
Capítulo 386
Abe the Wizard
Depois que Abel terminou seu treinamento de cavaleiro, a voz de Mestre Thorin surgiu de um lado:
“Mestre Abel, você é realmente dedicado!”
“Tenho tempo de sobra, então preciso me manter em movimento!” respondeu Abel, sorrindo enquanto guardava a espada.
Nesse momento, um servo anão entrou e fez uma reverência: “Mestre Thorin, há visitantes do lado de fora querendo uma audiência!”
“Quem espalhou essa notícia tão rápido?” perguntou Mestre Thorin ao servo.
“Mestre Thorin, foram os chefes das famílias Lester e Gerard!” respondeu o servo.
“Mestre Abel, as famílias Lester e Gerard estão entre as maiores da Cidade Miuah. Se pretende ficar por aqui, com certeza podem te ajudar!” explicou Mestre Thorin ao ver a expressão confusa no rosto de Abel.
“Mestre Thorin, não tenho tempo a perder com esse tipo de coisa. Não vou receber ninguém aqui!” Abel sabia como funcionava o círculo nobre. Se começasse a receber esse tipo de visita, logo estaria cercado por dezenas de outros, e seu tempo livre desapareceria.
“Parece que Mestre Abel não vai ficar muito tempo na Cidade Miuah. Todo o esforço do Governante Poford pode acabar sendo em vão!” disse Mestre Thorin, rindo alto.
“É verdade, não pretendo ficar. Tenho meus próprios planos!” respondeu Abel, sorrindo.
“Na verdade, Mestre Abel, você pode ficar entre os anões. Como pode ver, somos bastante acolhedores. Humanos e elfos vivem pacificamente conosco nas nossas cidades. Seu problema no mundo humano é grande demais. Mesmo com o apoio da União dos Ferreiros, isso não mudou a decisão deles!” advertiu Mestre Thorin em tom suave.
“Mestre Thorin, um dia voltarei ao mundo humano. É só uma questão de tempo. Por enquanto, vou focar em ficar mais forte!” disse Abel, confiante.
“Então não vou te impedir. Você tem seus planos, não precisa se preocupar com nobres como esses. A verdadeira autoridade entre os anões é a União dos Ferreiros, e nós vamos te apoiar com certeza. A União dos Magos anões é diferente da União dos Magos humanos. E a União dos Magos do Reino de St Ellis não representa toda a União dos Magos. Você é querido pelos anões, até mesmo pelos magos anões.” disse Mestre Thorin, sorrindo e acenando com a mão.
Na hora do almoço, Bartoli foi até a loja de roupas de Liffey e pegou os ternos sob medida. Depois que Abel vestiu o terno, Bartoli olhou para ele com um olhar nobre e começou a elogiar o trabalho de Liffey. O terno era luxuoso, porém discreto; elegante, porém misterioso.
Até mesmo Abel, que não entendia muito de moda, sentiu que o terno estava no mesmo nível daqueles mestres alfaiates do Ducado de Camelot. Não era à toa que diziam que os elfos tinham um gosto natural pela beleza. Não importava se fosse arquitetura, moda ou joias; tudo expressava sua beleza no ápice.
À tarde, duas carruagens partiram do hotel. Uma levava Mestre Thorin, Abel e Bartoli; a outra carregava três barris de Vinho Mestre, presente de Abel para Mestre Robbin.
Ainda a certa distância da casa de Mestre Robbin, Abel já podia ouvir o som do martelo batendo, o forno queimando e o chiado do ferro quente sendo mergulhado na água. Esses sons familiares de repente o deixaram nostálgico. Era como se tivesse voltado aos tempos em que forjava com Bentham.
Quando chegaram à porta, um jovem anão de túnica cinza gritou: “Mestre Thorin!” Em seguida, correu para dentro, repetindo em voz alta: “Mestre Thorin chegou, Mestre Thorin chegou!”
“Mestre Abel, esta é Susie, o discípulo mais jovem do mestre. Por favor, perdoe-o!” Mestre Thorin ficou um pouco envergonhado com a atitude de Susie e explicou a Abel com um sorriso.
Pouco depois, um anão musculoso, com a barba branca completa, surgiu atrás de Susie e falou com voz grossa: “Garoto levado, já te disse muitas vezes para não ser rude. Se continuar assim, nunca será um bom ferreiro!” Susie não se importava e continuava fazendo caretas enquanto liderava o grupo.
“Mestre Abel, o humor do mestre está bem melhor esses dias. Antes, ele já teria dado uma bronca daquelas em Susie!” disse Mestre Thorin, inclinando a cabeça para Abel.
“Thorin, finalmente voltou para ver seu velho. Pensei que teria que esperar até a reunião dos mestres para te ver!” disse Mestre Robbin, batendo forte no ombro de Mestre Thorin. O tapa foi com tanta força que parecia que estava moldando ferro.
“Mestre, você é muito pesado. Seus ossos continuam firmes!” respondeu Mestre Thorin, tentando se esquivar.
“Haha, claro! Estou no auge da minha carreira como ferreiro. Não vou parar até criar algum equipamento lendário!” disse Mestre Robbin, rindo alto.
Depois que Mestre Robbin se recompôs, percebeu Abel e Bartoli ao lado e perguntou: “Quem são esses dois?”
“Sou discípulo de Bentham, meu nome é Abel Harry. Vim visitá-lo em nome do Mestre Bentham!” respondeu Abel, fazendo uma reverência.
Ao ouvir o nome Bentham, Mestre Robbin não pôde evitar balançar a cabeça: “Bentham não é bem um mestre. É o discípulo mais dedicado que tenho, mas é uma pena que não seja tão talentoso. Só os amigos o chamam de mestre; ele não representa bem essa palavra!”
Se outra pessoa tivesse dito isso, Abel teria partido para cima. Mas aquele anão velho na sua frente tinha autoridade para falar o que quisesse. Tanto o Mestre Bentham quanto suas próprias habilidades de forjamento vieram daquele velho anão.
“Ah, seu nome é Abel Harry!” De repente, algo veio à mente de Mestre Robbin. Surpreso, disse: “Mestre Abel?”
Mestre Robbin então se virou para Mestre Thorin, que assentiu, e Mestre Robbin explodiu em uma risada: “Entrem! Thorin, por que não me avisou que o Mestre Abel viria?”
“Mestre Robbin, pode me chamar de Abel. Sou praticamente seu discípulo também!” disse Abel, deixando que Mestre Robbin os guiasse.
“Não se preocupe com Bentham; somos todos ferreiros irmãos. Segundo a tradição da União dos Ferreiros, enquanto não houver parentesco, todos os mestres devem ser tratados igualmente!” disse Mestre Robbin enquanto os conduzia ao pátio. Ele estava muito feliz ao ouvir as palavras de Abel. De qualquer forma, isso mostrava que Abel já era membro da União dos Ferreiros.
“Mestre Robbin, esta é minha governanta, Bartoli, e estes são alguns pequenos presentes que trouxe!” Após apresentar Bartoli, Abel apontou para os três barris de vinho do mestre na carruagem de trás.
Os olhos de Mestre Robbin começaram a brilhar. Abel, entre os anões, era um mestre do vinho. Todos os anões de elite enlouqueciam por seus vinhos. Embora Mestre Robbin nunca tivesse provado, sabia da imensa popularidade. Agora, estava cheio de empolgação.
“Garotos, parem o que estão fazendo e venham aqui!” Mestre Robbin gritou no pátio. Os anões que trabalhavam na forja ao ar livre pararam suas tarefas imediatamente. Sabiam muito bem que só parariam se fosse algo importante.
“Hoje é o dia de sorte de vocês. Temos aqui duas visitas especiais: o Mestre Thorin, que vocês conhecem, e o Mestre Abel!” anunciou Mestre Robbin.
Mestre Thorin costumava visitar esse lugar a cada poucos anos, então era presença comum. Porém, Mestre Abel era o chamado Grande Mestre com maior potencial, então alguns ferreiros anões agora fixavam seus olhos naquele humano da mesma idade.
“O que estão esperando? Levem esses três barris para o meu quarto, rápido!” gritou Mestre Robbin novamente.
Parecia que esse era o único motivo para o mestre pedir que seus discípulos parassem o trabalho. Enquanto conduzia os três para a sala de estar, olhou para trás com cuidado e gritou mais uma vez:
“Cuidem bem deles. Se alguém estragar algum barril, vou pelar essa pessoa viva!”