Volume 1 - Capítulo 1
Sword God in a World of Magic
Toc, toc, toc.
Alguém bateu em uma porta de madeira.
Não houve resposta.
Creak.
A porta abriu lentamente, e uma pessoa com roupas impecáveis, entrou. Era um homem com cabelos grisalhos, mas era um pouco difícil de descobrir sua idade exata. Apesar dos cabelos grisalhos, que obviamente vieram com a idade avançada, não havia rugas em seu rosto. Se alguém olhasse apenas para o seu rosto, poderiam pensar que ele era um tanto quanto novo.
Entretanto, aparências muitas vezes enganam.
Se alguém ouvisse a idade dessa pessoa, seria difícil acreditar em quem a teria dito.
O homem observou ao redor da sala com um olhar profissional.
Era um pequeno escritório com vários tipos de livros, escrituras, tomos, e papéis. Um tapete violeta incrivelmente macio estava no chão, e um fogo confortável crepitava na lareira.
Os olhos do homem foram para o fundo da sala.
Outro homem estava sentado atrás de uma mesa de mogno. Vários papéis estavam espalhados sobre a mesa. O homem estava praticamente deitado em sua cadeira, sua cabeça apontada para cima.
O homem na porta balançou levemente a cabeça e se aproximou.
Bang!
Ele chutou de leve a mesa.
— Oh, qu- hm? Oh, bom dia, Wester — o homem que foi acordado, falou após se recuperar do choque. Ele era um homem velho com um traço gentil, e todos que o vissem pensariam nele como um bom avô.
— É noite, senhor — disse o mordomo Wester para o velho.
— Oh, mas já? — o velho perguntou confuso enquanto olhava ao redor de sua sala. — Estava trabalhando na recompensa para a Competição de Clãs deste ano. Acho que perdi a noção do tempo.
— Mhm — murmurou Wester, decidindo não comentar sobre como encontrou seu mestre cochilando.
— O quê? Você não acredita em mim? — o velho perguntou com uma expressão ofendida. — Olha! Está bem ali.
Um tomo começou a flutuar da mesa e parou em frente a Wester.
Wester pegou o tomo, o abriu e examinou.
— Um Feitiço de Elemento Neutro de Rank Rei — comentou Wester. — Você não leu o dossiê sobre os candidatos, leu? — e perguntou em seguida
O velho sentiu como se tivesse sido descoberto.
BANG!
Wester colocou suas mãos nos dossiês empilhados na mesa, fazendo com que fosse impossível do velho não olhar para eles.
O velho gemeu. — Certo! Certo! Porém, isso não importa de verdade, importa? Um Feitiço de Elemento Neutro é mais valioso que um Feitiço de Elemento Específico, de qualquer maneira.
— Senhor, se você continuar criando Feitiços de Elemento Neutro para cada competição, os outros Clãs vão começar a achar que não nos importamos com a Competição — expressou Wester.
O velho gemeu de novo. — Certo! Vou simplesmente criar um para cada Elemento, e você pode escolher qual você quer entregar em competições futuras.
Wester colocou o Feitiço de Elemento Neutro de Rank Rei embaixo do braço, mas não comentou sobre as palavras do velho.
Silêncio.
O velho se sentiu um pouco estranho, já que seu mordomo apenas ficou parado à sua frente sem falar nada.
— Você precisa de mais alguma coisa? — indagou o velho.
Silêncio.
— O Filho da Calamidade desapareceu — disse Wester.
O velho ficou levemente chocado e olhou para Wester incrédulo. — Desapareceu? Ele fugiu? Por que ele faria isso? Ele tinha dinheiro, liberdade, status, uma família, tudo. O que aconteceu?
— Não sabemos — respondeu Wester. — Quando nossos homens chegaram em sua casa para a visita mensal, ele simplesmente não estava lá.
— Vocês procuraram por ele? — perguntou o velho.
— Claro, senhor — retorquiu Wester. — Enviei a sétima legião para procurar em cada canto num raio de cinquenta mil quilômetros. Como um mero Aprendiz, não é possível que ele tenha viajado longe, e teríamos percebido qualquer ondulação espacial. Apesar disso, ainda não conseguimos encontrá-lo.
O velho coçou sua cabeça e pensou. — Nem mesmo os outros Clãs poderiam esconder algo assim. Além disso, eles estariam apenas lançando uma bola de fogo em suas caras levando ele embora. Tenho certeza de que ele não teve nenhuma ajuda.
— Isso só pode significar que sua Afinidade reivindicou sua vida. Isso também explicaria porque você não consegue encontrar traços dele — murmurou o velho.
Wester acenou com a cabeça. — Isso foi também foi o que presumimos.
O velho também acenou. — Presumo que precise do selo, certo?
— Exatamente, senhor.
O velho fez sinal com a mão para dar algo a Wester, e um pedaço de papel apareceu no ar, de onde começou a flutuar em direção à mesa.
O velho olhou para o papel e o leu.
Então, colocou seu dedo no final da folha, dedo que brilhou com um raio roxo por um instante.
— Como sempre — o velho comentou enquanto o papel voava até Wester.
— Como sempre — falou Wester.
Wester se virou, saiu do escritório, e desejou ao velho uma boa noite.
Depois que Wester saiu, o velho franziu as sobrancelhas e olhou para o meio da sala.
O velho acenou com os dedos. Um pouco de água se juntou no ar e uma poça cristalina se formou.
O velho olhou para dentro da poça, esta que refletia um mundo aparentemente infinito.
Os olhos do velho se moviam em alta velocidade enquanto vasculhava cada canto escondido do mundo mostrado na poça.
Dez segundos depois, a poça desapareceu, e o velho voltou a se deitar em sua cadeira.
— Com toda certeza, ele já era. Nenhum traço dele. Isso é novo — o velho murmurou consigo. — Quero dizer, Afinidades podem realmente devorar seus donos, então não é completamente inacreditável. Isso só não aconteceu com um Filho da Calamidade nos últimos cem mil anos. Isso não parece certo! Alguma coisa está diferente dessa vez!
O velho coçou seu queixo por mais algum tempo, mas eventualmente colocou sua cabeça em uma posição de dormir novamente.
— Bem, não importa. De qualquer forma, as legiões vão achar o novo Filho da Calamidade — ele comentou para si enquanto fechava os olhos.
Enquanto isso, Wester caminhava por um corredor de pedra mal iluminado. Cada passo que dava aparentemente o levava centenas de metros para frente. Era difícil de discernir o que era mais surpreendente, o fato de que Wester se movia tão rápido ou que o corredor era muito longo.
Depois de alguns segundos, Wester chegou em frente a uma porta de madeira, que ele rapidamente abriu e atravessou.
Ele chegou em um grande salão.
O salão tinha um comprimento de dois quilômetros e uma altura de 300 metros. Armas poderosas e adornos estavam nas paredes enquanto imponentes bandeiras violetas pendiam de cada coluna. As bandeiras tinham um raio branco impresso nelas, e uma mesa gigante estava no meio do salão com algumas cadeiras ao seu redor.
Agora, o salão estava vazio.
Wester passou por outra porta e outro corredor, esse muito maior e grandioso que o anterior.
Ele então passou por outra porta.
Essa sala tinha várias mesas e cadeiras. Muitos tipos de equipamentos mágicos podiam ser encontrados na sala. Diversos papéis e objetos estavam nas mesas.
— Boa noite, senhor. Você precisa de alguma coisa?
Uma mulher loira com vestes roxas luxuosas se levantou educadamente. Eletricidade brilhava ao seu redor enquanto o espaço parecia se contorcer em volta dela.
Ela exibia um poder incrível.
— Oh, Sarah, perfeito, estava procurando por você. Tudo bem? — Wester perguntou educadamente.
— Sim, senhor. Obrigada por perguntar, senhor — a mulher respondeu educadamente.
— Sarah, preciso que faça uma coisa para mim — disse Wester enquanto pegava o papel que o velho assinou mais cedo.
O papel flutuou até ela, e a mulher olhou para ele.
Seus olhos se arregalaram mais e mais conforme lia.
— Sim, senhor — disse ela.
Então, pegou o papel e andou até uma parede. Ela falou palavras complexas e desconhecidas que deformaram seus arredores.
Dez segundos depois, um espaço do tamanho da folha de papel apareceu na parede.
Sarah colocou o papel no lugar e ele prontamente queimou.
DING! DING! DING!
Três sinos tocaram por uma distância inimaginável, suas badaladas ignorando a velocidade do som.
— Tenha uma boa caçada — comentou Wester enquanto saia da sala.
— Obrigada, senhor — respondeu Sarah ao se curvar.
SHING!
Sarah foi envolta por uma luz brilhante, mas a luz sumiu tão rápido quanto chegou.
Entretanto, Sarah havia passado por uma transformação impressionante.
Suas vestes roxas foram substituídas por uma armadura prateada brilhante, coberta por diferentes runas. Asas ósseas douradas estavam na parte de trás da armadura, e rapidamente foram preenchidos por pequenos raios parecidos com penas.
Uma lança de dois metros apareceu na sua mão, também crepitando com eletricidade.
SHING!
Sarah reapareceu no grande salão pelo qual Wester tinha passado.
Entretanto, esse salão não estava mais vazio.
Dez mil pessoas com armaduras e cajados dourados enchiam o salão de forma organizada.
— Saudamos a general! — falaram as pessoas na frente do exército.
Sarah exibia um poder irresistível enquanto olhava para o exército reunido.
Essa era a sexta legião, que era responsável pelo reconhecimento.
— Homens e mulheres da sexta legião — disse Sarah, sua voz ecoando ao redor do salão. — O ancestral deu uma ordem!
Silêncio.
— O Filho da Calamidade desapareceu, e um novo Filho da Calamidade deve ter aparecido no mundo. A sexta legião vasculhará o mundo. Toda criança com menos de um ano deverá ter sua afinidade testada com um teste sanguíneo! Se qualquer criança receber um teste positivo para uma afinidade desconhecida, deve ser trazida até mim!
— Espero que consigam terminar até o amanhecer!
— Sim, General! — os rugiram soldados.
— Vão!
SHING! SHING! SHING!
Todos os 10.000 teleportaram para fora do salão e apareceram no ar.
Abaixo deles estava um castelo roxo, construído no topo de montanhas de alturas inimagináveis.
O castelo em si tinha vários quilômetros de altura.
Raios crepitavam furiosamente abaixo das montanhas onde estava o castelo.
Nada além de um infinito mar de nuvens recheadas de eletricidade podia ser visto.
BANG!
Então, com uma explosão, todos os soldados se transformaram em raios enquanto corriam para o horizonte.
Suas velocidades não podiam ser seguidas a olho nu.
Naquela noite, vários humanos perceberam estrelas cadentes douradas no céu.
Naquela noite, todos os bebês com menos de um ano ganhariam um ponto vermelho na ponta de seus dedos indicadores.
Este ponto era o lugar de onde o sangue para o teste foi retirado.
Ninguém além das verdadeiras potências perceberiam que isso aconteceu.
O mundo inteiro foi vasculhado em uma única noite e ninguém percebeu.
Ainda assim, o Filho da Calamidade não foi encontrado.