
Capítulo 1036
De Bandido a Idol: Transmigrando para um Reality de Sobrevivência
June se aproximou de Haruki, que parecia ainda estar curtindo o processo de audições. June não sabia quantas pessoas já tinham cantado e dançado, mas só sabia que estava exausto.
— Quanto tempo falta para acabar isso? — perguntou ele.
Haruki olhou para o relógio e murmurou uma melodia. — Bem, eu também estava aqui no ano passado. Terminou por volta do anoitecer.
— Anoitecer?! — exclamou June, sem conseguir baixar a voz.
Jay, junto com a diretoria, se virou para ele com olhares curiosos.
June suspirou e passou os dedos pelos cabelos.
— Em que eu me meti? — resmungou. Era só tarde da tarde! Eles ainda iriam começar a ensaiar para as apresentações de fim de ano amanhã também.
No entanto, mesmo cansado, June se esforçava para se concentrar nas apresentações. Ele sabia que muitos dos aspirantes a artistas tinham reunido coragem para ir à audição.
Provavelmente não tinha sido uma decisão fácil, então o mínimo que June podia fazer era assistir às apresentações com sinceridade, não importava o quão difícil fosse.
Como Haruki disse, as audições se estenderam até tarde da noite. Já tinha passado da hora do jantar e a maioria dos presentes estava esgotada.
Os executivos na mesa estavam agora encolhidos em suas cadeiras. As xícaras de café na frente deles estavam vazias, e seus olhos se voltavam mais para o relógio do que para o palco.
O último grupo de candidatos se esquivava nervosamente nos bastidores, esperando sua vez.
June franziu os lábios. Eles também deviam ter esperado muito tempo.
— Vamos lá — sussurrou ele, se esforçando para se manter acordado para o último grupo do dia.
Eles começaram a se apresentar um por um, e, como a maioria dos aspirantes, muitos deles não tinham o fator estrela que a Phoenix procurava.
Até que um rapaz se apresentou.
Ele parecia fora do lugar — muito simples, quase esquecível.
Suas roupas eram simples, uma camisa branca de botões por dentro de jeans desgastados. Uma guitarra estava pendurada em seu ombro, com a alça desfiada nas bordas.
Ele não irradiava a confiança brilhante que tantos antes dele haviam tentado projetar.
Em vez disso, ele parecia pé no chão, como se pertencesse a um mundo distante da indústria do entretenimento.
June ajustou sua postura, intrigado. Ele olhou para o perfil na sua frente. O nome "Ivan Lee" estava rabiscado no topo, seguido por uma breve biografia. Ele percorreu os detalhes, murmurando baixinho.
—"Ivan Lee" — leu em voz alta, batendo levemente no papel. — "Esse é o nome artístico dele. Ele tem 17 anos. Certo, isso é bom o suficiente" — continuou.
Seus olhos se desviaram para a próxima seção, e suas sobrancelhas se franziram levemente. — "Veio do interior... um fazendeiro."
Os executivos trocaram olhares cansados, mal olhando para Ivan.
June percebeu e sentiu-se levemente irritado. Não importava o quão tarde fosse — todos mereciam atenção.
Ele estava até mesmo lutando contra o próprio sono! Mas mais do que isso, havia algo em Ivan.
Ivan fez uma reverência educada. — Boa noite. Meu nome é Ivan Lee, e vou apresentar uma música que compus chamada "Uma Vida Simples".
Um dos executivos reprimiu um bocejo, recostando-se na cadeira. — Outra música original — resmungou baixinho.
Os olhos de June se estreitaram. Ignorando os murmúrios, ele se aproximou. Ivan ajustou a alça, tocou sua guitarra uma vez e começou.
—"Acordo com o sol da manhã,
Sinto a terra sob meus pés.
O ar é puro, o mundo está quieto,
E isso é tudo que preciso."
Ele soltou um pequeno suspiro antes de continuar.
—"Sem luzes brilhantes, sem corredores lotados,
Sem pressa durante o dia.
Apenas noites calmas e céus pacíficos,
Onde posso encontrar meu caminho."
O refrão veio, e June sentiu como se estivesse sendo transportado para a vida simples que Ivan estava cantando.
—"Me dê campos verdes e céus azuis,
Um lar para guardar, um coração verdadeiro.
Não preciso de riquezas, fama ou disputas,
Só deixe-me viver uma vida simples."
A melodia era simples. Era despojada em sua simplicidade, mas havia algo magnético nela.
A voz de Ivan não era a mais poderosa, mas carregava sinceridade.
Os executivos, apesar do cansaço, pareciam se sentar um pouco mais eretos.
June não se moveu. Seus olhos estavam fixos em Ivan, absorvendo cada nota.
A letra também não era revolucionária, mas pintava uma imagem vívida.
O acorde final pairou no ar. Ivan deu um passo para trás, curvando-se novamente. — Obrigado — disse ele baixinho.
Por um momento, o ambiente ficou silencioso. Então, um dos executivos suspirou, rabiscando algo em suas anotações.
— Bem, ele tem um tom agradável — murmurou alguém com desdém.
— Muito simples — disse outro. — Não é comercial o suficiente.
— Nada de especial — acrescentou um terceiro, já virando para o próximo perfil.
June sentiu um acesso de raiva, mas manteve sua expressão neutra. Ele observou Ivan recuar, os ombros levemente encolhidos.
Quando o último candidato terminou, um dos executivos bateu as mãos. — Certo, é isso. Vamos encerrar. Honestamente, ninguém realmente se destacou no último grupo.
— Eu não diria isso — disse June, sua voz cortando a conversa.
Todos se viraram para ele, surpresos. Jay, sentado ao seu lado, ergueu uma sobrancelha.
— Hein?
June se recostou na cadeira, os braços cruzados. — Ivan Lee.
Um dos executivos da diretoria soltou uma risada curta. — O garoto fazendeiro? Você está brincando, né?
— Não estou — respondeu June firmemente. — Tem algo nele.
Outro executivo gemeu. — June, eu entendo. Você está cansado; nós todos estamos cansados. Mas vamos lá. Ele não é material para ídolo. A música dele foi boa, mas não é o suficiente.
June se levantou, colocando as mãos na mesa. — Não o suficiente? Vocês nem o ouviram direito? Aquela música não foi apenas boa — foi honesta. Vocês sabem o quão raro isso é? Ele não está tentando impressionar ninguém com técnicas brilhantes ou faixas superproduzidas. Ele é real. E nós precisamos disso.
Eles ainda pareciam céticos. — Real não vende, June.
— Vai vender — respondeu June. — Porque as pessoas estão buscando autenticidade. Vocês o deixam ir, e eu garanto que vão se arrepender.
O ambiente ficou silencioso. Jay o observou por um momento, depois se recostou na cadeira, um sorriso malicioso nos lábios. — Você está mesmo se arriscando por esse cara, hein?
June não recuou. — Estou. E estou certo.
Jay expirou fortemente, balançando a cabeça. — Tudo bem. Você acredita nele tanto assim? Ele está dentro.
June assentiu, sentindo uma sensação de satisfação.
Bem, parecia que o futuro da Phoenix não seria tão ruim.