Volume 2 - Capítulo 177

"Bem, isso foi mais fácil do que eu pensei."

Ao pisar em Setin, Kevin olhou ao redor enquanto respondia.

"...É, isso foi um pouco fácil demais para o meu gosto também."

Olhando casualmente para o interior da cidade, acenei com a cabeça e acrescentei.

"Bem, é natural considerando o layout da cidade."

"Acho que sim..."

Entrar na cidade de Setin não foi difícil, dada a imensidão do lugar e o fato de que não havia muros externos cercando a área, Kevin, Silug e eu conseguimos entrar sem dificuldades.

Ainda assim, embora tivéssemos entrado na cidade com facilidade, isso não significava que poderíamos baixar a guarda.

A cidade estava repleta de demônios e um único passo em falso poderia levar à nossa morte.

...então só porque entramos não significava nada. Essa provavelmente era a parte mais fácil.

A parte difícil, naturalmente, viria a seu tempo.

Olhando para os lados da cidade enquanto admirava os edifícios à sua frente, Kevin disse.

"Acho que o fato de os orcs não serem muito bons em se infiltrar em lugares também ajudou a explicar porque a cidade não é tão bem guardada."

Ouvindo o ponto de Kevin, não pude deixar de concordar.

"É verdade."

Ao mesmo tempo, ambos olhamos para a direita e nossos olhos pararam na imensa figura de Silug. Depois de viajar com ele até Setin, entendemos bastante bem o motivo de a cidade não ser tão segura.

Não havia como alguém tão grande quanto ele entrar na cidade sem ser notado. Especialmente considerando que os orcs tendem a ser extremamente temperamentais.

Basta uma ofensa e eles explodiriam de raiva.

Se não fosse pelo fato de que eu mantinha Silug motivado pela perspectiva de vingança, já teríamos sido descobertos há muito tempo.

Suspirando internamente e encarando a cidade à minha frente, decidi encontrar um lugar isolado para descansar.

Estivemos viajando sem parar nos últimos dias e precisávamos encontrar um lugar para descansar adequadamente, pois as coisas logo ficariam difíceis.

...especialmente considerando o que teríamos que fazer a seguir.

"Aqui, isso deve servir por enquanto."

Depois de um tempo, chegamos a uma casa de aparência bastante discreta que parecia deserta. Após verificar se não havia ninguém por perto, convidei Kevin e Silug a entrar.

Isso foi depois de confirmar que o lugar estava realmente abandonado.

O interior da casa não tinha nada de especial, já que poeira e teias de aranha cobriam o ambiente. Tapetes rasgados e desgastados estavam no chão e, além de uma grande mesa de madeira e algumas cadeiras no meio do cômodo, não havia mais nada dentro da casa.

...era evidente que aquela era uma casa antiga que um orc usava antes da invasão dos demônios.

Observando Silug e Kevin, que já estavam sentados nas cadeiras de madeira, caminhei em direção à entrada da casa.

"Vocês ficam aqui, eu tenho algo a fazer... Vejo vocês em cerca de uma hora."

Virando-se e me olhando com confusão, Kevin perguntou.

"O que você vai fazer?"

"Tenho que fazer algo."

Embora eu quisesse descansar, infelizmente ainda havia algo que eu precisava fazer.

...estava na hora de iniciar a próxima parte do meu plano.

Olhando para Silug, que estava sentado em frente a Kevin, voltei a olhar para Kevin e disse.

"Embora você não precise de ajuda, Silug estará aqui para protegê-lo... com a força dele, você realmente não precisará se preocupar com demônios entrando aqui e expondo sua localização. Então, caso um demônio venha e o encontre, basta pedir para Silug se livrar dele. Ah, e certifique-se de que ele faça isso silenciosamente, não se exponham, pois isso arruinaria praticamente tudo."

Ouvindo-me e olhando para Silug, que permaneceu quieto o tempo todo, Kevin acenou com a cabeça e perguntou novamente.

"Claro, mas o que você vai fazer?"

Olhando para Kevin, respondi de forma vaga.

"Mhh... você verá em breve."

Deixei a resposta vaga de propósito.

Com meu próximo plano envolvendo novamente Angelica, eu definitivamente não podia deixar que os dois soubessem da existência dela.

Kevin, porque ele já havia lutado contra ela e explicar as coisas para ele seria problemático.

...Silug

Bem, ele definitivamente não poderia saber da existência de Angelica.

Se ele descobrisse que uma demônio estava conosco, poderia juntar as peças e perceber que toda a situação surgiu por causa do que Kevin e eu fizemos.

...e, simplesmente, isso não poderia acontecer.

Se isso acontecesse, tudo pelo que eu trabalhei duro desmoronaria em questão de segundos.

Enquanto meus pensamentos paravam ali, encarando Kevin e Silug, acenei para eles.

"Certo, estou indo."

Virando-me, abri a porta e deixei o edifício.

Era hora de começar a próxima parte do meu plano.

...

"Angelica, apareça."

Após me afastar de onde estavam Kevin e Silug, com minha mão esquerda tremendo, chamei por Angelica.

-Fwaa!

Materializando-se diante de mim, Angelica olhou ao redor e para o céu enquanto dizia.

"Hmmm... Senti falta desse cheiro familiar."

"Ok..."

Ouvindo o comentário de Angelica, fiquei um pouco incomodado, mas de certa forma compreendi como ela se sentia. Com este lugar cheio de energia demoníaca, Angelica era como peixe na água.

"De qualquer forma, Angelica, por favor, libere sua aura."

Virando-se e olhando para mim, Angelica ergueu a delicada sobrancelha e perguntou.

"Liberar minha aura?"

Acenei com a cabeça e respondi de forma concisa.

"Sim..."

Essa era a última tarefa que Angelica precisava cumprir.

Libere sua aura.

Com Angelica tendo deixado um traço distinto de sua energia demoníaca no corpo de Zornaraugh, o chefe orc poderia naturalmente senti-la se ela a liberasse.

A razão pela qual eu queria que ela fizesse isso era porque queria atrair o demônio mais forte para longe de Setin.

Com Omogulg mirando diretamente Setin por conseguir sentir um pouco da energia demoníaca distinta de Angelica, ele naturalmente se moveria em direção a Setin e, como resultado, faria os demônios mais fortes na cidade se deslocarem para defender o local.

Embora Omogulg odiasse todos os demônios, ele naturalmente desejaria atacar primeiro o assassino de seu filho.

Esse era um passo crucial para o meu plano, e isso porque...

Observando ao longe, onde um enorme e assustador castelo negro se erguia, eu sabia que entrar naquele lugar era a chave para alcançar meus objetivos.

Ao me aproximar do castelo, não pude deixar de murmurar para mim mesmo.

"Oh, uau, que castelo aterrador."

O castelo diante de mim era, de fato, bastante sinistro e intimidador.

Especialmente devido ao seu design, com doze torres redondas estreitas formando uma barreira protetora ao redor do castelo, conectadas por altas e estreitas paredes feitas de pedra negra. Ao lado do castelo, havia janelas opacas espalhadas de forma relativamente simétrica pelas paredes, junto com enormes bandeiras e estandartes que tremulavam no topo do castelo.

Na frente do castelo, havia um enorme portão negro conectado por grossas e pesadas correntes de metal, com várias estátuas de aparência intimidadora ao lado dele... aumentando ainda mais a sensação de mistério que envolvia o castelo.

'O castelo de Azeroth'

Esse era o nome do lugar, e era também onde o Marquês Azeroth residia. Um dos três demônios de classificação marquês que habitam Immorra.

Felizmente, como Setin era a cidade mais próxima de Gud Khodror, com Angelica liberando sua aura aqui, era natural que os orcs viessem primeiro.

...na verdade, devido à distância das outras duas cidades, Budkod e Zrozed, os reforços não chegariam tão cedo, o que significava que, quando o chefe orc chegasse, o Marquês Azeroth não teria escolha a não ser deixar o castelo demoníaco em que residia.

E o exato momento em que o Marquês Azeroth deixasse seu castelo, seria o momento em que eu sabia que tinha que agir.

Esse era um passo extremamente crucial, pois era onde os itens que eu queria estavam localizados.

Com os demônios pilhando toda Immorra, a maioria de seus tesouros e itens estava naturalmente guardada em algum lugar.

...e um desses lugares estava, naturalmente, em Setin, ou mais especificamente no castelo de Azeroth, onde uma das existências mais fortes do planeta residia.

Embora os demônios não tivessem utilidade para a maioria dos itens lá, isso não significava que eles eram inúteis, pois os demônios poderiam atrair outros orcs para se juntarem a eles usando esses itens.

...assim como os vilões.

Se eu não estivesse enganado, a maioria dos itens que eu procurava estava trancada no porão do edifício.

Dentro de um tesouro... incluindo a cura para a maldição do quebrador de mente.

*Suspiro*

Suspirando para mim mesmo e encarando o castelo à distância, nunca me senti tão próximo e tão longe do meu objetivo.

...se ao menos as coisas não fossem tão complicadas.

Enquanto eu estava ocupado estudando o castelo ao longe, lembrando de algo, virei-me para Angelica e perguntei.

"Ei, Angelica, quero perguntar... quando os demônios formam um pacto com alguém, ambas as partes precisam estar presentes ao mesmo tempo, ou podem fazer um pacto à distância?"

Me observando por alguns segundos, Angelica balançou a cabeça.

"Não, desde que ambos assinem o contrato que vincula nossas almas, não precisamos estar presentes. Você só precisa assinar o contrato e tudo estará resolvido."

"Entendi..."

Interessante.

Descobrir coisas que eu, como autor, não sabia era realmente interessante.

Como nunca abordei o tópico dos contratos demoníacos em meu romance, não tinha ideia de que ambas as partes não precisavam estar presentes ao assinar um contrato.

...isso veio como uma grata surpresa, pois uma ideia iluminou minha mente.

Com os olhos semicerrados e me olhando com cautela, Angelica disse.

"Por que você está perguntando?"

Olhando para Angelica, que me observava com desconfiança, balancei a cabeça e disse casualmente.

"Não é nada."

Não acreditando na minha palavra, Angelica se tornou ainda mais cautelosa.

"...humano, é melhor você não estar brincando comigo."

"Relaxe... você me conhece, se eu precisar pedir algo a você, vou naturalmente te recompensar adequadamente. Eu não sou um homem mesquinho!"

Enquanto falava, tentei suprimir meu coração acelerado, resultado da minha empolgação.

Uma ideia realmente interessante surgiu em minha mente...

...e quanto mais eu pensava sobre isso, mais não conseguia evitar que os cantos dos meus lábios se curvassem para cima.

Se o plano que eu elaborei funcionasse, então uma situação muito interessante surgiria como resultado.

...e quando eu digo interessante, quero dizer verdadeiramente interessante.