Volume 9 - Capítulo 848

Profundamente dentro da vasta extensão do cosmos, em um lugar isolado pela insignificância do espaço, houve uma súbita agitação.

O ambiente tremia e estremeceu como se lutasse para conter uma força além da medida. E então, com um repentino estilhaçar do vazio, uma fenda apareceu.

Cr… Crack!

Jezebeth emergiu de trás da fissura, sua forma envolta em um brilho de energia sobrenatural.

Ele olhou para as inúmeras estrelas que pontilhavam a infinidade ao seu redor, sua expressão refletindo tanto admiração quanto seriedade.

Absorvendo as vistas ao seu redor, os olhos de Jezebeth se arregalaram de confusão ao contemplar as incontáveis estrelas piscando à distância.

Ele permaneceu ali por um momento, apreciando a beleza de tudo, incerto sobre o que havia acontecido, até que sua expressão mudou, e seu comportamento se tornou mais sério.

"Então é assim que é."

Ele murmurou baixinho, um brilho de compreensão em seus olhos.

Num instante, cenas começaram a se desenrolar em sua mente, e a excitação brotou de dentro dele.

Ele pressionou a mão contra o peito, sentindo seu núcleo pulsar mais rápido enquanto se deleitava em sua realização.

'Tenho certeza disso... ele está em seu último suspiro...'

O que quer que tivesse acontecido com ele foi uma tentativa desesperada de Ren para ganhar tempo e adiar o que quer que estivesse planejando.

Uma pena que ele não tinha mais tempo.

Ele sentiu isso nos últimos momentos... Estava acabado. As leis dentro do corpo de Ren estavam quase apagadas, e seu poder era mais fraco do que nunca.

A vitória parecia inevitável, mas...

"Ainda não acabou. Somente quando Ren morrer, tudo finalmente terá fim."

Apesar de sua empolgação, Jezebeth conseguiu manter a compostura, sabendo que a batalha ainda não estava ganha.

Ele fechou os olhos e respirou o frio do vazio, deixando a energia do cosmos penetrar em seu ser.

Era uma sensação intensa, como estar à beira de um precipício e olhar para o horizonte infinito. Mas apesar da onda de excitação que pulsava nele, sabia que precisava permanecer focado.

Então, abriu os olhos mais uma vez e contemplou as estrelas com uma nova clareza.

"Você ficou sem tempo, Ren. Tenho certeza disso."

Entendendo o motivo por trás das últimas ações de Ren, Jezebeth sabia que o fim estava à vista.

Uma viscosa tonalidade branca emergiu de dentro de seu corpo e explodiu para fora.

Seus olhos logo se fixaram em um certo planeta no longínquo cosmos, e ele pressionou uma mão contra o peito, sentindo o bate constante de seu núcleo. Era um lembrete de sua mortalidade, do fato de que mesmo ele ainda não havia compreendido o poder supremo que perseguia.

Era uma sensação que havia sentido muitas vezes e, ao mesmo tempo, sabia que esta era a última vez que a sentiria.

Enquanto absorvesse os registros, ele não seria mais um mortal.

Cr— Crack!

Com um repentino impulso de energia, outra fenda apareceu no espaço à sua frente. Sem hesitar, Jezebeth avançou, sua forma envolta em uma aura pulsante de leis.

Ele desapareceu através da fenda, deixando para trás nada além do eco distante de sua voz.

"Você não pode adiar o inevitável."

***

"Então essa é a sua escolha... Angelica."

Uma voz suave, mas sedutora, sussurrou pelo ambiente.

Sentada em seu trono, dentro de um grande salão, sua beleza era um contraste marcante com a atmosfera sombria ao redor.

Suas pele era da cor do prata iluminado pela lua, com padrões escuros e retorcidos que pareciam mudar como fumaça. Seu cabelo, de um negro profundo, caía em ondas soltas por suas costas.

Seus olhos eram da cor de ouro derretido, e brilhavam com um fogo sobrenatural.

"Não posso dizer que não vi isso vindo."

O que ela viu... ela já havia previsto há muito tempo. Não era surpreendente para ela. O que a surpreendia era algo diferente.

"Então o estrategista é um humano, huh...?"

O fogo dentro de seus olhos brilhou em uma tonalidade diferente enquanto ela se perdia em seus próprios pensamentos e se recostava em seu trono esculpido em obsidiana negra, que parecia pulsar com uma energia ominosa.

O salão ao seu redor era vasto e cavernoso, com pilares imponentes que desapareciam nas sombras acima.

O ar estava denso com o cheiro de incenso e os ecos distantes dos demônios dentro do salão.

Enquanto ela se sentava em seu trono, a demonessa irradiava um poder silencioso.

Seus longos e delicados dedos repousavam nos apoios de braço do trono, e seu olhar estava fixo em algum ponto distante além das paredes do salão.

Seus lábios estavam curvados em um leve sorriso, como se tivesse testemunhado algo que lhe trouxe diversão.

Apesar de sua beleza, havia uma frieza que gelava o próprio ar ao seu redor.

Sua presença era tanto sedutora quanto aterrorizante, atraindo qualquer um para ela com uma força magnética que não podiam resistir.

E, no entanto, aqueles que olhavam em seus olhos podiam ver a escuridão que se escondia dentro, uma escuridão que ameaçava consumir todos aqueles que ousassem se aproximar demais.

Ela não era ninguém menos que Lillith Von Doix, a Mestre do Pilar da Casa da Luxúria, e mãe de Angelica.

"...É realmente uma pena."

Desviando o olhar à distância, ela fechou os olhos, e o silêncio retornou aos grandes salões.

Levantando a mão, ela estalou os dedos.

"Tragam-na até mim."

***

"É... É realmente bom ter você de volta, Smallsnake."

Hein mal conseguia conter suas emoções ao olhar para Smallsnake à sua frente. Embora ele tivesse mudado ao longo dos anos, ainda parecia o Smallsnake que ele conhecia.

"Apenas espere até o Ryan descobrir que você ainda está vivo... Ele provavelmente ficará o mais empolgado."

Enquanto todos sentiam falta de Smallsnake, aquele com quem ele tinha mais proximidade era Ryan. Ele também foi quem mais sofreu com sua morte, e embora não mostrasse, ainda estava fortemente impactado por isso.

Ele ainda era jovem naquela época...

"Ryan…"

Murmurando para si mesmo, Smallsnake abaixou a cabeça e tocou o queixo.

"Como ele está?"

"Ele está ótimo. Ele... ele cresceu muito durante o tempo em que você não estava aqui. Na verdade, quase todos cresceram muito durante o tempo em que você não estava conosco. Engraçado que Leopold parou de fumar—"

"Podemos continuar nossa conversa depois."

Talvez porque estava empolgado ao descobrir repentinamente que Smallsnake ainda estava vivo, Hein começou a falar muito.

Ele teve que ser interrompido por Angelica, cujas palavras cortaram friamente as suas.

Quando ele virou a cabeça para olhar para ela, pôde ver que sua expressão era tão fria como sempre, mas...

Ele também percebeu que era apenas uma atuação.

Ela provavelmente estava se segurando para não demonstrar suas emoções.

"Não temos tempo para colocar a conversa em dia no momento. Embora eu tenha feito o meu melhor para mantê-los afastados de nós, posso sentir que fomos notados."

O ar instantaneamente congelou com suas palavras, e todos se viraram para olhá-la.

"Fomos notados? O que você quer dizer com isso?"

"É como eu disse, Ava."

Virando a cabeça para encarar a distância, seus lábios se contorceram, e ela abaixou a cabeça.

"Estamos cercados."

Farfalhar—! Farfalhar—!

Logo após suas palavras se apagarem, mais de dez poderosas auras explodiram das arbustos, cercando-os.

Hein e os outros ficaram imediatamente assustados com sua aparição repentina e desembainharam suas armas.

"Não resistam. É inútil."

Somente após ouvirem as palavras de Angelica é que baixaram suas armas. Eles não precisavam ser lembrados por Angelica para entender que estavam em desvantagem naquele momento.

Um movimento em falso, e poderiam muito bem encontrar seus fins...

"Jovem Senhorita."

O ambiente congelou mais uma vez com as palavras que saíram da boca de um dos demônios. Ava e Hein já tinham uma ideia e, portanto, não ficaram chocados, mas o mesmo não podia ser dito de Smallsnake, que ficou surpreso com a situação.

"Vou explicar depois."

Angelica deixou apenas algumas palavras antes de dar um passo à frente.

"O que vocês estão fazendo aqui?"

"Viemos sob ordens de Sua Alteza para trazê-la de volta."

"Apenas eu?"

"Não."

O demônio balançou a cabeça e lançou um olhar em sua direção.

Angelica sorriu ao ver isso.

"Heh... Eu imaginei que ela seria assim."

Havia uma clara decepção na expressão de Angelica ao ouvir essas palavras, mas ela parecia já esperar tal resposta e rapidamente recuperou sua habitual expressão fria.

"Tudo bem."

Ela acenou com a cabeça e olhou para os demônios ao seu redor.

"Levem-nos até ela…"

Ela parou no meio da frase e lançou um olhar ameaçador para aqueles que a cercavam.

"…Devo lembrar que não devem ultrapassar seus limites. Se vocês tocarem sequer um fio de cabelo deles, eu farei com que paguem um preço adequado por suas ações."

Suas palavras não trouxeram muita mudança nas expressões dos demônios, mas quando Hein prestou mais atenção, notou que suas posturas se endireitaram um pouco.

'Quão alta é sua mãe?'

Essa era a mesma pergunta que surgiu na mente de todos os presentes. Nenhum se atreveu a perguntar, permanecendo em silêncio durante todo o tempo.

"Sigam-nos, nós os acompanharemos até Sua Alteza."

"Ok."

Após isso, eles seguiram Angelica de perto enquanto ela seguia os demônios à sua frente. Eles estavam relutantes em fazê-lo, mas vendo que não tinham outra escolha, só podiam obedientemente acompanhar Angelica.

Era a única coisa que podiam fazer…

***

"Eh... isso é um pouco grandioso..."

Hein não podia acreditar em seus olhos enquanto encarava a colossal montanha à sua frente.

Ele havia presumido que voariam até o destino, dado o fato de que cada um deles estava acima do rank de Marquês e, portanto, poderia voar.

No entanto, para sua surpresa, foram obrigados a caminhar até o pico imponente que se erguia à distância.

Enquanto caminhavam, Hein não pôde deixar de admirar o tamanho da montanha.

Seu pico desaparecia nas nuvens, e suas encostas estavam cobertas por um espesso manto de neve. O ar ficava mais frio a cada passo que davam, e Hein apertou mais seu manto em volta de si, tremendo levemente com o frio cortante.

"Huuu..."

Cada uma de suas respirações se tornava nevoenta, e seus sapatos afundavam na alta neve.

Após o que pareceu horas de caminhada, eles finalmente chegaram ao pé da montanha.

A respiração de Hein parou ao olhar para cima e ver uma magnífica estrutura esculpida na lateral da montanha. Era algo como nunca tinha visto antes.

A estrutura erguia-se alta e majestosa, com intrincadas esculturas e relevos adornando suas paredes.

O pedra usada para construí-la parecia brilhar com um brilho sobrenatural, e Hein não pôde deixar de ficar em admiração diante de sua grandeza. As paredes da estrutura eram adornadas com grandes esculturas de demônios temíveis, cujos olhos pareciam seguir cada movimento de Hein.

Hein notou vários demônios em cima das paredes, mantendo um vigilante olhar sobre os arredores. Sua presença imponente fez um arrepio percorrer sua espinha. Vários deles estavam acima de sua força, e ele se perguntou se conseguiria enfrentá-los se lutassem.

'Provavelmente não.'

Os demônios usavam armaduras elaboradas, e seus olhos brilhavam com um tom vermelho sinistro, tornando-os ainda mais ameaçadores.

Ao se aproximarem da entrada da estrutura, Hein não pôde deixar de sentir uma mistura de apreensão e curiosidade.

Ele se perguntou o que havia dentro desta misteriosa fortaleza montanhosa. As portas eram enormes, feitas de ferro maciço e adornadas com intrincadas gravações que pareciam brilhar com uma tonalidade misteriosa.

"Abram a porta!"

Clank—

Os demônios que acompanhavam Hein levantaram as mãos, e as portas rangiam ao se abrirem lentamente, revelando um grande salão dentro.

Os olhos de Hein se arregalaram de espanto ao entrar na vasta câmara.

As paredes eram forradas com tapeçarias que retratavam cenas de batalhas e conquistas, e o teto se erguia alto, adornado com um elaborado mural que retratava a história do reino demoníaco.

No fundo do salão, Hein vislumbrou o que parecia ser um trono de obsidiana, adornado com pedras preciosas que brilhavam com uma luz sobrenatural.

Ao se aproximar, percebeu que o trono era ocupado por uma figura sedutora, vestida com trajes reais e exalando uma aura de poder.

Sua cabeça estava apoiada contra o punho, permitindo que seus cabelos negros caíssem pelo lado do ombro.

No momento em que entraram, seus olhos se abriram, e seu olhar parou em Angelica. Um leve sorriso se espalhou por seu rosto enquanto sua boca se abria.

"O que você tem feito, minha boa filha?"