Volume 13 - Capítulo 553
The Runesmith
“Isso realmente vai funcionar?”
“Você está duvidando de mim? Do grande Rastix Zelbebanin? Você não sabe com quem está falando?”
“Sim? Apenas um alquimista contratado pelo senhor da noite?”
Um anão tentou esconder seu sorriso enquanto falava com o gnomo menor diante dele. Enquanto conversavam, o homem atarracado casualmente inseriu seu mindinho em sua orelha, cavando ao redor como se para mostrar o quão pouco se importava com o balbucio do gnomo. Os dois estavam diante de uma máquina estranha que parecia pertencer a uma destilaria. Um enorme funil metálico estava no topo, levando a uma câmara que lembrava um barril. Ao longo dos lados, símbolos rúnicos estavam gravados no metal, cercados por vários mostradores e botões.
“Mestre Wayland, você vê isso? Como esses anões podem ser tão rudes!”
Rastix virou-se para Roland, que estava parado não muito longe da engenhoca, ocupado prendendo cabos a ela. O gnomo correu para reclamar, mas a expressão de Roland permaneceu escondida atrás do capacete e da viseira. Se estivesse visível, pareceria completamente irritado.
‘Ele realmente cresceu muito desde que ajudou a criar aquele adesivo para as próteses…’
Roland exalou bruscamente, balançando a cabeça enquanto continuava seu trabalho. Rastix estava insuportável ultimamente, mas pelo menos suas contribuições eram valiosas. Com um ajuste final, Roland prendeu o último conjunto de cabos e acionou um interruptor embutido na base da máquina. Um zumbido baixo encheu o ar enquanto o dispositivo rugia para a vida. As runas ao longo de sua estrutura piscaram antes de se estabelecerem em um brilho constante e radiante.
“Meu Deus, que maravilha. Como se chama essa invenção?”
“É um dispositivo de sifonagem de mana.”
Ele respondeu à voz feminina que havia feito a pergunta, mas uma voz mais profunda e preocupada o seguiu.
“Lady Curtana, por favor, tenha cuidado.”
“Oh, Sir Durendal, estou bem. Pare de se preocupar com cada pequeno detalhe.”
“Mas…”
Parados perto da máquina de sifonagem de mana estavam Robert e Lucille. Enquanto Robert era um portador de classe Nível 3, passou mais tempo treinando suas novas habilidades do que subindo de nível para ganhar mais poder. Lucille, por outro lado, ainda era uma Maga Rúnica de Nível 2. A única razão pela qual ela estava ali era porque Roland buscava uma segunda opinião de outro mago, um que também passou anos conduzindo pesquisas no instituto. Eles estavam usando seus alter egos, Durendal e Curtana, seus rostos escondidos sob capacetes.
Alguns dias se passaram desde a descoberta, e ele já havia enviado vários golens para explorar a área. Eles não encontraram oposição, apenas uma vasta rede de túneis e espaço vazio cheio de bolhas flutuantes de luz. Era um espetáculo hipnotizante, mas não estava ali para passear. Em vez disso, tirou o melhor proveito da situação criando um dispositivo para reunir o excesso de mana.
Havia duas razões principais para isso. Uma era ganhar mais recursos, e a outra era uma tentativa de conter a poluição de mana da área. Do jeito que as coisas estavam, qualquer um sem habilidades de regulação de mana ou uma classe de Nível 3 não duraria muito aqui. Depois de apenas algumas horas, eles começariam a se sentir exaustos e sonolentos, eventualmente entrando em colapso com febre.
“Estou bem, sério. Oh, o mana… está sendo sugado!”
Robert sabia que estava subnivelado para esta área e estava cheio de preocupação. Embora Roland tivesse garantido que não havia perigo com ele por perto, seu irmão mais velho continuou preocupado com sua amada. Ela, por outro lado, não sentiu perigo e estava completamente absorta nas vistas ao seu redor. Durante toda a caminhada, estava olhando para tudo como se fosse uma criança de dez anos em uma loja de doces.
A câmara ao redor deles estava espessa com mana, o ar brilhando com névoa ondulante feita de energia mágica bruta. O dispositivo de sifonagem agora estava ativo, e as correntes giratórias de mana estavam sendo puxadas em direção ao funil. O topo começou a vibrar, e logo o mana estava sendo puxado para dentro em um ritmo rápido.
“Viu? Funciona perfeitamente!”
Rastix estufou o peito, sorrindo para os anões duvidosos. Um dos mineiros cruzou os braços e perguntou:
“Sim, mas o que exatamente está fazendo?”
Rastix começou a sorrir e respondeu num tom arrogante, como se tentasse expressar sua superioridade a um simplório.
“Ele está filtrando as partículas de mana brutas do ar e condensando-as em uma forma líquida mais estável. O processo garante que nada disso seja desperdiçado. Também tenho certeza de que eventualmente seremos capazes de cristalizar esse mana líquido, tornando-o muito mais potente!”
Como se para confirmar suas palavras, uma série de canos abaixo da câmara em forma de barril sibilou, e um líquido azul espesso e brilhante começou a fluir por eles. O líquido viajou por um tubo de vidro enrolado, pingando lentamente em um recipiente reforçado. Cada gota brilhava com um cintilar mágico, exibindo perfeitamente as capacidades da máquina.
“Vocês estão vendo isso? Não estão impressionados?”
Rastix levantou uma das latas, o líquido de mana chacoalhando dentro e irradiando um brilho suave. O recipiente era semitransparente, permitindo que os observadores garantissem que o mana dentro permanecesse estável. O mana, em seu estado natural, era geralmente benigno – uma lousa em branco esperando por ordens. No entanto, nas mãos erradas, ele poderia gerar imensa energia ou até mesmo causar explosões poderosas.
Os anões observaram com olhos arregalados enquanto o primeiro frasco enchia. Um deles o arrancou das mãos do gnomo para examiná-lo. O mana líquido dentro dele girava levemente, como se estivesse vivo.
“Bem, que me amaldiçoem… Isso é mana puro e refinado.”
“Seu bruto inculto, devolva isso!”
Os outros anões observaram Rastix agitando as mãos e caíram na gargalhada. Roland observou a troca em silêncio antes de lançar um único olhar aos anões. Instantaneamente, a lata foi devolvida a Rastix, que retomou a postura.
Embora Roland não apreciasse o comportamento arrogante do gnomo, ele não se importava, desde que fizesse bem seu trabalho. O dispositivo foi criado por meio de uma combinação de alquimia e forja de runas. Foi somente graças a uma membrana especial que Rastix criou que o mana pôde ser condensado em um líquido. Roland poderia fornecer uma magia de sucção para reunir as bolhas de mana, mas somente por meio de um processo alquímico poderia ser transformado em uma forma líquida estável.
Uma vez que o mana foi capturado, passava por vários processos de refino que, de alguma forma, uniram suas moléculas mágicas. Foi uma transformação fascinante que abriu seus olhos para mais verdades sobre o mana. No entanto, ele não estava aqui apenas para coletar recursos brutos, estava aqui para descobrir a verdadeira natureza deste lugar.
“Lady Curtana, o que você acha?”
Finalmente, fez a pergunta a Lucille. Ele a trouxera aqui para confirmar algumas de suas teorias.
“Ah… sim, Sir Wayland, este lugar é realmente intrigante. Quanto à sua tese, acredito que ela pode estar correta… Não acho que este lugar faça parte da masmorra. Parece uma entidade totalmente separada…”
Era exatamente isso que ele temia, e não tinha certeza do melhor curso de ação. A princípio, presumiu que eles tinham tropeçado em uma seção inacabada da mesma masmorra – uma área em expansão ainda em formação, o que estaria dentro de suas expectativas. No entanto, este lugar era simplesmente muito vasto.
Seus golens estavam acelerando em todas as direções, arrastando longos cabos atrás deles, mas a escala da área era impressionante. Ela se estendia por vários quilômetros no subsolo, ramificando-se em inúmeras direções. Nesse ponto, eles estavam muito além das fronteiras de Albrook, chegando mais perto da cidade onde ele havia chego pela primeira vez após sua tentativa frustrada de teletransporte do Instituto.
“Você tem certeza?”
“Não, é melhor pegarmos algumas amostras e examiná-las na oficina.”
Curtana disse enquanto pegava algumas pedras soltas do chão. Roland assentiu e rapidamente se virou para Rastix e os anões com quem ele estava discutindo.
“Pegue algumas amostras de rochas desta parte e compare-as com as formações dentro de ambas as masmorras e, lembre-se, feche-as bem para evitar qualquer contaminação.”
Se fosse a mesma masmorra, então a composição da rocha deveria ser idêntica. Embora pudesse analisar os padrões de mana dentro da pedra, seus resultados eram conflitantes. Quando ele se protegeu da estática de mana ao redor e mediu o comprimento de onda, comparando-o com os dados em seus registros, a diferença ficou clara.
No entanto, qualquer pedra trazida para a masmorra de alguma forma tinha seu comprimento de onda de mana sobrescrito para combinar com a assinatura da masmorra, algo que nunca tinha visto antes. Várias teorias giravam em sua mente, mas não tinha certeza de nada.
Neste mundo de espadas, magia, artesanato e masmorras, esses lugares misteriosos eram considerados uma parte natural do ambiente. Muitos questionaram suas origens, mas ninguém jamais encontrou uma resposta definitiva. No final, estudiosos e aventureiros não conseguiram concordar com uma única teoria.
Alguns acreditavam que as masmorras nasciam do próprio planeta, fenômenos naturais que surgiam devido ao fluxo de mana do planeta. Outros teorizavam que as masmorras eram semelhantes a criaturas vivas, consumindo os corpos dos aventureiros e evoluindo com o tempo. Depois, havia aqueles que acreditavam que eram criações divinas, colocadas pelos deuses como um meio para as pessoas ganharem níveis mais rapidamente e sobreviverem aos muitos seres poderosos que vagavam por essas terras perigosas.
Mesmo que uma dessas teorias fosse verdadeira, ninguém jamais havia documentado a criação real de uma masmorra. Roland se perguntou se esse túnel cheio de mana estava de alguma forma relacionado à formação da masmorra ou se era algo completamente diferente. Talvez fosse uma terceira masmorra ou até mesmo a super masmorra espalhando seus tentáculos pela ilha. Se fosse esse o caso, eles tinham um problema sério.
‘Todos esses túneis podem atravessar a ilha inteira.’
Por um momento, ele congelou, um pressentimento o invadiu. Seu olhar se voltou para um dos túneis que levavam na direção de Albrook, depois para outro que seguia na direção oposta. Sem hesitar, se virou e se moveu rapidamente para escapar da poluição pesada de mana. Seu irmão e Lucille imediatamente notaram que algo estava errado e correram atrás dele.
“Sir Wayland, há algo errado?”
“Me dê um momento.”
Ele não respondeu diretamente. Em vez disso, ativou sua magia rúnica, projetando uma imagem holográfica de Albrook e suas áreas ao redor junto com Aldbourne, a cidade onde ele havia encontrado Vico pela última vez. Seus golens ainda não tinham mapeado muito do subterrâneo, mas os túneis pareciam seguir caminhos distintos. Um claramente levava em direção a Albrook enquanto outro se estendia em direção a Aldbourne.
“Esses túneis. Eles estão se expandindo deliberadamente em direção a assentamentos povoados?”
“Ah… agora que você mencionou, parece que sim.”
Lucille ficou impressionada com a tecnologia de mapeamento e com a precisão com que Roland conseguiu sobrepor a localização deles. A projeção holográfica deixou isso assustadoramente claro. Os túneis magicamente em expansão não estavam se espalhando aleatoriamente. Eles tinham um propósito, e ele tinha uma sensação intensa de que esse propósito não era nada bom.
Quando viu isso, as coisas começaram a fazer sentido em sua mente. Tudo começou a fazer sentido, por que esse lugar era tão estranho e por que os jogos de abate começariam mais cedo do que o esperado. Todo o mana girando ao redor era toda a prova de que precisava, e talvez tivesse subestimado o desafio que eles estavam prestes a enfrentar.
“Precisaremos de mais unidades de sifonagem. Isso seria demais, até para nós.”
“Demais?”
Robert perguntou, mas Roland não respondeu. Ele simplesmente assentiu antes de dar um passo à frente e levantar a voz para que todos pudessem ouvi-lo.
“Pessoal, estamos mudando nossos planos. Rastix, você retornará à sua oficina e se concentrará em criar o máximo de peças para os dispositivos de sifonagem que puder.”
A voz de Roland cortou o ar espesso e saturado de mana. A urgência em seu tom silenciou os anões briguentos, e até mesmo o Rastix, sempre orgulhoso de suas invenções, assentiu sem reclamar.
“Claro, mas de quantos você precisa?”
Roland olhou para a densa névoa mágica ao redor deles e se perguntou se já não era tarde demais. Talvez fosse melhor focar em colocar sentinelas e mais torres de golem aqui antes que o processo começasse. Por enquanto, porém, os túneis ainda não estavam completamente formados, então eles tinham algum tempo para diminuir a densidade de mana e facilitar as coisas para si mesmos.
“Quantos você puder. Podemos até ter que comissionar a guilda alquímica para ajudar você.”
“Aqueles idiotas?”
Roland não respondeu, não querendo discutir. Em vez disso, continuou dando ordens para proteger a área antes de retornar da masmorra apropriadamente. Essa era toda a informação de que ele precisava. Agora, só tinha que preparar tudo antes que fosse tarde demais.
*****
“Você tem certeza? Tudo isso estava se formando debaixo do nosso nariz? O pai sabe…?”
Com a ajuda do portão de teletransporte, ele voltou e rapidamente visitou Arthur, que estava dentro de seu escritório. Roland assentiu enquanto estava diante de Arthur, sua forma blindada ainda carregando traços da densa névoa de mana que se agarrava a ele. Se moveu rapidamente, garantindo que a informação chegasse a Arthur o mais rápido possível. A testa do jovem nobre franziu enquanto processava as implicações do que Roland acabara de lhe dizer.
“Não vou fingir que entendi o que você acabou de dizer, mas resumindo… temos um problema?”
“Um bem grande. Não tenho certeza de quão longe isso se espalhou por toda a ilha ou se o processo pode ser parado…”
“É claro que isso aconteceria no momento em que eu me envolvesse…”
Arthur soltou um suspiro e colocou alguns documentos que estava segurando sobre a mesa. Ele esfregou as têmporas enquanto pensava nas possíveis consequências.
“Alguém mais sabe?”
“Ainda não. Vim direto até você.”
Roland respondeu, e Arthur assentiu.
“Então temos algum tempo, teremos que reorganizar nossos planos…”
Roland ficou ali enquanto Arthur continuava a murmurar para si mesmo. Embora essa informação não fosse boa, não significava que estavam sem opções. Eles agora sabiam de onde o ataque viria e podiam se preparar adequadamente. No entanto, a grande questão ainda permanecia.
“Devo relatar isso ao meu pai? Ele vai me ouvir…”
Arthur estava pensando em contar ao pai, mas isso trouxe vários problemas à porta deles. Se eles revelassem o que estavam fazendo dentro da masmorra, poderia ser o fim para eles. Esconder todas as torres que eles tinham montado, junto com a câmara do chefe que estavam farmando, seria quase impossível.
“Provavelmente não, a menos que mostremos nossa mão… Isso é… lamentável…”
“É isso.”
Roland assentiu novamente. Ele não gostou, mas, por enquanto, não podiam se dar ao luxo de revelar sua operação subterrânea. Estavam evitando ser taxados pela casa Ducal e, por isso, poderiam perder suas vidas.
“Se me permite?”
Enquanto os dois pensavam no próximo passo, Mary, que estava ouvindo tudo, falou.
“Vá em frente.”
Arthur assentiu e pediu que ela falasse, claramente querendo algum conselho.
“Obrigado, Lorde Arthur. Que tal eu usar minha unidade para espalhar alguns rumores?”
“Propaganda? Hm…”
Ele pensou por um momento e assentiu. Espalhar rumores sobre o problema enquanto retinha informações críticas não era a melhor solução, mas poderia ser o suficiente para fazer algumas pessoas procurarem abrigo. Eles continuariam reforçando Albrook como fizeram antes, mas agora com um plano mais focado.
“Certifique-se de que todos saibam que os portões de Albrook estão abertos para qualquer um que precise de ajuda. Isso significa que podemos ter que preparar mais abrigos… Ótimo, deve haver tempo suficiente…”
Os dedos de Arthur batiam ritmicamente contra a madeira polida de sua mesa enquanto murmurava sobre a situação. Roland permaneceu em silêncio, considerando o que deveria resolver primeiro. Mary, tendo feito sua sugestão, ficou de pé com as mãos cruzadas na frente do corpo, aguardando novas ordens. Depois de um momento, Arthur exalou bruscamente e se inclinou para frente.
“Certo. Vamos seguir em frente com a campanha de rumores. Mary, certifique-se de que a informação seja sutil. Não queremos causar pânico.”
Mary assentiu.
“Entendido, meu senhor. Eu cuidarei disso imediatamente.”
Arthur então se virou para Roland.
“Quanto a você… mantenha-me informado. Se precisar de alguma coisa, é só pedir.”
Antes de dizer qualquer coisa, Arthur simplesmente sorriu, sabendo que não deveria questionar as decisões de Roland. Depois de discutir o assunto um pouco mais, os dois homens se separaram. Uma vez fora do escritório e da mansão, Roland esbarrou em seu irmão e Lucille. Os dois haviam retornado com ele e não tinham muito o que fazer. Uma ideia surgiu em sua cabeça, e ele rapidamente se aproximou deles.
“Lady Curtana.”
“Sim, Sir Wayland?”
“Como você está no controle de golens…?”
“Hum…”
“Ela é a melhor da turma…”
Antes que Lucille pudesse responder, Robert se inclinou e sussurrou no ouvido de Roland, gabando-se das conquistas dela como se fossem suas.
“Bom… Parabéns, Lady Curtana. A partir de hoje, você será a comandante do primeiro batalhão de golens totalmente automatizado de Albrook.”
Roland proclamou sua decisão e, após uma longa pausa, apenas duas palavras escaparam da boca de Lucille.
“Uh… o quê?”