Volume 2 - Capítulo 127

A expressão de Wen Qinxi mudou mais rápido que a cor de um camaleão em um arco-íris: de uma simples carranca a olhos arregalados, terminando em uma expressão abatida e constrangida. Ele viu tudo, desde o início até o momento em que estava praticamente agarrado na cintura de Qie Ranzhe. Ao se ver tão... afetuoso, Wen Qinxi sentiu tanta vergonha que teve vontade de se acabar e recomeçar a vida, mas, claro, isso era impossível. Ele queria desesperadamente saber o que tinha feito no quarto depois que o sistema parou de gravar.

—"AAAAAAAAHHHHHHH! Jolie, que droga! Como eu pude agir assim? Isso não sou eu! Eu não pulo em cima das pessoas e fico todo melado! Que merda!", gritou ele, batendo a cabeça na mesa.

—"Haha, você não pula em cima das pessoas, mas pula em cima do nosso CEO... haha. Parabéns, chefe, você conquistou a atenção de Qie Ranzhe pela segunda vez", disse o sistema, criando fogos de artifício eletrônicos para o novo casal.

Em pânico, Wen Qinxi teve um momento de epifania. Zhao Xieshu era um cara paranoico e tinha câmeras escondidas por todo o seu pavilhão. Sim, devia haver vigilância por vídeo em algum lugar. Determinado a descobrir o que seu eu bêbado tinha aprontado, ele vasculhou tudo. Finalmente encontrou as imagens e quis apertar o play, mas estava apavorado, morrendo de medo de saber que tipo de coisa indecente ele tinha feito com o Marechal.

—"Por que tá tão nervosinho? É óbvio que sua virgindade ainda está intacta, então aperta o play", disse o sistema, percebendo sua agitação.

—"Quem está nervoso? E por que você ainda está aqui? Vai fazer alguma coisa útil em outro lugar", respondeu ele, esfregando o polegar e o indicador, um tique nervoso do personagem.

O sistema obedeceu prontamente, deixando Wen Qinxi sozinho, angustiado, olhando fixamente para as imagens pausadas com uma expressão vazia. —"O que tem de mais? Não é como se a gente não tivesse feito isso antes", disse ele para si mesmo, com cara de pau, apertando o play – o que imediatamente se arrependeu.

Cobrindo a boca com a palma da mão suada, os olhos arregalados como duas lâmpadas, ele assistiu a tudo, o rosto vermelho como um tomate. —"Meu Deus, que porra foi essa de 'só dessa vez'? Que merda!", amaldiçoou, desejando que o chão se abrisse e o engolisse. Então, esse era o novo ele? Uma criatura safada e sem vergonha. Ele assistiu às imagens várias vezes, os dedos tremendo incontrolavelmente, enquanto uma sensação de frio o invadia.

No mundo real, ele seria considerado um bom menino inofensivo, sem más intenções. Na universidade, ele tinha saído para beber com os colegas de quarto, desmaiando bêbado uma ou duas vezes a ponto de não se lembrar do próprio nome, mas nunca tinha se comportado de forma tão... ousada com ninguém, seja homem ou mulher. Mas com seu chefe... ele simplesmente não conseguia tirar as mãos de cima dele. Em sua mente, isso era muito ilógico, a menos que...

—"Não, que nada! Paixãozinha, meu rabo!", disse ele, tentando apagar a prova, mas já estava gravada em sua mente. Não havia como esquecer aquela cena. Ele até disse a Qie Ranzhe que, se ele usasse o uniforme na próxima vez que se encontrassem, ele aceitaria seu pedido. Que diabos era aquilo? Será que ele tinha algum tipo de fetiche por homens em uniforme? Para confirmar sua teoria, ele procurou freneticamente na Rede Valim por fotos do Marechal em eventos formais.

A rede não decepcionou, tendo muitas imagens do Marechal, algumas de perto e outras à distância. Todas pareciam ter sido tiradas sem que ele soubesse, mas ele estava deslumbrante, a câmera capturando seus pontos fortes. Em pouco tempo, Wen Qinxi se perdeu, babando por Qie Ranzhe como uma criança em uma loja de doces.

Isso queria dizer que o que aconteceu no primeiro mundo teria acontecido mesmo que ele não estivesse drogado; o ecstasy apenas o empurrou na direção certa. —"Tá bom, admito, ele é muito gostoso", disse ele, aproximando a imagem para dar uma espiada naqueles lábios atraentes que ele beijou na noite anterior, mas sua recordação foi interrompida pelo bip do comunicador. —"O quê?", respondeu ele, os olhos colados na imagem do Marechal.

Capitã Rueda, "....."

—"Príncipe Xieshu, sou eu. Eu me meti em... uhm... em alguns problemas", disse a capitã com a voz trêmula, respirando pesadamente, como se estivesse fugindo de algo.

—"Oh, droga, desculpa. Que tipo de problema?", perguntou ele, reunindo suas coisas para sair imediatamente. Ele a tinha enviado em uma missão de reconhecimento para desenterrar algumas informações comprometedoras sobre o Imperador Zhao. Ela estava seguindo algumas pistas, mas quando se aproximou do espaço aéreo de Valim, sua mecha foi atacada de repente por um dispositivo de pulso eletromagnético (EMP), desligando sua mecha no ar. Com um estrondo alto, a mecha caiu bem nos arredores da capital, forçando a capitã a fugir a pé enquanto os perpetradores a perseguiam.

Em pânico, Wen Qinxi pediu suas coordenadas enquanto saía correndo do pavilhão. Ele tinha que conseguir que a equipe a resgatasse enquanto criava uma distração. O que ele mais temia era que a Capitã Rueda cometesse um suicídio-assassinato, levando os bastardos junto com ela. De acordo com sua configuração de personagem, ela era do tipo que preferia morrer a se entregar às mãos do inimigo.

Wen Qinxi caminhou casualmente até o arsenal do palácio, onde eram guardadas as mechas e naves espaciais da guarda real. Sua intenção era requisitar uma nave ou mecha para servir de distração enquanto a equipe resgatava a Capitã Rueda em segurança. Naturalmente, ele não podia usar sua própria mecha; do contrário, seria como exibir sua tecnologia para todo o universo.

Embora ele não tivesse acesso a essa parte do palácio, Zhao Xieshu já havia invadido o sistema há muito tempo e feito um passe de acesso total que até permitiria que ele entrasse no banheiro exclusivo do Imperador à vontade. É que ele não tinha sido usado antes, mas funcionou, deixando Wen Qinxi entrar sem problemas. Depois de algumas espreitadelas, ele viu duas mechas lado a lado, e uma delas pertencia ao babaca do irmão de Zhao Xieshu, Zhao Lazhie.

Um sorriso malicioso surgiu no rosto de Wen Qinxi, seus olhos cheios de travessura fitando a Águia Branca, a mecha de Zhao Lazhie. Era hora de brincar com o brinquedo favorito de seu irmão sem permissão.