Capítulo 3

Ao ouvir o comentário inesperado do estudante loiro à sua frente, Moriarty, que havia inclinado a cabeça, parou e o encarou, imersa em pensamentos.

‘Interessante.’

Fazia, de fato, muito tempo.

Neste mundo monótono, onde até cometer crimes se tornara uma tarefa enfadonha, ele era uma presença que a divertia tanto…

‘Qual poderia ser seu motivo?’

Pela primeira vez em toda a sua vida, uma entidade havia escapado de seu controle. Para avaliar sua reação, ela, que não fazia parte do plano, havia cometido um assassinato.

Foi uma decisão bastante impulsiva, mas como a vítima era o sempre irritante reitor, acabou sendo um crime que ela realmente gostou de cometer.

‘Parece que ele não está completamente imune ao medo.’

O olhar dele ao ver o corpo preparado claramente continha traços de medo.

Por aquele olhar, ela sentiu que ele certamente não era da sua espécie.

No entanto, o estudante à sua frente, brincando com o acumulador de mana na mesa, exibia uma expressão notavelmente composta.

Era como se uma aparência de amador e um comportamento astuto coexistissem simultaneamente dentro desse garoto misterioso.

Para Moriarty, isso também era intrigante.

“Precisamos conversar um pouco mais.”

Qual propósito ele tinha, o que estava pensando naquela cabeça — mesmo como professora, ela não tinha como saber.

Entretanto, naquela situação, estava claro que ela, a professora, tinha a vantagem.

Para entender a entidade desconhecida diante dela, era hora de aproveitar ao máximo essa vantagem.

“Por que eu deveria?”

“Desculpe?”

Moriarty, inclinando a cabeça para o lado, o observou profundamente e fez a pergunta após algum tempo.

“Por que eu deveria aceitá-lo?”

“Bem…”

“Posso adivinhar os benefícios que você obteria ao se tornar meu estudante de pós-graduação. No entanto, quais benefícios eu obteria ao aceitá-lo?”

O que ela disse era praticamente um ponto direto.

É claro que estudantes de pós-graduação eram ativos valiosos para os professores. Mas, no caso de Moriarty, ela não sentia necessidade de subordinados.

Pelo sangue de uma criminosa nata, ela sempre estivera sozinha até agora.

Nunca havia sequer considerado ter alguém ao seu lado.

“Se você não conseguir explicar isso…”

Assim, Moriarty estava prestes a insistir, olhando atentamente para o estudante à sua frente.

“…Hmm.”

Mas então, ela parou de falar de repente, seus olhos se acendendo enquanto ela se perdia em pensamentos.

‘O que esse estudante tem olhado o tempo todo?’

Desde que declarou seu desejo de se tornar seu estudante de pós-graduação, seu olhar estava fixo não nela, mas no ar diante dele.

No início, ela pensou que ele poderia estar deliberadamente evitando seu olhar.

No entanto, suas pupilas contraíam e se expandiam periodicamente, e havia um indício inconfundível de confusão misturado em sua expressão.

Parecia que ele estava lendo algo do espaço vazio à sua frente.

“Estudante, você está lendo algo do nada?”

“Ah, não?”

“Então por que você tem estado tão fixo no espaço?”

“…Você deve ter visto errado, Professora.”

Ao ouvir a voz apressada do estudante em resposta à sua pergunta, ela franziu a testa silenciosamente.

‘Não devo revelar minhas intenções tão cedo.’

Ela havia encontrado um oásis em um deserto árido. Pelo menos até sua sede ser saciada, queria se imergir nessa sensação.

“Para ser honesta, é difícil para mim aceitar sua proposta agora.”

“…É mesmo?”

“No entanto, se você conseguir resolver meu dilema, posso considerar aceitá-lo.”

Contudo, antes de mergulhar, ela precisava discernir se a entidade diante dela era realmente um oásis ou uma mera miragem.

“Qual seria esse dilema?”

“Simples. O que devo fazer a partir de agora?”

Para abordar a questão, a Professora Moriarty começou a expor suas preocupações de longa data ao estudante diante dela.

“Graças a esse talento maldito que possuo, cada crime que cometo se torna um crime perfeito.”

Uma profunda escuridão começou a se estabelecer em seus olhos cinzentos.

“No início, era bastante divertido. Parecia que tudo estava em minhas mãos.”

“……..”

“Mas, com o tempo, a diversão começou a desaparecer, não é? Parecia que eu estava trapaceando para ganhar em um jogo.”

“Você já pensou em quebrar essa maldição?”

“É claro que tentei. Tomei várias medidas para quebrar a maldição e conheci inúmeras pessoas. No entanto, nenhuma delas conseguiu desfazer meu feitiço.”

Nos olhos preenchidos com aquela profunda escuridão, o estudante loiro à sua frente se refletia.

“Exceto você.”

Ao ouvir suas palavras, a mão do estudante segurando o acumulador de mana tremeu levemente.

“Para ser honesto, eu desejava que você se opusesse a mim.”

“………”

“No entanto, por alguma razão, em vez de se colocar contra mim como uma detetive, você está dizendo que quer servir sob minha tutela.”

Uma tensão peculiar que havia entre os dois começou a oscilar violentamente naquele instante.

“Por causa disso, perdi minha vontade de viver novamente.”

“Isso é realmente lamentável.”

“Então, vou perguntar mais uma vez.”

A professora fez uma pergunta em uma voz suave para o garoto loiro, que estava discretamente enxugando o suor que escorria.

“Como posso saciar essa sede ardente?”

Dependendo da resposta do garoto, essa poderia ser a pergunta final do dia.

“”……….””

Após Moriarty terminar de falar e encarar intensamente o estudante, um silêncio gelado começou a pairar na sala.

“Então… se entendi corretamente, Professora, você deseja participar de uma batalha de inteligência de tirar o fôlego com um detetive.”

“Isso mesmo.”

“Mas, por causa da maldição que faz com que cada crime que você comete seja um ‘crime perfeito’, por assim dizer, esse cenário não pode se concretizar, o que é o seu dilema, certo?”

“Exatamente isso.”

Enquanto o estudante quebrava o silêncio e começava a falar, Moriarty começou a inclinar a cabeça levemente, com um brilho de expectativa em seus olhos.

“Hum…..”

‘Talvez ele não esteja à altura das expectativas, afinal.’

Contudo, enquanto suas palavras falhavam momentaneamente, a esperança que preenchia os olhos de Moriarty começou a se apagar lentamente…

‘…Eu me empolguei de maneira incomum.’

Por ter encontrado uma presença tão alienígena pela primeira vez, ela havia ficado excepcionalmente agitada.

Mas, uma vez que acalmou sua empolgação e olhou novamente, tudo o que encontrou à sua frente foi um estudante que acabara de ingressar na academia.

Considerando que ele queria ser seu assistente ao invés de um detetive, parecia improvável que pudesse resolver seu problema de longa data.

“Na verdade, é bem simples.”

No entanto, ele claramente pensava de maneira diferente.

“Comece a oferecer consultas sobre crimes.”

“…Consultas sobre crimes?”

Após um momento de contemplação, com uma expressão resoluta se formando em seu rosto, as palavras brotaram de seus lábios.

“Se o problema surge quando você comete o crime, Professora, e se o perpetrador não for você, mas outra pessoa?”

Era, mesmo para os seus padrões, uma sugestão altamente atraente e persuasiva.

“Forneça conselhos sobre crimes usando seu conhecimento para aqueles que precisam cometer o ‘crime perfeito’.”

“………”

“A única maneira de saciar sua sede, Professora, está aí.”

Ao terminar de falar, ele lhe ofereceu um sorriso gentil, então acrescentou como se tivesse acabado de se lembrar de algo.

“E é por isso que você precisa me aceitar sob sua tutela.”

Ao ouvir essas palavras, Moriarty explodiu em uma risada estrondosa — algo que não fazia há muito, muito tempo.

“Assim como os detetives precisam de assistentes, consultores de crimes também precisam de seus próprios ajudantes.”

“Ha, hahaha.”

“Não é verdade, Professora?”

“Ahahahaha!!”

Ao que parecia, ela não apenas descobriu um oásis, mas, na verdade, tropeçou em um vasto oceano.

“Lamentavelmente, não posso imediatamente fazer um calouro como você um estudante de pós-graduação. Isso iria contra o procedimento.”

“Sim.”

Após rir de forma contagiante por um tempo, a Professora Moriarty começou a falar novamente, enxugando as lágrimas dos cantos dos olhos.

“Mas lembre-se de uma coisa.”

Havia uma visível afeição em seu rosto, um rosto ainda ensanguentado pelo sangue do reitor.

“A partir deste momento, você é o assistente do consultor de crimes Moriarty.”

Quando Moriarty terminou sua frase e se recostou preguiçosamente em sua cadeira.

『Criador de Vilões』

– Descrição: Cumprindo a probabilidade da aparição da Professora Moriarty.

– Progresso: 10%

Outra mensagem não identificada apareceu diante dos meus olhos.

“Ha…”

Olhando para o topo da mensagem, não pude deixar de rir.

Você é a probabilidade deste mundo.

Preencha a probabilidade que falta arriscando sua vida e evite que o mundo colapse.

‘Esses malditos bastardos.’

Seria porque eu havia insistido tanto em arriscar minha vida para evitar a confirmação da trama?

Eu me tornara a própria probabilidade deste mundo…

◈ Lista de Quest

– Criador de Vilões: Cumprindo a probabilidade da aparição da Professora Moriarty.

– Relação Amor-Odio: Torne-se ‘aquele homem’ para Holmes.

– Dama de Londres: Complete um casamento de fachada com Watson.

– Tesouro do Ladrão Fantasma: Seja sequestrado pelo Ladrão Fantasma Lupin.

– Congelar: Receba uma declaração do Inspetor Lestrade.

(… truncado …)

A lista consideravelmente longa de quests no final atestava esse fato.

Eu não tinha ideia de quando conseguiria completar todas elas.

Assim, enquanto folheava distraidamente a assustadora e desafiadora lista de quests…

“…Hmm?”

Uma pergunta particular surgiu em minha mente, e comecei a coçar a parte de trás da cabeça em contemplação…

‘Por que Irene Adler está ausente?’

Uma das poucas pessoas que fez Holmes, o detetive, provar a derrota nas histórias originais. Além disso, a única mulher que Holmes havia reconhecido. Consequentemente, nas obras derivadas, ela era uma personagem popularmente ligada a ele.

Enquanto todos os tipos de pessoas notáveis estavam presentes como quests, por alguma razão, seu nome estava conspicuamente ausente da janela de quests.

‘Poderia ser?’

“Ah, você.”

Justo quando eu estava prestes a me levantar da minha cadeira com uma sensação ligeiramente inquietante, a voz da Professora Moriarty ecoou de repente.

‘Certo, eu estava na frente dessa pessoa.’

Embora ela tivesse se tornado uma aliada há poucos momentos, era inegavelmente alguém a ser desconfiada.

“Se você vai carregar uma fotografia tão importante com você, seja mais cauteloso no futuro.”

Sentindo-me tenso, enquanto eu me endireitava, ela puxou uma fotografia de sua posse e me entregou.

“…..!?!?”

Ao pegar a imagem de suas mãos, fui imediatamente tomado pelo horror e fiquei congelado no lugar.

“Isso, isso é…”

Uma mulher incrivelmente bonita, usando uma tiara na cabeça, estava deitada como se fosse um cachorro com coleira.

E ao lado dela, pisoteando seu cabelo, estava o garoto loiro cujo corpo agora era meu.

“O homem que pode colocar a rainha do Reino da Boêmia na coleira e levá-la para passear provavelmente é apenas você.”

“…Desculpe?”

Enquanto eu olhava em choque, a Professora Moriarty disse com uma voz tingida de diversão,

“Não é verdade, Adler?”

Espere um minuto, o que ela acabou de me chamar?

“Ah.”

Com um pressentimento e o suor frio se formando entre as minhas sobrancelhas, então li a última linha da mensagem que apareceu diante dos meus olhos e não pude evitar fechar os olhos… firmemente…

Boa sorte, Isaac Adler.

Eu estava interpretando o papel de Irene Adler.

“Mas lembre-se disto.”

“………..”

“Até um cachorro, quando encurralado, pode morder seu dono.”

Em meu estado de confusão, o aviso da Professora Moriarty ecoava em meus ouvidos.

.

.

.

.

.

Enquanto isso, naquele exato momento, nas ruas de Londres… enquanto o pôr do sol banhava a cidade em sua luz minguante.

– Tique, taque…

Uma mulher, sua figura encoberta por uma capa preta e máscara, mas incapaz de esconder completamente o ar de elegância que a cercava, apressava-se.

221B Baker Street

A antiga casa de pensão na Baker Street estava se aproximando.