Casamento Predatório

Capítulo 27

Casamento Predatório

Além de exibir um comportamento desconcertante, foi uma desculpa esfarrapada.

“Se essa é a razão pela qual veio aqui, devo dizer que você é realmente intrépida.”

“De fato, sou. Até entrei em território inimigo. Mas você também foi corajosa, sabe? Você faz coisas ousadas, e parece acostumada a sair por aí.” Ele se certificou de arrastar as últimas palavras.

“Há coisas que devem ser mantidas em privado, sabe.” Leah mexeu na bainha de sua capa enquanto falava baixinho.

“A conferência de boas-vindas para os Kurkans será amanhã”, ela disparou.

Sentindo seu desconforto, os olhos de Ishakan se estreitaram em forma de meia-lua. “Vou deixá-la voltar antes do sol nascer. Até lá, você deve ficar comigo.”

Obrigada e arrastada por Ishakan, Leah seguiu para o centro da cidade.

No início, ela caminhou relutante. No entanto, seu passo aumentou lentamente enquanto ela começava a vagar pela área. Os olhos que só olhavam para a frente agora percorriam brilhantemente as vistas da rua.

Era a primeira vez que ela estava do lado de fora sem nenhum objetivo em mente. Parecia estranho e desconfortável, vagar por puro prazer.

Como uma criança estabanada, Leah espiou tudo freneticamente. Ela inconscientemente seguiu o delicioso cheiro de comida, que a levou a uma barraca de comida de rua. Ao se aproximar da banca, ela recuou, assustada.

A tentação na forma de deliciosos bolinhos de carne grelhados no espeto bombardeou seus sentidos. Ela não esperava esse tipo de ataque naquela noite. Lentamente, ela se forçou a manter distância, ignorando o seu tenaz aroma apetitoso.

Por outro lado, o rei dos Kurkans ficou de braços cruzados.

Em contraste com o ato de arrastá-la à força para a cidade, ele a deixou sozinha quando chegaram à praça, dando-lhe a liberdade de absorver tudo sozinha, sem restrições.

Pacientemente, ele apenas a observava de longe, mas não desviou seu olhar penetrante dela nem por um instante.

Leah estava profundamente absorta em seu ambiente movimentado quando Ishakan empurrou algo na sua frente, fazendo-a congelar no lugar.

Era o bolinho de carne grelhado que ela havia ficado observando há algum tempo! Era carne de porco moída, moldada em bolinha e espetada em um palito. Enquanto grelhava, o cheiro apetitoso e saboroso se difundia no ar. O molho foi salpicado por cima, fazendo-a salivar ainda mais.

“Coma isso.”

“Nós não combinamos que você pegaria tudo o que eu desse?” Ela babou. Era porque ela não tinha comido nada o dia todo. Seu estômago roncou ao ver aquilo.

No entanto, ela lembrou que teria que usar um vestido justo na frente de Cerdina na manhã seguinte. Ela se perguntou se tinha cometido um erro ao comer os tâmaras.

Ela queria recusar, mas a tentação era intensa. Mesmo que fechasse os olhos e virasse a cabeça para o lado, ela não conseguiria resistir.

Talvez só uma mordida…

Então, ela levou cuidadosamente o espeto à boca. Ao morder a carne macia, a superfície dourada grelhada se rasgou, de onde escorreu o suco.

No momento em que provou, ela não conseguiu parar de comer mais.

“A família real de Estia é pobre? Acho que apenas vender uma pintura seria suficiente para alimentá-la por meses.” Ishakan resmungou, mas Leah não ouviu nenhuma de suas palavras. Em vez disso, ela devorou sua comida, concentrada.

Logo, ela voltou a si, e ficou chocada com o ato selvagem que acabara de cometer.

Eu comi o espeto inteiro!

Uma sensação de vergonha a envolveu. Ela não conseguia acreditar que não havia exercido autocontrole — comendo o espeto inteiro sozinha! Além disso, ela agiu como uma mendiga que recebera esmolas.

Ishakan sorriu ao ver Leah com uma expressão devastada no rosto, enquanto todo o molho saboroso ainda estava borrado em sua boca.

“Você não precisa fazer uma cara como se o mundo tivesse acabado.”

“Mas eu preciso usar um vestido amanhã…”

Ela mordeu o lábio inferior, agitada. Ishakan estendeu as mãos, e suas pontas de dedos grossas esfregaram seus lábios.

“Não morda os lábios. Vai ser um desperdício.” Ele limpou o molho restante de sua boca e o provou. A maneira como ele passou a língua era tão natural e… sensual que Leah ficou sem saber como reagir.

Percebendo tarde demais, ela gritou com seus pensamentos mais íntimos. Ela não podia acreditar que Ishakan quebrou todo o decoro apropriado que ela aprendera desde o nascimento.

“Comer apenas um espeto não afetaria sua figura. Você é tão magra!” Ishakan pegou o espeto vazio dela e indiferentemente disse uma palavra.

“Está tudo bem.”

“….”

Suas palavras ficaram na cabeça dela. Leah apertou a bainha de suas mangas enquanto dizia: “Eu preciso saber por que você está fazendo isso comigo.”

Como ele podia dizer que não era grande coisa? Era contra as ordens e regras que ela vinha seguindo durante toda a sua vida.

Medo. Ela se sentia cautelosa com ele — um intruso que intencionalmente invadiu a fronteira. Leah nunca tinha faltado de advertência. Neste momento, ela era um ouriço coberto de espinhos, que alertava o predador que espreitava perto.

“Você está sentindo pena de mim? Ou você só precisa de mais um caso de uma noite —” Ela não conseguiu terminar suas palavras porque Ishakan caiu na gargalhada. Ele riu como se tivesse ouvido uma piada hilária.

“Caso de uma noite? Você está esperando por isso? Eu não pensei… Ah, eu era tão ingênuo…”

Ele está longe de ser ingênuo, Leah franziu a testa. A palavra não combina com ele.

Então, ele fez uma pergunta sem vergonha. “Caso de uma noite… Você quer outro?”