Capítulo 27

Silêncio…

A palavra ‘príncipe herdeiro’ era quase um tabu dentro dos muros da mansão.

Aqueles olhos vermelhos pareciam prontos para me matar a qualquer momento.

Meu pescoço havia sarado, mas começou a doer novamente só de pensar nele.

Eu não podia recusar os convites da realeza sem uma boa justificativa.

Minhas mãos formaram um punho e continuaram a tremer.

“…… O que o pai disse sobre isso?”

“Isso é…… .”

O mordomo hesitou.

“Só chegou até você, senhora Penelope. O convite não foi enviado para mais ninguém aqui além de você…… Portanto, sua graça ainda não sabe.”

“Droga……!”

Com um estrondo, não consegui mais fingir que aquilo não me incomodava enquanto batia na mesa e me levantava.

“S-segundo!”

Emily e o mordomo me olharam com terror por causa do convite.

Mas eu não podia me importar com o olhar deles naquele momento.

‘Ele está completamente fora de si, aquele desgraçado! Ele é muito mais insano do que o jogo me mostrou!’

Aquele desgraçado não se esqueceu de mim. Esquecer? Nem pensar, ele provavelmente está fazendo isso de propósito por causa disso.

Provavelmente para acabar com a minha vida.

– Você terá que explicar especificamente por que e como começou a gostar de mim da próxima vez que nos encontrarmos.

Eu tremi de medo ao lembrar o que ele havia me dito naquela ocasião.

‘Isso não fazia parte de um episódio, seu jogo insano!’

Entrei em pânico ao lembrar da história do jogo.

Mas não importava o quanto eu buscasse em minhas memórias…

Ah, certo, eu nunca consegui sair do labirinto do jardim viva no jogo, não é mesmo?

“O que eu faço com o convite, senhora?”

O mordomo perguntou cautelosamente.

“Hahh…… O que você quer dizer com o que fazer?”

Soltei um grande suspiro enquanto passava a mão pelos cabelos.

“Estou doente.”

Voltei a sentar na cadeira e me inclinei para trás em busca de apoio.

Na verdade, eu sentia como se estivesse derretendo por uma doença que não tinha um momento atrás.

“Estou com febre muito alta, mordomo.”

Falei com os olhos semi-fechados.

Ele pareceu um pouco atordoado por um momento, mas realmente só por um momento.

“É realmente uma pena que nossa senhora esteja doente assim. É por causa do frio?”

O mordomo era um profissional que trabalhava há décadas nesta mansão e imediatamente perguntou a razão.

(NOTA: O mordomo está perguntando isso porque sabe que Penelope não está realmente doente, mas está dando uma desculpa para não comparecer à festa.)

“Seria melhor dizer que ainda estou com os efeitos colaterais daquele incidente.”

“Entendido, senhora.”

O mordomo fez uma reverência educada e saiu da sala.

“Hahh…… .”

Pressionei a testa quando minha cabeça começou a doer.

Foi então que Emily perguntou com uma expressão preocupada.

“Senhora. Você está bem? Devo contar a sua graça para trazer um médico?”

“Não. Não há necessidade…… .”

Eu estava prestes a recusar, mas mudei de ideia.

“Na verdade, sim. Sim, chame um médico.”

Eu deveria intensificar as preocupações deles em relação a mim para que me deixassem ficar em casa por mais tempo enquanto isso.

‘Não vou sair debaixo do meu edredom por um tempo.’

Pelo menos não até que o príncipe herdeiro se esqueça de mim.

***

Emily começou a cumprir o que eu pedi nos dias seguintes.

Felizmente, o botão da algema foi feito a tempo.

Ninguém suspeitou de Emily saindo com frequência, já que o festival ainda não havia acabado.

“Eles estavam todos tão desinteressados até eu trazer a caixa de joias. Como se a atitude deles mudasse instantaneamente.”

Emily me informou sobre o que aconteceu durante os dois dias em que saiu em busca de informantes.

Tudo o que ela me contou passou por um ouvido e saiu pelo outro até que ela mencionou ‘uma base estranha com ninguém além do homem usando uma máscara de coelho lá’.

‘Ótimo. Ele caiu na armadilha.’

O que ela disse batia com o que o jogo mostrava.

Eu parei Emily antes que ela pudesse explicar mais levantando a mão.

“Você se esforçou, Emily, mesmo com a chuva. Pode voltar agora e descansar.”

“Ok. Voltarei na hora do jantar!”

Emily estava cheia de energia até o fim, mesmo encharcada da cabeça aos pés. Felizmente, não parecia que ela havia pegado um resfriado ou algo assim.

Com um clique, a porta se fechou e o silêncio tomou conta da sala.

Virei-me e olhei pela janela.

O mundo parecia ter perdido suas cores, tudo estava em tons de cinza.

“Por que está chovendo o dia todo?”

O clima me deixou ainda mais desanimada do que já estava.

Eu odiava dias chuvosos. Era porque estava chovendo no dia em que me sentia mais miserável.

Eu invejava meus amigos que sempre tinham suas mães para buscá-los com um guarda-chuva.

Eu não poderia me sentir mais envergonhada e miserável na vida do que quando as crianças me perguntaram sem más intenções ‘Você não tem mãe?’ enquanto eu atravessava o campo da escola na chuva.

Essas emoções que senti nunca mudaram, mesmo com o passar do tempo e ao crescer.

Pessoas grudadas em um de seus amigos que tinham guarda-chuvas no final da escola.

E.

– Jovem mestre! Rápido!

– Que droga, a previsão do tempo não avisou que ia chover hoje. Agora estou todo molhado, que irritante. Secretário Kim, vá para casa rápido.

– E quanto à senhora…… .

– Quem se importa? Ela vai voltar sozinha de algum jeito! Rápido, ligue o carro.

Vrooom- O carro se afastando de mim.

Eu fiquei sozinha nos portões da escola em questão de segundos, enquanto eu tinha que…… .

“…… Só minha sorte.”

Franzi a testa ao lembrar de uma lembrança que brotou em minha mente.

Balancei a cabeça algumas vezes e tentei afastar a sensação de tristeza.

“Como se eu tivesse tempo para ficar aqui sentada, assistindo a chuva enquanto me sinto pra baixo.”

Levantei do lugar. Eu precisava fazer algo. Qualquer coisa.

Para que eu pudesse sair desse maldito lugar um segundo mais rápido.

Saí da sala com um guarda-chuva na mão.

Estava muito quieto em todos os lugares.

Parecia que ninguém estava do lado de fora por causa da chuva, embora houvesse algumas pessoas.

Fui caminhando lentamente pelo jardim.

Saí aqui pensando que realmente deveria fazer algo, mas não conseguia pensar em nada agora que estava aqui fora.

Estava indo para onde haveria menos pessoas. Mais como um lugar onde não encontraria os dois irmãos.

Splash, splash. Quanto tempo eu andei?

Estava indo para onde minhas pernas me levavam e percebi que estava em um lugar muito familiar.

“Isso é…… .”

Era a floresta que leva aos campos de treinamento.

Graças ao meu sofrimento para encontrar um buraco de fuga antes, consegui perceber imediatamente onde estava.

“É um lugar onde eu poderia encontrar Rennald.”

Eu já o havia encontrado uma vez aqui quando ele terminara seu treinamento e estava voltando.

Não apenas Rennald. Eu também poderia encontrar Derrick aqui.

“Não! De jeito nenhum!”

Eu havia ido longe demais. Virei-me sem hesitar.

Eu realmente saí pensando que deveria fazer algo, mas isso não incluía encontrar aqueles cujos interesses aumentam quando não me veem.

Foi quando estava prestes a dar um passo de volta para a mansão.

Whoosh, swing-!

O som do vento soprando foi ouvido de algum lugar. Para ser mais específico, era o som de alguém balançando sua espada.

‘Eles treinam mesmo quando está chovendo?’

Ouvi que o tempo e a dificuldade do treinamento aumentaram para os cavaleiros.

Senti um pouco de absurdo. Todos poderiam adivinhar se não fossem estúpidos. Que tudo isso era por causa de mim, que trouxe um escravo sem identidade como meu guarda-costas pessoal.

Comecei a andar em direção de onde vinha o som.

Na verdade, estava curiosa sobre a reação dos cavaleiros.

‘Eles estariam falando mal de mim?’

Não importava, na verdade. Não era eu de verdade que estava sendo mal falada.

‘Devo verificar se Eclise também está lá enquanto isso.’

Mas ninguém estava nos campos de treinamento.

Exceto por uma pessoa no canto, balançando sua espada de madeira.

Não consegui ver quem era à primeira vista. Era porque seu cabelo cinza molhado parecia muito com o céu monótono.

Fui caminhando devagar e com cuidado para que ele não me notasse.

Consegui ver a pessoa mais claramente à medida que me aproximava.

O homem estava sem camisa enquanto balançava sua espada verticalmente como uma máquina.

Havia cicatrizes grandes e pequenas, profundas e rasas visíveis em suas costas e braços musculosos.

Ele parecia mais brutal do que lamentável.

‘Está frio lá fora, porém.’

O homem parecia não ter me notado se aproximando, talvez por causa de sua concentração.

E bem quando cheguei bem atrás dele.

Shoosh-.

O homem virou-se com a velocidade de um raio. Junto com o som de algo cortando o vento.

Eu pisquei uma vez e percebi que algo estava frio contra meu pescoço.

“Hah, ha…… .”

Eclise me olhou enquanto seus ombros tremiam descontroladamente.

Eu fiquei com arrepios devido à aura mortal que apontava para mim.

Era uma grande habilidade reflexiva para alguém que estava balançando sua espada apenas para cima e para baixo.

Ele me encarou até que sua aura mortal se suavizou ao perceber quem eu era.

A aura mortal desapareceu completamente quando ele parecia confuso. Eclise franziu a testa ao notar que era eu.

“M-mestre.”

Ele parecia tão perplexo que sua voz tremia.

Foi então que percebi que não estava respirando.

Meus lábios tremeram um pouco antes que eu começasse a falar.

“É…… .”

A fria espada de madeira ainda estava em meu pescoço, mas forcei as palavras a saírem de maneira amigável, como se nada tivesse acontecido e como se não estivesse surpresa ou assustada.

“Está chovendo, Eclise.”

Seus olhos cinzentos que estavam olhando para mim vacilaram mais uma vez.

Seguido disso, a barra de interesse brilhou.

[Interesse 23%]

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