Volume 3 - Capítulo 292

Qie Xieling estava tão feliz que guardou as evidências numa caixa de sapatos e escondeu no seu closet antes de descer para jantar. Passar um tempo com Su Xin parecia ter restaurado sua inocência infantil, com um sorriso radiante que não se via em seu rosto havia muito tempo. Ele mal podia esperar pelo dia seguinte para fazer mais coisas divertidas com Su Xin. Cheio de expectativas, fechou os olhos, apenas para ter seu coração partido na manhã seguinte.

Acordou mais cedo que o usual e imediatamente correu para o quarto de Su Xin depois de se arrumar. Para sua surpresa, Su Xin não estava lá. Em pânico, com os olhos embaçados de lágrimas, Qie Xieling começou a procurar freneticamente por Su Xin, chamando a atenção dos seguranças e empregadas.

O jovem mestre, normalmente obediente, estava fazendo um escândalo, chorando enquanto corria pela mansão. Ninguém conseguia entender direito o que ele dizia, mas a situação era clara. Aquele garoto normalmente ficava quieto, sem causar problemas, mas havia uma pessoa que conseguia fazê-lo chorar desse jeito. O profissional em partir corações, Su Xin.

Todos entraram em frenesi procurando por Su Xin, mas não o encontraram. Os seguranças não conseguiam entender como Su Xin havia saído da propriedade sem ser notado. As buscas se estenderam além da propriedade, mas ninguém pensou em procurar na cozinha, especificamente na despensa.

Wen Qinxi estava examinando os ingredientes disponíveis com a porta fechada, sem saber que lá fora era uma zona de guerra. Por coincidência, Qie Xieling entrou na cozinha fungando e chamando pelo pai.

Qie Ranzhe estava a mil quilômetros de distância, lidando com uns bandidos que ousaram vender drogas em sua cidade, quando recebeu uma ligação do filho. O toque personalizado do Pikachu era especialmente incoerente naquela situação. O chefe do crime, ensanguentado, e seus capangas não conseguiram deixar de se encarar confusos. Machu, que estava ocupado desferindo golpes com um taco de beisebol em um capanga, teve que parar no ar enquanto encarava seu chefe sentado no sofá.

Enfiando a mão no bolso, Qie Ranzhe atendeu o telefone enquanto cruzava as pernas, exibindo uma aura arrogante, mas sua voz era especialmente suave quando falou com Qie Xieling. "Já está com saudade do papai?", perguntou, mas foi recebido pelos soluços e choro de Qie Xieling. Ansioso, perguntou: "O que foi? Diz ao papai quem te fez mal?"

"Wuwuwuwu, foi, foi o Su Xin. Ele, ele... ah", chorou Qie Xieling, mas seus soluços pararam abruptamente quando viu Su Xin saindo da despensa da cozinha com um monte de coisas. Qie Xieling, que havia acabado de pensar que tinha sido abandonado, desligou a chamada sem explicação e acusou o culpado com os olhos inchados.

"Onde, onde você estava? Você me deixou..."

Wen Qinxi ficou sem palavras diante do doce pirralho o encarando com os olhos vermelhos. Angustiado, Wen Qinxi colocou as coisas no balcão e correu, enxugando as lágrimas de Qie Xieling.

"Me desculpe, me desculpe muito... não chore, tá? Olha, papai só estava procurando ingredientes para fazermos um brigadeiro juntos", explicou enquanto abraçava Qie Xieling. Seu coração se partiu ao ver o garoto chorando porque achava que havia sido abandonado. Su Xin tinha suas próprias razões egoístas para fugir, mas Wen Qinxi nunca faria isso.

"Lin Lin, não chore. Eu não prometi que nunca ia te deixar?... toma", disse Wen Qinxi tirando a chave de seu chaveiro. Pegou um barbante embaixo da pia e o cortou antes de pendurar a chave nele. Depois, pendurou-a no pescoço de Qie Xieling como um pingente.

Qie Xieling olhou para a chave pendurada em seu pescoço enquanto roía nervosamente o dedo indicador. "Toda noite eu vou colocar a corrente no meu tornozelo e você vai tirá-la para mim todas as manhãs. Tudo bem?"

Wen Qinxi odiava a corrente, mas para tranquilizar Qie Xieling, ele estava disposto a fazer qualquer coisa. Ele não queria que o garoto continuasse por esse caminho, tendo problemas de abandono. Qie Xieling ficou sem palavras e só pôde acenar com a cabeça.

"Agora, vamos lavar seu rosto primeiro e depois vamos fazer um brigadeiro. Que tal?", perguntou antes de levar o pequeno ancestral ao banheiro do primeiro andar. Que pena que o menino havia crescido tanto que Wen Qinxi não conseguia mais pegá-lo no colo.

Foi então que os seguranças e empregadas viram os dois de mãos dadas, parecendo harmoniosos. Paralisados, eles não sabiam o que fazer. Su Xin deveria estar acorrentado em seu quarto, então qual era essa situação? Irritado com todos os olhares, Qie Xieling disse: "O que vocês estão olhando? Podem ir... eu quero ficar sozinho com meu pai."

Wen Qinxi quase quis dar uma surra naquele garoto por ser mal-educado. Ele só pôde sorrir apologeticamente enquanto puxava gentilmente o menino pelas escadas.

Talvez fosse porque Qie Xieling tinha problemas para compartilhar ou que ele queria aprontar com o pai como no dia anterior que ele teve que afastar aqueles olhares curiosos. Seja qual for o motivo, ele não os queria por perto. Subindo as escadas, Qie Xieling não conseguiu se livrar da sensação de que havia esquecido algo. Ele ignorou, pensando que ia lembrar se fosse importante.

Na verdade, era super importante. Como ele deixou seu telefone para trás, Qie Ranzhe ficou ligando sem parar. Quando a chamada foi direto para a caixa postal, ele levantou do sofá, seguido por três tiros altos. Bang! Bang! Bang!

"A brincadeira acabou, vamos embora", disse Qie Ranzhe entregando a arma enquanto saía do quarto, com o coração ansioso. Ele jurou que assim que colocasse as mãos em Su Xin, ia rasgá-lo em pedaços por ter maltratado seu filhotinho.

Seria melhor se Su Xin tivesse fugido com sucesso para seu próprio bem, porque esse urso-pai não ia poupá-lo. Machu, que podia adivinhar o que aconteceu, instruiu alguns homens a limpar a área antes de seguir Qie Ranzhe até o heliponto. Em menos de cinco minutos, o helicóptero decolou em direção à pequena ilha onde ele deixou seu filho para as férias de verão. Ele havia escolhido esse país insular porque não era fácil para Su Xin escapar, mas acabou subestimando-o.