
Capítulo 14
Casamento Predatório
O reino de Estia, localizado no sudoeste do continente, era famoso por sua cultura e arte. Na verdade, a maioria dos artistas consagrados da história pertencia a esse vasto reino.
Esses grandes artistas amavam tanto sua terra natal que não hesitavam em dedicar seus trabalhos à sua amada família real.
Refletindo a essência do reino esteticamente belo estava seu palácio, localizado em seu coração. Um ápice da arte, o castelo de Estia também não decepcionava. Segundo os historiadores, era de tirar o fôlego — uma visão deslumbrante.
Foi construído com tijolos vermelhos e pedras cinzas e pintado com um verniz especial que brilhava graciosamente sob o sol. Só o belo exterior já era espetacular, mas o interior era ainda mais magnífico.
Colunas verticais elegantes e longos corredores levavam a dezenas de cômodos, cada um embelezado com mármore branco e outras pedras coloridas, ouro e gemas.
Além disso, os salões eram adornados com belas obras-primas — esculturas e pinturas feitas por artistas notáveis. Que pena, porém, que a família real pouco se importava com elas. Eram meros enfeites e não mereciam nenhum cuidado, e assim, foram se deteriorando com o tempo.
No entanto, todos sabiam que, ao contrário da casca esplêndida do palácio, os humanos em seu núcleo eram miseráveis.
Os nobres não temiam mais o rei — o governante de Estia já fora altamente respeitado e até considerado tão poderoso quanto o sol. Mas agora, ele era pálido em comparação a uma simples lamparina.
Teimoso como era, o rei se agarrava ao seu orgulho sem sentido e fechava os olhos para a realidade, mesmo quando seu poder soberano atingiu o fundo do poço.
O noivado da princesa real foi uma clara indicação da queda da família real. Byun Gyeongbaek, de Oberde, só queria a Princesa Leah, e a família real a havia rapidamente "vendido" — sem objeções e considerações cuidadosas.
O poder militar de Byun Gyeongbaek, de Oberde, protegia a fronteira dos Kurkans — um poder que deveria pertencer ao rei da nação. Para exibir sua riqueza e supremacia, ele usava roupas roxas — algo que somente a realeza podia e *deveria* usar.
O corante roxo era uma mercadoria rara e preciosa no reino — ele só podia ser extraído esmagando milhares de conchas de caracóis que viviam em águas quentes.
Além disso, o corante obtido esmagando mil desses pequenos animais era suficiente para tingir apenas um pequeno pedaço de tecido.
E como Byun Gyeongbaek monopolizava o fornecimento do corante, havia momentos em que até mesmo a família real não conseguia obtê-lo.
A arrogância de Byun Gyeongbaek era criticada por muitos, mas eles só podiam falar pelas costas. Ninguém ousava desafiá-lo abertamente.
O rei impotente da família real nem podia sonhar em pará-lo. Na verdade, seria mais lógico chamar Byun Gyeongbaek de rei.
“… Princesa, devo chamar a nova carruagem?”
Leah voltou a si ao ouvir a voz da Condessa Melissa. O sorriso da condessa suavizou, olhando para a princesa. Ela sabia que Leah estava perdida em seus pensamentos, então a acordou de seu estado de atordoamento de forma cortês.
“Obrigada, Condessa.”
Leah não podia acreditar que havia se distraído no meio do seu trabalho. Ela só podia se culpar, mas não tinha escolha. Tudo por causa da mensagem que Cerdina enviou por um servo naquela manhã.
-Faz tempo que não jantamos juntas. Tenho um presente para você, então venha ao Palácio da Rainha.
Um jantar com Cerdina…
Era o pior pesadelo de Leah. Ela tentou esconder, mas desde o momento em que recebeu a mensagem, estava nervosa.
Ela mordeu a língua sem querer. Não era hora de pensar nessas coisas. A Condessa Melissa não era a única com ela. O ministro das finanças e o conde da corte também a acompanhavam. Leah tentou acalmar seus nervos e se concentrar novamente em seu trabalho.
Neste momento, ela estava revisando o trabalho dos funcionários do palácio real. Como estava encarregada da maior parte dos assuntos reais, estava atribuindo tarefas e dando instruções sobre os detalhes para compensar o tempo que seria perdido devido ao casamento.
A família real pode ter abandonado Leah, mas o povo era inocente. Ela queria cumprir suas responsabilidades até o fim.
“Estou pensando em reorganizar o sistema tributário uma última vez antes de deixar o palácio.”
Leah distribuiu os documentos que havia preparado previamente. Ela os entregou a Laurent, o ministro das finanças, que suspirou e os passou para o Conde Valtein.
A expressão do Conde Valtein imediatamente ficou séria. Ele murmurou, acariciando seu belo bigode.
“Acho que haverá muita resistência da Grã-Bretanha, especialmente de Byun Gyeongbaek, de Oberde…”
O Conde Valtein queria dizer mais, mas se conteve a tempo. Muito atenta, Leah conseguiu perceber sua expressão. A Condessa Melissa estava lançando olhares fulminantes para o conde, pois estava ao lado dele. Para Leah e seus subordinados, Byun Gyeongbaek era nada menos que um inimigo.
“Condessa.”
“Minhas desculpas, Princesa.”
Só quando Leah a chamou a Condessa Melissa parou de "atirar facas" no conde. Impassível à troca entre os dois, Leah olhou para o Conde Valtein enquanto ele continuava falando.
“Continue.”
Sua voz fria não continha emoções. O Conde Valtein continuou falando cuidadosamente.
“Byun Gyeongbaek recentemente usou os bárbaros como desculpa para pedir uma redução dos impostos impostos a Oberde.”
Leah franziu a testa. A maior razão por trás do poder de Byun Gyeongbaek eram os Kurkans; ele os usava como desculpa para desfrutar de todos os tipos de benefícios exclusivos. Embora já desfrutasse de inúmeros privilégios em comparação com os outros governantes, ele vigorosamente continuava pedindo mais.
Enquanto Leah mergulhava sua pena na tinta, abriu a boca.
“Não há fim para sua ganância. Neste ponto, uma invasão dos Kurkans nos beneficiaria mais.”
O Conde Valtein e Laurent limparam a garganta em coro. Leah tentou esconder um sorriso divertido enquanto a Condessa Melissa ria alto com o desconforto deles.
“Seu secretário não se comunica com eles? Primeiro, vamos verificar se Oberde precisa dos cortes de impostos. Tomaremos a decisão com base nessas descobertas.”
“Certo, princesa. Procederemos como a senhora disse.”
Laurent respondeu educadamente. Leah hesitou em assinar o documento e murmurou amargamente para si mesma.
“Ou talvez seja melhor se eu mesma for a Oberde.”
…
O silêncio encheu o escritório. Suas palavras inconscientes criaram uma atmosfera pesada. Ela sentiu-se ficar imóvel — arrependeu-se de ter deixado escapar seus pensamentos assim. Agora, a atmosfera estava desconfortável e sufocante.
Felizmente, uma voz de fora interveio, quebrando a tensão.
“Sua Alteza Real, é a Baronesa Sinael.”
“Por favor, entre.”
Mas assim que Leah viu o semblante ansioso da baronesa, preparou-se para más notícias. No entanto, sua aparência calma não se desfez.
A Baronesa Sinael trabalhava no palácio principal, e suas visitas sempre significavam más notícias. Ela entrou no escritório, com o rosto pálido e cansado. Todos os olhos estavam fixos nela enquanto ela apertava os lados de seu longo vestido.
“Os bárbaros… enviaram uma carta ao palácio real.”
…!
Leah saltou de sua cadeira enquanto todos olhavam para a Baronesa Sinael com terror nos olhos.
“Diz: ‘Gostaria de ter relações amigáveis com Estia. Assim, gostaria de enviar um enviado para a conferência para uma reunião…’”
Sinael prendeu a respiração por um momento e então disse com voz trêmula.
“O rei bárbaro disse que lideraria os enviados e visitaria Estia pessoalmente.”