureza brincalhona.
"Para minha filha", a voz de June se suavizou, "você não precisa mais voltar só por minha causa. Esta será a última vez. Você raramente estava aqui, então espero que você fique mais com o Minjun."
Um silêncio sombrio se instalou. "Para meus netos", June leu, sua voz quebrando levemente, "eu os amarei não importa o quê." Ele fez uma pausa por um momento antes de fazer uma piada.
"Bem, parece haver um viés aí", acrescentou ele com um sorriso suave.
Ele continuou, sua voz cheia de afeição, "June, espero que você se cuide. E Minjun, não seja travesso agora. Sua avó não está mais aí para te repreender."
Respirando fundo, June leu as linhas finais, seus olhos brilhando. "E por último, não me guardem rancor. Estou em um lugar melhor." Dobrando o papel cuidadosamente, June olhou para os rostos reunidos. "A Vovó queria que nos lembrássemos dela com alegria e amor, não com lágrimas e tristeza. Ela queria que celebrássemos sua vida, não lamentássemos sua partida."
Ele fez uma pausa, reunindo seus pensamentos. "A Vovó foi uma mulher extraordinária que tocou muitas vidas. Sua sabedoria, sua bondade e seu amor permanecerão conosco para sempre. Ela acreditava que a morte não era um fim, mas um novo começo. Hoje, honramos seus desejos celebrando a vida que ela viveu... não a que ela perdeu."
Com essas palavras finais, June deu um passo para trás, permitindo que o diretor do funeral assumisse. Os coveiros, incluindo Minjun, se aproximaram do caixão. Ao erguê-lo, June sentiu uma profunda pontada de tristeza, mas manteve a cabeça erguida. Eles seguiram para fora, onde o caixão foi gentilmente colocado no chão. June ficou ao lado de Minjun, segurando sua mão firmemente. No entanto, Lena gentilmente puxou Minjun para longe de June. Então, ela olhou furiosa para o ídolo, o que deixou June ainda mais confuso. June voltou à realidade quando a lápide foi erguida, permitindo que ele visse um nome tão bonito. Areum Na. Então, ele quebrou uma das regras da Vovó. Uma única lágrima caiu de seus olhos. Era a primeira vez que ele sabia seu nome... ...e aconteceu quando ela se foi.