Volume 5 - Capítulo 459

"Estou comprometido", disse Qie Ranzhe, jogando o pulso para longe como se temesse sujar as mãos ao continuar o tocando. Quando Zhao Zhi o olhava daquele jeito, era como se uma onda de excitação se espalhasse por seu corpo, mas quando aquele demônio repugnante o encarava, ele sentia nojo a ponto de mal conseguir controlar a expressão.

Miyu Ren obviamente percebeu, mas não se ofendeu, rindo novamente enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha. Foi exatamente nesse momento que Machu teve seu "ahã!" – seu irmão de armas havia cativado um demônio em questão de segundos, o que era impressionante.

"O que vocês estão esperando? Ainda não encontraram uma solução para quebrar a barreira ou pelo menos contorná-la?", perguntou Dai Yu depois de certificar-se de que o ferimento de Shao Lan estava devidamente enfaixado.

"Hein?...", perguntou Machu, virando a cabeça, perdido. "Ah, não acho que seja necessário. O único problema é que Zhao Zhi pode estar usando um chifre hoje", disse, apontando para os dois. "Entende o que eu quero dizer?"

"Que pena... mas eu sei o que vocês procuram e posso ajudá-los", disse o rei demônio, seus olhos mais frios que antes.

A aura de Qie Ranzhe escureceu ainda mais, e ele cerrou a mandíbula. Ele sabia que tudo tinha um preço, mas pela reação daquela coisa repugnante mais cedo, não seria nada bom. "Qual é o preço?"

Miyu Ren sorriu, acenando com a cabeça. Ele esperava por isso. "E se eu disser que não há cobrança, pensando em nossos futuros negócios? Vamos chamar isso de um gesto de boa vontade, desde que você feche os olhos para meus negócios com o Senhor dos Mares. Vocês conseguem o que querem e eu consigo o que quero, e não interferimos nos negócios um do outro."

Qie Ranzhe sabia que não podia ser tão simples assim, mas naquele momento não tinha escolha, então disse: "Tudo bem, então me leve até ele."

"Mhm, ninguém é tão cego quanto um homem apaixonado", disse Miyu Ren antes de caminhar em direção a Qie Anzhie. Ele estendeu a mão e pegou seu seguidor abatido. Sussurrou algo no ouvido de Qie Anzhie.

Qie Anzhie se virou para olhar seu meio-irmão, seu olhar muito mais vicioso do que antes, mas tudo o que podia fazer era apertar o punho, reprimindo sua raiva. Aquele irmão mais velho havia roubado tudo dele, incluindo o yao prometido a ele por seu mestre.

Agora mesmo, o rei demônio havia revelado que Qie Ranzhe havia dormido com Zhao Zhi e que aquele garoto, Qie Xieling, era filho dos dois. Ele também lhe disse que era inútil ficar com raiva e que ele não podia causar problemas para Qie Ranzhe, porque o rei demônio tinha um uso ainda maior para ele. Isso significava que Qie Anzhie só podia olhar com raiva, mas não tocar.

Zhao Zhi era o primeiro herdeiro do Senhor dos Mares, o que significava que ele herdou a mais pura das raízes espirituais. Havia um poder tremendo a ser ganho com a primeira vez do tritão, mas seu desprezível irmão mais velho roubou o que lhe pertencia duas décadas atrás.

Então, enquanto ele estava ocupado correndo com o líder da seita Zhao para manter Zhao Zhi puro, ele já havia sido "comido" por seu irmão mais velho. Ele havia sido feito de bobo pelos dois, e agora não tinha onde desabafar sua raiva reprimida.

Enquanto Qie Anzhie pensava na traição de seu irmão, Miyu Ren terminou de desenhar uma matriz com seu sangue, abrindo o portal para um lugar que guardava memórias traumáticas para Qie Ranzhe.

Miyu Ren se virou para olhar Qie Ranzhe e percebeu que seu rosto estava alguns tons mais pálido. Fascinado, disse: "Vamos... Eu vou segurar sua mão para que você não tenha medo."

Qie Ranzhe ignorou o demônio ardiloso e enviou um talismã de comunicação para Machu antes de seguir Qie Anzhie para o portal. Miyu Ren olhou para os três mosqueteiros de Qie Ranzhe com um sorriso diabólico antes de entrar no portal.

Assim que as três pessoas desapareceram, a barreira também desapareceu, permitindo que os três restantes pegassem o talismã. "Vou buscar Zhao Zhi e Qie Xieling", disse ele, tranquilizando-os. Eles suspiraram aliviados, com Dai Yu bufando para aquele demônio.

"Que flor-de-lis hipócrita... e o que foi aquele sorriso? Tipo, o quê... o quê...", disse ela enquanto o chão se abria, liberando aquelas criaturas mais uma vez.

Parecia que o rei demônio só gostara de Qie Ranzhe e não do resto deles. Assim que seu líder de seita se foi, eles ficaram para lidar com a bagunça ressuscitada por aquele demônio sinistro.

"Eu realmente odeio aquele lobo de olhos brancos!", gritou Dai Yu enquanto balançava impiedosamente seu chicote, rasgando a multidão de mortos-vivos.

Machu cutucou Shao Lan, incentivando-o a se aproximar. De costas um para o outro, lutando contra as criaturas, Machu disse: "É melhor você reconsiderar sua decisão de ficar com ela. Imagine quantas maneiras ela pode te atormentar na cama com aquele chicote?... Sério, considere isso um conselho amigo."

Machu estava sendo um bom amigo, mas a reação de Shao Lan o fez se perguntar por que ele sequer havia mencionado algo. Aquele tolo era obviamente um masoquista, sorrindo como um idiota. Ele não conseguia entender por que Shao Lan tinha um interesse repentino em Dai Yu, mas era incrivelmente desconcertante, especialmente porque ele seria o único solteirão entre os quatro.

Foi naquele momento que Dai Yu quebrou o pescoço de uma besta espiritual morta-viva decomposta com seu chicote, fazendo Machu fazer uma careta. "Viram?", disse ele com arrepios por todo o corpo.

"Mais luta e menos conversa fiada", respondeu Shao Lan antes de criar um caminho pela multidão de criaturas mortas-vivas. Ele ficou desajeitadamente a alguns metros de Dai Yu, observando-a pelas costas em silêncio.

Machu, "..."

Que abuso de um solteirão em plena luz do dia! Ele jurou encontrar uma namorada também depois disso, senão Qie Xieling o superaria e ele se tornaria oficialmente um eterno solteiro.

Enquanto Machu seguia uma dieta rigorosa de ração para cachorros, Wen Qinxi havia ganhado o título de "a lâmpada do ano". Ele era como um terceiro-roda naquele palácio, com a rainha e Qie Xieling grudados um no outro como cola. Era em momentos como esses que ele mais sentia falta de Qie Ranzhe. Era como estar preso em um lockdown sem internet, sem TV e com colegas de quarto porcos que sempre jogavam jogos para dois.

Qie Xieling ocasionalmente incluía seu pai, mas sua avó o puxava de volta subconscientemente.

As personalidades deles se complementavam tanto que era difícil separá-los. Isso o levou a tentar encontrar uma saída, senão ele enlouqueceria. Para sua sorte, Qie Ranzhe estava a caminho para tirá-lo dali, embora a probabilidade de sucesso fosse negativa.