Volume 5 - Capítulo 430

Qie Ranzhe entendia perfeitamente a máxima "amigo de verdade é amigo na alegria e na tristeza"; caso contrário, por que ele estaria aguentando a cabeça bagunçada de Zhao Zhi, que parecia um papel em branco? Ou talvez estivesse ajudando não por amizade, mas por causa de Qie Xieling. Aquele garoto provavelmente faria um escândalo e o culparia se algo acontecesse a Zhao Zhi.

Com esse pensamento em mente, Qie Ranzhe inventou uma desculpa razoável para justificar tanto esforço em tirar Zhao Zhi de sua prisão mental. Jurando acertar as contas com ele mais tarde, Qie Ranzhe seguiu em frente.

Justo quando pensava que ia desabar de exaustão mental, as paredes do corredor, antes em branco, começaram a exibir murais vibrantes e em movimento. Pelo que Qie Ranzhe pôde ver, aquelas imagens deviam ser as memórias de Zhao Zhi.

Era como uma narrativa com ilustrações detalhadas da vida de Zhao Zhi no labirinto, ou reino, que ele chamou de lar por metade de sua vida. Qie Ranzhe não conseguiu deixar de se fascinar pela aparência majestosa de Zhao Zhi como um tritão. Ele era como uma beleza encantadora, capaz de enfeitiçar almas mortais.

Incapaz de se controlar, Qie Ranzhe estendeu a mão e traçou todo o comprimento da bela cauda de tritão de Zhao Zhi, com os olhos cheios de paixão. Ele talvez não tivesse interesse no mesmo sexo, mas sentia uma forte vontade de construir um aquário gigantesco e guardar Zhao Zhi só para si, para criá-lo.

Enquanto Qie Ranzhe tinha esses pensamentos confusos, o mural mudou de repente, mostrando a desculpa patética de um pai tentando machucar Zhao Zhi. "Que canalha", pensou ele antes de seguir para o próximo.

Os dois murais seguintes detalhavam como Zhao Zhi pegou em armas com sua mãe para defender seu forte e impedir que o demônio entrasse em seu reino. O yao foi especialmente corajoso ao enfrentar seu pai, apesar de ser incomparavelmente mais fraco.

Os olhos de Qie Ranzhe brilharam com admiração, mas ele logo reprimiu seus elogios ao ver Zhao Zhi ignorando o ataque à família Qie enquanto fortificava a barreira na superfície da água. Ele sabia que o homem não era um santo e não lhes devia nada, mas não pôde deixar de desejar que Zhao Zhi tivesse intervindo antes.

Incapaz de assistir mais, ele seguiu em frente e viu o momento em que Zhao Zhi o salvou e o arrastou para debaixo d'água. Sentindo culpa de sobrevivente, Qie Ranzhe desejou que Zhao Zhi tivesse salvo sua mãe em vez dele. Sentindo-se bastante emotivo, ele seguiu em frente, só para seu rosto ficar vermelho como cerejas alguns murais depois.

Aquela era a noite de paixão que resultou em seu pequeno pacote de alegria, Qie Xieling. Acontece que ele foi quem atacou primeiro, lançando-se sobre Zhao Zhi como uma fera faminta. Não havia nada mais constrangedor do que se ver fazendo isso e aquilo com alguém. A lascívia em seus olhos o fazia parecer um vicioso ou um tarado, em termos leigos.

Mas só porque queria enterrar a cabeça na areia como uma avestruz, não significava que parou de assistir. Ele descobriu que não conseguia tirar os olhos, assistindo até o fim.

A consequência disso foi uma onda de calor vindo de sua parte inferior. Se não estivesse na mente de Zhao Zhi, ele teria resolvido isso imediatamente. Imaginando o quão impróprio seria se masturbar na mente de alguém, Qie Ranzhe seguiu em frente, andando com uma postura desajeitada.

Quanto a como se sentia ao ficar excitado assistindo a si mesmo penetrando outro homem, ele não conseguia se dar ao trabalho de pensar nisso agora. Desde que conheceu Zhao Zhi, parecia que seus princípios estavam rachando, por mais que tentasse consertá-los. Era um caso sem solução.

Qie Ranzhe sentiu um desconforto ao ver como foi pego pela mãe de Zhao Zhi depois de ter violentado seu filho até a inconsciência.

Aqueles chupões e marcas de mordidas lascivas o deixaram sem palavras. Ele realmente merecia o que se seguiu, pois se fosse ele que tivesse entrado em tal situação com seu filho naquele estado, teria matado alguém.

Ele estava realmente grato por não ter saído daquele reino em um saco para cadáver. A mãe de Zhao Zhi foi misericordiosa o bastante para deixá-lo ir com sua raiz espiritual intacta.

O que ele não sabia era que foi Qie Xieling quem salvou sua vida. Quando a rainha decidiu não matar Qie Xieling, naturalmente precisava de alguém para cuidar dele. Seu reino não era seguro para o pequeno, então ela decidiu deixar Qie Ranzhe ir livre, com o mínimo de punição.

Qie Ranzhe foi até o fim do corredor e encontrou duas portas diferentes. Uma era de um tom claro de vermelho, enquanto a outra era uma porta de ferro lacrada. Com um olhar, ele percebeu que não conseguiria abrir a porta de ferro e revelar o que estava do outro lado, mas se sentia atraído por ela como um ímã. Incapaz de se libertar de sua obsessão, ele começou a tentar arrombar a porta.

Infelizmente para ele, ele não tinha nenhum de seus poderes espirituais ali. Era como se seu cultivo tivesse sido selado no momento em que entrou na consciência de Zhao Zhi, razão pela qual estava tão exausto depois de andar tanto. Ele era como um mero mortal, o que ele detestava muito.

O líder da seita tentou chutar a porta, mas só resultou em machucar a perna. A porta de ferro permaneceu intacta, como uma força impenetrável, mas ele não conseguia evitar. Ele sentia que havia algo muito importante do outro lado e não desistiria até abri-la.

Assim que estava prestes a desferir outro golpe, uma lâmina de tungstênio mais resistente materializou-se diante dele, fortificando ainda mais a porta de ferro e tornando ainda mais difícil arrombá-la. Os olhos de Qie Ranzhe ficaram frios ao ver aquilo, perguntando-se o que Zhao Zhi estava escondendo.

"Ahem... isso é extremamente privado. Você, você não pode entrar aí. Não, não autorizado", disse o sistema, com medo de que o CEO visse coisas que não deveria, especialmente coisas de outros mundos ou do mundo real. Aquela porta de ferro estava ali por um motivo, mas quem esperaria que esse CEO não escolhesse a porta vermelha fácil e fosse atrás de uma fortaleza de ferro?

Sentindo-se um tanto ansioso, o sistema intensificou a segurança e se sacrificou, apesar de estar morrendo de medo.

Qie Ranzhe se virou, mas não encontrou ninguém. Para ser franco, ele estava irritado, mas o que mais o intrigava era o fato de que aquela voz lhe era familiar. Ele já havia ouvido aquela voz antes, mas não conseguia associá-la a um rosto. Qie Ranzhe casualmente cruzou os braços sobre o peito e disse: "Que tal você se mostrar... a menos que esteja com medo."