Volume 4 - Capítulo 321

Só se pode imaginar a reação de Qie Ranzhe ao ver o rosto da pessoa em seus braços. Ele havia sido enganado, mas como sua memória estava fragmentada, não rompeu seus laços com Kai Zi. Ele deu um ultimato, com o qual Kai Zi concordou, mas parecia que era outra enganação.

"Eu não quero ver sua cara quando eu acordar amanhã de manhã", disse ele, pronto para romper com Kai Zi, mas o homem não desistiria tão facilmente.

Num instante, Kai Zi pressionou seus lábios juntos com força, com sua língua lambendo os lábios de Qie Ranzhe, implorando para entrar. Assim que Qie Ranzhe estava prestes a empurrar Kai Zi para longe, um som inesperado de vidro quebrando chamou a atenção deles.

Seu primeiro instinto foi sacar sua arma, presumindo que estavam sendo atacados, mas quando olhou para baixo, viu Su Xin olhando para ele como se ele fosse um homem morto. Su Xin tinha visto tudo. Bem, parte disso, fazendo o homem ter um mal-entendido. Quando seus olhos se encontraram, seu coração estava cheio de emoções complicadas. Ele ficou chateado porque Su Xin tinha testemunhado tudo, mas ficou feliz que Su Xin estava com ciúmes por ele.

O homem quebrou uma janela por ele. Se não fosse pelo mal-entendido, ele estaria dançando o desafio da dança Jerusalema agora mesmo. Ele mandou Kai Zi e Kai Zheng embora no dia seguinte, mas Su Xin estava o evitando, e quando ele tentava conversar com ele, o homem o tratava como se fosse invisível. Ele queria acenar a bandeira branca e discutir um tratado de paz, mas foi impiedosamente ignorado por aquele iceberg ambulante.

As duas pessoas que ele vinha observando silenciosamente voltaram para a casa e, ao passarem pelo pátio, encontraram Qie Ranzhe sentado ali tranquilamente, como se estivesse dormindo. Qie Xieling naturalmente havia notado a "guerra fria" entre seus pais e tentou várias vezes mediar, mas seus esforços foram fúteis.

Sua pergunta favorita naquela semana era: "Su Xin, você está bravo com meu pai?". Ele repetia essa pergunta como um disco arranhado, mas a resposta de Su Xin era sempre a mesma: "Não", respondia ele, mas ignorava Qie Ranzhe no momento seguinte.

Qie Xieling repetiu a pergunta novamente depois de cutucar o rosto do pai algumas vezes. Certo de que seu pai estava dormindo, perguntou: "Você ainda está bravo com ele?"

O lábio de Wen Qinxi tremeu de um lado enquanto ele arrumava suas pantufas. É claro que ele ainda estava uma fera. Um mês mal era o suficiente para se acalmar, quanto mais uma semana. Quando tinha cinco anos, ele já tinha ignorado sua mãe por um mês inteiro por ela ter tirado seu Transformer. Sim, foi um pouco exagerado, mas era um Megatron de edição limitada, droga! Sua raiva só diminuiu depois que sua mãe foi comprar um novo Bumblebee para substituir o Megatron que ela tinha mandado para o orfanato.

Duas décadas depois, sua pessoa favorita foi desonrada na frente dele, então como ele poderia facilmente controlar sua raiva? A menos que, talvez, ele queimasse aquela boca lasciva que ousou colocar seus lábios nas coisas dos outros. 'Esquece. Cruel demais', pensou ele enquanto a empregada vinha com uma limonada para Qie Xieling e um frappuccino gelado para ele.

"Não", respondeu ele antes de tomar um gole do presente divino do céu, "Lin Lin, você soa como um disco arranhado."

Qie Xieling sentou-se ao lado do pai e estava prestes a responder quando Qie Ranzhe virou a cabeça, assustando os dois. Ele levantou seus óculos escuros e disse: "Então por que você está me ignorando?", seu olhar fixo em Su Xin.

Certificando-se de que Qie Xieling não estava olhando, Wen Qinxi mostrou o dedo do meio para Qie Ranzhe antes de se levantar para ir embora.

Qie Ranzhe, que acabara de ser insultado, sorriu e disse: "Com prazer! Isso é um convite?", em uma voz alta o suficiente para Su Xin ouvir, apesar de já ter deixado o pátio.

Vendo seu pai desaparecer, deixando-o para trás, Qie Xieling virou-se para seu pai e o repreendeu: "Você deveria ser legal com ele, senão ele vai fugir de novo. Você precisa resolver isso", disse Qie Xieling antes de correr atrás de Su Xin.

Assim que as duas figuras desapareceram, Machu sentiu-se seguro para se aproximar. Ele queria entregar o itinerário da viagem de amanhã de volta para a cidade S e quase se jogou na tempestade. Ele entregou o tablet, sentou-se com os pés esticados e os braços pendurados frouxamente na parte de trás do sofá do pátio.

Após um momento de silêncio, com Qie Ranzhe analisando seriamente as informações, ele disse: "Ran-ge, que tal eu ligar para meu guru do amor? Ele pode ajudar a resolver seu problema amoroso."

Qie Ranzhe não se deu ao trabalho de levantar a cabeça enquanto respondia: "Não precisa... minha vida amorosa não precisa de resgate."

Machu achou isso hilário, lembrando-se de como Su Xin mostrou o dedo do meio para Qie Ranzhe sem absolutamente nenhum medo de perder o dedo. Se fosse qualquer outra pessoa, teria o dedo cortado e dado a eles para comer, mas Su Xin era uma exceção. Esse é o sintoma de um homem apaixonado.

"Eu prometo, esse guru é bom. Ele vai resgatar esse navio que está afundando em questão de minutos", disse Machu, mas o olhar penetrante que recebeu o fez pensar cuidadosamente em suas próximas palavras. "Okay, okay, sem violência. Só lembre-se: faça amor, não faça guerra", disse ele, levantando-se para ir embora antes que o vulcão dócil decidisse entrar em erupção do nada.

Qie Ranzhe não sabia o que fazer, mas nunca admitiria. Ele pensou em comprar para o homem mil rosas, mas, julgando pela atitude de Su Xin, ele poderia acabar com as rosas enfiadas onde o sol não bate. Ele até pensou em cozinhar e apresentar como um jantar à luz de velas, com Kai Zi amarrado com um laço vermelho para Su Xin fazer o que quisesse com ele, mas desistiu da ideia. Su Xin poderia acabar matando Kai Zi como um porco.

O único plano viável que ele conseguiu pensar foi amarrar Su Xin e fazê-lo escutar, mas ele não poderia fazer isso aqui, na frente de seu filho. Ele decidiu fazer isso assim que chegassem à cidade S. Quanto a Qie Xieling, ele ligaria para sua mãe para pegar a criança no aeroporto. Com Qie Xieling fora do caminho, ele estava livre para fazer o que quisesse com Su Xin e convencê-lo de que ele não desejava ninguém além dele.

Com isso em mente, esse chefe animado deslizou seus óculos escuros para baixo, cobrindo seus olhos mais uma vez antes de entrar na casa. Ele estava indo para seu escritório fazer uma ligação para sua mãe. Amanhã à noite, ele teria Su Xin só para si.

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