Volume 1 - Capítulo 89

Enquanto tentava inventar uma desculpa para ir embora, ouviu de repente uma voz baixa murmurando: "Me desculpe", em um tom sincero e comovente que fez Wen Qinxi se virar para olhá-lo subconscientemente. Ele se deparou com um homem alto com expressão cabisbaixa, os olhos vermelhos de culpa. Ele parecia excepcionalmente obediente, como um cachorrinho dócil, o que fez Wen Qinxi querer rir. O CEO, normalmente arrogante, estava incrivelmente fofo, que Wen Qinxi não resistiu a estender a mão para acariciar sua cabeça. Ele franziu os lábios, escondendo um sorriso, antes de dizer: "Ainda não te perdoei, mas não vou te ignorar. Se comporte e dê a este ancestral um pouco de espaço."

Embora relutante, Qin Ranzhe se mexeu um pouco, fazendo com que os dois homens intrometidos suspirassem de alívio. Mas o alívio deles foi efêmero, porque Qie Ranzhe se aproximou mais uma vez, sussurrando algo com a mão apoiada no chão atrás de Lin Jingxie, o que, do ângulo deles, parecia extremamente enigmático. Ling Mingxu se inclinou para trás, tentando ver onde a mão de Qie Ranzhe estava tocando, mas por mais que esticasse o pescoço, simplesmente não conseguia ver. 

O Mestre Lin estava prestes a se levantar de sua confortável almofada para repreendê-los, mas o Imperador Qie entrou de repente e a primeira coisa que viu foi seu filho flertando em público. O imperador caminhou casualmente e deu um leve tapa na cabeça de Qie Ranzhe com seu leque fechado. Isso instantaneamente estourou as bolhas cor-de-rosa flutuando no ar, com a atmosfera ambígua desaparecendo em um instante. A dupla pai e filho literalmente teve uma conversa com os olhos até que Qie Ranzhe se afastou alguns centímetros de Lin Jingxie.

Satisfeito, o imperador se acomodou após algumas saudações, com a comida chegando imediatamente depois. Ele ficou levemente desapontado quando sua esposa e seu filho mais velho não aceitaram seu convite, mas este evento era importante para ele, então ele só pôde continuar. A conversa logo diminuiu enquanto os convidados se deleitavam com a comida deliciosa, ignorando a atmosfera carregada que gradualmente enchia o ar. O Mestre Lin e o imperador continuaram se olhando, um querendo dizer algo, mas o outro lhe dando um olhar que parecia dizer "nem pense nisso". O Imperador Qie o ignorou e pigarreou alto antes de abrir a boca: "Eu ia...", mas não continuou quando Lin Mo se levantou e o interrompeu, erguendo sua taça, dizendo:

"Sou verdadeiramente grato pela bondade de Vossa Majestade, não somos dignos de tamanha honra. Esta bebida é para agradecer por nos convidar para sua bela casa", e ambos beberam seu vinho de uma vez só, com os olhos presos em um impasse.

O ambiente ficou animado, com risos e álcool fluindo, mas Lin Mo aproveitou a oportunidade para repreender seu amigo de infância. "Por que você está tão entusiasmado? Eu nem contei para minha esposa, muito menos para Lin Jingxie, e você já quer anunciar para o mundo todo?", disse ele em tom glacial.

O Imperador Qie soltou uma risada arrogante enquanto tomava um gole de sua taça agora cheia: "Essas coisas devem ser ditas rápido, como arrancar um band-aid. Vai doer uma vez, mas você logo esquecerá e seguirá em frente."

"Você é um canalha, você nem sequer conseguiu o consentimento de Lin Jingxie", disse Lin Mo, com os olhos se movendo sem parar, como se estivesse verificando se alguém os ouvia.

"Haha, você ainda precisa do consentimento dele quando eu, o imperador, dei a ordem? Haha, você deve estar brincando. Tudo bem, deixe comigo. Eu o convencerei com facilidade", disse o Imperador Qie, parecendo ter ouvido a piada mais engraçada do ano.

"Você...", disse um Lin Mo sem palavras. Ele não ousava pensar em que tipo de método escrúpulo o imperador usaria para conquistar Lin Jingxie. Ele subitamente simpatizou com seu filho. Vendo um Lin Mo de língua presa, o Imperador Qie se sentiu divertido, tendo, pela primeira vez, levado a melhor sobre seu amigo.

Ele estava prestes a se gabar quando a porta foi violentamente arrombada, deixando entrar uma brisa arrepiante, seguida por gritos agonizantes que encheram a sala outrora barulhenta. A Imperatriz Da-Xia rastejou para dentro da sala com o cabelo desgrenhado, olhos inchados e vermelhos e arranhões por todo o corpo, alguns cicatrizados e outros frescos, com sangue escorrendo deles. Embora de alta qualidade, suas roupas ensanguentadas estavam rasgadas, expondo suas panturrilhas e ombros lacerados. A cena inteira era simplesmente desagradável, mas a imperatriz não parecia se importar com sua aparência, assemelhando-se a uma louca.

A mulher mortalmente pálida continuou arranhando os ferimentos já abertos, como se inconsciente da dor, enquanto seu corpo inteiro tremia como uma folha. Suas serviçais correram para se desculpar com o imperador, mas o imperador chocado correu para ajudar sua esposa. Vendo-a naquele estado, ele não pôde deixar de perguntar: "Quem fez isso?". Ele não conseguia compreender como sua esposa havia acabado daquele jeito quando ela estava bem apenas uma semana antes. Na semana passada, ela se recusara a vê-lo, usando a presença de Qie Ranzhe como desculpa. Pensando que ela precisava de tempo para aceitar, ele atendeu ao seu desejo e deu-lhe espaço, mas quem poderia imaginar que em uma semana algo tão horrível pudesse acontecer?

Antes que ele pudesse alcançá-la e ajudá-la a se levantar, Qie Ranzhe o interrompeu de repente, com uma expressão séria no rosto. O Imperador Qie estava prestes a afastar o filho, mas mudou de ideia quando ela falou com uma voz frágil: "Eu fiz, eu fiz... Shao Meili, eu fiz!", como se estivesse falando com alguém, com o olhar fixo em um espaço vazio, como se estivesse falando com um fantasma. "Você vai me deixar em paz, certo... certo? Se eu disser, você vai embora?" Ela ficou em silêncio por um tempo antes de acenar com a cabeça, com um sorriso de alívio aparecendo em seu rosto, como se quem quer que ela estivesse falando tivesse concordado.

"Eu vou contar tudo a eles, desde que você me deixe em paz", continuou ela, coçando o couro cabeludo com suas longas unhas manchadas de sangue, antes de se virar para encarar seu marido perplexo.