Casamento Predatório

Volume 1 - Capítulo 2

Casamento Predatório

Os olhos de Blair tremeram de raiva. Lentamente, ele abaixou a mão e se aproximou.

“Nunca pense que esse casamento vai te deixar escapar de mim.” A um fio de cabelo de distância deles, um sussurro cheio de desprezo penetrou o ouvido de Leah como se fosse uma cobra. “No dia em que eu subir ao trono... serei o primeiro a te trazer de volta para cá, para a capital.”

Era uma ameaça, mas Leah não sentiu medo. Em vez disso, um leve riso escapou de seus lábios, atingindo o príncipe em cheio. Ela queria responder, mas percebeu que trocar palavras com alguém insensato seria um desperdício de tempo. Sem se despedir, entrou na carruagem, ignorando-o completamente.

Quando a porta da carruagem se fechou, Blair gritou e bateu na porta com os punhos. Mas Leah não conseguiu mais ouvir seus impropérios e insultos intermináveis — ela simplesmente escolheu não ouvir. Diga o que disser o príncipe, suas palavras eram fúteis — uma lança de madeira contra aço.

A carruagem se moveu e, com o girar das rodas, uma lágrima rolou dos olhos de Leah. Ela abriu ligeiramente a cortina e olhou pela janela. O palácio de Estia estava se afastando rapidamente de sua vista, de seu alcance…

Era o lugar onde ela viveu a vida toda, mas não sentia arrependimento ou tristeza. Leah nunca pertenceu a aquele lugar desde o início.

No entanto, havia sentimentos persistentes que a incomodavam.

“…”

Ela mordeu o lábio inferior e fechou a cortina com um suspiro. Ela não sabia por que continuava pensando nele, um homem arrogante, indisciplinado e enigmático.

Pelo que ela soube, o bruto deixou o palácio um dia antes. Ah! Ela se repreendeu mentalmente. Era tolice da sua parte sentir falta de um relacionamento já acabado. Mas, enquanto se amaldiçoava por ser boba, ainda não conseguia se livrar da enxurrada de pensamentos.

Enquanto perdida em suas divagações, a carruagem deixou a capital e chegou à periferia. As casas desapareceram; o que os recebeu foi uma planície aberta e cheia de grama. Era uma cena linda, mas não a agradou nem um pouco. Em vez disso, Leah simplesmente se deixou cair no assento, miseravelmente.

Ela desejava que o tempo passasse rápido para que sua vida chata e inútil terminasse mais cedo. Sem nada mais para fazer, ela deixou os olhos pesarem, quando, de repente, sentiu uma mudança no vento.

Uma trombeta soou em meio à tranquilidade que reinava. Seu som ensurdecedor fez Leah se sentar imediatamente, os cabelos arrepiados. Seguindo o rugido da primeira trombeta, os outros instrumentos foram disparando um após o outro. Seu coração disparou com os ruídos caóticos que se espalharam pelas planícies outrora pacíficas.

Leah puxou as cortinas e olhou pela janela. Ao ver o que a esperava, engoliu em seco. Dezenas de homens a cavalo vinham em direção a eles. Os cavaleiros reais que guardavam sua carruagem gritaram apressadamente.

“É uma emboscada!”

A partir desse momento, a carruagem começou a andar de forma irregular. Mas os movimentos dos perseguidores eram surpreendentemente ágeis. Eles simplesmente alcançaram a procissão e cercaram o perímetro. Os sons penetrantes dos instrumentos e os gritos se misturavam no ar. Espadas de ferro desembainhadas ecoavam por toda parte.

Do nada, uma corda voou e envolveu o pescoço do cavaleiro que guardava Leah do lado de fora da carruagem em movimento. Ele então caiu miseravelmente do cavalo, sua cabeça batendo no chão grotescamente.

Flechas choveram, cortando o vento em sucessão. Cavalos frenéticos chutavam e se descontrolavam.

Ao olhar pela janela, ela viu o cocheiro cair no chão. Leah fechou os olhos com força. A carruagem, com apenas o cavalo a puxando, tremeu terrivelmente. Em pouco tempo, seu mundo inteiro virou de cabeça para baixo.

“…”

Ela ofegou. A carruagem estava horrivelmente tombada, as rodas quebradas, a porta rasgada. Além dos arranhões que marcaram sua pele, foi uma sorte que ela tenha sobrevivido ilesa ao acidente. Só que ela estava tonta, e quando finalmente recuperou a consciência, Leah empurrou a porta quebrada da carruagem para longe.

Saindo do veículo destruído, ela encontrou o vento frio que já cheirava a sangue. Sua cabeça latejava enquanto ela olhava ao redor. Cavaleiros reais lutavam contra seus perseguidores em meio a um mar de sangue. Mas era uma batalha sem sentido. Os cavaleiros reais foram varridos em vão, como se não fossem nada. Um cavaleiro rugiu com voz sangrenta.

“Como ousam, selvagens…”

Ele não conseguiu terminar a frase. Uma lâmina curva e afiada penetrou seu pescoço. De sua garganta, o sangue escorria para a grama. Ao ver a cena horrível, Leah tampou a boca com as mãos, sufocando um grito.

As imagens dos invasores ficaram gravadas em sua visão. Olhos de alta cromatização, cabelos escuros e tatuagens em pele bronzeada.

Os homens que atacaram a procissão real eram selvagens, os Kurkans.

Entre os homens bestiais, uma figura proeminente surgiu. O homem alto montado em um cavalo gigante se aproximou de Leah.

Sob os cabelos castanho-escuros desgrenhados, um olho dourado e ardente perfurou Leah. No momento em que seus olhares se encontraram, Leah sentiu o ar lhe ser arrancado. Sem fôlego, abriu os lábios.

“Por quê…”

Seu sussurro, mal pronunciado com a voz quebrada, foi rapidamente abafado pelo riso do homem.

“Você não se lembra?”

Esticando a mão, ele tirou Leah do chão e a colocou em seu cavalo, de frente para ele. Em resistência, Leah torceu o corpo, mas foi simplesmente dominada pela força do homem. Uma mão grande agarrou sua cintura com firmeza, de modo que ela só conseguia se mexer sem efeito algum.

Com um sorriso malicioso, o homem atrás dela murmurou perto de sua cabeça. Suas palavras lhe enviaram arrepios pela espinha.

“Eu te disse que iria arruinar sua vida.”

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