Volume 3 - Capítulo 246

Wen Qinxi estava extremamente insatisfeito com os acontecimentos da noite anterior, tendo dormido muito pouco. Ficou tão inquieto que acabou acordando pouco antes do sol nascer. Parecia que Qie Ranzhe não havia terminado de se aproveitar dele. Até mesmo enquanto dormia, o General o apalpou algumas vezes. Apenas alguns dias atrás, ele havia rotulado Qie Ranzhe como um "tigre de papel", mas, rapaz, estava enganado. Que tigre de papel? O homem era mais como um "tigre sorrindo". Se não estivesse chateado com a noite passada, teria aproveitado plenamente aquele momento e provavelmente comido um pouco de tofu. Finalmente conseguiu desvencilhar-se dos braços de Qie Ranzhe que o envolviam e foi tomar um banho mais uma vez. Depois de ter sido apalpado a noite toda, seria estranho se não houvesse nenhuma reação.

Wen Qinxi sentou-se na cadeira depois de tomar o que só poderia ser descrito como o banho mais longo de toda a sua vida. Ele tinha sido tão mimado no segundo mundo e foi forçado a passar por uma "desintoxicação". Qie Ranzhe não era cruel demais? Ficou sentado naquela cadeira por uma hora inteira esperando o acusado acordar. De qualquer forma que se olhasse, a cena parecia extremamente estranha.

Sentindo o olhar ardente que o perfurava, Qie Ranzhe finalmente acordou. Seus longos cílios tremeram sob a luz do sol que passava pelas frestas da cortina grossa. A visão era pitoresca e atraente, mas Wen Qinxi não tinha tempo para admirá-lo por causa de sua raiva.

O sonolento Qie Ranzhe deu um tapinha no espaço ao lado dele. Ao descobrir que estava vazio e frio, sentou-se direito em estado de choque antes de procurar Feng Zi. Seu coração disparou de susto ao ver Feng Zi sentado na cadeira olhando para ele com olhos escuros. Embora estivesse assustado, fez um ótimo trabalho em esconder isso. Com um sorriso sem graça, perguntou: "Por que você está me olhando como se eu lhe devesse dinheiro?"

Se tivesse que somar o quanto Qie Ranzhe lhe devia, encheria uma folha de papel de um palmo, mas não era a hora certa para discutir isso. "Você se lembra do que fez ontem à noite?", perguntou Wen Qinxi inclinando-se para a frente, mas ao se deparar com os abdominais duríssimos de Qie Ranzhe, não conseguia mais pensar direito. Por um momento, seu olhar ficou fixo em Qie Ranzhe, observando o homem sem camisa.

Qie Ranzhe, naturalmente, percebeu esse olhar e ficou satisfeito consigo mesmo. Seu eu do passado se sentiria tímido, mas a noite passada lhe deu tanta "coragem" que ele decidiu provocar Feng Zi. "Não me lembro. Por que você não vem me ajudar a lembrar?", disse ele com uma voz melosa que poderia convencer qualquer donzela comprometida com sua castidade a ir para a cama para uma noite só.

Mas sua língua de prata era inútil com Wen Qinxi, porque ele não se concentrou no tom, mas nas palavras. Ele sabia que aquele homem estava brincando com ele na noite passada; para piorar, ele ainda ousou pedir detalhes. Se ele não estivesse com raiva antes, agora estava com certeza. Wen Qinxi pegou o travesseiro que estava caído no chão devido às escapadas da noite anterior e o atirou no homem que estava fingindo de desentendido.

***

Na mesa do café da manhã, um emburrado Feng Xieling estava sentado ao lado de Airen esperando seu pai, que estava perto da entrada do restaurante discutindo algo com Qie Ranzhe e Machu. Ele tinha uma expressão emburrada no rosto, olhando feio para Qie Ranzhe, que estava tão perto de seu pai como se temesse que Feng Zi desaparecesse a qualquer momento. Não só isso, Qie Ranzhe ocasionalmente colocava o braço na cintura de Feng Zi, que o afastava com frequência.

Feng Xieling não conseguiu evitar reclamar para a única pessoa sentada ao lado dele: "Ele é estranho. Por que ele toca no meu pai daquele jeito?"

Na verdade, Feng Xieling havia testemunhado muito mais do que isso mais cedo. Ele havia acordado mais cedo que o usual e se lavou obedientemente. Seu motivo era simples: queria ver seu pai, que havia se recusado a deixá-lo dormir. Ele estava insatisfeito com esse arranjo, mas sendo um bom menino, ouviu seu pai. Por causa disso, acordou cedo e a primeira coisa que fez foi ir ao quarto de seu pai. Assim que virou a esquina, a porta do quarto de seu pai foi aberta de repente. Vendo que era Feng Zi, ficou emocionado e estava prestes a correr, mas Qie Ranzhe saiu logo depois.

Como uma criatura curiosa, ele se escondeu para espiar seu pai. Sentiu-se mal por fazer isso, mas Qie Ranzhe sempre lhe dava uma sensação de crise difícil de se livrar. Ele odiava o fato de não conseguir "ler" o General Qie e não saber as intenções do homem com seu pai. Com isso em mente, ele se escondeu e escutou sua conversa. Não ouviu muito, mas descobriu uma coisa: o General Qie era extremamente "mão-de-vaca" quando se tratava de seu pai. O General não parecia saber a definição de espaço pessoal e se agarrou a seu pai pelo corredor até o elevador. Do seu ângulo, parecia que Qie Ranzhe estava convencendo seu pai.

Com sua curiosidade sem fim, ele correu em direção à escada e chegou ao térreo antes do elevador. Assim que a porta do elevador abriu, ele viu Feng Zi arrumando suas roupas enquanto Qie Ranzhe acariciava o cabelo despenteado de Feng Zi. 'Eles brigaram?' pensou Feng Xieling ao ver isso. Ele estava prestes a fazer algo quando viu Qie Ranzhe morder os lábios de seu pai.

Pensando que tinha que defender a honra de seu pai, Feng Xieling correu como um touro furioso e chutou a canela de Qie Ranzhe antes de separá-los à força. "Não morda meu pai. Afaste-se dele", disse ele naquele momento, resgatando seu pai.

Mas o que aconteceu a seguir foi inesperado. Qie Ranzhe o pegou no colo, beliscou sua bochecha e disse: "Se alguém que não seja eu morder os lábios do seu pai, não apenas chute a canela. Você deve esfaquear e deixar que eu cuide das consequências."

Feng Xieling estava sem dúvida irritado. Embora quase invisível, ele podia ver claramente o lábio inchado de Feng Zi, mas seu pai não estava com raiva. Na verdade, seu pai estava brilhando como a lua brilhante em uma noite escura e escura. Isso não fazia sentido para ele.

Então, nas últimas dez minutos, ele estava olhando feio para Qie Ranzhe, coçando a cabeça confuso. Seu pequeno cérebro quase superaquecia pensando sobre isso, razão pela qual ele se virou para Airen. Ela era adulta e os adultos entendem coisas de adultos, certo?

No entanto, Airen parecia perdida olhando para Machu com um olhar difícil de explicar. Feng Xieling teve que sacudir Airen três vezes para que ela se recuperasse. Mesmo assim, ela ainda estava agindo de forma estranha. 'Será que todos os adultos estão ficando loucos ou algo assim?', pensou ele, desejando poder ir até lá e afastar a mão de Qie Ranzhe que agarrava possessivamente a cintura de seu pai.

Ele estava farto e levantou-se para separá-los, mas foi naquele momento que os três adultos terminaram sua discussão e foram para sua mesa. Feng Xieling ficou distraído o tempo todo observando cada movimento de Qie Ranzhe como um falcão.

Até mesmo a mão que estava sobre os ombros de Feng Zi se tornou uma dor de cabeça. Ele até perdeu o apetite, achando seu café da manhã sem gosto. Wen Qinxi percebeu o comportamento estranho de Feng Xieling, então perguntou: "Você não gostou da comida? Quer que eu te traga um brigadeiro?"

Antes que Feng Xieling pudesse responder à pergunta, a mão que estava sobre o ombro de Feng Zi se moveu sob a mesa para a coxa de Feng Zi. Qie Ranzhe apertou a coxa de Feng Zi, olhando para ele com olhos amorosos e disse: "Quer ir juntos? Vi uma confeitaria ontem."