Volume 41 - Capítulo 1306

Gravis e Mortis concentraram-se em todas as suas intuições.

No mundo superior, compreender a Lei do Mundo Verdadeiro havia sido uma impossibilidade.

Por quê?

Porque compreendê-la exigia algum conhecimento sobre os funcionamentos mais profundos da Energia.

Agora, como Deuses Divinos no Pináculo com todas as Leis Verdadeiras, Gravis e Mortis tinham essa pequena intuição com facilidade. Não era uma Lei completa por si só, mas apenas um princípio muito avançado da Energia.

Se alguém não conhecesse Leis Verdadeiras o suficiente, não conseguiria extrapolar esse princípio, pois lhe faltariam muitos pontos de referência.

Mas, é claro, conhecer todas as Leis Verdadeiras era mais do que suficiente.

Cultivadores que não conheciam esse princípio encontrariam um problema ao combinar tudo.

Por exemplo, Gravis foi da Lei da Realidade Percebida para a Lei da Senciência e depois para a Lei da Vida Senciente. No entanto, quando tentou combiná-las com o imenso volume de Energia que um mundo morto pode fornecer, tudo parecia desmoronar.

Era como tentar empurrar um oceano de água através de vários tubos pequenos, complexos e frágeis. Se não fosse feito corretamente, a mera pressão destruiria os tubos.

O mesmo acontecia ao seguir da Lei do Mundo Morto para a Lei do Mundo Vivo e depois para a Lei do Mundo Vivo Complexo. Até esse ponto, tudo estava bem, mas se alguém quisesse expandir os tubos com um padrão mais complexo, eles se quebrariam novamente.

Mas isso não preocupava mais Gravis.

Todos as intuições fluíram juntas, criando uma única imagem completa.

As Leis de nível um fluíram para as Leis de nível dois, que fluíram para as Leis de nível três, e assim por diante.

O número de Leis passou por três repetições, todas seguindo padrões muito semelhantes.

Até que se chegasse ao ápice.

Como o tronco de uma árvore, a longa, larga e estável linha estreitou-se até um único ponto.

Era como uma lança.

Centenas de Leis combinadas em uma única Lei.

Toda a matéria estava incluída, independentemente de quão fraca ou poderosa fosse.

Todas as forças primordiais foram combinadas.

Todos os Elementos foram combinados.

Todos os princípios complexos foram combinados.

WHOOOOM!

O corpo de Mortis de repente absorveu uma enorme quantidade de Energia, mas antes que pudesse absorver o suficiente para alcançar o Reino Magnata Celestial, ele interrompeu a absorção.

A Lei do Mundo Verdadeiro havia sido criada.

Com novas intuições, Gravis abriu os olhos.

“Posso criar meu próprio espaço separado. Posso criar meu próprio tempo separado”, pensou Gravis.

“Posso criar meu próprio mundo!”

Enquanto refletia sobre todas as intuições que havia adquirido, Gravis percebeu que poderia facilmente criar outro mundo superior, se quisesse.

Ele sabia tudo.

Sabia como estabelecer um fluxo de tempo, uma força gravitacional ou uma rede de espaço.

Podia combinar todos os diferentes Elementos para criar todas as diferentes formas de matéria.

Então, Gravis poderia transformar a Energia nas formas mais complexas de vida.

Ele poderia ir até o vazio entre os mundos agora e criar seu próprio mundo superior. Com Energia suficiente, até poderia criar uma versão menor do mundo mais alto.

Tudo fazia sentido.

Qualquer Cultivador pensaria que este era o limite absoluto ao qual o poder poderia crescer.

No entanto, devido ao horizonte ampliado de Gravis, ele sabia exatamente o que não podia fazer.

Havia duas restrições que Gravis não conseguia superar no momento.

“Primeiro, não posso criar um mundo no Caos Primordial. Tenho controle sobre a Energia, mas assim que tentasse reunir a Energia para criar algo, o Caos Primordial ao redor seria desequilibrado.”

“O Caos Primordial seria puxado junto com a Energia e a consumiria completamente. Eu não conseguiria criar nada lá dentro, pois nem sequer sou capaz de me defender contra as outras forças.”

“Só posso criar um mundo em um lugar sem Caos Primordial.”

“Segundo, não posso criar nada fora do sistema de Orthar. Todo o meu conhecimento e habilidades estão dentro do Cosmos de Orthar. Não posso criar novos Elementos, nem criar novos tipos de espaço e tempo. Posso alterar levemente os princípios de Orthar, mas eles ainda serão os princípios de Orthar.”

“A Lei do Mundo Verdadeiro representa tudo dentro do Cosmos de Orthar.”

“No entanto, ela não inclui a interação entre o Caos Primordial e o Cosmos de Orthar.”

“Basicamente, posso construir um castelo, mas preciso de um terreno para construí-lo. Sem um terreno, não posso construí-lo.”

“Se eu quiser um castelo só meu, preciso aprender a criar minha própria ilha no oceano infinito do caos, e isso não é algo que a Lei do Mundo Verdadeiro pode fornecer.”

— Você chegou longe — disse Mortis ao lado, com uma expressão neutra.

— Nós chegamos longe — corrigiu Gravis.

— Fomos mesmo nós? — perguntou Mortis.

— Não fomos? — Gravis retrucou.

— Não acho que fomos — respondeu Mortis. — Sempre fui um extra. Segui todas as suas ordens e fiz tudo como você disse. O fato de termos chegado até aqui é mérito seu.

— Você sabe que eu estaria morto sem você, certo? — perguntou Gravis.

— Só porque você precisa de um braço para sobreviver não significa que o braço controla a situação — disse Mortis.

— Você está olhando para isso com cinismo demais — Gravis disse com um resmungo. — Você foi quem me apoiou quando fui afetado pela Aura do Pecado. Você foi quem controlou as batalhas quando emulei a mentalidade do Avatar da Morte.

— Você teve bastante controle sobre nós dois. Claro, talvez eu tenha tido mais controle, mas os 99% ainda precisam de 1% para chegar a 100%.

— Você tem escolha em tudo — Gravis disse. — Você acredita que seu impacto é insignificante, mas para pessoas no nosso nível, esses pequenos impactos fazem toda a diferença. Todos no nosso nível chegaram infinitamente perto da perfeição, mas ninguém a alcançou.

— Lembre-se, Mortis — disse Gravis. — Você tem uma escolha em tudo. Se acreditar que um caminho pode levar a um fim, pode decidir não segui-lo.

Quando Gravis disse essas palavras, a atmosfera entre ele e Mortis mudou. Era como se um ar nebuloso que ninguém havia notado até então tivesse se dissipado, revelando uma imagem infinitamente nítida do presente.

Mortis entendeu o que Gravis queria dizer.

Depois de um tempo, Mortis desviou o olhar para a distância, uma expressão complexa em seu rosto.

Então, sua expressão se tornou dolorosa, cheia de lembranças.

Gravis sabia exatamente no que Mortis estava pensando.

Ao puxar o véu da realidade, Gravis havia deixado o jogo.

Por um instante, Gravis e Mortis haviam se olhado como seus eus reais.

Gravis havia aconselhado Mortis fora do jogo.

Por um longo tempo, Mortis apenas olhou para o horizonte com uma expressão complicada.

Então, seu olhar se voltou para o chão.

— Você não deseja acordar? — perguntou Mortis.

— Claro que não — Gravis disse com um suspiro. — Mas… eu tenho escolha?

Então, Mortis olhou para Gravis.

— Então, eu tenho?

Gravis apenas desviou o olhar, desconfortável.

Um longo período de silêncio se passou.

— É hora de nos separarmos — disse Mortis.

Gravis assentiu lentamente.

— É.