Volume 4 - Capítulo 315

Não é novidade pais usarem os filhos como distração para problemas amorosos. Da mesma forma, alguns adultos usam animais de estimação para lidar com a dor emocional. Wen Qinxi não era diferente. Estava usando Qie Xieling para se distrair do que quer que Qie Ranzhe estivesse aprontando a portas fechadas com aquela pedra no sapato, Kai Zi.

Ele sempre foi assim. Não gosta de encarar a situação de frente, preferindo se esquivar, mas desta vez sentiu que algo estava errado. Já havia tomado vinagre antes, mas desta vez era alguns graus mais forte, possivelmente vinagre branco puro.

Ele continuou sorrindo de forma sarcástica e murmurando insultos enquanto arrastava uma caixa para o jardim. "Ran-ge, senti sua falta", murmurou, imitando deliberadamente a voz de Kai Zi, com os lábios tremendo, "Senti a merda. Vagabunda verde [1]".

"Nossa, nossa, nossa. Patrão, que língua afiada! Que bom que não estou no lugar dela", disse Jolie, aspirando o ar frio.

"Você não tem nada melhor para fazer?", perguntou Wen Qinxi, desempacotando a piscina inflável.

"Ah, não, não, não, eu vou ficar aqui mesmo. O cheiro de vinagre está especialmente forte hoje, então como posso perder esse showzinho… Hahaha. Nunca pensei que veria o dia em que você tomaria litros de vinagre", disse o sistema, garantindo seu lugar na primeira fila para o evento do ano.

Os lábios de Wen Qinxi tremeram mais uma vez antes de um sorriso sinistro se espalhar por seu rosto. Era óbvio que ele planejava usar a fraqueza do sistema contra ele. "Quer que eu ligue para o Qie Ranzhe? Vamos ver se você vai continuar falando besteira depois disso."

O sistema tremeu levemente ao lembrar daquele sorriso diabólico no rosto de Qie Ranzhe, mas logo se recuperou, lembrando-se da situação atual de Wen Qinxi. "Ah, ministro da… merdologia [2], essa tática não vai funcionar comigo agora. Seu Ran-ge provavelmente está fazendo a dancinha com o cara Zi... Hahaha, viu o que eu fiz aí? Juntei merda e -logia. Portanto, merdologia… Hahahahahaha", disse o sistema, rindo às gargalhadas.

"Seu pequeno idiota… vá se catar", respondeu Wen Qinxi, chutando a caixa vazia, o rosto vermelho de raiva. Ele queria voltar para a casa, pegar o marido traidor e espancar a vagabunda até a morte, mas sua situação atual não era favorável. Ele não podia continuar jogando água suja em Qie Ranzhe quando estava tão sujo quanto um porco. Forçado a usar o chifre [3], Wen Qinxi chutou a pobre caixa novamente, mas assim que levantou o pé, foi surpreendido por uma voz rouca atrás dele, fazendo-o chutar o ar.

"HAHAHAHAHAHA!!!", eram os sons de riso do sistema reverberando em seu ouvido.

Wen Qinxi queria xingar o sistema, mas precisava atender aquele convidado não-convidado atrás dele, então só poderia guardar os insultos para mais tarde.

Assim que se virou, ficou tão assustado que deu um passo involuntário para trás. Aquela empregada assustadora havia se aproximado dele como um fantasma horrível em um filme de terror. Ela realmente não deveria fazer isso de novo, senão esse nerd ia perder a cabeça. "O que você está fazendo por aí? Você me matou do susto", disse Wen Qinxi, batendo no peito para acalmar seu coração palpitante.

A empregada olhou para ele sem piscar antes de dizer: "Senhor, o que o senhor está fazendo?". Ela escolheu ignorar as palavras dele como sempre fazia. Se eram suas sobrancelhas unidas ou sua verruga gigante e peluda no nariz que aterrorizavam Su Xin, pouco importava. Ao menos sua aparência lhe rendeu este emprego tranquilo.

Wen Qinxi tentou manter uma expressão neutra, mas aquela verruga gigante estava ali, bem na sua frente. Era difícil ignorar e seus olhos inconscientemente se fixavam nela. Ele realmente queria espremer e fazê-la desaparecer.

A empregada, que acabara de ter sua verruga importunada pelos olhos de Su Xin, limpou a garganta alto o suficiente para tirar Su Xin de seu transe.

"Desculpe, qual o seu nome mesmo?", perguntou Wen Qinxi, os olhos ainda fixos na verruga.

"Helga, senhor", respondeu ela, sentindo-se um pouco sem graça por ser encarada daquele jeito.

Wen Qinxi finalmente parou de encará-la e olhou para seu rosto como um todo antes de limpar a garganta. "Helga, que tal eu pagar por uma transformação… até uma cirurgia plástica não seria… não seria uma má ideia", disse ele com o punho cobrindo a boca. Ele se sentiu mal por dizer isso, mas não conseguia deixar de se perguntar se sua aparência afetava sua autoestima.

Normalmente ele não sugeriria isso a nenhuma mulher, mas a aparência de Helga era realmente preocupante.

Sem se ofender, Helga respondeu: "Para me seduzir quando eu estiver bonita? Não, obrigada, estou bem assim."

Wen Qinxi, "…."

"Certo. Pode pedir ao mordomo que reúna seis servos? Estou planejando algo especial para o jovem mestre", disse Wen Qinxi, enchendo a piscina inflável.

"Sem problemas", respondeu Helga antes de dar alguns passos, mas logo parou e disse: "O senhor pode ser um adúltero, mas senhor, o senhor é um ótimo pai."

'Que porra é essa?', pensou Wen Qinxi, levantando a cabeça da bomba manual. Com a sobrancelha erguida, ele arrastou sua resposta: "Ah, obrigadoooo", sem saber como se sentir ao ser insultado e elogiado ao mesmo tempo.

Assim que a piscina inflável tomou forma, Wen Qinxi a bateu satisfeito antes de puxar a mangueira. Ele comprou balões d'água mágicos de enchimento automático para brincar com Qie Xieling. Todo mundo amava uma boa batalha de balões d'água, certo? Enquanto enchia a piscina, outro convidado não convidado apareceu.

"Xin-ge… ufa, finalmente te achei", disse Machu, que havia procurado Su Xin por todo o lugar. Parecia que o homem havia desaparecido no ar após lançar uma bomba em Kai Zi, e foi por isso que demorou tanto para encontrá-lo.

Curvando a cintura enquanto tentava recuperar o fôlego, Machu perguntou: "O que é isso?", apontando para o pacote de balões d'água ainda fechado.

Wen Qinxi olhou para ele com uma expressão que parecia dizer 'que diabos você está fazendo aqui?', mas, claro, Machu não entendeu a indireta. "Você não tem nada melhor para fazer?", disse Wen Qinxi despreocupadamente segurando a mangueira.

"Hahaha, você parece estar de mau humor… Diz aí, quem te deixou assim, e eu vou bater nele, mas vai custar?", disse Machu encostado na piscina inflável com um sorriso convencido.

Ele realmente não estava com vontade de falar besteira com Machu, mas o homem não parecia ter planos de ir embora, então ele disse: "Seu chefe… agora vai bater nele pra mim."

[1] - "Vagabunda verde" é uma expressão brasileira equivalente a "green tea bitch", referindo-se a uma mulher dissimulada e manipuladora.

[2] - "Merdologia" é uma palavra inventada, a tradução livre e adaptativa de "crapiology", mantendo o tom informal e o humor da frase original.

[3] - "Usar o chifre" é uma expressão idiomática brasileira que significa ser traído(a) pelo cônjuge.