The Author's POV

Volume 9 - Capítulo 853

The Author's POV

Click—

"Uh… estou exausto pra caramba."

A primeira coisa que Ren fez ao voltar do trabalho foi se jogar no sofá macio de sua casa.

Sentindo seu corpo afundar no sofá, ele percebeu que sua mente e músculos começavam a relaxar lentamente.

"É… assim que deveria ser."

As luzes estavam apagadas, e a única luz que entrava era pela fresta das cortinas à sua esquerda.

O silêncio o cercava.

"Ei, irmão."

Mas aquele silêncio foi quebrado pelas palavras suaves de uma garotinha.

Um sorriso suave apareceu no rosto de Ren ao olhar para a menina.

"O que foi, Nola?"

Em sua mão, havia uma bolinha pequena, que ela lhe entregou.

"Quer brincar?"

"Brincar? A essa hora?"

Conferindo seu relógio, viu que eram 21:00. Era um pouco tarde, mas ao ver o olhar triste no rosto da irmã, ele cedeu.

"Bom… tudo bem."

Pegando seu casaco, ele saiu de casa junto com Nola.

Click—

"Aqui!"

Os dois jogaram a bolinha um para o outro. Quando um lançava, o outro pegava. Um jogo bem simples.

Uma brisa suave soprava pelo parque vazio em que estavam, enquanto as risadinhas de sua irmã preenchiam o ar.

"Hahah… muito forte!"

Os dois brincaram por um bom tempo. Ren perdeu a noção do tempo enquanto se deixava levar pelas risadas suaves da irmã.

"Pegue—oh, droga!"

Ele acabou lançando a bolinha com muita força, e ela voou para trás dos arbustos.

"Desculpa, Nola!"

Ele se desculpou rapidamente.

"Está tudo bem, irmão!"

Mas a pequena Nola, sendo a angelical que era, sorriu docemente e foi até onde a bolinha caiu. Sua figura desapareceu atrás dos arbustos à distância.

Ren ficou parado, esperando, com um sorriso suave no rosto.

Ele não sabia quanto tempo passou. Apenas ficou ali, olhando para os arbustos com um sorriso.

Não sabia quando, mas a bolinha apareceu bem debaixo de seus pés, e Nola já não estava mais à vista.

Mas ele permaneceu onde estava e… esperou.

Esperou enquanto olhava fixamente para a bolinha aos seus pés.

"Ren! Ren!"

Foi então que ouviu algumas vozes ao longe.

Quando virou a cabeça, encontrou duas figuras familiares.

"Mãe, pai, vocês também estão aqui para brincar?"

"Brincar?"

Os olhos de Samantha começaram a se encher de lágrimas, e Ronald colocou a mão sobre o ombro dela.

"Pelo amor de Deus, Ren! Já se passaram dez anos! Você precisa seguir em frente! Não pode continuar saindo todo dia depois do trabalho para olhar fixamente para uma bolinha!"

Com lágrimas escorrendo pelo rosto, o corpo de Samantha tremia. Seus olhos estavam vermelhos e parecia que ela estava em dor.

"É hora de seguir em frente… por favor. Por você e por todos… você precisa se- seguir em frente. Não pode ficar assim!"

"Não, mas…"

Tuk—

Ren chutou a bolinha levemente à sua frente.

"Você acreditaria em mim se eu dissesse que ela é quem me pede para vir brincar com ela? Bem…"

Ele deu de ombros.

"O que você saberia? Você morreu junto com ela."

Quando virou a cabeça, tudo ficou em silêncio e as figuras desapareceram. Antes que percebesse, estava sozinho no parque vazio.

"…"

Tuk—

Ele chutou a bolinha mais uma vez antes de se virar e voltar para casa.

"Te vejo amanhã."

***

Eu ainda me lembro da primeira vez que percebi que podia viajar no tempo.

Fiquei empolgado no começo. Lembrando dos rostos dos meus pais enquanto morriam diante dos meus olhos e me sentindo impotente para ajudá-los, algo apertou meu peito.

Eu nunca nasci talentoso, e mesmo após regridir, não fui diferente.

Ainda assim, o que você não conseguia alcançar com talento, poderia conseguir com dinheiro. Isso… era o que eu pensava na época.

Era um pensamento ingênuo.

Mesmo quando me tornei o homem mais rico do mundo, a única coisa que encontrei foi a cena da morte dos meus pais.

Mas tudo bem.

Ao morrer mais uma vez, percebi que novamente retive minhas memórias da vida anterior. Que incrível?

O que eu não consegui realizar nas duas vidas anteriores, eu poderia fazer na terceira, certo?

…Talvez não na terceira, mas e na quarta?

Isso não funcionou? Sério? …E na quinta vez?

Nem durou tanto quanto as vezes anteriores…

O talento realmente era a chave para alcançar o final perfeito? O final em que sobrevivemos à calamidade e todos que eu me importava sobreviveram?

Ok…

Não tenho certeza de quando, mas desenvolvi talento em algum momento.

O [Semente do Limite], como ele chamava. Eu o encontrei depois de ouvir Kevin falar sobre isso, e meu limite foi removido.

Ótimo!

Eu tentei de novo… e de novo… e de novo… e de novo… e de novo… e de novo… e de novo… e de novo… e de novo… e de novo… e de novo… e de novo… e de novo… e de novo… e de novo…

[Haha… talvez na próxima vez?]

[Tão perto!]

[Ah, agora sei onde errei!]

[Aish! Tão perto!]

[Fuuuuck! Eu estava prestes a acertá-lo no núcleo!]

[Eh?]

[…O que eu fiz de errado dessa vez?]

[Mh? Kevin?]

[O que? Por que… o que?]

[Ah… é minha culpa dessa vez?]

[Ele pode ser morto?]

[O que? Isso é um absurdo.]

[Onde… como eu morri?]

[Como eu errei dessa vez? Eu matei todos que estavam no meu caminho e peguei todos os truques para mim…]

[Eu sou realmente o problema?]

[Eu não sou o problema.]

[…Ele é o problema]

[Eh…? Por que eu estou de volta? Eu o matei!? Por que estou de volta de repente!? O que?]

[Só Kevin pode matar Jezebeth? O que?!]

[Por que ele não conseguiu matá-lo?]

[…Por que ele é tão fraco?]

[Eu peguei truques demais?]

[Por que ele falhou novamente? Eu… eu não peguei nada dessa vez.]

[Falha?]

[Isso não pode ser…]

[Novamente?]

[…]

[…]

[…]

[Eu fiz tudo... Por que ele não o mata?]

[…me mate.]

[Eu quero morrer.]

[Por que eu até existo?]

[Ajuda?]

[…]

[…]

[…]

[Quem sou eu?]

Em certo ponto, perdi a noção de quem eu era.

Ren Dover? Samantha Dover? Nola Dover? Ronald Dover? Amanda Stern? Jin Horton? Emma Roshfield? Melissa Hall…

Nomes que eu conhecia, mas que começaram a desaparecer da minha mente.

Estava perdendo a noção de mim mesmo, e não queria isso. Queria me agarrar ao que restava deles para não perder a visão de mim mesmo, mas…

Quanto mais morria e mais via o que vi… mais minha mente se entorpecia.

Senti minhas emoções escorregarem… eu escorregava, e comecei a mudar.

Fiquei horrorizado com o que me tornei, mas ao mesmo tempo, abracei quem eu era.

Se isso me ajudasse a sair desse inferno… então que assim fosse.

E assim, eu selaria tudo. Minhas emoções e o que me fazia… eu.

Eu… eu só queria que acabasse.

Perdi a conta de quantas vezes matei aqueles com quem já estive próximo.

Me tornei algo… uma existência que até o rei demônio temia, mas isso nunca foi o que eu quis. Agora, eu só queria morrer… ver o fim disso.

O túnel parecia interminável, e eu não via luz nele.

Provei a morte tantas vezes que me tornei familiarizado com ela. O breve momento em que morria e regridia se tornou um dos momentos mais pacíficos e agradáveis da minha vida.

Às vezes, eu apenas me matava para aliviar tais momentos. Pena que eram curtos demais para eu aproveitar adequadamente.

Parecia que eu estava fadado a sofrer por toda a eternidade… e quase perdi a esperança.

Eu tentei, e tentei, e tentei, e tentei, sem uma vez sequer chegar perto do final…

Mas tudo mudou quando aprendi sobre tudo.

De repente, o túnel, que parecia completamente escuro, brilhou intensamente. Não hesitei e caminhei em direção a aquele túnel.

Era a luz que finalmente me libertaria desse inferno.

Quanto mais me aproximava, mais me sentia livre, e no momento em que cruzei, me vi em um mundo vazio onde o chão era branco e eu podia ver meu reflexo nele.

À minha frente estava nada menos que a existência que surgiu devido às minhas ações.

Ele também… teve dificuldades, mas era tudo o que eu queria ser.

A versão perfeita de mim mesmo que ainda tinha todos que amava e a versão de mim que viveria como sempre sonhei.

"Eu… não estou arrependido pelo que fiz, nem nunca estarei."

Meus esforços foram o que tornaram isso possível.

"Posso ter sido consumido pelo meu objetivo, e as coisas que fiz a você podem ter sido imperdoáveis, mas… fiz o que fiz para me libertar da maldição que me prendeu por tantos anos."

As palavras começaram a fluir de minha boca enquanto olhava para meu outro eu.

"Sempre odiei o que me tornei, mas nunca me arrependi de me tornar o que sou hoje. As circunstâncias me fizeram quem sou hoje, e abracei o que me tornei. Não saberia o que fazer se odiasse a mim mesmo enquanto já odiava tudo e todos ao meu redor."

Talvez eu tivesse perdido completamente a cabeça e desmoronado. Em muitas ocasiões, estive perto disso, mas de alguma forma, sempre mantive a minha essência.

Se ao menos um pouco.

"Mais uma vez…"

Meus pés se moveram sozinhos, e logo me vi perto do meu outro eu. Levantando a mão, coloquei meu dedo sobre seu peito como ele fez comigo momentos antes.

"…Não me arrependo de nenhuma das ações que tomei. Não estou arrependido, nunca estarei arrependido, e nunca… jamais me arrependerei de minhas ações."

Fiz questão de enfatizar essa parte.

Arrependimento só vem àqueles que se sentem tristes ou desapontados com suas ações. Eu não me sentia triste ou desapontado com nada do que fiz.

Eu estava satisfeito com o que fiz.

Ele era a prova perfeita de tudo isso.

"Fiz o que fiz porque as circunstâncias me fizeram assim, mas todas as coisas que passei a me arrepender no passado… não me arrependo mais."

"Pode me chamar de louco, mas talvez… tudo isso estivesse destinado a ser. Talvez essa tortura sem fim que passei… talvez fosse tudo por este momento, e por isso…"

Uma luz repentina se espalhou do meu dedo e envolveu a outra versão de mim. Fechando os olhos, meu corpo começou a se sentir mais leve, e quando os abri novamente, percebi que minha mão havia se tornado translúcida, quase transparente.

Dando alguns passos para trás, senti-me leve.

Mais leve do que nunca.

Eu não desgostava dessa sensação. Sentia-me um pouco renovado… algo que não sentia há muito tempo—e por algum motivo, me senti um pouco aliviado.

'Sim… assim é como deveria ser. Que vida eu tive… né?'

Involuntariamente, as bordas dos meus lábios se curvaram. Voltando minha atenção para meu outro eu, que parecia profundamente absorvido no que eu lhe dei, senti meus lábios se curvarem mais uma vez.

"Sim… assim é como deveria ser…"

A última coisa que vi foram pequenos pontos de luz subindo pelo ar.

Finalmente… pela primeira vez em muito tempo… me senti em paz.

Meu inferno… finalmente acabou.

***

Quando abri os olhos novamente, encontrei incontáveis pequenos pontos de luz flutuando no ar e subindo.

Olhando para os pontos flutuantes, senti uma infinidade de emoções diferentes percorrerem minha mente naquele momento. No final, tudo o que pude fazer foi baixar a cabeça.

"Por mais que eu te odiasse… acho que entendo de onde você veio."

Olhando para meu próprio reflexo, percebi que não havia diferença na minha aparência. Meu cabelo era da mesma cor que sempre foi, e meus olhos eram o mesmo azul profundo.

Isso… claro, era a única coisa que permanecia a mesma.

Fechando e abrindo meu punho, senti o poder irradiar por cada parte do meu corpo. Conhecimento que nunca soube antes inundou minha mente, e os poderes dentro do meu corpo começaram a se acalmar.

Eu me senti… em completa harmonia comigo mesmo, e nunca antes me senti tão sintonizado com o mundo ao meu redor.

Embora fosse sutil, eu também podia sentir algo a mais no ar.

Estava ao alcance dos meus braços, mas ao mesmo tempo, longe do meu alcance.

'É esse o poder que Jezebeth está tão obcecado?'

Os Registros… pela primeira vez, eu podia senti-los, e eles estavam muito mais próximos do que nunca. Eu podia sentir um poder imenso irradiando deles, e finalmente entendi por que Jezebeth buscava esse poder tão desesperadamente.

'Desde que eu vença Jezebeth…'

Cra— Crack! Levantando a mão, o espaço ao meu redor começou a colapsar, revelando um mundo de cor carmesim. Dando um passo à frente, o espaço ao meu redor mudou, e uma figura familiar apareceu diante de mim.

Nossos olhares se encontraram naquele momento, e o mundo parou de se mover.